sexta-feira, 13 de julho de 2012

Nero incendiou Roma?

Catherine Salles

História Viva, Ano VII / No. 77

Buscando inspiração para compor um poema sobre a tomada de Troia, Nero teria provocado o grande incêndio de Roma em 64 d.C. Por muito tempo se difundiu a imagem desse imperador no papel de incendiário, contemplando as chamas com um olhar demente - e satisfeito. Hoje, porém, historiadores inocentam o grande césar dessas acusações.




O incêndio de Roma foi um dos maiores sinistros conhecidos da história, por sua amplitude, duração e, ainda, conseqüências, pois a ele se seguiu a primeira perseguição aos cristãos.

Na noite de 18 de julho de 64, o fogo surgiu nos arredores dos entrepostos do Tibre, onde se estocava material inflamável, como óleo, madeira e lã. Madrugada adentro, impulsionadas pelo forte vento, as chamas se alastraram.

Apavorados, os romanos correram para as ruas. Foram pisoteados, e os que conseguiram fugir só encontraram mais fogo pela frente. A cidade ardia. A multidão, a fumaça e a escuridão impediam a ação dos bombeiros. Além do mais, a água era matéria escassa naquele verão.

Nero, porém, não estava em Roma naquela noite. Encontrava-se em sua residência de Antium (ou Âncio), a cerca de 50 km da cidade. Alertado pelos mensageiros, tomou o caminho da capital. Chegou na madrugada do dia seguinte e decretou medidas de emergência.

O fogo fez estragos por dez dias. Ao menos três das 14 regiões de Roma foram arrasadas, e sete outras, muito danificadas. Cerca de 200 mil romanos perderam suas casas. Diversas obras de arte e monumentos foram destruídos. Nunca se chegou a um número exato de mortos e feridos, que foram muitos.

Os rumores de que o incêndio teria sido obra de Nero correram desde o início do flagelo. Alguns juravam ter visto os escravos imperiais lançando estopas em chamas pelos bairros da cidade. Outros afiançavam que Nero, do alto de uma torre nos jardins de Mecenas, entoava uma passagem de seu poema, Tomada de Troia, acompanhado por sua lira, enquanto a cidade ardia.

O imperador, temeroso das consequências dos boatos, buscou incriminar os responsáveis por difundí-los. A comunidade cristã serviu-lhe então de bode expiatório. Entre 200 e 300 cristãos foram julgados e condenados à morte. Nero transformou a execução em espetáculo.

Mas qual foi, afinal, seu papel no incêndio? Os historiadores da Antiguidade apresentaram-no como o responsável, salvo Tácito, que também considerou a possibilidade de um triste acaso. Mas a tese de um imperador piromaníaco não é verossímil, sobretudo porque ele estava longe da cidade. Além do mais, Nero perdeu no fogo suas moradas imperiais do Palatino e sua nova residência, a Domus Transitória. Não bastasse, nada restou das suas valiosas coleções de obras de arte de que dispunha. Difícil imaginar o esteta que foi Nero sacrificando seus tesouros.

Ao que tudo indica, foi a nobreza romana que propagou os rumores maledicentes. No ano seguinte, ela organizaria uma grande conspiração para matar o imperador.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem provocou o incêndio foram os judeus e a esposa judia de Nero, Sabina Popea. Ela e os rabinos fizeram isso para que o Império perseguisse e matasse os primeiros cristãos.

A mesma tática foi usada para atacar o Iraque e Afeganistão no caso das Torres Gêmeas. Tem muita prova q isso foi coisa do Mossad e Cia.

Falsas bandeiras são mais comuns que se possa imaginar.