sexta-feira, 8 de junho de 2012

[SGM] Afrika Korps

Em 14 de fevereiro de 1941, o general Rommel desembarca em Trípoli, carregando consigo a nova unidade do exército alemão, o Deutsche Afrika Korps (DAK). O DAK era formado, no início, pela 5ª Divisão Ligeira, que era constituída, por sua vez, por um regimento de dois batalhões, com 90 tanques cada um. A 15ª Divisão Panzer (formada por três batalhões) chegou logo em seguida para ajudar na tarefa de derrotar os ingleses. Entretanto, o primeiro desafio dos alemães na África foi enfrentar o clima inclemente do deserto, com suas variações extremas de temperatura – do frio noturno intenso até o calor insuportável do dia. As dificuldades eram aumentadas ainda pela corrosão inevitável dos veículos provocada pela areia e pela falta de obstáculos naturais – como os que existiam no teatro europeu – para a proteção das tropas de infantaria.




O primeiro embate entre alemães e ingleses aconteceu em 24 de fevereiro, embora a primeira vitória germânica tenha ocorrido em 31 de março. Neste dia, um ataque em Mersa Brega desorganizou os ingleses, provocando sua retirada e o abandono de grande quantidade de blindados e caminhões. Rommel dividiu então suas forças em três grupos bem separados. No caso da infantaria, os panzergranadier teriam que ficar próximos dos tanques, devido à inexistência de abrigos naturais. Do lado britânico, os comandantes que haviam vencido os italianos foram deslocados para a campanha da Grécia. Além disso, os blindados, castigados por meses de duras batalhas no deserto, não eram páreo para as forças recém-chegadas de Rommel. Conseqüentemente, os ingleses foram encurralados em Bengazi; os que conseguiram fugir ficaram estacionados em Tobruk, de costas para a fronteira com o Egito.

Após ser repelido de Tobruk em maio, Rommel tomou Halfaya, na fronteira egípcia. Nesta posição, ele consolidou uma linha de defesa com canhões 88 mm, enquanto aguardava o momento certo para atacar. Em junho os ingleses atacaram o passo de Halfaya, mas os canhões anti-tanque conseguiram repelir o ataque. Rommel, por sua vez, tentou dar a resposta empurrando os ingleses de volta à sua posição inicial com suas divisões panzer. Entretanto, a conquista da Rússia era a prioridade nos planos do Führer e Rommel ficou aguardando a vez para receber o abastecimento de que tanto necessitava. Somente em maio de 1942 o DAK recebeu sua quarta companhia de tanques, mesmo assim a engenhosidade alemã permitiu que sua força blindada fosse mantida na África do Norte, através da recuperação de seus próprios veículos ou da adaptação dos equipamentos capturados do inimigo.

O objetivo agora era a tomada da fortaleza sitiada de Tobruk. Os britânicos lançaram o primeiro ataque pelo flanco do deserto com três colunas blindadas. Rommel se surpreendeu com o ataque, pois em setembro de 1941 havia feito incursões pelo Egito com a sua 21ª Divisão (antiga 5ª Ligeira) e não percebeu nenhuma movimentação importante. Em termos de tanques, os britânicos estavam em vantagem: 756 contra os 569 das forças do Eixo. A figura 1 mostra as fases do avanço alemão na África entre 1941 e 42.


Figura 1


Mesmo com essa superioridade, os ingleses não lograram êxito em sua investida, pois dispersaram suas forças, ao invés de concentra-las como os alemães costumavam fazer. Como resultado, Rommel alcançou vitórias importantes ao sul de Tobruk. Entretanto, uma falha tática do general alemão tirou-lhe a vitória de suas mãos. Ao invés de prosseguir no ataque, castigando as desorganizadas tropas inimigas, Rommel decidiu atacar as linhas de comunicação inglesas. Isto permitiu que os britânicos recuperassem seus equipamentos no campo de batalha e se reorganizassem rapidamente. A luta, que poderia ter sido decidida em 24 horas a favor dos alemães, acabou prosseguindo por mais duas semanas, acarretando em perdas proibitivas para as divisões panzer.

Apesar da derrota e da entrada dos EUA na guerra ao lado do Reino Unido, o moral das tropas alemãs não foi abalado seriamente, pois os soldados depositavam toda sua confiança em seus líderes e prosseguiam lutando mesmo quando tinham que recuar. Assim, Rommel planejou uma grande ofensiva sobre os ingleses a fim de expulsa-los definitivamente da África do Norte. Ele sabia que o tipo de guerra que estava sendo travada – uma briga de gato e rato – não poderia ser prolongado por muito tempo. Eventualmente, os britânicos assimilariam suas táticas e, com a ajuda do abastecimento inesgotável de armamento norte-americano, a derrota alemã chegaria mais cedo ou mais tarde. Em 26 de maio de 1942, os alemães iniciaram seu ataque, tentando flanquear os campos minados e as posições de infantaria da costa até Bir Hakeim. O que ele não esperava, contudo, era encontrar os ingleses armados com os novos tanques estadunidenses Grant junto com canhões anti-tanque de 6 libras (equivalentes aos 50mm alemães). Mesmo capturando material abandonado pelos inimigos, estava claro que os alemães não conseguiriam superar os aliados.

Rommel dispôs suas forças numa posição defensiva, chamada “Caldeirão”, como uma forma de provocar desgaste nos ingleses com seus canhões anti-tanque. Apesar dos ataques inclementes ao Caldeirão, os britânicos desviaram suas forças para atacar outras posições. Esse alívio permitiu a Rommel repensar sua estratégia, desferindo um golpe devastador sobre os ingleses e tomando-lhes o suprimento de que tanto necessitava para prosseguir a guerra. A força blindada aliada, inicialmente superior à alemã, agora sequer conseguia apoiar a infantaria em Tobruk. Conseqüentemente, a fortaleza caiu em 21 de junho.

Após a tomada de Tobruk, celebrada com grande entusiasmo pelos alemães, Rommel solicitou autorização a Hitler para prosseguir sua perseguição aos ingleses até o Egito, e alcançar as linhas de defesa de El Alamein. A batalha se prolongou de julho a novembro, caracterizando-se como uma guerra de atrito. Prejudicado pela extensa linha de comunicação, pela falta de reposição de recursos e pelos ataques ferozes da RAF sobre suas posições e linhas de abastecimento, Rommel entendeu que a Alemanha seria derrotada na África. Em setembro, o general voltou para casa, mas acabou retornando em outubro para enfrentar os ingleses pela última vez. Os aliados operavam agora o tanque Sherman, com seu canhão de 75mm capaz de perfurar a blindagem panzer e enfrentar os temíveis canhões 88. Contando com apenas 50 tanques remanescentes de sua força original, os alemães se retiraram definitivamente do Egito em novembro.

No final de 1942, não obstante, começaram a chegar os primeiros reforços norte-americanos no Marrocos e Argélia. Neste caso, havia o risco de o DAK ser prensado dos dois lados, a leste pelas forças britânicas de El Alamein e a oeste pelas forças anglo-americanas na Argélia. O Alto-Comando alemão iniciou então os preparativos para a retirada de suas forças da África do Norte, contudo Hitler determinou que Rommel defendesse cada pedaço de solo que estivesse sob seu controle, ou seja, a tática do “render-se jamais”, que tanto infortúnio trouxe à Wehrmacht durante a guerra. Assim, em janeiro de 1943, Rommel, agora no comando de todas as forças do Eixo na África, recebeu recursos para criar mais duas divisões panzer, inclusive contando com batalhões compostos do novo modelo de tanque Tigre. Em 13 de fevereiro, o general von Armin, comandante do 5o. Ex. Panzer, realizou uma bem-sucedida ofensiva contra a inexperiente divisão blindada norte-americana. Rommel, por sua vez, tentou um ataque direto na Tunísia contra o 8° Ex., do general inglês Montgomery, utilizando três divisões panzer. Seu ataque, entretanto, já estava sendo esperado pelos aliados e o alemão foi derrotado. Após esse fracasso, Rommel retornou à Europa e foi substituído por Armin no comando do DAK. A partir daí, iniciou-se a retirada definitiva das forças ítalo-germânicas da África.


General Erwin Rommel

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