Prologue Magazine, Inverno 2005, Vol. 37, Nº 4
A primeira vez que eu vi o filme "A Noviça Rebelde" era ainda criança, provavelmente no final dos anos 1960. Eu gostava de cantar, e Maria era tão linda e gentil! À medida que ficava mais velha, mais ciente de história, e saturada ao ver o filme pelo menos uma vez ao ano, ficava perplexa e aborrecida pela, de certa forma, higienizada estória da família von Trapp, assim como os péssimos cortes de cabelo e roupas ao estilo anos 60. "Não é historicamente preciso!", protestaria, uma pequena arquivista em formação. No início dos anos 1970, vi com meus próprios olhos a verdadeira Maria von Trapp no programa de TV Dinah Shore, e rapaz, ela não se parecia em nada com a versão de Julie Andrews! Ela não se parecia com Julie, e ela apareceu como uma verdadeira força da natureza. Ao pensar sobre a versão cinematográfica ficcional de Maria von Trapp comparada com a Maria von Trapp de carne e osso, percebi que a estória da família von Trapp era mais próxima do humano, e assim mais interessante, do que o filme me levou a acreditar.
Parte da estória da família von Trapp real pode ser encontrada nos registros dos Arquivos Nacionais. Quando eles fugiram do regime nazista na Áustria, os von Trapp viajaram para a América. Sua entrada nos EUA e seu pedido subseqüente para cidadania estão documentados nas instalações da Administração dos Arquivos Nacionais e Registros.
Fato da Ficção
Enquanto A Noviça Rebelde foi baseado na primeira seção do livro de Maria A Estória dos Cantores da Família Trapp, houve muitas alterações e omissões.
* Maria chegou à família von Trapp em 1926 como tutora para uma das crianças, que estava se recuperando de escarlatina, não uma governanta para todas as crianças.
* Maria e Georg casaram-se em 1927, 11 anos antes da família deixar a Áustria, não um pouco antes dos nazistas tomarem o poder naquele país.
* Maria não se casou com Georg von Trapp porque ela estava apaixonada por ele. Como ela disse em sua autobiografia, ela se apaixonou pelas crianças à primeira vista, não por seu pai. Quando ele a pediu em casamento, ela não estava certa se ela abandonaria seu voto religioso, mas foi aconselhada pelas freiras a fazer a vontade de Deus e casar com Georg. "Eu real e verdadeiramente não estava apixonada. Eu gostava dele mas não o amava. Entretanto, eu amava as crianças, então o que aconteceu foi que casei com as crianças...
* Havia 10 e não 7 crianças von Trapp.
* Os nomes, idades e sexos das crianças foram mudados.
* A família era musicalmente interessada antes de Maria chegar, mas ela os ensinou a cantar madrigal.
* Georg, longe de ser patriarca indiferente, sangue-frio que desaprovava música, como retratado na primeira parte do filme, era na verdade um pai gentil e carinhoso, que apreciava as atividades musicais com sua família. Enquanto essa mudança na sua personalidade poderia ter produzido uma estória melhor ao enfatizar o efeito saudável de Maria sobre os von Trapp, ela aliviou a pressão sobre sua família enormemente.
* A família não escapou secretamente para os Alpes para a liberdade na Suíça, carregando suas malas e instrumentos musicais. Como a filha Maria disse numa entrevista de 2003 publicada no Opera News, "Dissemos às pessoas que estávamos indo para a América para cantar. E não escalamos montanhas com todas as nossas pesadas malas e instrumentos. Deixamos o país por trem, sem nenhum plano."
* Os von Trapp viajaram para a Itália, não Suíça. Georg nasceu em Zadar (atual Croácia), que na época fazia parte do Império Austro-Húngaro. Zadar tornou-se parte da Itália em 1920, e Georg era então cidadão italiano, assim como sua esposa e filhos. A família tinha um contrato com um agente literário americano quando eles deixaram a Áustria. Eles contactaram o agente na Itália e pediram a passagem para a América.
* Ao invés do ficcional Max Detweiler, insistente promotor musical, o padre da família von Trapp, o reverendo Franz Wasner, agiu como seu diretor musical por mais de 20 anos.
* Apesar de ser uma pessoa carinhosa e amável, Maria não era sempre doce como a ficcional Maria. Ela às vezes tinha ataques de raiva em que jogava coisas, gritava e batia portas. Seus sentimentos podiam ser imediatamente restaurados e o bom humor voltar, enquanto que os outros membros da família, particularmente seu marido se recobravam mais dificilmente. Na entrevista de 2003, a caçula Maria confirmou que sua madastra "tinha um péssimo temperamento... e de um momento para outro, você não sabia o que aconteceu com ela. Não estávamos acostumados com isto. Mas encarávamos como uma tempestade que logo passaria, porque no próximo minuto ela já estava bem."
http://www.archives.gov/publications/prologue/2005/winter/von-trapps.html
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