domingo, 20 de maio de 2012

[POL] Um Proeminente Historiador Alemão lida com os Tabus da História do Terceiro Reich

Mark Weber

Quase metade de um século após sua despedida dramática, o Terceiro Reich continua a fascinar milhões e provocar discussão acalorada. Historiadores, sociólogos, jornalistas e pessoas esclarecidas debatem questões como: Como foi possível o regime Nacional Socialista? Quão profundo foi o apoio popular a Hitler e seu governo? Foi o regime Nacional Socialista "reacionário" ou "moderno", ou alguma combinação de ambos? O Terceiro Reich representou uma aberração ou continuidade na história alemã? Qual é a origem e a natureza precisa da "solução final da questão judaica"?

Poucas pessoas são tão qualificadas para lidar com tais questões quanto o Dr. Ernst Nolte, professor emérito de História na renomada Universidade Livre de Berlim. Melhor conhecido por seu aclamado estudo do fenômeno do fascismo - publicado em inglês como As Três Faces do Fascismo - Nolte é o autor de numerosos livros e artigos acadêmicos. Sem ser estranho à controvérsia, foi o professor Nolte que provocou o debate intelectual furioso durante o final dos anos 1980 sobre o legado de Hitler e do Nacional Socialismo Alemão, conhecido como a "controvérsia dos historiadores", ou Historikerstreit.

Nolte continua a discussão disto, em seu último e mais controverso livro - Pontos de Contestação: Controvérsias Atuais e Futuras sobre o Nacional Socialismo, 1993, Propyläen - um trabalho caracterizado pelas observações e discernimentos cativantes, e escrito com um estilo de narrativa agradável que significa tanto para o especialista como para o leitor culto. Este livro atrativamente produzido foi publicado por uma das editoras mais proeminentes e respeitadas da Alemanha.

Hitler

Como ele deixa claro repetidas vezes neste livro, o professor de Berlim não é certamente nazista ou "apologista de Hitler". (Nolte pode ser caracterizado como um céptico tradicionalista.) Ao mesmo tempo, contudo, ele tenta, ao longo do livro, entender o significado de Hitler, apresentando uma visão complexa do líder alemão que contrasta consideravelmente com a imagem midiática popular.

Contrariamente à visão geral de Hitler como um pessoa de baixa cultura e ignorância, as transcrições das "conversas informais" do líder alemão com seus colegas, mostra-o como sendo um homem de inteligência extarordinária, percepção e conhecimento muito extenso. Hitler compreendia francês e inglês, e algum italiano. Ele lia vorazmente, e tinha um incrível conhecimento em muitas áreas. Uma leitura das transcrições de suas conversas com o Ministro Albert Speer, por exemplo, mostra que Hitler tinha um conhecimento especializado em armamentos. (pág. 163)

Nolte ressalta o trabalho de Rainer Zitelmann, um jovem historiador alemão que reuniu evidência constrangedora que mostra que Hitler foi um líder mais notavelmente visionário, sutil, inteligente e "moderno" do que os historiadores têm entendido ou conhecido (pág. 131, 150) Como Nolte observa, o historiador britânico Alan Bullock argumenta que no campo militar, as idéias e inovações de Hitler foram mais avançadas e progressistas do que aquelas de outros estadistas da época.

Muito mais precisamente do que Churchill, Stalin e Roosevelt, Hitler anteviu o formato do mundo que emergeria das conseqüências da Segunda Guerra Mundial. Ele anteviu claramente a rivalidade da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, e o lugar da Alemanha no mundo do pós-guerra.

Realizações

Uma compreensão verdadeira do Terceiro Reich, Nolte mantém, exige um conhecimento não somente das falhas de Hitler, mas também de suas realizações inegáveis como líder político e estadista.

Talvez o "grande empreendimento" de Hitler - na visão de um historiador citado aqui - foi seu sucesso em ganhar o apoio da grande maioria do povo alemão. Isto foi devido em grande parte a outra façanha: o sucesso de Hitler em tirar a Alemanha da Grande Depressão Mundial, e em criar um "milagre econômico" com pleno emprego e prosperidade sem inflação.

Uma "realização incrível" foi o sucesso de Hitler, em apenas cinco anos, em transformar uma nação forçosamente desmilitarizada na potência militar mais forte da Europa.

Após uma visita à Alemanha em 1936, David Lloyd George - que foi Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial - elogiou Hitler como "a sorte grande que apareceu em seu país desde Bismarck, e pessoalmente diria desde Frederico, o Grande."

Ditadura Fraca

O Terceiro Reich de Hitler marcou uma imagem própria de um Führerstaat (Estado de Liderança) totalitário, "monocrático" e autoritário. Infelizmente, afirma Nolte, muitos historiadores têm aceitado indiscriminadamente esta imagem defeituosa.

Ecoando argumentos que foram feitos por outros, incluindo o historiador britânico David Irving*, Nolte esclarece que a autoridade e poder no Terceiro Reich foi na verdade mais difusa do que muitos compreendem. Com a negligência de Hitler, líderes políticos e uma rede desconcertante de agências de Estado e partidárias competiam entre si, frequentemente trabalhando em propostas antagônicas.

Comentando (talvez com algum exagero) neste estado de coisas, um Joseph Goebbels frustrado escreveu em seu diário em 1942: "Qualquer um faz e aprova o que quer porque não há uma autoridade forte em qualquer lugar... O partido faz sua própria coisa, e não se permitirá influenciar por qualquer um." Os ministérios governamentais do Terceiro Reich inteiro permaneceram praticamente "livres do Nazismo", afirma Nolte, e enquanto muitos jovens oficiais foram dedicados nacional socialistas, as forças armadas alemãs permaneceram em grande parte livres da influência partidária nazista.

Sir Neville Henderson, embaixador britânico em Berlim em 1939, lembrou de Hitler como sendo essencialmente um homem racional e moderado, enquanto que o chefe de propaganda alemão Dr. Goebbels reclamou durante a guerra da falta de iniciativa de Hitler. Como Nolte observa, o historiador Hans Mommsen caracterizou Hitler como um "ditador fraco". (pág. 179)

Na vida cultural e intelectual, as numerosas rivalidades oficiais contribuíram para fomentar um grau surpeendente de "pluralidade". O ministro de assuntos da Igreja aguçadamente criticou as visões "neo-pagãs" do ideólogo do partido Rosenberg que, de sua parte, denunciou os textos do ministro da educação Rust como ideologicamente direcionados de maneira errada. (pág. 175)

Fazendo paralelos entre o estilo de governo do Terceiro Reich de Hitler e o New Deal de Roosevelt, Nolte sugere que um grau de "caos" das autoridades e agências governamentais podem ser um aspecto integrante do moderno estado democrático liberal. (pág. 384)

* David Irving não tem formação acadêmica em história, está mais para um investigador especializado. Os críticos de suas idéias geralmente lembram isso e o acusam de ser um charlatão. No entanto, Irving possui uma vasta bibliografia sobre o Terceiro Reich, e suas obras são fonte de consulta quase obrigatória para estudiosos desse período.

Reacionário ou Moderno?

Frequentemente retratado como a quintessência do regime "reacionário", Nolte reune considerável evidência aqui para mostrar que o Terceiro Reich foi, em muitos aspectos, uma sociedade "moderna" típica. Em anos recentes, Nolte e outros historiadores alemães (geralmente mais jovens) têm enfatizado mais e mais fortemente as tendências "modernistas" no Terceiro Reich, que antecipou desenvolvimentos nos Estados Unidos e em outras sociedades democrático-liberais. "Na sua essência", uma historiadora recentemente concluiu (pág. 150), o Nacional Socialismo alemão foi uma "força modernizadora, anti-tradicional." (N. do T.: talvez tenha a ver com o fato de que os principais líderes nazistas eram jovens; Hitler tinha 44 anos quando assumiu o cargo de Chanceler.)

Nolte lembra aqui das políticas inovadoras de planejamento urbano e ambientalismo de larga escala, sua promoção de casas populares modernas para a população, educação para crianças super dotadas de famílias pobres em escolas de elite progressistas, um processo forte de democratização dentro das Forças Armadas Alemãs, o caráter do partido Nacional Socialista como um "partido popular" vaso e não-sectário, e a eliminação do desemprego em massa e a criação de empregos através de programas que podem ser chamados de "keynesianos".

Mesmo a máquina de propaganda malígna do Dr. Goebbels pode ser mais acuradamente descrita como um "instrumento moderno de governo segundo um modelo americano, através do qual as democracias procuram continuar seu poder na sociedade pós-burguesa e perpetuar seu sistema tecnocrático." (pág. 150)

A Guerra Civil Européia

Uma premissa central deste livro é a visão do autor de que o núcleo da história européia no século XX é a era de 1914 a 1991 - isto é, do início da Primeira Guerra Mundial até o colapso da União Soviética.

Nolte caracteriza este período como a grande Guerra Civil Européia, uma luta de vida e morte entre as forças do Comunismo, de um lado, e o resto da Europa e o Ocidente, do outro. Ele escreve (pág. 11):

A grande guerra civil do século XX foi a luta de vida e morte entre o Comunismo milenar, que chegou ao poder pela primeira vez em um grande Estado (Rússia) em 1917, e todas as outras forças, o qual estava convencido de que elas estavam destinadas ao fracasso como "capitalistas" ou "burguesas", embora estas últimas estivessem concentradas em força surpreendente e decisão contra o Nacional Socialismo Alemão...

O ponto alto desta luta foi o embate titânico entre os exércitos da Rússia Soviética e da Alemanha Nacional Socialista.

Estrela Vermelha ou Suástica?

Voltando para "futuras controvérsias", Nolte lida demoradamente com a natureza e o impacto do Comunismo Soviético (Bolchevismo). Muito mais do que tem sido o caso com a Alemanha Nacional Socialista, ele sugere, historiadores têm aceitado rapidamente a imagem propagandística do regime soviético de si próprio. A maioria dos historiadores ocidentais falhou em apreciar a realidade sanguinária do Comunismo Soviético, ou a real ameaça que ela significou para a Europa.

Na época de sua morte em 1953, Nolte observa, Stalin era admirado por milhões ao redor do mundo, mesmo tendo ele sentenciado à morte em épocas de paz mais pesoas do que Hitler ordenaria mais tarde durante a guerra. Stalin impôs a revolução social mais sanguinária na história - a chamada "coletivização" da agricultura - que significou a morte de milhões dos fazendeiros mais produtivos da Rússia Soviética. (pág. 158)

Como Nolte esclarece, mais e mais evidência têm vindo à luz em anos recentes mostrando que Stalin estava preparando um ataque contra a Alemanha e a Europa em 1941, e que o ataque "Barbarossa" de Hitler em 22 de junho de 1941, teve o caráter de um ataque preventivo. Esta tese, que se for verdadeira exigirá uma revisão dramática da visão geralmente aceita da Segunda Guerra Mundial como um todo, foi apresentada de forma persuasiva pelo historiador russo V. Suvorov em seu livro Icebreaker. (pág. 269 - 271)

(N. do T.: a idéia do "ataque preventivo" tem recebido uma aceitação relativamente grande entre os historiadores, um dos primeiros a mencioná-la foi Ernst Topitsch em Stalin´s War, mais recentemente John Mosier em Deathride: Hitler vs. Stalin (págs. 81-82) e Constantine Pleshakov em Stalin´s Folly (pág. 52). No entanto, Suvorov e Pleshakov divergem quanto à razão do ataque da URSS contra a Alemanha, o primeiro acha que era o expansionismo comunista e o segundo diz que seria um ataque preventivo contra a ameaça da Alemanha.)

Para milhões de europeus nos anos 1920 e 1930, a Estrela Vermelha e a Suástica representavam as únicas realidades alternativas para o futuro da Alemanha, e de fato, para o resto do Ocidente. Hitler não era de modo algum o único líder europeu a tomar seriamente o perigo soviético para a ordem, cultura e civilização européias. Sem a realidade desta ameaça, a resposta "fascista" da Alemanha (e de outras nações européias) é dificilmente concebível.

Hitler, na visão de Nolte, era um anti-comunista por causa da energia espiritual e determinação "comunista". Sozinho entre seus contemporâneos, ele lutou contra o comunismo com brutalidade radical, não-burguesa. (pág. 349 - 367). Nolte escreve (pág. 366):

A história mundial do século 20 é somente compreensível quando alguém deseja conhecer a conexão feita pelos inimigos do Bolchevismo entre o medo da aniquilação e uma intenção de aniquilação, e reconhecer a simples verdade que as declarações de anti-comunistas sobre as maldades do Bolchevismo eram bem fundamentadas. Desde 1990, pelo menos, estes fatos não são mais colocados em dúvida, e que mesmo os exageros propagandísticos (de anti-comunistas) refletiam um argumento racional...

Algum dia, a questão da hierarquia de motivos de Hitler e do Nacional Socialismo tornar-se-ão um motivo de controvérsia na literatura acadêmica, e a tese da primazia do anti-comunismo é provavelmente para ser o ponto principal.

O Tabu Judeu

Totalmente consciente que qualquer discussão franca do papel judaico na história do século XX é carregado de perigo, Nolte mesmo assim corajosamente investe nesse tabu protegido a ferro e fogo. Por exemplo, ele cita aprobativamente palavras do estudioso israelense do Holocausto Yehuda Bauer: "A visão Nacional Socialista era precisa em relação aos judeus como um elemento estrangeiro na sociedade européia, com uma religião e ancestralidade diferentes." (pág. 376) Em outro ponto, Nolte escreve: "Para os sionistas, incluindo Herzl e Weizmann, o antisemitismo era uma reação inteiramente natural das "nações hospedeiras" para a atividade separatista e agressiva dos judeus, que era baseada na superioridade intelectual." (pág. 419)

Tomando nota da tradição judaica de oposição zelosa a qualquer regime que parecia ameaçar os interesses judeus, Nolte acrescenta que semanas após a chegada de Hitler ao poder, líderes judeus influentes estavam prontos para organizar uma guerra econômica contra a Alemanha.

No ínicio da guerra na Europa em 1939, o líder sionista Chaim Weizmann preparou um tipo de declaração de guerra contra a Alemanha, e em agosto de 1941, judeus soviéticos de destaque emitiram um apelo apaixonado para os judeus do mundo a se juntar a uma luta de vida ou morte contra a Alemanha Nacional Socialista. (pág. 396)

Rejeitando a visão do "Bolchevismo Judaico" como enganosamente simplista, Nolte diz que é "fato inegável" de que os judeus tiveram um papel altamente desproporcional na revolução bolchevista. "Nada era mais compreensível do que o fato de que judeus e membros de outras minorias étnicas teriam um papel principal nas revoluções de fevereiro e outubro de 1917 (na Rússia): dos dez homens que se encontraram com Lênin em 23 de outubro de 1917, e concordaram em lançar a revolução (bolchevista), não menos que seis eram judeus." Referindo-se ao papel judeu nos anos iniciais críticos do Estado Soviético, Nolte comenta: "É de fato duvidoso se o regime bolchevista pudesse ter sobrevivido à guerra civil (russa) (de 1917 - 1920) sem homens como Trotsky, Zinoviev, Sverdlov, Kamenev, Sokolnikov e Uritsky." (pág. 418)

Revisionismo Radical

O que é mais impressionantemente novo neste livro é o tratamento informativo e não preconceituoso do trabalho que ele chama de "revisionismo radical". Com sinceridade que é muito rara entre os acadêmicos proeminentes, Nolte confessa (pág. 7 - 9) no prefácio:

... Devo esclarecer que, sem ter examinado-os com mais detalhes, aceito como verdade a realidade dos eventos, incluindo o número de seis milhões de vítimas (judaicas) e a importância primária das câmaras de gás como um instrumento de extermínio, como afirmado pelos perpetradores e vítimas nos julgamentos de larga escala dos anos 1960, e que não foram questionados pelos advogados de defesa dos réus.

Somente muito tarde, no final dos anos 1970, tornei-me cônscio das dúvidas e das contra-afirmações de uma nova escola, a dos revisionistas. Durante este mesmo período, a pesquisa de historiadores de história contemporânea da estatura de Martin Broszat (que fundou a então chamada escola "funcionalista"), colocou em questão a afirmação de que os eventos de extermínio foram o resultado de uma intenção de Hitler, e assim de uma ideologia.

Ao mesmo tempo, a tese mais radical, mais efetivamente expressada pelos franceses Paul Rassinier e Robert Faurisson, de que nunca houve uma "solução final" no sentido de um extermínio em massa baseado ideologicamente, e que as mortes de centenas de milhares nos campos e guetos, ou como resultado de execuções pelos Einsatzgruppen (forças policiais de segurança), devem ser vistas no contexto das demandas e circunstâncias da época e certos desejos excessivos por parte da liderança militar. Esta tese não pode mais ser rejeitada como sendo simplesmente sem sentido ou perversa.

Eu logo cheguei à conclusão que esta escola (revisionista) estava sendo tratada na literatura oficial como sendo um modo amador, isto é, da simples rejeição, ao colocar a perspectiva dos autores e, acima de tudo, ao tratá-la com silêncio.

Mas mesmo uma rápida olhada é suficiente para mostrar que a perspectiva do socialista e antigo membro da Assembléia Nacional Francesa, Paul Rassinier, apesar de anti-sionista, é também humana. E ninguém pode acusar Robert Faurisson ou Carlo Mattogno de falta de conhecimento especializado.

No capítulo intitulado " 'A Solução Final da Questão Judaica' na Visão dos Revisionistas Radicais", Nolte lida detalhadamente com os escritos de revisionistas do Holocausto Proeminentes, incluindo Rassinier, Faurisson, Carlo Mattogno e Arthur Butz. Nolte também relata - de forma não polêmica e com algum respeito - do trabalho do Instituto de Revisão Histórica e do seu Jornal.

Defendendo o trabalho destes pesquisadores (pág. 308), ele escreve:

A opinião comumente mantida de que quaisquer dúvidas sobre a visão dominante em relação ao "Holocausto" e aos Seis Milhões devem ser tratadas, desde o princípio, como a expressão de uma perspectiva perversa e desumana, e, se possível, banida... é absolutamente inaceitável, e de fato deve ser rejeitada como um ataque contra o princípio da liberdade acadêmica.

... As questões (levantadas pelos revisionistas) sobre a confiabilidade das testemunhas, o valor dos documentos como evidência, a praticabilidade de certas operações, a credibilidade das estimativas estatísticas, e a importância das circunstâncias não são apenas permissíveis, mas, no terreno acadêmico, inevitáveis. Além disso, toda tentativa de suprimir os argumentos e evidência (revisionistas) ignorando-os ou proibindo-os deve ser visto como ilegítimo.

Apesar de sua atitude séria e respeitosa em relação à pesquisa revisionista, e de sua rejeição de algumas das afirmações extensamente aceitas do Holocausto, seria um erro afirmar que Nolte é um "revisionista do Holocausto".

Ele aceita, por exemplo, que entre cinco e seis milhões de judeus morreram como vítimas da política alemã durante a guerra, e que centenas de milhares de judeus foram gaseados em Auschwitz-Birkenau, Treblinka e outros campos (pág. 289 - 290).

Característica é a sua visão das bem conhecidas "confissões" do comandante de Auschwitz Rudolf Höss. Apesar de reconhecer que o argumento central da evidência do Holocausto foi obtida por meio da tortura, e que porções-chaves são "exageradas", Nolte mesmo assim reconhece-as como "qualitativamente" válidas. (pág. 293 - 294, 310)

Analogamente, Nolte é céptico de pelo menos alguns trechos do "depoimento" da testemunha das "câmaras de gás" Filip Müller, e lembra o "relatório testemunhal" de Elie Wiesel (em seu conhecido livro A Noite) como sendo "sem muito crédito. (pág. 311, 476). Ainda, Nolte defende que deve haver um fundo de verdade na estória do "gaseamento" porque ela foi confirmada - na sua essência, senão em seus detalhes - por muitas "testemunhas".

Nolte resume de forma precisa as descobertas do engenheiro americano Fred Leuchter**, que examinou as supostas "câmaras de gás" de Auschwitz em 1988 - e concluiu que elas nunca foram usadas para matar pessoas como alegado. Mais recentemente, Nolte defendeu favoravelmente o relatório detalhado do químico alemão Germar Rudolf, que igualmente conduziu o exame forense das pretendidas "câmaras de gás" de Auschwitz. (Rudolf reafirmou as conclusões feitas por Leuchter.) Em uma carta de janeiro de 1992, Nolte elogiou o relatório Rudolf como "uma importante contribuição para um assunto muito importante," e expressou a esperança que ela provocará extensa discussão. "A palavra final nesta troca entre especialistas técnicos," escreve Nolte, "ainda não foi dita." (pág. 316)

Em relação à evidência documental, Nolte nota que "O fato de que tantos documentos de Nuremberg existirem somente como cópias, e que a grande maioria dos 'originais' nunca term sido tornados disponíveis é um argumento válido que não pode sequer ser dispensado." (pág. 314)

** Leuchter não é engenheiro de formação. Ele trabalhou com câmaras de gás para prisioneiros sentenciados à morte nos EUA. Acabou ganhando fama no julgamento do neonazista e negacionista do Holocausto Ernest Zundel nos anos 1980. Suas alegações foram colocadas em dúvidas por especialistas da área e seus contratos com os governos estaduais foram cancelados. Leuchter caiu no ostracismo e teve prisão decretada em países da Europa por estar envolvido com a negação do Holocausto.

Reflexão Real

Consistente com o argumento forte do autor por uma visão mais contemplativa e objetiva do fenômeno Hitler e Nacional Socialismo, Nolte apresenta suas visões frequentemente heterodoxas sem polêmica, de fato, com uma certa reserva e tentativa. Diferentemente daqueles que incessantemente insistem que não devemos "jamais esquecer" as "lições do Holocausto", Nolte pede uma avaliação da era Hitler tão livre quanto seja possível das polêmicas estridentes e emotivas e dos objetivos interesseiros. Qualquer compreensão útil verdadeira do Terceiro Reich, Nolte defende persuasivamente, exige uma compreensão informada do contexto histórico.

Enquanto Nolte não lembraria deste livro como qualquer tipo de palavra final dos "pontos de disputa" trabalhados aqui, ele conclui (pág. 431) com palavras de otimismo:

Eu confiantemente espero que no futuro reflexão real sobre a era Nacional Socialista terá um papel maior na literatura acadêmica, e que as controvérsias da parte final para as quais este livro é dedicado tornar-se-ão temas para discussão.

Apesar da distorcida imagem midiática popular da história do século XX que atualmente predomina é certa de continuar a influenciar por muitos anos ainda, livros como este dão razão para esperança que a verdade e o bom senso possam eventualmente prevalecer.

http://www.ihr.org/jhr/v14/v14n1p37_Nolte.html

O perfil do historiador Ernst Nolte pode ser visto aqui:

http://en.wikipedia.org/wiki/Ernst_Nolte

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