Como entusiastas da re-encenação militar da Segunda Guerra Mundial, frequentemente nem ligamos para as insígnias que existem em nossos uniformes. Geralmente, vemos estes itens como algo que precisam aparecer no sentido de parecer correto historicamente. Pouco sabemos da história dessas insígnias, dos seus desenhos, variações de cores e motivos pelos quais eram usadas. Não conhecendo a resposta, frequentemente significa que não podemos responder quaisquer perguntas a respeito delas se forem feitas por alguém que está passando pelo local onde estamos atuando em um evento público. Um dos itens que tenho sido questionado mais do que qualquer outro é o litzen do colarinho que todos nós usamos em nossos uniformes. Este artigo lidará com a história do “litzen” e como eles tornaram-se uma parte essencial do uniforme do soldado alemão.
Como com toda insígnia militar, a insígnia de barra dupla usada na gola de toda túnica do soldado (incluindo oficiais) tem uma longa história de desenvolvimento. O nascimento do litzen remonta tão longe quanto o Império Romano. Durante os dias nascentes da civilização, o Império Romano teve um papel significativo e influente na estruturação da cultura na Europa Central (e, em especial, na Germânia). Os símbolos militares romanos tornaram-se uma parte inseparável dos temas ornamentais do novo estilo em arte que foi chamado estilo imperial.
O desenvolvimento da insígnia de gola de barra dupla foi similar ao da águia heráldica. Águias heráldicas têm sido, por longo tempo, os emblemas de países europeus como Rússia, Áustria e Prússia. Em 1804, Napoleão Bonaparte, no trono do novo império, declarou o “reino da águia.” Junto com esta declaração, vieram várias formas de símbolos heráldicos diretamente adquiridos ou adotados da heráldica Romana. Desde que nenhum país europeu desde a época do Império romano adquiriu o poder e força que a França conseguiu sob Napoleão, o uso de tal simbolismo tornou-se comum entre os vários exércitos que foram influenciados pelas vitórias militares francesas. De fato, foi Napoleão que proclamou seu país como herdeiro do grande Império Romano.
Como outros países, o militarismo prussiano também foi grandemente influenciado pelas armas, uniformes e táticas empregadas pelos franceses. Nesta era de história militar, era comum para os exércitos adotar estilos semelhantes de vestimenta militar. Para o exército prussiano, isto incluiu a criação e uso de uma variedade de acessórios que eram usados para enriquecer a aparência dos uniformes militares. Em muitos exércitos, era comum era comum usar acessórios de pano ou metálicos ao redor das golas dos uniformes. Unidades de guarda únicas ou distintas frequentemente recebiam detalhes importantes quando se desenhavam os uniformes.
Soldado de infantaria prussiano
Durante o século XIX e o começo do século XX (antes da primeira Guerra Mundial), os militares, como profissão, eram considerados como tendo uma carreira de prestígio. Não havia reflexão maior deste prestígio do que os uniformes das várias forças armadas. Podemos até supor que antes do advento dos esportes modernos os homens que prestavam o serviço militar eram considerados o “time” que representava o orgulho nacional, regional ou local. Na Europa, as comunidades maiores possuíam da “Guardas de Honra” formada pela elite das sociedades que vestiam seus uniformes pomposos para ocasiões cerimoniais ou para escoltar autoridades estrangeiras. Seguindo as Guerras Napoleônicas, a moda militar atingiu seu ápice quando os combatentes e seus herdeiros em todos os lados dos conflitos relembravam ou revelavam suas glórias passadas.
Durante o auge desta época na moda militar, o exército prussiano adotou o litzen como uma forma padrão de decoração de uniforme para uso em túnicas usadas pelas unidades de guardas. O desenho real do litzen pode ser imaginado como uma coluna de pedra romana. Na arquitetura roamana, assim como nas estruturas militares, a coluna de pedra representava a noção de “resistência e solidariedade”.
Coluna romana
A insígnia litzen com barra dupla é, na verdade, uma forma modificada da imagem da coluna romana colocada lateralmente e levemente inclinada como recurso apelativo. Colocada em cada lado da gola, esta imagem tinha a mensagem da resistência para os homens que vestiam uniformes decorados com este tipo de acessório. Enquanto os oficiais eram geralmente designados para usar uma versão de alta qualidade do litzen, durante os primeiros dias do militarismo prussiano, o uso deste tipo de insígnia era permitido a soldados somente se estivessem servindo as famosas unidades de guardas.
Litzen de gola
Durante a Primeira Guerra Mundial, o litzen de gola gradualmente começou a aparecer em uniformes de campanha para infantes comuns. Apesar de não ser comum, seu uso por unidades militares selecionadas sob o comando militar combinado do Kaiser pode ser visto durante a última parte do conflito. Seguindo a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, o litzen de gola foi abandonado mas também não esquecido. As tradições militares inspiradas pelo exército prussiano sob o comando de oficiais que ajudaram a reconstruir o poder militar da Alemanha durante os anos 1920 e 1930 inspirou o ressurgimento da tradição militar. Estes homens reintroduziram a insígnia para uso tanto nos uniformes do oficial quanto no do soldado do Reichswehr. Nesta época, muitos soldados usavam insígnias de alta qualidade de oficiais, que diferiam daquelas usadas na Segunda Guerra Mundial.
Quando Hitler assumiu o controle da Alemanha em 1934 e estabeleceu a Wehrmacht como as forças militares combinadas da Alemanha, ele continuou a permitir o litzen de gola a ser usado nos uniformes.
Após ser redesenhado para apelo moderno, o litzen de gola usado por soldados assumiu a forma de um litzen estilizado e angularizado semelhante àqueles usados nos primeiros uniformes prussianos do século XIX. Estes novos litzen eram bem menores que os exemplos anteriores com a adição de novas cores para identificar o ramo do exército de serviço (waffenfarbe). O novo litzen de gola tinha cinco componentes básicos, quais sejam:
Dopplelitze: esta porção da insígnia continha as principais barras horizontais inclinadas levemente tanto para cima quanto para baixo. A insígnia inteira era produzida por um processo mecânico de costura em uma tira de material costurado. O doppletitze era produzido em uma variedade de cores começando com o branco (1934 – 1936) e rapidamente passou para cinza (1936 – 1945) frequentemente sendo referido como “camundongo cinza”. O dopplelitze era geralmente produzido em seda artificial, mas podia também ser encontrado em algodão.
Kragenpatte: este era a tira verde de lã sobre o qual o dopplelitze era costurado. A cor da lã variava do verde escuro até o cinza esverdeado, dependendo do fabricante e da época na qual foi produzido. O fundo era apoiado por um tecido grosso tratado com cola. Começando no início de 1939, o dopplelitzen era frequentemente costurado diretamente na gola do uniforme sem o fundo kragenpatte. Esta prática tornou-se padrão a partir de 1941 apesar de muitas insígnias com fundo verde escuro continuarem a ser usadas de antigos estoques até maio de 1945.
Mittlestreife: a listra longa no centro de dois dopplelitze paralelos. A listra tinha geralmente a mesma cor que a kragenpatte. Entretanto, podia também ser encontrado em preto, verde ou cinza para todos os ramos de serviço. A cor permanecia consistente e não mudava de um ramo para outro.
Litzenspiegel: estes eram as linhas centrais percorrendo o meio das barras principais. As linhas de tecido ou “leves” como elas eram chamadas por muitos soldados eram diferentes em cores de um ramo de serviço para outro. O Branco era a cor que representava a infantaria. Num esforço para padronizar o suprimento e a transferência de homens e materiais entre os vários ramos do exército, começando em 1941, muitos litzen foram produzidos em cor cinza sem a waffenfarbe do ramo. Estas insígnias eram “universais” na natureza e tornaram mais eficientes as transferências de homens de uma unidade para outra sem a necessidade de mudar a cor da insígnia ou fabricar um uniforme novo.
Litzen de gola usado na Segunda Guerra Mundial
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