1. Guerra da
Independência
Definida a
partilha da Palestina, os judeus precisaram de apenas seis meses para declarar
sua independência. Em 14 de maio de 1948, foi fundado o Estado de Israel. No
mesmo dia, tropas do Egito, Jordânia, Síria e Iraque atacaram. Começava o mais
sangrento de todos os conflitos entre árabes e israelenses até hoje. Algo entre
6 mil e 10 mil soldados de Israel morreram (mais de 1% da população daquela
época).
A milícia de autodefesa Haganah havia
se transformado na força armada do Estado judeu. Como não havia muitos
blindados e veículos militares, aquela foi uma guerra caracterizada por
combates de infantaria. Os israelenses eram obrigados a recorrer ao contrabando
para conseguir armas. Mas a Tchecoslováquia, que àquela altura ainda não tinha
se transformado em um país comunista, fornecia legalmente grande quantidade de
fuzis e caças Avia S-199.
Dada a situação relativamente precária
das forças militares de Israel, o ataque poderia ter destruído o país antes
mesmo de ele sair do berço. Mas a falta de coordenação entre as ofensivas
árabes permitiu que os israelenses administrassem todos os problemas, um de
cada vez. Os ataques inimigos mais bem sucedidos foram feitos pelos
jordanianos, cujas tropas eram as mais eficientes entre as dos países árabes
envolvidos no conflito. A Jordânia capturou a parte leste de Jerusalém,
enquanto o Egito ocupou um pedaço de território na costa do Mediterrâneo – a
Faixa de Gaza.
Ao final de quase nove meses de
combates intensos, Israel havia aumentado em 23,5% o tamanho de seu território.
Jerusalém, no entanto, estava dividida. A Jordânia, além de ficar com o
controle sobre a parte oriental da cidade, anexou todo o território situado à
margem oeste do rio Jordão – a Cisjordânia. A Guerra da Independência deu
origem a um problema que até hoje frequenta as primeiras páginas dos jornais:
pelas contas da ONU, naquela oportunidade, aproximadamente 700 mil palestinos
dos territórios ocupados por Israel refugiaram-se nos países vizinhos.
2. Guerra de
Suez
Em julho de 1956, o então presidente
do Egito, Gamal Abdel Nasser, nacionalizou o canal de Suez, tirando-o do
controle de franceses e britânicos. Ao mesmo tempo, Nasser incentivava os
refugiados palestinos a promover ações terroristas contra Israel. França e
Grã-Bretanha decidiram, então, atacar o Egito para retomar o canal. E recrutam
Israel para a empreitada. A ideia era que os israelenses atacassem primeiro,
pois isso serviria como pretexto para que franceses e britânicos iniciassem uma
intervenção.
Menos de três meses depois, em outubro
daquele ano, começava a Guerra de Suez – a primeira entre o Estado de Israel e
seus vizinhos árabes em que veículos militares blindados tiveram um papel preponderante.
A ponta-de-lança israelense era formada por cerca de 200 tanques, a maioria
modelos Sherman, de fabricação americana (os mesmos que atuaram de maneira
decisiva na Segunda Guerra Mundial).
O Egito, àquela altura, começava a
receber armamentos modernos da URSS, como o tanque T-34 (espinha dorsal do
Exército Vermelho também na Segunda Guerra Mundial). Mas a Força Aérea de
Israel já contava com aviões mais modernos, principalmente franceses. O ataque
as forças egípcias no deserto de Sinai foi uma operação relâmpago: em
aproximadamente 100 horas, quase toda a península foi tomada.
Com o fim do conflito, uma Força de
Paz da ONU – incluindo tropas brasileiras – foi deslocada para a região. Aquela
seria a garantia de que os egípcios não voltariam a atacar os israelenses e
deixariam de patrocinar o terrorismo. Israel abandonou o Sinai. Mas no dia 22
de maio de 1967, Nasser ordena o bloqueio do estreito de Tirã, no Mar Vermelho,
fechando uma importante rota comercial israelense – pela qual passava, por exemplo,
a maior parte das importações de petróleo rumo ao porto de Eilat. Os inimigos
de Israel fechavam o cerco novamente. E mais uma guerra estava prestes a
estourar.
3. Guerra dos
Seis Dias
“Por duas ou três semanas antes da
Guerra dos Seis Dias, os israelenses compartilharam uma profunda sensação de
angústia e temor, como só uma nação de refugiados pode sentir, até a medula de
seus ossos.” Assim o escritor israelense Amos Elon traduziu em palavras o
sentimento da população de Israel à véspera desse conflito. Em meados de 1967,
uma aliança formada por Egito, Jordânia e Síria já estava pronta para invadir e
destruir Israel. Prevendo uma agressão militar iminente, os israelenses
resolveram atacar primeiro.
No papel, os árabes tinham mais que o
dobro ou o triplo de soldados, canhões, tanques e aviões. Mas a
ofensiva-surpresa de Israel pegou seus inimigos no “contra-pé”. A Guerra dos
Seis Dias, ainda hoje, é estudada em academias militares do mundo todo, dado o
brilhantismo do ataque israelense – especialmente o de aviação. Foram
destruídas centenas da aviões inimigos antes mesmo que eles pudessem decolar.
Só no primeiro dia da guerra, os árabes perderam cerca de 350 aeronaves.
Israel tomou dos jordanianos todo o
território da Cisjordânia. E mais: assumiu o controle do setor oriental de
Jerusalém. Para os judeus, aquela vitória tinha um significado muito mais que
especial. Quase 2 mil anos depois de serem expulsos de lá pelos romanos, 22
anos depois do Holocausto e 19 anos depois da fundação de Israel, os judeus recuperavam
o Muro das Lamentações – local mais sagrado do judaísmo. Em seguida, os
israelenses levaram o combate até os sírios. Em uma rápida campanha, as colinas
de Golã foram tomadas.
O Egito terminou esta guerra com saldo
aproximado de 10 mil mortos, 20 mil feridos e 5,5 mil soldados capturados. Mais
de 500 tanques egípcios foram destruídos, sem contar a grande quantidade de
equipamento que acabou caindo nas mãos dos israelenses: 300 tanques e outros 10
mil veículos. A Jordânia sofreu aproximadamente 6 mil baixas e a Síria, outras
mil. Israel contabilizou “apenas” 764 mortos.
4. Guerra de
Atrito
Depois da Guerra dos Seis Dias, o
canal de Suez foi fechado para a navegação. O Egito dominava uma de suas
margens, enquanto Israel controlava a outra. Esse foi o foco da chamada Guerra
de Atrito, uma espécie conflito militar em câmera lenta. Israelenses e egípcios
duelavam com artilharia, aviões e ataques de forças especiais.
Um dos episódios mais marcantes dessa
guerra ocorreu no dia 21 de outubro de 1967, quando o Egito atacou o destróier
israelense Eilat. Dois barcos lança-mísseis egípcios da classe Komar, de
fabricação russa, dispararam quatro mísseis Styx, dos quais três acertaram a
embarcação. Esse ataque levaria a Marinha israelense a investir mais recursos no
desenvolvimento de tecnologia militar, criando, por exemplo, o poderoso míssil
mar-mar Gabriel. Com ele, Israel daria o troco na guerra que viria a seguir,
afundando uma grande quantidade de barcos egípcios e sírios.
5. Guerra do
Yom Kippur
Em 1973, foi a vez da Guerra do Yom
Kippur – batizada com esse nome por ter sido deflagrada no dia 3 de outubro,
que marca o início do Kippur – uma das datas mais importante do calendário
judaico. Israel foi pego de surpresa e pagaria um preço elevado pela autoconfiança
cristalizada após a Guerra dos Seis Dias. “Esse conflito acabou com aquelas
curiosas férias da realidade, uma euforia em que muitos de nós flutuávamos
depois do conflito de 1967”, diz o escritor Amos Elon.
A morte de Nasser, em 1970, não evitou
mais uma guerra entre árabes e israelenses. Seu sucessor, Anuar Sadat, manteve
os planos de ataque. O Egito atravessou o Canal de Suez enquanto a Síria
invadiu as colinas de Golã. A estratégia árabe era usar foguetes para
neutralizar os ataques conjugados de Israel – por terra, com tanques de guerra,
e pelo ar, com a aviação de combate. Mísseis soviéticos como o Sagger
destruíram dezenas de blindados israelenses, brecando as primeiras
contra-ofensivas. E um complexo sistema de defesa antiaérea conseguiu anular a
Força Aérea de Israel.
Mas a “quantidade” árabe acabou
superada pela “qualidade” israelense. Na noite de 15 para 16 de outubro, uma
genial jogada estratégica impediu a vitória do Egito no Sinai. Uma força
israelense de tanques e infantaria blindada cruzou o canal de Suez e cercou o
Terceiro Exército egípcio. Ao mesmo tempo, Israel avançou na direção de
Damasco. EUA e URSS, mais uma vez, pressionaram por um cessar-fogo – que entrou
em vigor no dia 24 daquele mesmo mês. Ao contrário do que ocorrera na Guerra dos
Seis Dias, desta vez os árabes – especialmente os egípcios – não sofreram uma
derrota humilhante, o que facilitaria um acordo. Com intermediação americana,
Israel e Egito assinariam um tratado de paz em março de 1979.
6 e 7. Guerras
do Líbano
Como o Egito – o mais poderoso país
árabe – agora estava em paz com Israel, restou aos demais oponentes do Estado
judeu o recurso “assimétrico” do terrorismo. Em 1978, os israelenses invadiram
o sul do Líbano, na tentativa de estancar os ataques terroristas que vinham de
lá. Quatro anos mais tarde, em junho de 1982, Israel voltou a empreender uma
ofensiva militar em território libanês – desta vez, para expulsar a OLP de
Yasser Arafat. Os ataques ao Líbano, no entanto, acabariam criando mais
problemas. O maior deles é o Hezbollah, grupo islâmico que não esconde seu
objetivo fundamental: varrer Israel do mapa.
Paralelamente, os israelenses seriam
obrigados a lidar com mais uma encrenca de origem árabe – desta vez, dentro de
suas próprias fronteiras. Palestinos estabelecidos nos territórios ocupados da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza deram início, em 1987, a uma rebelião popular
que ficaria conhecida como a Primeira Intifada e só terminaria em 1993. Outra
revolta – a Segunda Intifada – explodiria sete anos mais tarde.
Israel pôs fim a ocupação do
território libanês em 2000. Mas uma nova série de combates com o Hezbollah teve
início em 2006 – a Segunda Guerra do Líbano. Muito da infra-estrutura
reconstruída pelo Líbano depois da primeira ocupação foi posta abaixo
novamente, em ataques cujo objetivo era eliminar guerrilheiros. Nos 32 dias de
conflito, 4 mil mísseis Katyusha foram disparados contra Israel.
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