sexta-feira, 29 de novembro de 2013

[POL] SS: Os Cavaleiros Negros do Reich

Emerson Paubel

 
Em março de 1923, Hitler comandou a formação de um corpo de guarda-costas estacionado em Munique, conhecido como “Guarda do Estado-Maior” (Stabswache), cujos membros faziam juramento de lealdade a ele pessoalmente. Dois meses depois, para evitar confusão com outras unidades da SA de mesmo nome, a Guarda foi integrada a um novo esquadrão composto por 30 homens, chamado “Tropa de Choque” Adolf Hitler (Stosstrupp Adolf Hitler), liderado por Julius Schreck e Josef Berchtold. A tropa de choque participou do malfadado levante de 9 de novembro de 1923, e, durante o tiroteio, Ulrich Graf salvou a vida de Hitler, embora tenha sido gravemente ferido. Em 1924, Gerhard Rossbach, um antigo líder da SA comprou numa liquidação na Áustria um lote de camisas com colarinho e bolsos em tom cáqui do Exército alemão. Assim, na primavera de 1925, quando o NSDAP e a SA retornaram de seu banimento após o putsch, as camisas de Rossbach foram incorporadas ao movimento.

Em 1925, após obter a liberdade da prisão de Landsberg, onde estivera preso em virtude da tentativa de golpe (putsch) contra o Governo da Bavária, Hitler resolveu promover algumas mudanças na filosofia e organização partidárias e decide, então, abdicar do uso da força para alcançar o poder. Nesta época, Hitler reformula sua guarda pessoal, rebatizando-a como Schutzstaffeln (Esquadrão de Proteção), ou SS, definindo-a como uma força partidária compacta, com uma inabalável lealdade ao Führer. Formada a partir de membros da SA, a SS começou, de fato, com dois membros: o próprio Hitler, membro número 1, e Emil Maurice, membro número 2. Ainda nesse ano, o desconhecido Heinrich Luitpold Himmler ingressa no quadro de componentes da recém-formada SS sob o número de registro 168.

Durante a primavera de 1926, 75 esquadrões SS foram formados no país. Um novo Comando Geral SS (SS-Oberleitung) foi criado e colocado nas mãos de Berchtold, que assumiu o pomposo posto de “Líder Nacional da SS” (Reichsführer der SS). Entretanto, ele rapidamente perdeu o interesse pelo cargo e em março de 1927 foi substituído por Erhard Heiden. No início de 1929, a SS contava com um quadro de 280 homens. Nessa época, contudo, Heiden caiu em desgraça, aparentemente por encomendar a fabricação de seu uniforme a um alfaiate judeu, e acabou sendo demitido por Hitler. Himmler então assume o comando da SS e inicia uma série de reformas na organização, que a transformará nos próximos anos no braço armado do partido nazista, substituindo a revolucionária SA nessa função. Assim, segundo o novo Reichsführer SS, “para o homem da SS existe um único princípio absoluto. Ele deve ser honesto, decente, leal e amistoso para com as pessoas do nosso próprio sangue e com mais ninguém.” Foi essa filosofia que norteou as ações das organizações dentro da SS durante o Terceiro Reich.

Em 1932, no sentido de dar uma maior “respeitabilidade” às suas formações paramilitares, o NSDAP adotou em 7 de julho um paletó e um quepe em estilo militar para a SS, ambos negros, projetados pelo SS-Oberführer, Dr. Karl Diebitsch. Em março de 1933, Himmler foi indicado Presidente da Polícia de Munique e, em seguida, tornou-se Comandante da Polícia Política na Bavária. Nessa época, estabeleceu o campo de concentração de Dachau, nos arredores de Munique, para abrigar criminosos comuns e políticos. Para tanto, criou um corpo de guardas chamado Totenkopf (Cabeça da Caveira), sob o comando de Theodore Eicke. Percebendo a importância de ter informações sobre supostos opositores do regime, em 9 de junho Himmler estabelece o Sicherheitsdienst (Serviço de Segurança), abreviadamente conhecido por SD e responsável por serviços de espionagem e contra-espionagem, nomeando Reinhardt Heydrich como seu comandante.

A SS cresceu de forma regular entre 1931 e 1932, acompanhando o aumento dos membros do NSDAP e da SA. Himmler manteve-se ocupado mudando constantemente os nomes das divisões da SS para se manter fiel ao padrão elaborado por Röhm e seus colaboradores. No verão de 1933, a SS contava com 450 oficiais e 25.000 homens, com as unidades administrativas conhecidas como Oberführer-Abschnitt colocada entre 40 regimentos e o Reichsführer-SS. Em setembro de 1933, Himmler assume todas as unidades de polícia, militar e civil, na Alemanha com exceção da Prússia. Em 17 de junho de 1936, Himmler assume o comando de todas as polícias no interior do Reich Alemão, e com a campanha de remilitarização promovida por Hitler, volta seus olhos para a formação de uma organização militar nos moldes do exército, porém doutrinada segundo a ideologia nazista. Através do comando deste escritório, ele combinou sob seu controle o próprio Serviço de Segurança da SS (Sicherheitsdienst – SD), a Polícia Secreta do Estado da Prússia (Gestapo), que ele assumiu três anos antes, a Polícia Criminal (Kripo) e as forças policiais uniformizadas municipais e estaduais. Somente com a criação dos grupos de açãoEinsatzgruppen – em 1942 e a absorção em 1944 do serviço de contra-espionagem da Wehrmacht (Abwehr), ele aumentou sensivelmente seu aparato de repressão e terror.

O papel crescente institucional e integral da SS não significava, contudo, que a associação não estava mais aberta após 1933 para membros comuns do partido. Se ele provasse sua aptidão – ou utilidade – a SS aceitaria sua candidatura como antes. Mas essa associação parcial foi reduzida após a conquista do poder no que ficou conhecido como Allgemeine SS (SS Geral), um corpo sem funções – exceto as de fornecer dinheiro e recrutas para os ramos ativos. Em 1938, a SS-Geral adotou um uniforme cinza muito elegante para o seu estado-maior, substituindo a braçadeira do partido no braço esquerdo pelo emblema da soberania. Em 1934, a SS estabeleceu dois de seus mais importantes ramos: a SS militar e os guardas de campos de concentração. O primeiro, a ser conhecido em 1940 como Waffen-SS, ou SS Armada, apareceu na forma de um regimento de guarda pessoal para o Führer, o Leibstandarte Adolf Hitler. Comandado por um dos velhos companheiros, Sepp Dietrich, ela começou como guarda de quartel em Munique mas cresceu para se tornar uma das organizações militares mais dedicadas e implacáveis já conhecidas. A segunda, a Totenkopfverbände teve suas origens em destacamentos da SS recrutados para executar prisões ilegais contra opositores do regime em 1933.

O símbolo indissoluvelmente associado à SS parece ser a “Caveira” (Totenkopf), um crânio posicionado sobre dois ossos cruzados. Supostamente utilizada para aterrorizar os adversários do Terceiro Reich, o uso da caveira tem sua origem na tradição. Muitos dos Freischutzen que lideraram a resistência a Napoleão na Guerra de Libertação (1813 – 1815) a vestiram, e foi a cor predominante dos uniformes de alguns dos mais distintos regimentos de cavalaria do exército do Kaiser, em particular do 1o. e 2o. Leib-Husaren (os Hussardos da Cabeça de Morte). Os membros da Stosstupp AH adotaram a totenkopf como emblema da formação em 1923, pois ela simbolizava o tradicionalismo e sacrifício na guerra. A SS quando foi criada em 1925 prosseguiu com o hábito e manteve o símbolo até 1934, quando a Caveira no estilo prussiano – a qual foi adota pelas formações blindadas (panzer) do Exército – foi substituída por outra modificada, como a inclusão da mandíbula. Em 1932, Walter Heck, membro da organização e também designer gráfico, empregou duas runas do tipo Sig (S), uma ao lado da outra, e acabou se tornando o padrão para a SS. Ao lado da “Caveira”, as runas SS representavam o elitismo e a camaradagem entre os membros da organização.


Os princípios de conduta de um SS, estabelecidos por Himmler, eram os seguintes:
 
I. A atitude de um SS deve ser a de um lutador que se bate por amor à luta.
II. Deve ser obediente acima de tudo e emocionalmente insensível.
III. Deve desprezar todos os inferiores raciais e, em menor grau, os que não pertencem à Ordem SS.
IV. Manter para com seus colegas de SS fortes laços de camaradagem, sobretudo os seus companheiros de armas, e crer que nada lhes é impossível.

Além disso, assim como qualquer soldado na Wehrmacht, o membro da SS também fazia seu juramento de fidelidade ao Führer:

A Vós, Adolf Hitler, Führer e Chanceler do Reich, juro lealdade e bravura. Com a ajuda de Deus, prometo-vos, e aos que forem por vós designados para comandar-me, obediência até a morte.

A partir do Alto-Comando SS (Reichsführung-SS), oito departamentos principais (Hauptämter), acabaram evoluindo para controlar o trabalho diário, a direção e a administração da organização.

·       Hauptamt Persönlicher Stab (RfSS): O Estado-Maior Pessoal de Himmler, compreendendo oficiais especialistas, oficiais honorários e pessoal administrativo.
·       SS Hauptamt (SS-HA): O Escritório Central da SS responsável pelo recrutamento e manutenção de registros de Oficiais não Comissionados (Sargentos e Cabos) da SS.
·       SS Führungshauptamt (SS-FHA): O QG operacional da SS, que coordenava o treinamento, o pagamento de salários, o suprimento de equipamentos, armas, munições e veículos e a manutenção dos mesmos.
·       Reichssicherheitshauptamt (RSHA): O Escritório de Segurança do Reich, controlando a polícia, incluindo a Kripo, Gestapo e SD. Ela também era responsável pelas operações de inteligência, espionagem e contra-espionagem, combate ao crime comum e político, dentro do Reich e nos territórios ocupados.
·       SS-Wirtschafts und Verwaltungs Hauptamt: O Departamento Econômico e Administrativo da SS que supervisionava um grande número de atividades industriais e agrícolas da SS, administrava as finanças da corporação e supervisionava os campos de concentração.
·       Rasse und Siedlungshauptamt (RuSHA): O Departamento de Raça e Assentamento identificava a pureza racial de todos os membros da SS e era responsável pela execução da política de assentamento do corpo SS nos territórios ocupados do leste europeu.
·       Hauptamt SS-Gericht (HA SS-Gericht): O Departamento Legal da SS conduzia as questões disciplinares do código especial de conduta para o qual o pessoal da SS estava submetido.
·       Personal Hauptamt (Pers. HA): O Departamento de Pessoal da SS era responsável por assuntos pessoais dos membros da organização e mantinha um registro de todo o corpo de oficiais.

Em março de 1935, Hitler criou uma unidade armada SS, chamada Verfügungstruppe (Tropa de Prontidão) com o tamanho de uma divisão e financiado com o orçamento da polícia do Reich. Ela foi formada reunindo-se três regimentos, criados em 1933, que estavam estacionados nas principais cidades alemãs: o Deutschland (Munique), o Germânia (Hamburgo) e o Leibstandarte (Berlim). Cada regimento, por sua vez, era composto de três batalhões. Paul Hausser, um Tenente-General (General de Divisão) desligado do exército em 1932, assumiu o comando da Verfügungstruppe, assim como a direção da Escola de Cadetes da SS (Junkerschule) em Bad Tölz em 1935. Hausser e Felix Steiner, outro ex-oficial do exército, praticamente estabeleceram os padrões de treinamento e doutrinação dos soldados da SS Armada, transformando-a em apenas alguns anos na primeira tropa de elite da era moderna. Após o Anschluss em 1938, a SS austríaca formou um quarto estandarte na Verfügungstruppe, o Der Führer, estacionado em Viena. Neste ano, Hitler decidiu especificar as funções para essas SS armadas e a relação delas com a Wehrmacht.

No final de 1939, Hausser defendeu que as formações armadas da SS fossem organizadas em divisões completas para operarem com eficiência. Himmler determinou que as divisões de campanha, as escolas de cadetes, as unidades de treinamento e as seções administrativas relacionadas recebessem a designação de Waffen-SS (SS Armada).

 
É estimado que cerca de 180.000 soldados da Waffen-SS foram mortos em ação durante a Segunda Guerra, com 400.000 feridos e 70.000 desaparecidos. Estes números são relevantes quando comparados com as baixas das forças armadas britânicas combinadas de cerca de 270.000 entre 1939 e 1945, e as perdas americanas de 300.000 homens. Nos estágios finais da guerra, os soldados SS estavam no final da adolescência, e a idade média de um oficial Junior da Waffen-SS era 20 anos, com uma expectativa de vida de dois meses no front.

O sistema de classificação de postos definitivo, criado em 1942, dividia o corpo militar da seguinte forma:

Oficiais Superiores (Höhere Führer)
·       SS-Oberst-Gruppenführer (Coronel-General)
·       SS-Obergruppenführer (General)
·       SS-Gruppenführer (Tenente-General)
·       SS-Brigadeführer (Major-General)
 
Oficiais Intermediários (Mittlere Führer)
·       SS-Oberführer (Coronel Senior)
·       SS-Standartenführer (Coronel)
·       SS-Obersturmbannführer (Tenente-Coronel)
·       SS-Sturmbannführer (Major)

Oficiais Juniores (Untere Führer)
·       SS-Hauptsturmführer (Capitão)
·       SS-Obersturmführer (Primeiro-Tenente)
·       SS-Untersturmführer (Segundo-Tenente)

Graduados (Unterführer)
·       SS-Sturmscharführer (Subtenente)
·       SS-Hauptscharführer (Sargento-Ajudante)
·       SS-Oberscharführer (Primeiro-Sargento)
·       SS-Scharführer (Segundo-Sargento)
·       SS-Unterscharführer (Terceiro-Sargento)

Outros Postos (Mannschaften)
·       SS-Rottenführer (Primeiro-Cabo)
·       SS-Sturmmann (Segundo-Cabo)
·       SS-Oberschütze (Soldado de Fileira)
·       SS-Mann (Soldado Raso)
·       SS-Anwärten (Cadete/Recruta)
·       SS-Bewerber (Candidato)

A estrutura básica da Waffen-SS era composta dos seguintes elelemntos:
·       Grupo de Exército: a maior formação de campanha da Waffen-SS durante a Segunda Guerra Mundial era o grupo de exército (armeegruppe). Comandado por um General (SS-Obergruppenführer) ou Coronel-General (SS-Oberstgruppenführer), teoricamente esta formação consistiria de um número de unidades com o tamanho de Corpos. 
·       Corpos: cada corpo, ou grupo de divisões (geralmente um mínimo de duas), era comandado por um SS-Gruppenführer ou um SS-Obergruppenführer. Cada corpo tinha seus próprios elementos permanentes, como estado-maior, polícia militar, transporte e assim por diante. As divisões dentro dos corpos não eram definitivamente fixadas. Por exemplo, o I Corpo Panzer SS enquanto existiu recebeu em vários momentos da guerra a 1ª. Divisão Panzer SS LAH, a 2ª. Divisão Panzer SS Das Reich, a 3ª. Divisão Panzer SS Totenkopf, a 12ª. Divisão Panzer SS Hitlerjugend, a 17ª. Divisão Panzergranadier SS Götz von Berlichingen, a 11ª. Divisão de Paraquedistas (Fallschirm) da Luftwaffe, a 117ª. Divisão Caçadora (Jäger) e a Divisão Führerbegleit do Exército. No total, 18 corpos da Waffen-SS foram formados.
·       Divisão: uma divisão panzer típica em 1944 era comandada por um SS-Brigadeführer ou um SS-Gruppenführer, e consistia de elementos divisionais de apoio, um regimento panzer, dois regimentos de granadeiros (panzergranadier), um regimento de artilharia, um batalhão de reconhecimento, um batalhão de engenharia, um batalhão anti-aéreo, um batalhão de sinalização, e polícia militar, transporte, corpo médico. Durante a guerra, um total de 38 divisões foi criado. A designação de uma divisão seguia o padrão militar, com uma numeração em número arábico, seguida de seu nome de honra.       
·       Regimento: comandado por um SS-Standartenführer ou SS-Oberführer. Numa divisão panzer típica de 1944, por exemplo, o regimento panzer-granadeiro conteria um estado-maior, três batalhões de infantaria blindada, uma seção de canhão pesado, uma seção de defesa anti-aérea, uma seção de reconhecimento e uma seção de engenharia de combate. O regimento era descrito por seu tipo, seguido por seu número em número arábico e seu título, se tivesse, por exemplo, Regimento 6 SS-Panzergrenadier Theodore Eicke.
·       Batalhão: comandado normalmente por um SS-Sturmbannführer ou SS-Obersturmbannführer, o batalhão médio era formado por quatro companhias. Um batalhão era indicado pelo uso de números romanos antes da designação do regimento-pai: II/SS-Panzergrenadier Regimento 25. 
·       Companhia: era formada de um grupo de pelotões (zuge) e era comandada por um SS-Obersturmführer ou SS-Hauptsturmführer.
·       Pelotão: também conhecido como zug, era geralmente comandado por um oficial Junior, como um SS-Untersturmführer, ou um NCO Senior, tal como um SS-Oberscharführer. Dentro dos pelotões haviam vários esquadrões (gruppe), comandados por um primeiro-cabo ou terceiro-sargento. A Seção (rotte) era comandada por um NCO Junior, como um SS-Rottenführer. 
Mas havia muito que era genuinamente alemão no estilo SS, particularmente no uso da faca de monteiro que Himmler oferecia aos membros mais favorecidos da ordem, da espada projetada segundo o padrão da Reichswehr, e a adoção do cinza-esverdeado (field-grey) para o uniforme da Waffen-SS. Foi talvez nos seus esquemas para a organização da Waffen-SS que Himmler fez uso sistemático das memórias históricas alemãs. Os títulos de suas divisões são quase que totalmente reminiscentes de algum episódio importante ou herói do passado da Alemanha: Hohenstauffen, Frundsberg, Gotz von Berlechingen, Prinz Eugen, Reich, Leibstandarte – todas são palavras de força e influência. Por outro lado, é hoje possível sugerir que a idéia de Himmler de usar títulos individuais e com a ênfase em identidade individual de unidades foi, no contexto nacional, uma jogada psicológica muito esperta por um homem esforçado em construir uma grande força militar somente através do meio do alistamento voluntário.

O velho exército do Kaiser havia sido montado segundo o princípio da forte identidade da unidade e na hierarquia de regimentos, com os Guardas no topo. Hitler deliberadamente reconstruiu a Wehrmacht segundo um padrão que não tinha nada a ver com o passado e não fazia nenhuma diferenciação entre uma unidade e outra, já que ele queria o novo exército sob seu domínio completo. Ao estabelecer esse plano, contudo, ele indubitavelmente frustrou um elemento fortemente estabelecido na atitude germânica em relação ao serviço militar. Himmler, ao reconhecer a inclinação do soldado alemão em pertencer a uma formação identificável e de elite, certamente atraiu muitos que de outra maneira não se sentiriam atraídos por uma organização política.

Sob muitos aspectos, a Alemanha não estava preparada para a guerra contra as outras potências durante a existência do Terceiro Reich, pois este nunca alcançou a produção em massa de qualquer coisa – tão logo um nível de produção era alcançado para satisfazer uma indústria, sua prioridade era diminuída e outros projetos eram atendidos. Equipamentos militares de alta qualidade, como tanques e aviões, nunca deixaram de ser aperfeiçoados, mas jamais foram produzidos na quantidade necessária e com um abastecimento decente de peças de reposição. Conseqüentemente, a maioria dos equipamentos da Wehrmacht era superior à dos Aliados, mas os alemães nunca os possuíam em quantidade suficiente para manter a guerra ao seu favor. Além disso, os esforços de Speer para aumentar a produção industrial da Alemanha foram parcialmente bem sucedidos, apesar de as estatísticas de produção impressionarem. Outro ponto fraco da política externa, e que influenciou no desempenho militar durante a guerra, foi confiar nos poços de petróleo da Romênia e Hungria como fonte de abastecimento. No momento em que estes países foram invadidos pelos soviéticos, a guerra acabou de vez para os alemães.

Quanto à SS, pode-se dizer que ela cumpriu a missão para a qual foi criada: defender o Führer e a Revolução Nacional-Socialista, até o fim. Sob o comando de Himmler, um administrador avesso ao exibicionismo, ela passou de um amontoado de guarda-costas para Hitler e outros líderes nazistas e distribuidores de panfletos para a detentora do poder do Estado, através do seu controle político e econômico. Tivesse a Alemanha ganho a guerra, Himmler provavelmente seria o sucessor de Hitler, já que possuía os meios necessários para isso. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom artigo. Obrigado amigo

Anônimo disse...

Ótimo artigo, muito informativo, rico em detalhes.Muito obrigado por compartilha-lo.