sábado, 21 de dezembro de 2019

[POL] “Estamos ensinando mentiras a universitários”

Dr. Jordan Peterson


Meu interesse primário sempre foi a psicologia da crença. Parcialmente crença religiosa, e ideologia como uma subcategoria da crença religiosa. Em um sistema religioso sofisticado, há uma polaridade positiva e negativa. Ideologias simplificam essa polaridade e, fazendo isso, demonizam e simplificam demasiadamente. 

As pessoas dizem que o marxismo real nunca foi tentado – não na União Soviética, nem na China, em Camboja, na Coreia, aquilo não era o marxismo real. Eu acho esse argumento especioso, chocante, ignorante, e talvez também malévolo ao mesmo tempo. Especioso porque [...] os horrores [do sistema soviético] eram uma consequência lógica das doutrinas embrenhadas no pensamento marxista. 

[...]o Projeto de Lei C-16 codifica construtivismo social no tecido da lei. O construtivismo social é a doutrina de que todos os papeis humanos são socialmente construídos. Eles são desvencilhados da biologia subjacente e da realidade objetiva subjacente. [...]Ele diz que a identidade é puramente subjetiva. Então uma pessoa pode ser homem em um dia e mulher no próximo, ou homem em uma hora e mulher na próxima.

Você não sabe por que usa os pronomes que usa. Você os usa porque todos os outros os usam – isso é uma convenção social. Então outra pessoa diz ‘é um sinal de respeito usar um pronome, e é um sinal de respeito usar o pronome de escolha de alguém.’ Esses são assaltos filosóficos de ampla escala. Primeiro, “ele” e “ela” não são sinais de respeito. Eles são os termos mais casuais possíveis. Se eu me refiro a alguém como “ele” ou se eu me refiro a alguém como “ela”, isso não é um sinal de respeito, é só categorização do tipo mais simples e óbvio. Não há nada sobre isso que seja individual, ou característico de respeito. Segundo, você não tem o direito de exigir de mim que eu fale qualquer coisa com relação a você que seja respeitoso. O melhor que você pode esperar de mim é neutralidade cética e confiança corajosa.

Neutralidade cética é ‘você é um balde de cobras, assim como eu. Entretanto, se você estiver disposto a manter sua palavra, e se eu estiver disposto a manter minha palavra, então nós somos capazes de nos envolver em interações mutuamente benéficas, logo é isso que nós vamos fazer’. A razão pela qual eu disse confiança corajosa é para distingui-la de inocência. Pessoas inocentes pensam que todo mundo é bom. Isso é falso, todo mundo não é bom. Mas agir de uma forma que seja hostil e cética e antissocial é completamente contraproducente. Então o que você faz se você é uma pessoa madura é você diz ‘bem, beleza, você tem um lado sombrio, eu também. Isso não quer dizer que nós não podemos nos envolver em interações produtivas’. 

Eles dizem que sua identidade nada mais é do que seu sentimento subjetivo daquilo que você é.[...] Se sua identidade não for um híbrido daquilo que você é e daquilo que as outras pessoas esperam, então você é como a criança no parque com quem ninguém pode brincar. [...] Em sua identidade real, você é um advogado, você é um médico, você é uma mãe, você é um pai, você tem um papel que tem valor para você e outros. 

Nicholas Mack disse ‘bem, o consenso científico das últimas quatro décadas é que não há diferença biológica entre homens e mulheres’. Isso é uma proposição absurda. Há diferenças entre os sexos em todos os níveis de análise. Há diferenças enormes de personalidade entre homens e mulheres. [...]A hipótese era que se você equaliza o ambiente entre homens e mulheres, você erradica as diferenças entre eles. Em outras palavras, se você trata meninos e meninas igual, as diferenças entre eles desaparecerão. Mas não é isso que os estudos mostraram. Na realidade, elas se tornam maiores.

Há uma guerra acontecendo no coração da nossa cultura. Muitas pessoas têm falado sobre politicamente correto, e o fato do quanto isso é pernicioso. [...]As pessoas da justiça social estão sempre do lado da compaixão e dos ‘direitos das vítimas’, então objetar a qualquer coisa que eles façam lhe torna instantaneamente um perpetrador. Não há lugar onde você possa permanecer sem ser vilificado, e é por isso que isso continua rastejando adiante. [...]A coisa é que se você substitui compaixão por ressentimento, então você entende a esquerda autoritária. Eles não têm compaixão, não há compaixão ali. Não há compaixão alguma. Há ressentimento, fundamentalmente.

A filosofia antipatriarcado é predicada na ideia de que todas as estruturas sociais são opressivas, e não muito mais que isso. Então atacar a estrutura é questionar seus esquemas categóricos em todo nível possível de análise. E o nível mais fundamental que os radicais antipatriarcado elencaram é gênero. Ele é uma peça de identidade que crianças geralmente assimilam por volta dos dois anos – ele é bastante fundamental.

Se você para de falar com pessoas, ou você se submete a elas, ou vai à guerra com elas. Se você coloca restrições na expressão, então você não pode de fato falar sobre as coisas difíceis sobre as quais se precisa falar. [...] É por isso que tantos casamentos se dissolvem. [...] digamos que você tenha tido uma pequena discussão com sua esposa, [...] Você pode descobrir que ela está chateada com algo que o seu avô fez à sua avó duas gerações atrás que ainda não foi resolvido na sua família, e esse é o elemento determinante de sua atitude no momento presente. Se você desembalar isso, entretanto, então você não precisa vivê-lo de novo e de novo. 

Você escolhe seu veneno, e a liberdade de expressão é o veneno certo. Há grupos que defendem o ódio, mas essa não é a questão. A questão é se reprimi-los faz as coisas melhores ou piores. Eu diria que [os reprimir] apenas as faz piores. Existem muitas horas em que você não tem uma boa opção. As pessoas acham que se não deixarmos eles falarem, isso vai sumir. Não funciona assim de forma nenhuma. 

Quero dizer, eu acho que grandes partes da universidade estão irrevogavelmente corruptas: sociologia, perdida; antropologia, perdida; história, grandes partes dela estão perdidas, os clássicos, literatura, trabalho social, ciência política em muitos lugares, e isso não cobre estudos femininos, estudos étnicos. Eles provavelmente começaram perdidos, e as coisas ficaram muito piores. Eu acredito que agora, com a exceção do ramo das ciências, tecnologia, engenharia e matemática, universidades fazem mais mal do que bem. [...]Nós estamos ensinando mentiras a estudantes universitários, e passando a mão em sua cabeça, e eu vejo isso como contraproducente.

Os democratas decidiram na década de 1970 que eles iriam abandonar a classe trabalhadora e fazer política identitária, e a classe trabalhadora lhes tratou com descaso. [...]E todos os esquerdistas estão preocupados que Trump é um demagogo de direita. Isso é insano – ele é um liberal.[...] Trump é um moderado. Ele é um moderado barulhento, e ele é um pouco populista, mas fundamentalmente ele ainda é um moderado – e as pessoas estão reagindo como se ele fosse Hitler. 

Não há nada sobre os tipos autoritários do PC [NT: politicamente correto] que tenha qualquer gratidão para com qualquer instituição. Eles têm um termo – patriarcado. Isso engloba tudo. Isso significa que tudo que nossa sociedade é corrupta. Não há linha, eles querem dizer tudo. Vá online, vá checar dez websites de estudos femininos. Escolha-os aleatoriamente. Leia-os. Eles dizem ‘a civilização ocidental é um patriarcado corrupto até seu maldito núcleo. Nós temos que derrubá-la’.

A vida antes do século XX para muitas pessoas era brutal além de comparação. A ideia de que mulheres eram uma minoria oprimida sob aquelas condições é insana. As pessoas trabalhavam 16 horas por dia ganhando apenas para sobreviver. [...]Então, no século XX, as pessoas ficaram ricas o suficiente para que algumas mulheres pudessem trabalhar fora de casa. Isso começou na década de 1920, e acelerou de verdade durante a Segunda Guerra Mundial porque as mulheres eram puxadas para fábricas enquanto os homens partiam para a guerra. Os homens lutaram, e morreram, e isso é basicamente a história da humanidade. [...]E as feministas acham que produziram uma revolução na década de 1960 que liberou as mulheres. O que liberou as mulheres foi a pílula, e nós vamos ver onde isso vai dar. [...]Bem, todas as mulheres usando pílula agem como se não estivessem ovulando, então é possível que muito da antipatia que hoje existe entre mulheres e homens exista por causa da pílula anticoncepcional. A ideia de que as mulheres foram discriminadas através do curso da história é chocante.

Por exemplo, se nós quiséssemos predizer o sucesso na vida de longo prazo em países ocidentais, os dois melhores indicativos são inteligência e conscienciosidade. As pessoas inteligentes chegam lá antes, e as pessoas conscienciosas trabalham duro. Isso é responsável por cerca de 30 por cento da variância em sucesso de longo prazo na vida. Não há discriminação aí, só competência.

[...]Todas as grandes empresas de advocacia perdem todas suas mulheres quando elas estão em seus trinta. Você sabe por quê? É fácil. [...]Se o seu cliente japonês lhe liga às 3:00 em uma manhã de domingo, sua resposta é ‘sim, eu farei isso imediatamente’ porque eles estão lhe pagando $750 por hora. Essas mulheres têm alta conscienciosidade, são ótimas estudantes, brilhantes na escola de direito, e estelares em seu período de treinamento. Então elas encontram um parceiro, e elas pensam ‘por que diabos eu estou trabalhando 80 horas por semana?’, porque é isso que pessoas sãs pensam. Então só há homens no pináculo absoluto das profissões. Mas não são todos os homens, são essa pequena proporção de homens estranhos. Eles têm QIs de 145 ou mais, e eles são insanamente competitivos e trabalhadores. Não interessa onde você vai colocar uma pessoa assim, ela vai trabalhar 80 horas por semana. A razão pela qual homens fazem isso mais do que mulheres é que o status faz dos homens sexualmente atraentes. Homens são direcionados por status – tanto biológica quanto culturalmente – de uma forma que mulheres não são. [...]Elas querem ter uma família, e não têm tempo. E então quando têm uma família, descobrem que ter um filho – não é um bebê genérico, é uma nova pessoa na sua família. Aquela nova pessoa é A coisa mais importante para você. Ponto. Então as mulheres chegam aí, elas têm dois filhos e pensam ‘eu só vou ter filhos pequenos por cinco anos, você acha que eu vou trabalhar por oitenta horas por semana? Para ganhar um dinheiro de que não preciso? Fazendo algo de que não gosto? Ou eu vou passar tempo com meus filhos?’ [...]A ideia de que “mulheres ganham $0,70 para cada dólar que um homem ganha” é uma mentira. Pequenos negócios mantidos por homens ganham muito mais dinheiro do que pequenos negócios mantidos por mulheres. Por quê? Porque mulheres começam pequenos negócios quando elas têm filhos, quando elas estão em casa, então os negócios são apenas de meio período. Então é por isso que elas não fazem tanto dinheiro. Não tem nada a ver com preconceito, tem tudo a ver com opções. Então esses argumentos que as pessoas fazem sobre preconceito não estão nem fora da psicologia tribal ainda. [...]Todo mundo está gritando ‘preconceito’ – é o pau-para-toda-obra das explicações. Por que a sociedade é assim? Preconceito. Por que ela é assado? Preconceito. Não há nenhum raciocínio envolvido, nenhuma análise multivariada. 

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