sábado, 20 de dezembro de 2014

[SGM] Oito coisas que você pode não saber sobre a Batalha das Ardenas

History, 16/12/2014


Em 16 de dezembro de 1944, Adolf Hitler lançou um contrataque audacioso contra as forças aliadas na floresta gelada das Ardenas, no sudoeste da Bélgica e Luxemburgo. Na subsequente Batalha do Bulge – assim chamada por causa da saliência (bulge) de quase 80 km que o exército alemão deixou nas linhas aliadas – os defensores americanos das Ardenas foram pegos de calças na mão quando 250.000 soldados alemães e centenas de tanques caíram sobre suas posições. Uma falta de recursos e resistência tenaz americana eventualmente interromperam o avanço alemão, mas não antes que 80.000 soldados americanos fossem mortos, capturados ou feridos – mais do que em qualquer batalha da história americana. Setenta anos depois do início do último suspiro da Alemanha Nazista na Batalha do Bulge, saiba oito fatos surpreendentes sobre a luta que Winston Churchill chamou de “indubitavelmente a maior batalha americana” da Segunda Guerra Mundial.

1 – Os Generais de Hitler aconselharam contra o ataque

Muitos historiadores argumentam que o ataque nazista nas Ardenas falhou mesmo antes de começar, e parece que muitos dos oficiais mais leais de Adolf Hitler também teriam concordado. O plano proposto por Hitler (Chamado “Operação Vigilância sobre o Reno”) baseava-se em um cronograma ambicioso que exigia que seus comandantes avançassem sobre as linhas aliadas através do Rio Meuse no intervalo de apenas poucos dias antes de tomar o porto vital da Antuérpia. Os marechais Gerd Von Rundstedt e Walther Model alertaram a respeito da impossibilidade de tal cronograma, e ambos mais tarde ofereceram muitos protestos escritos e estratégias alternativas, porém sem resposta. Pouco antes do ataque começar, Model confidenciou a subordinados que o plano de Hitler “não tem uma única maldita perna onde possa se sustentar” e “não tem mais do que dez por cento de chance de ser bem sucedido”.

2 – Os Aliados ignoraram muitos sinais de alerta de uma ofensiva

Os ganhos iniciais alemães na Batalha do Bulge foram largamente devidos à surpresa do próprio ataque. Os comandantes aliados frequentemente confiavam na inteligência fornecida pelo “Ultra”, uma unidade britânica que decifrava as transmissões de rádio nazistas, mas os alemães operavam sob um véu de segredo e tipicamente se comunicavam por telefone quando dentro de suas fronteiras. Alguns comandantes americanos também dispensaram relatórios de aumento de atividade alemã próxima das Ardenas, enquanto outros ignoraram prisioneiros inimigos que afirmavam que um grande ataque estava em andamento. Muitos desde então afirmam que os aliados ficaram cegos por seus recentes sucessos no campo de batalha – eles haviam posto os alemães na defensiva desde o Dia-D – mas o alto comando americano também considerou o terreno inapropriado das Ardenas como um sítio improvável para um contrataque. Consequentemente, quando a ofensiva alemã finalmente começou, a região estava fracamente defendida por umas poucas inexperientes e cansadas divisões americanas.

3 – Uma péssima conexão telefônica ajudou a levar a catástrofe para uma Divisão americana

Poucas unidades americanas na Batalha do Bulge sentiram a força do avanço alemão mais severamente do que a 106ª. Divisão Golden Lions. A maior parte da tropa inexperiente chegou às Ardenas em 11 de dezembro e recebeu ordens de cobrir uma grande seção da linha americana em um terreno rugoso conhecido como Schnee Eifel. Logo após o ataque alemão começar, o comandante da 106ª., General de Divisão Alan W. Jones, começou a se preocupar que os flancos de seus 422º. e 423º. Regimentos estavam muito expostos. Ele ligou para o General de Corpo Troy Middleton para pedir que elas se retirassem, mas a linha estava mal e Jones desligou o telefone acreditando incorretamente que Middleton ordenou-lhe para manter suas tropas em posição. Os alemães logo cercaram os dois regimentos e os isolaram de receber qualquer ajuda. Pouca munição e sob pesado ataque de artilharia obrigaram que 6.500 soldados americanos se rendessem em uma das maiores rendições das tropas americanas na Segunda Guerra Mundial. Após a derrota, um perturbado General Jones exclamou, “Perdi uma divisão mais rápido do que qualquer outro comandante no Exército americano.”

4 – Soldados alemães usaram uniformes americanos roubados para entrar nas linhas aliadas

Durante os primeiros estágios da Batalha do Bulge, Hitler ordenou ao comandante austríaco da Waffen-SS, Otto Skorzeny, para montar um exército de impostores para uma missão ultrassecreta conhecida como Operação Greif. Em um ardil agora famoso, Skorzeny adaptou soldados alemães que falavam inglês com armas, jeeps e uniformes americanos capturados e os lançou atrás das linhas americanas como verdadeiros G.I.s (n. do t.: infante americano). Os embusteiros alemães cortaram linhas de comunicação, trocaram sinais rodoviários e cometeram outros atos pequenos de sabotagem, mas eles foram mais bem sucedidos ao espalhar confusão e terror. Quando foi espalhada a informação que comandos alemães estavam disfarçados de americanos, os G.I.s estabeleceram pontos de verificação e começaram a averiguar a “autenticidade” do transeunte a partir de conhecimentos da cultura americana. Apesar de terem conseguido capturar uns poucos alemães, os bloqueios frequentemente produziam resultados bizarros. Soldados superzelosos atiraram nos pneus do veículo do Marechal Bernard Montgomery e um G.I. chegou a deter por alguns instantes o general Omar Bradley após ele responder que a capital de Illinois era Springfield (o soldado acreditava incorretamente que era Chicago).

5 – As tropas americanas montaram uma defesa famosa na cidade de Bastogne

A ofensiva alemã em direção do Rio Meuse dependia parcialmente da captura de Bastogne, uma pequena cidade belga que servia como junção rodoviária vital. A área foi cena de uma luta frenética durante os primeiros dias da batalha, e em 21 de dezembro, as forças alemãs cercaram a cidade e encurralaram a 101ª.Divisão Aerotransportada Americana e outros. Apesar de estarem severamente em desvantagem numérica, os defensores da cidade responderam com tenacidade. “Eles nos cercaram – pobres coitados!” tornou-se um lema entre os G.I.s da cidade, e quando os alemães mais tarde exigiram que o general Anthony McAuliffe se rendesse, ele ofereceu uma resposta curta: “Loucos!” A 101ª. Divisão continuaria a manter Bastogne até o Natal, sofrendo severas baixas. O cerco finalmente terminou em 26 de dezembro, quando o 3º. Exército do general Patton avançou sobre as linhas alemãs e tirou a pressão sobre a cidade.

6 – Pela Primeira vez na SGM o Exército americano foi dessegregado

As forças armadas americanas não acabaram com a segregação racial oficialmente até 1948, mas a situação desesperadora dos Aliados durante a Batalha do Bulge inspirou-as a recorrer à ajuda de G.I.s negros em mais de uma ocasião. Cerca de 2.500 soldados negros participaram da ação, com muitos lutando lado a lado com seus colegas brancos. Os batalhões 333º. e 969º compostos totalmente por negros sofreram perdas pesadas ao ajudar a 101a. Aerotransportada na defesa de Bastogne, e o 969º. Recebeu mais tarde uma Citação de Distinção de Unidade – a primeira concedida a uma formação composta por negros. Em todos os lugares do campo de batalha, soldados da 578ª. Artilharia empunhram fuzis para apoiar a 106ª. Divisão Golden Lions e uma formação chamada de 761º. “Panteras Negras” tornou-se a primeira unidade blindada a entrar em combate sob o comando do general George S. Patton. À medida que o combate progredia, os generais Dwight D. Eisenhower e John C.H. Lee contaram com soldados negros para cobrir as baixas aliadas no front. Milhares haviam se apresentado como voluntários na época que o conflito terminou.

7 – Inclemência do clima teve um papel principal no resultado da batalha

Além de encarar o tiro inimigo e bombardeio, as tropas na Batalha do Bulge também tiveram que enfrentar o clima inclemente das Ardenas. Os nazistas tiveram que segurar sua ofensiva até que a densa neblina e neve chegaram e mantiveram no solo o apoio aéreo superior dos Aliados, deixando ambos os lados expostos a condições quase polares. “O clima foi uma arma que o exército alemão usou com sucesso,” notou mais tarde o marechal Von Rundstedt. Enquanto a batalha transcorria, nevascas e chuva congelante frequentemente reduziam a visibilidade a quase zero. O gelo cobriu muito dos equipamentos dos soldados, e tanques tinham que ser limpos do gelo após congelarem durante a noite. Muitos soldados feridos morreram congelados antes que pudessem ser resgatados, e milhares de G.I.s sofreram ulcerações e pés congelados. Os céus finalmente limparam a favor dos aliados em 23 de dezembro, quando condições climáticas favoráveis permitiram às aeronaves erguerem voo. O subsequente ataque aéreo quebrou o avanço alemão.

No mapa, as linhas vermelhas mostram o objetivo original das forças alemãs, e a linha laranja o avanço real conseguido.

 8 – Escassez de combustível ajudou a frustrar a ofensiva alemã

Os temidos tanques Panzer e Tiger do Terceiro Reich “bebiam” muito combustível e, no final de 1944, a poderosa máquina de guerra alemã estava tendo dificuldades em conseguir combustível para mantê-los rodando. Os nazistas reservaram 5 milhões de galões para a Batalha do Bulge, mas uma vez iniciadas as operações de combate, péssimas condições rodoviárias e erros logísticos garantiram que muito do combustível jamais alcançasse aqueles que precisavam dele. As divisões de infantaria alemã acabaram utilizando cerca de 50.000 cavalos para transporte nas Ardenas, e o alto comando nazista construiu seus planos de batalha capturando depósitos de combustível americano durante seu avanço.  As forças aliadas evacuaram ou queimaram milhões de galões de combustível para prevenir que caísse nas mãos do inimigo, contudo, e pelo Natal, muitas unidades blindadas alemãs estavam parando. Sem meios de continuar o avanço através do Rio Meuse, o contrataque logo falhou. Em meados de janeiro de 1945, os Aliados conseguiram eliminar o “Bulge” em suas linhas e empurraram os alemães de volta para suas posições originais.

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