Na biografia inédita no Brasil até este ano, Neffe
procura apresentar o Einstein que existiu por trás dos números e das teorias
físicas. O pai da Teoria Geral da Relatividade é apresentado como um ser humano
em meio a tantos outros e não como um alguém acima de todos. Em entrevista
exclusiva para o Terra, o autor fala sobre o processo de produção da
biografia e sobre a personalidade fascinante que o levou à máquina de escrever.
Jürgen Neffe - Não são todas as pessoas cheias de contradições? Para
mim, era uma questão de "relativizar" Einstein, de representá-lo como
um homem entre os homens, não como um semideus. No livro, eu mostro também o
seu lado escuro: o seu comportamento normalmente pouco correto e justo para com
os colegas, os seus pensamentos que tomaram caminhos errados. Mas,
principalmente, suas fraquezas pessoais na maneira de lidar com sua mulher e,
até mesmo, com seus dois filhos.
Terra - Como o senhor chegou às informações publicadas no
livro?
Neffe - Principalmente através de arquivos, como a Coleção de Artigos de
Albert Einstein (original de Jerusalém, com cópia completa em Pasadena,
Califórnia), mas também por meio de coleção de jornais da época, documentos de
universidades e institutos científicos, como a Sociedade Max-Planck e o Instituto
de Estudos Avançados em Princeton. Também usei livros sobre Einstein, em
particular, obras antigas e biografias esquecidas sobre ele. Foi preciso, é
claro, fazer muitas entrevistas e visitas a lugares de sua vida para montar
parte da narrativa do livro.
Terra - Qual foi a descoberta que o senhor considerou
mais interessante sobre a vida de Einstein?
Neffe - Ver o que sua vida e seu trabalho significam para o nosso tempo.
O porquê de ele ter se sobressaído como pesquisador na área das ciências
exatas. Enfim, como o mito surgiu e se modificou.
Terra - Alguma informação descoberta pelo senhor mudou
sua ideia sobre ele?
Neffe - Eu diria que mudou minha visão em duas direções. O meu conceito
sobre ele como cientista melhorou durante o meu trabalho, enquanto o sobre a
sua personalidade se tornou pior.
Terra - Como a personalidade de Einstein influenciou na
formulação de seus estudos mais importantes, como na Teoria Geral da
Relatividade e nos estudos sobre Física Quântica?
Neffe - Sua integridade intelectual, sua capacidade de fazer perguntas,
que ninguém havia feito antes, e sua intrepidez contribuíram muito para que ele
pudesse superar horizontes do seu tempo e pisar em novos territórios.
Terra - Em 1933, Adolf Hittler tomou o poder, e Einstein
teve que se mudar para Princeton, nos Estados Unidos. Como foi a sua adaptação
ao país? Ele chegou a se sentir um verdadeiro cidadão americano?
Neffe - Neste momento, Einstein já era um cidadão do mundo - com
passaporte suíço. Sua naturalização aos Estados Unidos foi mais uma questão
mais prática do que de natureza patriótica. A língua foi um fator decisivo que
impediu que Einstein se sentisse realmente em casa nos Estados Unidos. Se ele
tinha um lar, esse era na comunidade internacional de cientistas e no seu idioma.
Todos os seus assistentes no país deviam falar alemão. Depois da Segunda Guerra
Mundial, ele se encontrou na Era McCarthy e foi tido como suspeito de
espionagem e - falsamente - acusado de ser o responsável pela bomba atômica.
Por causa do que trouxe para o país, os americanos nem sempre facilitaram as
coisas para ele.
Terra - Como foi sua aceitação de que não poderia mais
voltar à Alemanha por causa do regime nazista?
Neffe - Einstein odiava os nazistas e por motivos compreensíveis. Não só pela perseguição aos judeus, mas também aos intelectuais livres da ciência e da arte. Depois de 1945, ele transmitiu sua aversão à Alemanha e aos que contribuíam para o sistema. Por causa disso, ele não queria ter nada a ver com sua terra natal - mas ficou feliz quando estudantes pediram para nomear uma escola com o nome de Albert Einstein.
Terra - Há uma grande variedade de biografias de Albert
Einstein. Algumas extensas e detalhadas, como "Subtle is the Lord",
de Abraham Pais. Outras visam explicar de maneira simples as teorias do físico
alemão, como "Einstein's Cosmos", de Michio Kaku. Como você
descreveria seu texto? Uma obra mais detalhada do Cientista? Para todo o tipo
de público ou para aqueles mais apaixonados pela história do físico?
Neffe - No meu livro eu tento combinar muitas coisas: em concentrar em
Einstein, o ser humano com todos os seus lados e falhas, crenças religiosas,
preferências culturais e culinárias, sua configuração psicológica. Eu criei um
novo quadro para mostrar o gênio atrás das teorias. Seu pensamento é definido
em relação à história da ciência, da Antiguidade aos tempos modernos, mostrando
sua forma de pensar em uma linhagem com estes homens, nos ombros dos quais ele
se suporta, até os nossos dias quando suas previsões teóricas estão sendo
examinadas e verificadas. Meu texto, como a mídia americana disse, "é lido
como um romance". Eu pego meus leitores pela mão e caminho com eles
através desse mundo, e também introduzo lugares e pessoas que trabalham e
tratam de seu legado hoje. E, como um jornalista científico e autor - assim
como outros físicos, como Pais e Kaku -, eu tento fazer o pensamento de
Einstein compreensível para pessoas leigas sem usar fórmulas.
Terra - Einstein já foi eleito o maior físico da história
e a personalidade mais importante do século XX. Por que um cientista alcançou
tamanha notoriedade? O que fez o cientista ser tão popular, inclusive em vida?
Neffe - Não existe outra pessoa como ele; o gênio que descobriu o fim do
universo e explicou o funcionamento do menor dos mundos - o que veio a ser a
física quântica -; a voz política; o cientista que tomou responsabilidade mais
o profeta que nos deu a fórmula para o futuro do mundo nos fundamentos da
cosmologia que ele colocou na relatividade geral. Ele era como Muhammed Ali, que
foi convidado por reis e presidentes para ficar cada vez mais mítico, como
sabemos, na segunda metade de sua vida.
Terra - Existem muitos mitos sobre Albert Einstein. Um
deles diz que ele era um mau aluno, que rodava em provas de matemática e
brigava com professores. Outro que era muito religioso. Quais dessas afirmações
eram verdadeiras e quais são apenas lendas?
Neffe - Existem tantos que eu temo que você precisará ler meu livro.
Aqui estão alguns:
Ele era um estudante ruim apenas em esportes. Ele era
brilhante em física e muito bom em matemática. Como esperado.
Oh, sim, ele discutiu com seu professor e finalmente se
sentiu forçado a deixar a escola em Munique e terminar os estudos na Suíça.
Ele não era religioso no completo sentido de pertencer ao
judaísmo. Ele não seguia nenhum rito e ritual e era criticamente engajado no
que chamou de tribo judaica - fora da comunidade religiosa.
Ele não usava meias.
Ele não inventou a bomba atômica.
Ele era um ser humano com um cérebro como o de muitos
outros.
Sua mulher não inventou a relatividade - mas como física,
ela ajudou um pouco.
Ele não era vegetariano, ele amava carne - e morangos.
Ele tinha noção de seu engraçado corte de cabelo, até o
preparava antes de ser fotografado e usava a imagem para ajudar seu mito a se
propagar.
Terra - Muitos físicos criticam que as últimas décadas de
vida do pesquisador foram desperdiçadas em uma busca inútil de uma "teoria
do tudo". Qual é sua opinião?
Na verdade, ele começou pensando em combinar o mundo do gigante - universo - e
do minúsculo - as partículas elementares -, ou seja, a relatividade geral com a
física quântica a partir de aproximadamente 1920, o que significa que ele teria
perdido 35 anos. Ele não teve sucesso, mas, levando em conta que essa fórmula
não foi descoberta até hoje, ele não perdeu seu tempo e nos deu muitas
contribuições úteis - a mais conhecida é o paradoxo Einstein-Podolski (o
nome completo é paradoxo Einstein-Podolsky-Rosen, o qual questionava pontos da
mecânica quântica). Eu não conheço nenhum físico que o critique por tentar,
mas por confiar apenas na matemática para encontrar uma "bela
fórmula" ao invés de usar a física e o mundo (real) físico.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6101147-EI238,00-Nova+biografia+mostra+lado+escuro+de+Einstein.html
Como
Einstein arruinou a Física
Mark Green
Albert Einstein foi o homem mais esperto e o maior
cientista que já viveu? Milhões acreditam que sim.
Mas Roger Schlafly vê de forma diferente, abaixando
o posto do cientista mais reverenciado do século XX. Por quê? Schlafly
apresenta evidência constrangedora que outros físicos e matemáticos importantes
antes e simultâneamente a Einstein fizeram avanços igualmente importantes na
teoria da relatividade e campos correlatos. Além disso, Schlafly sugere que
Einstein pode ter roubado algumas de suas mais famosas idéias.
O que tornou Einstein tão famoso? A estória oficial
segue deste modo: Albert Einstein, um jovem funcionário no escritório de
patentes suíço, transformou sozinho a Física de uma ciência estática,
tridimensional para um universo espaço-tempo quadridimensional, para além da
compreensão, por meio de solitários e brilhantes "experimentos do
pensamento" envolvendo gravidade, movimento, espaço e tempo. Einstein
também fez incursões sem precedentes na natureza da luz e energia e foi o
primeiro a compreender a equivalência entre massa e energia. As descobertas de
Einstein não somente transformaram a física moderna, mas o modo como vemos o
Universo.
Schlafly não concorda: "É tudo mito. Einstein
não inventou a Relatividade ou a maioria das outras coisas pela qual ele é
reconhecido." Schlafly leva o caso de forma atrevida e convincente.
Roger Schlafly tem uma compreensão impressionante
do assunto, tendo conseguido seu título em Engenharia Elétrica em Princeton e
seu Ph.D. em matemática na Universidade da Califórnia em Berkeley. Ele é
professor na Universidade de Chicago e na Universidade da Califórnia, Santa
Cruz, onde vive hoje.
Schlafly pode conversar sobre física das
partículas, relatividade especial e teoria quântica com os melhores do ramo,
analisando vetores, bósons, teoria das cordas (a qual ele detesta), simetria
(pela qual é atraído) e paradigmas de Kuhn (os quais não suporta) e uma
infinidade de outros enigmas científicos. Schlafly tem um pouco de Einstein,
apesar de que ele provavelmente se oporia ao termo como sendo uma comparação de
inteligência.
Schlafly examina as contribuições impressionantes
(apesar de quase esquecidas) de físicos e matemáticos importantes durante
aquela era antiga. Uma pequena lista de grandes figuras inclui o matemático e
laureado Nobel francês Henri Poincaré (que foi chamado pelo filósofo-matemático
inglês Bertrand Russell como o maior homem que a França produziu), o físico holandês
pioneiro e laureado Nobel Hendrik A. Lorentz, e o físico e matemático escocês
James Clerk Maxwell. De acordo com Schlafly, Maxwell foi o primeiro a usar o
termo "relatividade" e criou a primeira e genuína teoria da
relatividade da massa e energia. Maxwell escreveu os volumosos dois volumes
"Tratado sobre Eletricidade e Eletromagnetismo" em 1873 nos quais, na
opinião de Schlafly, apareceram as mais importantes equações na história da
ciência.
O tratado subseqüente de Poincaré sobre
relatividade forneceu os teoremas que eram "matematicamente idênticos aos
de Einstein," diz Schlafly e a maioria do trabalho de Poincaré também
precedeu ao de Einstein. "Lorentz e Poincaré conheciam os principais
aspectos da teoria (da relatividade) e as publicaram antes de Einstein,"
ele diz.
Mesmo assim, estas figuras científicas gigantes são
quase esquecidas enquanto a reputação de Einstein atingiu o status de
semi-deus. Por quê?
E = MC2
http://www.theoccidentalobserver.net/2012/03/review-of-roger-schlaflys-how-einstein-ruined-physics/
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