segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

[POL] Hitler: o Führer Filósofo

Yvonne Sherratt

History Today, Vol. 63 nº 4, Abril de 2013


Apesar de mais de 70 anos de interesse inabalável no Nazismo, a história de Hitler como filósofo permanece esquecida. Hitler tinha o sonho de dominar o mundo, não somente com as armas mas com o pensamento. Surpreendentemente, ele via a si mesmo como um “líder filósofo”. A filosofia era central na cultura alemã, lembrada como um feito nacional. Pensadores como Kant, Hegel e Nietzsche eram tão sagrados ao povo alemão quanto Shakespeare e Dickens eram para os britânicos ou Thomas Jefferson e Mark Twain para os americanos. O desejo ardente de Hitler de ser o mais autêntico de todos os alemães tornou estas figuras icônicas profundamente sedutoras e seu egocentrismo cresceu ao ponto dele próprio pensar que era um grande pensador.

Hitler manteve seu interesse em filosofia cresceu durante sua permanência na prisão de Landsberg, onde foi encarcerado por nove meses na primavera de 1924 após o golpe malsucedido do Beer Hall[1] em novembro do ano anterior. Ele descreveu esse período de detenção como sua “universidade paga pelo Estado” pelo fato de “os longos dias de ócio obrigatório foram ideais para leitura e reflexão.” Durante esta época, ele afirmou ter lido muito e desenvolvido uma filosofia que guiou o curso de todas as suas ações posteriores. De fato, ele usurpou algumas das grandes mentes da cultura alemã para legitimar seu projeto macabro. Hitler também usou seu tempo em Landsberg para forjar um trabalho que ele acreditava que constituiria seu legado. Inicialmente chamado de Quatro Anos e Meio de Lutas contra Mentiras, Estupidez e Covardia, este foi o trabalho que mais tarde tornar-se-ia Minha Luta (Mein Kampf).   

Na realidade, Hitler sempre foi considerado por seus professores como tendo pouco talento, descrito como um estudante preguiçoso sem nenhum interesse em trabalho. Apesar de muita dúvida ter sido colocada em relação à sua proficiência em leitura, Hitler afirma ter lido “tudo o que ele conseguia”: Nietzsche, Houston Stewart Chamberlain... Marx...” Ele também afirmou ter se aprofundado na “literatura teórica do Marxismo”, o que, evidentemente, ele desprezou.

Hitler idolatrava certos pensadores e alguns destes atraiam seu interesse desde a mais tenra idade. Ele ficou impressionado pelo erudito bíblico alemão Paul de Lagarde, pelo escritor e filósofo britânico Houston Stewart Chamberlain, pelo historiador de arte e filósofo Julius Langben e pelos historiadores/filósofos Heinrich Von Treitschke e Oswald Spengler. Ele havia emprestado cópias de Spengler do Instituto Nacional Socialista em Munique entre 1919 e 1921, antes mesmo de seu internamento em Landsberg. Mas seu interesse nestes pensadores não é particularmente surpreendente; todos eles defendiam uma perspectiva antissemita, racista, nacionalista ou militarista – de modo que não devemos ficar surpresos pelo interesse de Hitler neles. O que é extraordinário é a identificação de Hitler com muitos dos grandes filósofos alemães dos séculos XVIII e XIX. À medida que curtia seus longos meses na prisão, ele aparentemente absorveu as ideias do famoso filósofo idealista alemão Immanuel Kant (1724 – 1804), assim como de Friedrich Schiller (1759 – 1805), Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), Richard Wagner (1813 – 1883) e Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), entre outros. Seu amigo August Kubizec mais tarde defendeu que Hitler digeria uma lista impressionante de clássicos, “incluindo Goethe, Schiller, ... Schopenhauer e Nietzsche...”

Sem dúvida, devido a um grande complexo de inferioridade da memória de seus próprios fracassos acadêmicos Hitler ficou inicialmente ressentido do “tipo erudito” e repreenderia os “governantes” da Alemanha que “eram homens excessivamente educados”. Não obstante, durante sua época em Landsberg, ele disse: “Tenho apenas um prazer: meus livros... eu os li e estudei muito.” Hitler desenvolveu uma fascinação particular pelo pensador iluminista Immanuel Kant, insistindo que “a refutação completa de Kant dos ensinamentos que foram herança da Idade Média, e da filosofia dogmática da Igreja, é o grande legado que ele nos deixou.” Esta afirmação foi seguida de outras. Talvez sejamos ignorantes dos tesouros mais preciosos da humanidade... Em nossas partes do mundo os judeus teriam imediatamente eliminado... Kant.”

A importância da razão era algo que Hitler afirmava Kant tê-la inspirado nele. Em um discurso da campanha eleitoral de março de 1936[2] ele declarou:

Há muitos que dizem que a razão não é o fator decisivo, mas que outros fatores imponderáveis devem ser considerados. Acredito que não pode haver nada de valor que não é realizada, em última instância, com base na razão. Recuso-me a acreditar que na posição de estadista alguém poderia manter visões corretas sem elas estarem ancoradas na razão.

Tais declarações são superficiais e amadoras, mas Hitler alegava ter grande conhecimento e sentia-se bem qualificado para expressá-las. Como associado, Hermann Rauschning, lembrou, “Hitler foi um boêmio por toda sua vida. Ele levanta-se tarde. Ele pode passar dias inteiros sem fazer nada e cochilando. Ele odeia ter que ler sem concentração. Ele raramente lê um livro completo; geralmente apenas o começa.”

Outro pensador que Hitler admirava grandemente era o filósofo-dramaturgo Friedrich Schiller, que foi exaltado largamente por líderes nazistas como um nacionalista e patriota alemão. Hitler admitia um amor por sua filosofia, brincando afetuosamente: “Nosso Schiller não fez nada melhor do que glorificar um arqueiro suíço!” – referindo-se ao mais famoso trabalho de Schiller, William Tell (1804), que exaltou o nacionalismo suíço. Antes da unificação dos Estados alemães em 1871, Schiller foi mais popular do que Goethe em virtude de seus escritos encorajando a unificação alemã. Como o amigo de Hitler Ernst Hanfstaengl observou, Hitler “prefere o revolucionário dramático Schiller ao contemplativo e esplendoroso Goethe.” Hitler confirmou sua preferência: “A casa de Goethe dá a impressão de uma coisa morta. E compreendemos que no quarto onde ele morreu ele deve ter pedido um pouco de luz – sempre mais luz.” Enquanto que “A casa de Schiller pode nos emocionar pela penúria na qual o poeta viveu.” Schiller tornou-se o gênio de estimação dos generais nazistas, que dariam  a si mesmos apelidos de suas peças. Hanfstaengl relembrou:

Mesmo Göring começou a me chamar de “Questenberg no campo”, uma frase que ele inventou em 1923, que era uma referência ao personagem na peça de Shiller, Wallenstein.

“O homem forte é mais forte sozinho”: Hitler usou esta citação do William Tell de Schiller (Ato I, Cena III) como título de um capítulo no segundo volume do Minha Luta[3] e ela tornou-se seu lema durante seus últimos anos como Führer. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele construiu um abrigo especial para os monumentos de Schiller e Goethe em Weimar para protegê-los do bombardeio aliado. Mas, além de Schiller e outros trabalhos de grandeza, Hitler era conhecido por possuir “na cabeceira de sua cama... literatura de uma pessoa com reputação mais baixa,” de acordo com Rauschning.

Em sua cela de prisão, Hitler estabeleceu os fundamentos de sua filosofia a partir de trechos de outros idealistas alemães como Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831) e Johann Gottlieb Fichte (1762 – 1814). A visão histórica de Hegel da formação do Estado a partir de origens antigas tornou-se um tema favorito e frequentemente apareceria, numa forma adulterada, nos discursos de Hitler, tais como este trecho de um discurso na Faculdade de Ciência Militar em novembro de 1937:

Para os Estados do mundo antigo que não foram arruinados por suas cidades... O Império Romano não caiu por causa de Roma, pois sem ela jamais teria sido um império. O caminho mais natural para a formação dos grandes Estados – o caminho pó meio do qual a maioria dos grandes Estados nasceu – foi começar com um ponto de cristalização e mais tarde a vida cultural que, então, como capital, frequentemente emprestava seu nome ao Estado.

Stephen Tansey e Nigel Jackson comentaram:

As visões de Hitler articuladas no Minha Luta foram construídas, sob muitos aspectos, a partir de teóricos políticos e filósofos conservadores alemães. Hegel, por exemplo, havia apontado a importância de um Estado forte... e a existência de um... (destino) na história que justificasse a guerra por Estados superiores contra os inferiores.

O historiador Frank McDonough observou: “É possível detectar a visão de Hegel de Estado tendo ‘poder supremo sobre o indivíduo’ nos escritos e discursos de Hitler.” Outros apontaram como “o meio-educado Hitler era um mosaico de influências... (incluindo) o complexo messiânico de Fichte.”
                       
O associado de Hitler e colega de prisão em Landsberg, Dietrich Eckart, identificou Fichte, o pensador metafísico pessimista Arthur Schopenhauer e o filósofo-poeta Friedrich Nietzsche como “o triunvirato filosófico do Nacional Socialismo.” Em 1933, a diretora cinematográfica Leni Riefenstahl presenteou Hitler com a primeira edição em oito volumes dos trabalhos reunidos de Fichte publicados em 1848, encadernados em veludo creme com a borda das páginas cobertas por tinta ouro.

Durante seu tempo de contemplação para o Minha Luta, a admiração de Hitler por Schopenhauer foi talvez a mais notável, já que “Schopenhauer glorificava a Vontade sobre a Razão.” Hitler relembrou isso: “Carreguei os trabalhos de Schopenhauer comigo por toda a Grande Guerra. Dele, aprendi grandes coisas.” No tópico da pureza da lingual alemã, ele referia-se ao seu “querido” Schopenhauer: “Somente escritoires geniais podem ter o direito de modificar a língua. Na geração passada, não penso em outro nome senão Schopenhauer que poderia realizar tal tarefa.”

Em um restaurante opulento em Berlim em 16 de maio de 1944, o Führer se dirigiu aos seus generais dizendo:

É na teoria do conhecimento de Kant que Schopenhauer construiu o edifício de sua filosofia, e é Schopenhauer que aniquilou o pragmatismo de Hegel.

Entretanto, Hitler tornar-se-ia eventualmente irritado com o lado contemplativo da filosofia, reclamando:

Onde eu chegaria se tivesse escutado toda sua conversa transcendental (de Schopenhauer)? Uma sabedoria final é: reduza-se a um mínimo de desejo e vontade. Uma vez que a vontade tenha acabado, tudo acabou. Esta vida é guerra.

Schopenhauer morreu. Outro filósofo alemão apareceu. Mas qual? O amigo de Hitler Ernst Hanfstaengl lembrou ele afirmar: “Agora, é o heroico Weltanschauung que iluminará os ideais do futuro da Alemanha...” “O que significa isso?” perguntou Hanfstaengl. “Isto não era Schopenhauer, que havia sido o deus filosófico de Hitler nos velhos tempos. Não, isto era novo. Era Nietzsche.” A admiração de Hitler mudou. Como ele expressou:

O pessimismo de Schopenhauer que brota em parte, acho, de sua linha de pensamento filosófico e parte do pensamento subjetivo e das experiências de sua própria vida, foram superadas por Nietzsche.

Os discursos de Hitler tornaram-se cheios de ideias extraídas de Nietzsche. Hitler copiou o amor nitzscheniano pelos ancestrais, especialmente sua veneração pelos gregos, como é mostrado em Nuremberg em 1938:

A arte da Grécia não apenas uma reprodução formal do modo de vida grego, da paisagem e da população da Grécia; não, ela é uma proclamação do espírito grego essencial.

       
Combinar o amor de Nietzsche pelos gregos com a representação de Hegel das origens ancestrais do mundo ocidental tornou-se um tema favorito. Exceto que Hitler usava o darwinismo para afirmar que os antigos eram ancestrais biológicos dos alemães:

Um ideal cultural permanece diante de nós mesmo hoje graças a sua arte e a nossa própria origem que nos relaciona através de nosso sangue, ainda medeia para nós uma imagem convincente de épocas mais justas do desenvolvimento humano, e dos portadores mais resplandecentes de sua cultura.

Hitler copiou Nietzsche ao admirar os ideais de força e beleza dos gregos antigos e tomou emprestado frases como “afirmação da vida”. Falando na abertura da segunda exibição de Arte Alemã em Munique em 10 de julho de 1938, ele proclamou:

O povo alemão deste século XX é o povo de uma nova recém despertada afirmação da vida, baseada na admiração pela Força e Beleza e, portanto, que é saudável e vigorosa. Força e Beleza – elas são fanfarras que anunciam esta nova era.

Hitler passou dos limites em sua veneração ao ideal de Nietzsche e afirmou que os nazistas eram o renascimento moderno da cultura ancestral:

Os trabalhos gigantescos do Terceiro Reich são uma representação de seu renascimento cultural e devem, um dia, pertencer à inalienável herança cultural do mundo ocidental, assim como os grandes conquistas culturais deste mundo no passado pertencem a nós hoje. (setembro de 1938)        
  
O jornalista William Shirer (1904 – 93) notou que, após deixar a prisão, Hitler “frequentemente visitava o museu de Nietzsche em Weimar e alardeava sua veneração pelo filósofo ao posar para fotografias ao lado do busto do grande homem.” Uma década após sua libertação, em agosto de 1934, no 90º. Aniversário do nascimento de Nietzsche, Hitler visitou os Arquivos de Nietzsche em Weimar. Um amigo relembrou assim:

Lembro-me somente uns poucos meses antes de uma visita que ele devia cumprir durante uma de suas campanhas eleitorais, enquanto viajava de Weimar para Berlim, à vila Silberblick, onde Nietzsche morreu e onde sua irmã viúva, com 86 anos, ainda vivia. O resto de nós esperou por uma hora e meia. Hitler desembarcou carregando seu chicote, mas, para minha surpresa, ele saiu da casa tropeçando com uma bengala escorregando de seus dedos: “Que velha senhora maravilhosa,” ele disse para mim. “Que vivacidade e inteligência. Uma personalidade real. Olhem, ela me deu a última bengala de seu irmão como souvenir…”

A partir daquele momento, bordões nitzschenianos visivelmente apimentavam seus discursos: Wille zur Macht (o desejo do poder), Herrenvolk (raça mestre), Sklavenmoral (moralidade do escravo) – a luta pela vida heroica; contra a educação formal inútil, contra a ética cristã da compaixão. Mas muitos eruditos, incluindo McDonough, rastrearam o interesse de Hitler por Nietzsche até sua época em Landsberg. O termo do filósofo “Senhores da Terra” está em constante uso no Minha Luta. Como o historiador James Giblin coloca, Nietzsche “previu que a sociedade moderna implicaria na ‘morte de Deus’... No geral, o que Hitler focou nos escritos de Nietzsche foram (o que ele considerava ser) suas críticas ferrenhas às formas democráticas de governo, seu louvor pela violência e guerra e sua previsão da chegada da ‘raça mestre’ liderada por um poderoso ‘super homem’... que governaria o mundo.”

No Reichstag em 11 de dezembro de 1941, apenas alguns dias após o ataque em Pearl Harbor, Hitler fez um discurso explicando sobre as ideias que ele teve em Landsberg. Ao declarar guerra aos EUA ele citou a noção mítica do “sacrifício de sangue”, que surgiu diretamente de sua leitura de Nietzsche. “Vocês, meus parlamentares, estão em melhor posição para medir a extensão do sacrifício de sangue,” declarou. No mesmo discurso, Hitler justificou uma invasão da Europa usando a ideia histórica de Hegel do “vir a ser”: “Na história completa do vir a ser,” proclamou, “o Reich alemão... vai fazer a guerra imposta pelos EUA.” Assim, foi durante um ano de meditação na prisão que Hitler encontraria ideias para usar anos mais tarde na justificativa de uma guerra contra o mundo[4].  

Hanfstaengl mais tarde refletiu sobre o ‘expurgo selvagem de Nietzsche por Hitler’ comentando: “A deturpação da guilhotina que Robespierre deu aos ensinamentos de Jean Jacques Rousseau foi repetida por Hitler e pela Gestapo em sua simplificação política das teorias contraditórias de Nietzsche.”

Cerca de um ano antes de seu internamento em Landsberg, Hitler encontrou-se com a família de seu grande herói Richard Wagner, o compositor alemão do século XIX de Bayreuth. Vestido em seu tradicional lederhosen[5], meias grossas de lã e uma camisa xadrez em vermelho e azul, ele chegou em Haus Wahnfried, onde na sala de música e biblioteca ele se maravilhou com os antigos objetos pessoais de Wagner. Em um suspiro reverencial, “assim como se estivesse vendo relíquias numa catedral,” ele articulou sua reverência.

A admiração de Hitler não tinha limites: “Wagner era um homem da Renascença,” “Wagner foi basicamente um príncipe” e assim por diante. Ele se referia em discursos públicos ao “gênio de Richard Wagner” e entre os grandes homens da história ele sempre destacava Wagner. Além da música, a veneração de Hitler ao compositor de fato tornou-se uma emulação. Hitler assistiu a Tristão e Isolda 30 ou 40 vezes e usava a paisagem cênica do palco para apresentações militares do Terceiro Reich. “Fui ver,” escreveu Hanfstaengel

um paralelo direto entre a construção das (óperas wagnerianas)... e aquela de seus (Hitler) discursos. Todo o entrelaçamento de leitmotifs, de embelezamentos, de contrapontos e contrastes musicais e argumentos, eram exatamente espelhados no padrão de discursos, que eram sinfônicos em construção e terminavam em um grande clímax, como o rufar dos trombones de Wagner.

No Minha Luta, Hitler também descreveu Wagner como um dos precursores intelectuais do Nacional Socialismo, não somente por sua música, mas seu antissemitismo atingiu um acorde: “Para entender o Nazismo precisamos primeiro conhecer Wagner,” ele escreveu.

Em setembro de 1924, o diretor da prisão de Landsberg escreveu um relatório sobre Hitler ao ministro da justiça bávaro. Não poderia ser mais favorável. Adolf Hitler foi “todo tempo cooperativo, modesto e cortês a todos, particularmente aos funcionários da instituição,” diz o relatório. “Não há dúvidas de que tornou-se mais quieto, mais maduro e um indivíduo consciente durante seu encarceramento do que ele era antes, e não contempla agir contra a autoridade existente.” Hitler respondeu, “Quando deixei Landsberg... todos lamentaram (o diretor e os outros membros da direção da prisão) – mas não eu! Trouxemos eles para a nossa causa.” Foi assim que eles liberaram um Hitler jubiloso. Ele chegou como um homem de ação e deixou, ele alegou, como um “líder filosófico”.

Como seu amigo Hanfstaengl expressou, Hitler “era uma espécie de bartender genial. Ele pegou todos os ingredientes da tradição alemã que lhe ofereceram, misturou-os por meio de sua alquimia pessoal em uma bebida que eles queriam beber.” Mas, para um homem para quem todo ingrediente de sua vida era a fantasia, sua admiração declarada pela filosofia não era menos significativa do que qualquer outra coisa a mais sobre ele próprio.            


Notas

[1] Ver tópico “As Origens do NSDAP e o Golpe no Salão da Cervejaria”


[2] Logo após a ocupação da Renânia, em 29 de março. O Reichstag foi dissolvido em 7 de março e foram convocadas novas “eleições”. Na verdade, tratava-se de escolher o candidato entre vários nomes dentro do Partido Nazista.

[3] Capítulo VIII, pg. 379. Minha Luta, Editora Centauro, 2005.

[4] A guerra de Hitler nunca foi contra o mundo, e sim, como sempre ficou explícito em seus escritos e discursos, contra o Bolchevismo e a suposta conspiração judaica internacional. É claro, a guerra era essencial à Alemanha Nazista para atender aos anseios de Lebensraum (espaço vital) e independência em relação a petróleo e cereais, que só poderiam ser obtidos a partir da conquista dos territórios ocidentais da União Soviética. Ao dizer que Hitler queria dominar e subjugar o mundo inteiro alguns historiadores apenas tentam reforçar o estereótipo de Hitler, construído ao longo de décadas, mostrando-o como megalomaníaco e psicopata; a razão por trás disso pode ser o receio de ser acusado de estar relativizando o Holocausto.

[5] calças feitas de couro, que podem ser curtas ou na altura do joelho; parte do traje típico da Baviera, Salzburgo e do Tirol


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