O livro Raça e o Terceiro Reich de Christopher Hutton fala a respeito das
tensões entre a antropologia racial e a ideologia nazista durante o Terceiro
Reich. Hutton almeja especificamente mostrar como a antropologia racial
contribuiu com a teoria racial na Alemanha, e quais foram os efeitos tanto na
Alemanha quanto na própria antropologia racial. Por meio de uma discussão de
teóricos baseada em fontes primárias, Hutton argumenta que o uso popular do
termo “ariano” na Alemanha Nazista foi o fator contribuinte principal para a
perda da influência dos antropologistas raciais no Terceiro Reich. Ele
argumenta que ao insistir que “ariano” era somente um termo linguístico (e não
racial), os antropologistas raciais estabeleceram um espelho no qual os alemães
viam-se não como um ideal loiro e de olhos azuis, mas como um elemento
miscigenado. Hutton conclui que os antropologistas raciais impediram os
esforços nazistas em unir o povo alemão sob a raça “superior” nórdica e sua
influência declinou. Hutton escreve que suas preocupações principais “são os
pontos de tensão, controvérsias e incertezas tanto entre os teóricos acadêmicos
quanto entre os eruditos e as autoridades políticas.” Estas tensões estão
centradas em torno do “conceito central político e intelectual de ‘Volk’ e nos
entendimentos competitivos da identidade alemã.” Portanto, a discussão de
Hutton sobre o povo (volk) alemão não
é baseada no valor moral de tal conceito mas sim nas suas raízes acadêmicas. O
principal argumento de Hutton está centrado na explicação do fim da
antropologia racial em virtude do seu conflito com a ideologia do partido
nazista.
Para começar, Hutton estabelece que a
“raça ariana”, comum aos estereótipos nazistas populares, era, de fato, um
mito.
Enquanto o termo “ariano” era usado de
vários modos fundamentais na Alemanha Nazista, não havia nenhum apoio acadêmico
para seu uso como rótulo racial, e, em 1935, isto foi aceito como ortodoxia
pelas autoridades políticas.
Hutton argumenta que a ideologia
nazista em relação a raça girava em torno da supremacia da raça “nórdica” como
definida pelos antropologistas raciais. “A beleza nórdica (cabelos loiros,
olhos azuis e cabeça alongada) era central à iconografia popular no Terceiro
Reich.” Consequentemente, o objetivo discernível dos teóricos raciais nazistas
era justificar a existência do povo alemão como uma entidade que tanto incluía
quanto excluía grupos particulares de pessoas, enquanto mantinha a supremacia
da raça nórdica. Hutton argumenta além disso que “a teorização de um povo
unificado organicamente tornou-se um projeto de longo prazo de intelectuais
alemães.” A análise de Hutton foca nos métodos deste projeto de longo prazo.
Ele baseia sua crítica subsequente da antropologia e teoria raciais na noção
que a Alemanha nazista tentou impor um conceito exclusivo e hegemônico de
caráter e espírito nacionais ou sentimento nacional em uma população
heterogênea, multicultural e multilíngue vivendo dentro das fronteiras do Sacro
Império Romano Germânico dissolvido.
Esta heterogeneidade era, de acordo
com funcionários nazistas, somente possível através tanto da assimilação quanto
da eliminação dos judeus do povo alemão. Portanto, isto estabelece que o
partido nazista decidiu eventualmente usar os estudos raciais antropológicos
para definir o povo alemão em termos biológicos que excluíam a população
judaica existente.
Como evidência da supremacia da raça
nórdica em relação ao Volk, Hutton
apresenta Johann Friedrich Blumbenbach (1752 – 1840) como o primeiro teórico a
tentar definir o povo alemão em termos raciais. Blumbenbach “classificou a
humanidade em cinco raças: caucasiana, mongólica, etiopiana, americana e
malásia.” Ao definir diferenças físicas e criar impressões distintas de várias
raças, Blumbenbach estabeleceu um sistema voltado à diferenciação das
diferenças entre humanos e atribuindo estas diferenças a particularidades
raciais. Partindo de uma análise destas diferenças, “intelectuais alemães
desenvolveram teorias de identidade nacional que salientavam a diversidade
racial, linguística e cultural e expressavam uma desconfiança nas ideologias
universais que ameaçavam erradicar esta diversidade.” Assim, tentativas
subsequentes de antropologistas raciais em definir raça na Alemanha tiveram que
primeiro enquadrar a diversidade racial alemã em termos aceitáveis aos
ideólogos nazistas.
Além disso, Hutton afirma que muitos
ideólogos políticos aceitaram a noção de que a superioridade do elemento
nórdico/ariano estava rapidamente desaparecendo sob o desenvolvimento urbano e
industrial da Alemanha. Esta noção de extinção racial devido à modernidade é
crítica na compreensão do tratamento ideológico dos nazistas em relação aos
judeus. Para muitos teóricos nazistas, os perigos da guerra e doença estavam
conectados aos judeus. Esses teóricos sentiram que a modernidade “envolvia a
interrupção da relação do povo com a terra... e que raças, povos, grupos
sociais... estavam agora se miscigenando entre si.” Esta miscigenação entre
raças ameaçava o sangue nórdico no povo alemão e era visto como uma ameaça à
existência da Alemanha.
Com a perda de territórios ancestrais
na Primeira Guerra Mundial, muitos na Alemanha sentiram que a nação estava
enfrentando uma crise de identidade. Além disso, esta crise era crescentemente
associada no aspecto biológico, o que pintou uma perspectiva sombria para a
futura vitalidade do Volk.
Portanto, Hutton afirma que a
antropologia racial foi acusada de criar teorias raciais biológicas que
sustentavam que a raça nórdica era superior no povo alemão, e da proteção da
herança genética da raça contra contaminantes externos como a população
judaica.
Um grande desafio para os
antropologistas raciais na Alemanha foi a questão do hibridismo associado à
expansão militar durante a Segunda Guerra Mundial. “O paradoxo da expansão do
Estado nazista era que... quanto maior a área de território anexado, maior o
hibridismo da população controlada pelo Estado.” Em um esforço de resolve o
paradoxo da expansão militar e a inclusão resultante de populações diversificadas,
Hutton afirma que enquanto estes novos territórios aumentavam o hibridismo do
povo, muitos deles eram simplesmente considerados partes ancestrais do Volk que foram perdidos durante a
Primeira Guerra Mundial. Logo, a inclusão de “estrangeiros” acontece de forma
oposta ao modo como o povo judeu na Alemanha foi definido como uma raça
inteiramente separada. Esta definição significava que os judeus deveriam ser
excluídos do Volk para manter sua
integridade racial.
Os teóricos raciais do Terceiro Reich
argumentaram ainda que os indivíduos eram membros do Volk porque eles eram definidos pela raça e “entendido como a
interseção de linhas genéticas de transmissão dentro de uma população definida
como uma comunidade reprodutiva de ‘Estoque’.” Para os teóricos raciais
nazistas, a visão persistia que membros do Volk
eram parte de um grupo baseado em história, cultura e sangue. Esta
interpretação significava que o povo era uma “expressão fundamental da
coletividade alemã, entendido como uma unidade através da história, através de
espaço geográfico e independente das contingências das fronteiras políticas.”
Portanto, Hutton concluí que enquanto as teorias raciais iniciais eram
discutidas em termos de relação cultural com o Volk, aquela discussão logo voltou-se para um argumento biológico
significando a exclusão dos judeus.
Além disso, Hutton afirma que a teoria
racial na Alemanha mudou seu foco do critério linguístico para a inclusão no
Volk para uma base biológica. Ele argumenta que o uso primário da língua alemã
pelos judeus não os tornava habilitados a fazerem parte do Volk. Ao invés
disso, “de acordo com as ideologias ultranacionalistas, a Alemanha precisava
assegurar seu lugar como a grande potência europeia, reganhar o território
perdido e livrar o corpo do Volk do que era visto como o elemento estrangeiro e
muito influente, qual seja “os judeus”. Hutton diz que os teóricos raciais
nazistas viam os judeus como um grupo a ser excluído do povo, independentemente
de suas semelhanças culturais e linguísticas com os alemães “arianos”. Contudo,
nos círculos acadêmicos, o termo “ariano” não tinha nenhuma validade enquanto
definição biológica de raça, mas, ao invés disso, significava uma distinção
linguística, e uma discussão do povo alemão em termos de distinções raciais e
biológicas no ffinal forneceu uma justificativa acadêmica para o regime nazista
excluir os judeus do Volk alemão, mesmo que muitos judeus fossem, por outros
critérios – isto é, cidadania, afiliação cultural, língua materna, consciência
de si mesmos – alemães.
Acertadamente, Hutton concluí que o
papel da antropologia racial foi alterado pela pressão do partido nazista para
justificar a exclusão e extermínio de judeus do povo baseado somente na
determinação biológica de raça.
Hutton argumenta ainda que o
antropólogo racial Hans F. K. Gunther (1891 – 1968) serviu para perpetuar
termos raciais que grandemente ajudaram a ideologia nazista. “De acordo com
Gunther, seis raças básicas compunham o povo alemão: o nórdico, o mediterrâneo,
o dinárico[1], o alpino, o báltico oriental e o Faliano[2].” Gunther propôs por
meio de sua análise destas raças, que a nórdica era superior às demais. De sua
pesquisa ele concluiu que “o perfil psicológico pode ser resumido em termos de
ideais tais como bravura, pensamento individual, determinação, nobreza,
heroísmo...” Era, destarte, esta parte do Volk que deve ser preservada a todo
custo. Segundo Gunther, as cinco outras raças também contribuíram de forma útil
para o Volk, porém elas o fizeram ao custo de também contribuir com qualidades
ligeiramente desfavoráveis. Portanto, ao dissecar as várias partes “raciais” do
povo alemão, Gunther forneceu uma explicação para muitas características
sociais desagradáveis do Volk, enquanto colocando esta discussão em uma
estrutura biológica ao invés de uma cultural ou linguística (como os
antropólogos raciais fizeram previamente). Suas teorias raciais marcam uma
despedida das distinções linguísticas de antropologia racial e fornece
evidência para a relação cada vez mais íntima entre o partido nazista e alguns
antropólogos raciais que estavam dispostos a criar determinadas distinções
raciais na esperança de escalar a hierarquia do partido.
Assim, a classificação de Gunther dos
judeus teve repercussões profundas na compreensão da influência da antropologia
racial na Alemanha Nazista. Enquanto Gunther argumenta que “...não havia
nenhuma raça Judaica ou semítica, no mesmo modo não havia uma raça alemã” ele
contradiz essa afirmação ao propor que “a qualidade racial do povo judeu como
um todo foi primeiramente determinada pela raça do Oriente Próximo, da mesma
maneira que o povo alemão foi essencialmente determinado pela raça nórdica.”
Enquanto ambos os grupos (judeus e Volk) são compostos de comunidades essenciais
e distintas, o povo alemão era unicamente composto de um hibridismo de culturas
que, mesmo assim, foram direcionadas em direção de um ideal racial. Em
contraste, a comunidade judaica era muito mais facilmente definida como um já
separado grupo racial que ameaçava a unidade do povo alemão. Este padrão
ambíguo de teoria racial permitiu aos ideólogos nazistas a isolar grupos do
Volk, baseado em como eles se adaptavam aos estereótipos raciais para o membro
ideal do Volk. Além disso, no caso dos judeus, suas diferenças únicas na
cultura foram traduzidas para diferenças biológicas sem fundamentos de outros
alemães. Os antropólogos raciais forneceram, portanto, um argumento científico
para a eliminação do povo judeu na medida em que ele representava uma ameaça
real à sobrevivência do povo alemão e da suposta superioridade da raça nórdica.
Analogamente, os líderes nazistas
estavam basicamente preocupados com a influência psicológica ou mental que “o
domínio financeiro tinha permitido aos judeus, que eram predominantemente de
origem racial não-europeia, em obter dentro da Europa.” Enquanto alemães “arianos”
tinham um senso de pertencer ao Volk, eles argumentavam que os judeus tinham em
comum uma consciência de sangue compartilhado e isto era expressado em um senso
altamente desenvolvido de identidade separada.” Este senso de identidade
separada era extremamente ameaçadora aos funcionários nazistas preocupados em
unificar o país e reconquistar as terras ancestrais perdidas. Alguns teóricos
nazistas igualavam os judeus a doenças sociais como suicídio, paralisia, alcoolismo,
sífilis, punições judiciais, delinquência moral, casamentos miscigenados e
mortalidade. Ao relacionar a “raça” judaica com os perigos da modernidade, os
funcionários alemães no Terceiro Reich foram capazes de separar os judeus do
Volk. Assim, mesmo que os judeus não fossem uma raça, eles eram um grupo
dinástico com uma história biológica particular e características intrínsecas
que os separavam dos demais povos europeus. O conceito de “grupo dinástico”
surgiu para realçar as relações biológicas raciais entre as raças “ariana” e “judaica”.
Mesmo que os antropólogos raciais tenham falhado em fornecer uma evidência
biológica concreta para a identidade racial dos judeus, isso já era o
suficiente para mostrar que eles compartilhavam de uma “consciência sanguínea
compartilhada” e foram assim classificados como um grupo dinástico distinto,
que se opunha aos ideais do povo alemão.
Subsequentemente, Hutton argumenta que
enquanto que “o regime nacional socialista é publicamente associado à doutrina
política de pureza racial expressada em polêmica virulenta contra a
miscigenação racial”, isto foi feito somente após estabelecer explicitamente
linhas de conduta que permitiam a mistura racial quando fosse conveniente às
necessidades do Terceiro Reich. “No nível de propaganda política e educação de
massa, as autoridades desejavam inculcar nos cidadãos a mensagem de que a
miscigenação era ruim ao Volk, com os judeus sendo apresentados como
estrangeiros raciais.” O grupo racialmente estrangeiro dos judeus era colocado
em outra linha ao do alemão, a verdadeira linhagem ariana, independentemente da
invalidez científica do termo como uma distinção racial. Portanto, mesmo que os
teóricos raciais nazistas tenham se oposto à promoção do “ariano” como um
conceito racial, há evidência do uso do termo “não-ariano” para realçar o
isolamento dos judeus. Além disso, enquanto o termo “ariano” foi reconhecido como
um termo linguístico ao invés de racial, “não-ariano” tornou-se em muitos
contextos um sinônimo para judeu.” Isto marca um ponto-chave de fraqueza para
os antropólogos raciais na Alemanha Nazista. Eles explicitamente aceitaram o
mau uso do termo “ariano” para de alguma forma implicar numa distinção racial
biológica.
Entretanto, independente do uso de “ariano”
como uma distinção linguística entre os cientistas, “as leis aprovadas nos
primeiros anos do regime nazista usavam a noção de ‘descendência ariana’ ...em
sua forma negativa, de modo que aquela ‘descendência não-ariana’ foi excluída
dos diferentes aspectos da vida pública” baseado em distinções biológicas.
Enquanto que os funcionários nazistas não promoveram o “ariano” como termo
racial, eles encamparam o uso de sua forma negativa (“não-ariano”) para
classificar os judeus. Hutton afirma ainda que a forma negativa de “ariano”
falhou em identificar judeus em qualquer forma legal. Além disso, ariano se
referia a uma “família de línguas e implicava numa identidade linguística e não
racial ...o termo ‘ariano’ era incapaz de fazer as distinções raciais exigidas”
necessárias aos funcionários nazistas. Mais tarde, “em 1935, o termo ‘não-ariano’
foi definido de modo que um indivíduo com três avós judeus (era) um judeu.”
Isto claramente estabelecia o critério de participação no Volk como uma
distinção biológica e não linguística. Estes fatores biológicos determinando a
participação dentro do Volk foram refletidos na política do partido nazista que
substituíram o problemático termo “ariano” pela noção de “consanguinidade alemã”.
Isto enfatizou um critério baseado em biologia e sangue para inclusão no Volk
enquanto definia seus fundamentos a partir de uma compreensão científica e
biológica que ganhou credibilidade entre alguns antropólogos raciais.
Hutton afirma ainda que os
antropólogos raciais ajustaram os termos usados nas teorias raciais para
encorajar agora a definição de “Volk como uma composição de famílias
conscientes relacionadas pelo sangue... unidas por uma única raça que ligava
todos os seus membros e tinha desenvolvido seu próprio sistema moral e ético e
sua própria linguagem.” Enquanto que a antropologia racial originalmente
pretendia que a teoria da “raça ariana” e o Volk alemão funcionasse como
linguística, nos anos 1930 o termo “ariano” foi acrescentado na cultura popular
como um termo racial determinado biologicamente. Hutton argumenta de forma
convincente que este uso popular do termo foi crucial na perda de influência
dos antropólogos raciais no Terceiro Reich. Enquanto que na cultura popular da
Alemanha “ariano” representava uma manifestação física idealizada do povo
alemão, antropólogos raciais insistiam que o termo era somente linguístico, e
não uma descrição física de raça. O objetivo da antropologia racial nunca foi
justificar os objetivos do partido nazista, porém os cientistas foram forçados
a adaptar sua pesquisa sob o risco de ostracismo acadêmico/social e evitar a
censura política.
Como exemplo deste ajuste forçado nos
resultados das pesquisas, Hutton apresenta Georg Schmidt Rohr (1890 – 1945)
como um dos antropólogos raciais que foram obrigados a moldar suas teorias à
política partidária. Rohr escreveu que “a língua alemã teve uma função
maternal, divina na criação e autodeterminação do Volk, na autoconsciência que
foi necessária para a sobrevivência em face da extinção ou assimilação.”
Portanto, enquanto Rohr salientava a importância de uma língua comum na
Alemanha como um fator determinante na associação com o povo, quando se filiou
ao partido nazista em 1933 ele foi forçado a reconhecer que os judeus não
faziam parte do Volk, independentemente das semelhanças linguísticas. Ao
abandonar as distinções linguísticas da raça, Rohr aceitou implicitamente as
classificações biológicas de raça do partido nazista. Ele teve um papel importante
em enfatizar que alguns elementos eram claramente danosos para o Volk, e assim
deveriam ser excluídos dele. A aceitação subsequente de Rohr de que os judeus
não faziam parte do povo alemão “deixou claro aos linguistas e outros que a palavra
‘Volk’, tal como era usada no discurso popular e acadêmico, deve ser entendida
como excluindo os judeus.” Isto, portanto, marca o ponto de transição para a
antropologia racial onde ela eventualmente seria substituída por discursos
genéticos e biológicos que objetivavam apoiar as distinções raciais promovidas
pelo partido nazista ao invés daquelas derivadas da pesquisa científica.
Um dos pontos principais de Hutton
reside em seu argumento que “um fato marcante da cultura acadêmica nazista foi
o processo de neutralização de visões acadêmicas mais extremas e formas
extremas de politização acadêmica.” Isto levou a um clima no qual acadêmicos se
esforçavam igualmente por resultados científicos assim como por elogios do
partido. Este comprometimento de ideais científicos é evidente no julgamento de
um psicólogo racial chamado Ludwig Ferdinand Clauss, no qual ele foi acusado de
ter tido relações com uma assistente de laboratório judia. Na realidade, o
julgamento foi instigado por Walter Gross (um teórico racial da época), que
desejava ganhar prestígio dentro do Partido Nazista. Gross argumentou que
certos fatos apresentados por Clauss poderiam ser reinterpretados para se
ajustar mais próximo da política do partido. Na conclusão do julgamento, o
tribunal do partido enfatizou que o reconhecimento da liberdade acadêmica e
científica não obstante, o nacional socialismo exigia disciplina de seus
estudiosos, que deveriam aceitar a prioridade do Partido em estabelecer
assuntos de importância política.
Isto efetivamente estabeleceu o partido
nazista como a autoridade suprema científica. Hutton afirma, “isto pareceu
argumentar fortemente para a fusão entre ciência e ideologia, tal que a busca
de conhecimento e erudição estaria em sincronismo com os objetivos universais
do movimento e do Volk.” Enquanto Hutton não fornece nenhum apoio textual para
esta afirmação, o resultado do julgamento de Clauss é indicativo de que o
partido estaria assumindo um papel central na aprovação e disseminação dos
resultados de pesquisa no sentido de garantir que elas estavam de acordo com a
política partidária. Deste ponto em diante, o partido nazista teria a palavra
final em assuntos de pesquisa científica no Terceiro Reich.
Notas:
[1]
Relativo ou pertencente à região
montanhosa a leste do Adriático.
[2] do alemão Fälish, derivado de
Fälen, ou plano. Habitantes da região da Westfália.
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