Hitler e Munique
Em 21 de novembro de 1918, com quase trinta anos, em situação financeira precária, sem perspectivas profissionais, Hitler voltou a Munique. Ele não estava sozinho, já que a cidade era um centro de triagem para as tropas que retornavam do front para serem desarmadas e liberadas para a vida civil. A cidade que ele conheceu em 1914 deve ter lhe parecido irreconhecível. Reuniões de soldados agora corriam pelas barracas do Exército. O governo revolucionário Bávaro, formado por um conselho nacional provisório, era dominado por socialistas e comunistas e liderado pelo antigo crítico teatral Kurt Eisner. Eisner era um intelectual boêmio e sonhador. Ele proclamou que o novo regime transformaria o mundo “em um campo cheio de flores no qual cada homem pode ter o seu pedaço.” Nem Eisner ou qualquer de seus companheiros eram bávaros; a maioria era intelectuais judeus. Em fevereiro, Eisner seria assassinado enquanto caminhava por uma rua. Sua morte apenas tornou as coisas piores porque resultou em um levante comunista. Uma milícia do tipo “Exército Vermelho” tomou reféns, assaltou bancos e declarou sua intenção de confiscar as propriedades da burguesia. Carros blindados percorriam as ruas cheios de soldados que trombeteavam por alto-falantes “Vingança para Eisner!” Alguns reféns foram mortos. Rudolf Hess, futuro secretário de Hitler, escapou milagrosamente de ser pego como refém dos Guardas vermelhos. Por volta de abril de 1919, os comunistas tinham tomado o poder e declarado que a cidade seria uma república soviética – baseando-se no exemplo de Lênin e Moscou. O exército e o Freikorps finalmente “libertaram” Munique e isto levou ao primeiro envolvimento de Hitler com a política.
Freikorps
A versão de Hitler destes eventos deixa muitas questões não respondidas. No Mein Kampf, a bíblia do movimento nacional-socialista, é dedicada apenas uma página para este período extraordinário, entre novembro de 1919 e março de 1920, e a informação dada não é completamente precisa. A maioria dos historiadores argumenta que Hitler foi mais um produto da Revolução Bávara de 1919 do que de suas experiências juvenis em Viena. Por que ele foi tão reticente em seu registro autobiográfico dos eventos de 1919? Há muitas explicações possíveis. Primeira, Adolf Hitler teve pouca participação tanto na Revolução de Munique quanto na sua repressão. Como ele mesmo colocou, “Não possuía a menor base para qualquer ação útil.” Em outras palavras, ele não fez nada. Esta falta de ação não se enquadrava bem com o mito político que Hitler e seus seguidores tentaram criar nos anos seguintes. De fato, ele apenas observou estes eventos de sua barraca. Há mesmo alguma evidência para sugerir que ele mesmo flertou com o SPD. Ele mesmo lembrou em 1921, ao defender a idéia de antigos socialistas juntarem-se ao partido nazista, que “todo mundo já foi uma vez um social-democrata.” A verdade é que Adolf Hitler se beneficiou da proteção e apoio de extremistas no governo bávaro, no exército e na polícia municipal. Como o chefe da polícia de Munique explicou, “Estávamos convencidos desde o início de que (o movimento nazista) era a melhor opção para infiltrar-se entre os trabalhadores infectados pela praga do marxismo e trazê-los de volta para os ideais nacionalistas. Por este motivo, protegemos o Partido Nacional Socialista e o senhor Hitler.”
A verdadeira guinada na vida de Hitler chegou no verão de 1919, não na experiência melodramática do hospital, que ele tanto ressaltou no Mein Kampf. Hitler deveu sua carreira ao exército alemão, ou pelo menos ao seu comandante, o capitão Karl Mayr. Mayr recrutou Hitler para ser um “agente de educação política” e o enviou para um treinamento em oratória. Mayr disse em um artigo para uma revista americana em 1941, “Quando eu o encontrei pela primeira vez, ele parecia um cãozinho procurando por um dono.” Em julho de 1919, Mayr designou Hitler para palestrar nas barracas em torno de Munique e alertar os soldados sobre os perigos da conspiração do comunismo judaico internacional. Sua performance nestas palestras chamou a atenção de seus oficiais superiores. Um ouvinte, um historiador universitário de direita, perguntou ao capitão Mayr, “o senhor conhece algum orador com talento entre os seus soldados?” Não é exagero dizer que Adolf Hitler finalmente havia encontrado seu destino e descobriu seu talento inquestionável – a habilidade de influenciar pessoas através do discurso. Eventualmente, ele tornou-se algo mais do que um mero gritalhão; ele tornar-se-ia a voz do medo e ressentimento alemão. No pico de sua carreira como orador, disse por volta de 1930 Otto Strasser, um crítico e rival de Hitler dentro do partido nazista:
Hitler responde à vibração do coração humano com a delicadeza de um sismógrafo, ou talvez sem qualquer conexão física, permitindo-o, com uma certeza que nenhum dom consciente poderia dotá-lo, comportar-se como um alto-falante, proclamando os desejos mais íntimos, os instintos menos admissíveis, os sofrimentos e as revoltas de toda uma nação.
Em setembro de 1919, Hitler recebeu ordens de investigar um dos muitos partidos radicais de extrema direita nos arredores de Munique: o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP). Entretanto, chamar este grupo de partido é um exagero. Na realidade, era mais um grupo de discussão que se encontrava semanalmente para culpar os responsáveis pela situação catastrófica: os judeus, os comunistas e a aristocracia. O fundador do partido era maquinista e músico nas horas vagas, chamado Anton Drexler. Drexler escreveu um livro argumentando que a solução para todos os problemas econômicos da Alemanha residia na reconciliação do nacionalismo e do socialismo. Hitler compareceu em um encontro e achou que o grupo era “sufocante em seu filistinismo.” Mesmo assim, ele tomou a palavra e entregou uma arenga contra um participante que sugeriu que a Bavária se separasse da Alemanha e se unisse à Áustria. Anton Drexler virou-se para um amigo e murmurou, “Ele é bocudo. Podemos usá-lo.” Drexler convidou Hitler a se juntar ao partido. Naquela semana, Hitler recebeu um telegrama contendo um cartão de membro incluindo o cartão número 555 (o partido tinha apenas 25 membros) e um convite para juntar-se ao comitê executivo. Após alguma hesitação, Hitler foi ao encontro, juntou-se ao partido e tornou-se o membro da mesa executiva número 7. Quando ele foi avaliar a tesouraria do partido, encontrou apenas RM 7 e 50 pf (menos que U$ 1, em valor da época).
A princípio, a política mais parecia uma escapatória para os problemas da vida diária. Ela exigia apenas aquelas qualidades que ele já possuía: paixão, imaginação, um dom demagógico e muito tempo livre. Nas barracas, ele escrevia convites aos encontros e compilava listas de possíveis recrutas. Ele já era claramente o membro mais pró-ativo do comitê executivo. Em 16 de outubro de 1919, Hitler organizou o primeiro encontro público do partido. Com 111 pessoas presentes, Hitler tomou a palavra como segundo palestrante da noite e descobriu, por si próprio, que era um orador natural. No Mein Kampf, ele escreveu: “Finalmente, foi-me oferecida a oportunidade para falar diante de uma plateia grande; e a coisa que eu sempre suspeitei do meu próprio sentimento foi confirmado: Eu podia discursar.”
Hitler na época de sua iniciação política
A partir daquele momento, como chefe de propaganda, mas de fato o líder do partido, Hitler estabeleceu a missão de transformar um grupo político excêntrico em um “partido lutador barulhento de consciência pública,” Ele alugou uma pequena sala acima de uma cervejaria local, tinha um telefone instalado, e trouxe segurança para as finanças do partido. Ele começou cobrando a admissão para os encontros e reuniões. Ele conseguiu uma velha máquina de escrever e um carimbo. Um membro do partido afastou-se chamando-o de megalomaníaco. Ele ainda afirmava ser um retratista arquitetônico quando assinou o arrendamento da sede do partido. O partido fez a sua primeira grande reunião em 24 de fevereiro de 1920 na grande cervejaria de Munique Hofbräuhaus, com 2.000 pessoas presentes. Hitler ainda não era o grande orador; de fato, os pôsteres de propaganda sequer mencionavam seu nome. Ele tomou a palavra e apresentou a nova plataforma política do partido nazista, “interrompido frequentemente por chatos, assobios e aplausos,” como a polícia de Munique registrou. A polícia mais tarde registrou que o encontro terminou em “grande confusão” com muitos socos e pontapés. A lenda nazista mais tarde comparou este discurso com a aclamação de Martinho Lutero de suas 95 Teses diante da porta da Igreja em Wittenberg. Hitler descreveu a recepção da plataforma como uma conversão política coletiva: “Unanimemente e novamente unanimemente” cada ponto do programa era aceito, “e quando a última tese encontrou o coração das massas, lá estava um salão repleto de pessoas unidas por uma nova convicção, uma nova fé, um novo sonho.”
A Plataforma do Partido Nazista
A plataforma do partido merece alguma discussão, embora nem Hitler e tampouco a liderança nazista mais tarde pareçam ter dado muita atenção aos pontos defendidos. Hermann Göring, por exemplo, disse que nunca se preocupou em ler o documento. Muito da plataforma parecia não controversa fazendo uso de chavões do tipo “auto-determinação nacional” para o povo alemão junto com uma exigência da abolição do Tratado de Versalhes. Na maior parte, tratava-se da predominância de negativas: era anti-capitalista, anti-marxista, antisemita e anti-parlamentarista. O Quarto Ponto dizia “Nenhum judeu pode pertencer à Nação.” As exigências positivas eram, em sua maioria, afirmações vagas por justiça econômica. O Ponto 16 clamava pela quebra dos grandes conglomerados financeiros em favor de negócios pequenos e familiares. A máxima de que o bem comum precede sobre o bem individual tornou-se a base do Terceiro Reich. Nas palavras de Joachim Fest, “Muito foi feito na determinação para eliminar os abusos do capitalismo, para superar a falsa luta de classes do Marxismo e conseguir a reconciliação de todos os grupos em uma comunidade racial integrada e poderosa.” Uma semana depois, o partido mudou seu nome para “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.
No ano seguinte – de novembro de 1919 até novembro de 1920 – Hitler continuou discursando para audiências cada vez maiores. Muito de sua retórica focava na sua crença de que os judeus estavam por trás tanto do comunismo internacional quanto do capitalismo selvagem. A União Soviética, para muitos de seus ouvintes, era na verdade um front do “Comunismo Judaico”. Ele constantemente invocava a ameaça comunista para tudo o que era decente e alemão. Ele advertiu que uma vitória comunista na Alemanha significava “a aniquilação de toda cultura ocidental cristã. O objetivo do Partido Nazista pode ser simplesmente definida: a aniquilação e extermínio do Marxismo.”
Sua confiança crescia, assim como o número de seus seguidores. Frequentemente, ele atraía quase 3.000 ouvintes. Em outubro de 1920, o capitão Mayr, antigo oficial comandante de Hitler, escreveu: “Consegui trazer uns jovens competentes para a primeira fila. O senhor Hitler, por exemplo, tornou-se uma força dinâmica, um tribuno do povo da mais alta consideração.” De acordo com um policial observador, que anotou as palavras proferidas, um discurso típico de Hitler deste período era um assalto retórico aos judeus:
O palestrante (Hitler) falou sobre o judaísmo. O palestrante afirmou que em qualquer lugar existem judeus. Toda Alemanha é governada por judeus. É uma vergonha que o trabalho alemão deixe ser perseguido pelos judeus. Naturalmente, porque o judeu tem dinheiro. Ele continuou falando sobre a Rússia. E quem fez tudo aquilo? Somente os judeus. Portanto, os judeus devem se unir e lutar contra os judeus. Porque eles comerão nosso último pedaço de pão diante de nossos olhos. As palavras finais do palestrante foram: Deixe-nos lutar até que o último judeu seja removido do Reich alemão!
A fama crescente de Hitler era ainda basicamente um fenômeno de Munique . Ela era a única cidade na Alemanha onde a origem austríaca de Hitler e o sotaque não seriam consideradas uma desvantagem. Ele fez tudo para chamar a atenção. Seu instinto dizia-lhe que não existia coisa pior do que má publicidade. Como ele escreveu no Mein Kampf, “Não faz diferença nenhuma se eles riem de nós ou nos vilificam, se eles representam-nos como palhaços ou criminosos; o principal é que eles falam de nós, que eles se preocupam conosco cada vez mais.” Se Hitler trouxe algo novo para a arte da política democrática, foi a sua predileção pela novidade e sua desobediência pelas velhas regras do jogo.
Mas ainda não era inteiramente claro o que Hitler perseguia. Ele resistiu brevemente quando o partido começou a mencioná-lo como “Meu Líder” (Mein Führer). Ele apresentava-se a si mesmo como um precursor ou “o tambor” para todo movimento nacionalista. Ele via-se a si mesmo como a pessoa que prepararia o caminho para o grande líder. Ele disse a um membro do partido que sua função era como a de João Batista: “Somos todos pequenos São João. Espero pelo Cristo.” Em 1922, quando ele discursou para um grupo de líderes financeiros e industriais, ele continuou a referir-se a si mesmo como “o tambor”: “Quando o front nacional for tão forte que ele pode alcançar o poder, o Führer estará aqui também.”
A SA
Imediatamente após ter tomado o controle do partido, Hitler formou sua milícia política, a SA. Hitler se beneficiou da pressão internacional sobre o governo alemão para dissolver e desarmar os vários grupos Freikorps e para-militares procurando refúgio sob a proteção do governo regional bávaro. Os Aliados viam estes grupos, com razão, como uma base potencial para uma rápida mobilização de um novo exército alemão. Uma ameaça aliada para invadir a Alemanha forçou o governo local, e Berlim emitiu um ultimato para Munique: dispersar e desarmar as milícias ou o exército alemão o faria através da força. Muitos destes valentões simplesmente juntaram-se à SA nazista. Ao criar um exército político uniformizado de simpatizantes, Hitler estava simplesmente seguindo a prática bávara. Quase todo partido político possuía bandos de valentões para proteger suas reuniões e interromper as reuniões dos adversários. Hitler estava determinado que os brutamontes nazistas seriam os mais eficientes e intimidadores de todas as milícias políticas. A violência era uma parte importante da mística nazista.
Começando no outono de 1920, a SA era presença em toda reunião nazista, batendo nos abelhudos com os punhos, porretes de borracha e bastões de madeira. Eles também invadiam reuniões de adversários e atacavam os oponentes nas ruas. Sem surpresa, a SA parecia estar especialmente interessada em espancar judeus. A polícia de Munique tinha que intervir frequentemente para interromper a violência nazista nas ruas. Hitler então ordenou que a SA mantivesse a disciplina e não chamasse mais a polícia de “queridinhos dos judeus”, “pois eles também odeiam os judeus.” Mas a SA raramente atacava a polícia ou conduzia ações violentas contra representantes do Estado, portanto, eles não desafiavam o desejo do cidadão alemão comum pela lei e ordem. Ele prometeu-lhes que se mantivessem sua disciplina, logo dominariam Munique. Simultaneamente, ele não queria seus homens muito educados; acima de tudo, o objetivo era aterrorizar os inimigos do partido. Como os comunistas faziam, Hitler possuía caminhões de carga para rodar pelas ruas. Diferentemente dos brutamontes proletários comunistas que aterrorizavam os bairros de classe média, a SA apresentava a imagem de soldados patriotas e disciplinados. O desejo de Hitler era pela violência controlada e orquestrada, não a repressão genuína. Na verdade, a SA provou ser tão arruaceira e brutal quanto os comunistas – a ameaça que eles estavam supostamente combatendo.
Exceto pela beligerância nacionalista generalizada, a SA não desenvolveu qualquer ideologia específica. Muito mais do que isso, sua psicologia estava próxima dos veteranos desmobilizados e impacientes que preenchiam suas fileiras. Nas palavras de Joachim Fest, “Ao manter o espírito da camaradagem masculina e homossexualidade que permeava a SA, o soldado médio fazia seu juramento não a um programa, mas a uma personalidade de liderança.” Hitler disse em uma reunião da SA que ele pretendia recrutar boxeadores profissionais para ensinar o soldado médio na arte do boxe “de modo que os partidos de oposição molharão suas calças assim que ouvirem o nome SA.” Com seu sentimento psicológico extraordinário, Hitler reconheceu que a violência exercia um magnetismo especial:
As pessoas precisam de uma boa cicatriz. Elas querem ser assustadas. Elas querem alguém que as façam se sentir com medo, alguém que possa submetê-las a um arrepio. Não ouviram falar que após uma pancadaria em um encontro, aqueles que apanham são os primeiros a se filiar ao partido? O que é essa babaquice que vocês falam sobre violência e como vocês ficam chocados pela tortura? As massas querem isso. Eles precisam de algo horroroso.
A Estética Nazista
Hitler apresentou considerável originalidade e criatividade ao criar uma estética; ele desenhou os estandartes, bandeiras e uniformes do partido e da SA. Ele escolheu o pardo para a cor do uniforme da sua SA em homenagem ao vitorioso exército britânico*; dos regimentos de elite alemães e austríacos ele escolheu o boné de alpinista. Hitler queria a SA sendo atraente assim como perigosa. Em 1920, ele introduziu a saudação Heil (Viva!). Seu chefe de imprensa, nascido nos EUA, “Putzi” Hanfstaengel, afirmou que o ritual Sieg Heil foi adotado de um time de futebol de Harvard. Para simbolizar o comprometimento do partido com a política racial, Hitler adotou a bandeira suástica vermelho-preto-branco como emblema oficial do partido. Ele explicou, “Nossa bandeira é vermelha porque somos socialistas, o círculo é branco porque somos nacionalistas, e a suástica significa que somos antisemitas.”
* Outra versão diz que o uniforme pardo foi adquirido em uma liquidação de uniformes do exército alemão da campanha na África.
O Golpe do Salão da Cervejaria
Em 1923, Hitler e os nazistas eram um fenômeno local, com uma base de 55.000 membros e 15.000 soldados na SA. Hitler estava fazendo incursões na alta sociedade e começando a atrair contribuintes ricos – o caixa do partido agora continha U$ 45.000. Neste ponto, Hitler decidiu arriscar tudo em um lance de dados. Ele decidiu tentar tomar o poder pela força na Bavária e, assim, começar uma revolução nacional para derrubar a República de Weimar e impor uma ditadura de extrema direita à nação. Mas Hitler e outros radicais de direita foram inspirados pela revolução fascista na Itália, que culminou com a “Marcha sobre Roma” de Benito Mussolini, a qual conseguiu derrubar o governo italiano de forma bem sucedida. Era uma ideia audaz, já que Hitler e os nazistas eram pouco conhecidos fora dos círculos radicais de direita e, é claro, seus seguidores em Munique. Hitler não era nada mais do que o líder do grupo central de nazistas. Entretanto, havia muitos no governo bávaro que favoreciam tais objetivos. Munique estava em polvorosa com o boato de que Gustav Von Khar, o presidente separatista bávaro, e o comandante do exército na Bavária, General Otto Von Lossow, poderiam estar organizando um golpe (putsch) contra o governo central. Hitler e seus seguidores já haviam lucrado com seu apoio clandestino. Agora, ele decidiu usar a força contra Kahr e Lossow.
Em junho de 1922, o presidente Friederich Ebert realizou uma visita oficial a Munique. Quando as autoridades locais hastearam a bandeira da república na estação ferroviária para a sua chegada, arruaceiros a retiraram e queimaram o “Trapo Judaico”. Hitler anunciou que a visita de Ebert era um “insulto à Bavária” e prometeu acabar com ela. O cônsul britânico relatou, “O presidente chegou ontem pela manhã e teve uma recepção fria. Ele teve a péssima experiência de ser vaiado onde quer que fosse. Não havia sinais de tropas ou batedores e a maior parte dos turistas estavam totalmente desavisados que o chefe de Estado alemão estava visitando.” O líder religioso da Bavária arcebispo Michael Von Faulhaber (que mais tarde foi promovido a cardeal) disse aos católicos para manter suas “consciências limpas e livres em relação à República,” que ele afirmou ter nascido da “maldição da revolução” e que era contra “o desígnio de Deus.”
Em 24 de junho de 1922, terroristas de extrema direita assassinaram o Ministro do Exterior Walter Rathenau em uma rajada de metralhadora nas ruas de Berlim. O Reichstag apressadamente aprovou a Lei para Proteção da República, que continha novas restrições a grupos anti-republicanos. Para piorar as coisas, 1923 foi o ano da hiper-inflação e havia um coro de vozes clamando pelo fim da República. O Chanceler, Gustav Stressemann, reconheceu que a República só poderia ser salva se a crise econômica pudesse ser resolvida e se o exército apoiasse o governo com a força para defender a constituição. Stressemann pediu ao Comandante do Reichswehr, o formidável General Hans Von Seeckt, o seu apoio. Apesar de Seeckt não ser democrata, ele decidiu que o governo democrático não era uma ameaça ao exército e que era a única salvação contra a desagregação política completa.
Seeckt fez saber a todos que o exército estaria ao lado do governo nacional. Quando Heinrich Class, o líder de um grupo ultra-nacionalista, se aproximou de Seeckt no sentido de liderar um putsch contra o governo, Seeckt respondeu que ele não tomaria parte de uma traição. Ele advertiu que o exército “lutaria até o último homem contra os revolucionários da direita assim como aqueles da esquerda.” Hitler respondeu no jornal nazista, o “Observador Popular” (Völkisher Beobachter), que o General Seeckt, como o Chanceler Stressemann, tinham ambos esposas judias que os influenciavam politicamente.
Stressemann e Seeckt mantiveram sua ameaça. O exército abafou um levante comunista na Saxônia. Hitler agora julgou mal tanto o clima político quanto sua própria importância. Ele continuou ameaçando empregar sua AS como as tropas de uma nova revolução. Ele afirmou ser nada mais que um “tambor” para despertar as massas adiante – o novo líder seria o General Erich Ludendorff, que agora era aliado de Hitler. Hitler, entretanto, estava em uma posição difícil; era um grande risco tentar tomar o poder pela força; por outro lado, se ele não fizesse nada, ele arriscava perder a lealdade e apoio de seus próprios seguidores. Quando ele ouviu o boato de que Gustav Von Khar estava planejando fazer um discurso no grande Salão da Cervejaria de Munique em 9 de novembro de 1923, Hitler decidiu agir com força. Esta é, provavelmente, a melhor explicação que podemos dar para os eventos infelizes e destrutivos que Hitler colocou em prática.
Ele mobilizou a SA e se dirigiu até o prédio onde Kahr estava liderando uma reunião em seu Mercedez vermelho. Logo, caminhões carregados com soldados da SA começaram a chegar. Hitler, vestido em um casaco sobre seu paletó, parecendo uma “mistura de Charlie Chaplin e um maitre” disparou um tiro e anunciou que “a revolução nacional estava acontecendo.” Ele então tomou Kahr e Lossow como prisioneiros, apontando-lhes a arma, e exigiu sua cooperação. Eles concordaram, mas imediatamente fugiram assim que Hitler e seus SA foram embora. Kahr imediatamente emitiu ordens tornando o NSDAP ilegal; para tornar as coisas ainda piores, Lossow ordenou que unidades do exército abafassem a revolta de Hitler. À medida que a noite chegava, Hitler finalmente percebeu que foi enganado. Ele tentou uma última jogada desesperada. Na manhã seguinte, Hitler e Ludendorff, acompanhados de cerca de 2.000 soldados SA e simpatizantes, marcharam sobre a Prefeitura de Munique para conseguir apoio popular.
No meio do caminho, os revoltosos encontraram uma barreira de policiais armados. Tiros foram disparados e a polícia atirou contra os nazistas por 30 segundos. Hermann Göring caiu com um tiro na virilha. Hitler foi ao chão deslocando seu ombro. Seu guarda-costas, Ulrich Graf, recebeu onze balas que supostamente deveriam ter atingido Hitler. Enquanto seus seguidores limpavam as feridas, Hitler fugiu. Mais tarde, os nazistas disseram que Führer deixou o local para carregar uma criança para longe do tiroteio. O resultado foram treze nazistas mortos e vários outros feridos. Hrmann Göring, por exemplo, tornou-se viciado em morfina por causa de seu ferimento doloroso e não retornou à Alemanha por quatro anos. A polícia eventualmente encontrou Hitler e o General Ludendorff e acusou-os de traição.
No julgamento midiático, Hitler conseguiu uma reviravolta contra a Promotoria e retratou-se como um patriota verdadeiro que enfrentou a morte para salvar a Alemanha dos “Criminosos de Novembro” em Berlim. Novamente, ele conseguiu lucrar com a disputa velha Munique contra a mentalidade de Berlim. O veredito anunciado pela corte foi extremamente generoso. A corte sentenciou Hitler a cinco anos de prisão, com a possibilidade de um perdão em seis meses. O putsch falhou miseravelmente, mas Hitler conseguiu converter a derrota em um triunfo pessoal. O correspondente do Times de Londres escreveu, “Munique está rindo à toa do veredito, que está sendo visto como uma excelente piada.”
A publicidade em torno do julgamento, tornou Hitler uma figura nacional pela primeira vez. Com sua inspiração para publicidade, Hitler concluiu que as coisas não pareciam tão más para o futuro: “Não sou mais um desconhecido, e isto nos dá uma boa base para o recomeço.” Sua prisão era confortável e o encarceramento deu-lhe um tempo para repensar sua tática política. Ele decidiu que sua tentativa de usar a SA como uma força armada foi um erro. Ele decidiu vender a si próprio para o povo alemão como um novo tipo de político: tanto revolucionário quanto um defensor da ordem existente. Como o historiador John Lukacs escreveu:
Seu putsch falhou, mas o levou a reconhecer algo mais: que ele possuía não somente poder oratório mas força política, não apenas grande habilidade demagógica, mas grande habilidade democrática. Ele alcançaria o poder na Alemanha não por uma revolução violenta que apelava para a imaginação popular, mas impressionando as pessoas através de um processo político (e assim legal e respeitado).
Obras consultadas:
Hitler, Jochim Fest
Hitler, Ian Kershaw
O Hitler da História, John Lukacs
Mein Kampf, Adolf Hitler.
3 comentários:
O judeu é uma raça suja e imunda. Os judeus odeiam qualquer demonstração de patriotismo em um país Europeu. Para os narigudos deformados isso é "intolerância" com os "imigrantes pobres excluídos da sociedade burguesa". O que me deixa revoltado é ver direitista aqui no Brasil defendendo esses lixos humanos sendo que são os judeus quem apoiam e defendem comunismo e feminismo. O judaísmo é culpado pela desvirilização do homem do século 21, por isso que cada vez mais vemos homens que nem gays são tão afeminados e fracos quanto os que de fato são gays. Hoje o mundo está ficando cada vez mais andrógino, você já não sabe mais quem é homem e quem é mulher. Os valores cristãos foram destruídos e substituídos pela imundice e vulgaridade dos valores dos judeus globalistas que odeiam tudo que é tradicional. E falando em cristianismo, é assustador ver como a Igreja Católica está cada vez mais progressista abraçando idéias liberais e defendendo imigração em massa e "minorias" defendidas pelos judeus. O Papa Francisco mostra simpatia até demais pelos judeus e até pelo islamismo. A cruz está sendo substituída pela foice e martelo junto com aquela maldita estrela de Davi. "Cultura judaic-cristã"? Não obrigado, sou cristão e jamais fui e serei judeu. Não sou desonesto e mau-caráter igual a essa raça desgraçada e maldita. O judeu é um povo esquisito e doente. Eles são cheios de doenças e deformidades, por isso querem se casar com mulheres brancas para ver se melhora essa deformidade da raça suja deles.
Durante a Segunda Guerra Mundial muitos e muitos padres e sacerdotes ajudaram judeus a fugirem dos "malvados" alemães. Os Papas Pio 11 e o 12 repudiavam veementemente as leis racias impostas por Mussolini que na verdade tinha sido pressionado por Hitler para impor as leis contra os "coitadinhos" dos narigudos deformados. Mas essa raça podre e escrota continua odiando e blasfemando contra o cristianismo. Nem agradecer ao cristianismo por padres idiotas e manipulados terem ajudado essa raça a fugir dos nazistas eles agradecem. Raça suja maldita desgraçada. Maldita raça judaica, vou levar o ódio dessa raça até o dia da minha morte.
O judeu é aquele amigo da onça, ele quer porquê quer que você aceite negróides como amigos e aceitem eles no seu círculo de amigos, pois para os ratos judeus, os negróides são "bonzinhos". Se existem leis para protegê-los, se existem leis para proteger e defender imigrantes ilegais e se existe essa relatividade da criminalidade aonde o bandido é visto como "vítima da sociedade" isso é culpa do podre judaísmo. O judeu tem uma forma diferente de pensar, ele possui a alma afeminada. O judeu não é um povo másculo e viril. Ele acha que tem uma missão no mundo que é a de proteger as "minorias oprimidas pelos brancos fascistas". O judeu é invejoso e rancoroso. Eles promovem a miscigenação entre os brancos através de engenharia social porquê eles querem destruir a raça branca e nossas tradições. Que merda de mundo iremos viver daqui alguns anos, todo mundo miscigenado. Só que multiculturalismo e miscigenação racial é só para brancos, não para judeus. Eles podem ter o direito de não se miscigenarem.
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