Rodrigo Trespach
Em 1º de novembro de 1946, depois de 11 meses de
processos, os 21 nazistas presos em Nuremberg, julgados por crimes contra a
humanidade, crimes de guerra, participação nos preparativos de uma guerra de
agressão e crimes contra a paz, recebem as sentenças. Apenas três são
absolvidos. Entre os condenados pelo Tribunal Militar Internacional está Alfred
Rosenberg. Recebendo seu veredito, o “ideólogo do nazismo” ouve através dos
fones de ouvido o tradutor informar seu destino: morte por enforcamento.
Nos dias seguintes, recebe visitas da esposa e da
filha de 16 anos. Declina dos serviços religiosos e, assim como os demais
sentenciados à morte, é executado na madrugada do dia 16 de novembro, à 1h47.
Depois de levado a Munique, seu corpo foi incinerado, e as cinzas, jogadas em
um rio. Era o fim do hoje quase desconhecido homem que havia plantado e
incutido o ódio racial aos judeus nos corações e mentes alemãs durante mais de
duas décadas.
O estrangeiro
Alfred Rosenberg nasceu em 12 de janeiro de 1893 em
Reval, à época no Império Russo, hoje Tallin, capital da Estônia. Seu pai,
Waldemar Wilhelm Rosenberg, era um rico comerciante, gerente da filial lituana
de uma grande empresa alemã; a mãe, Elfriede Siré, era estoniana e morreu de
tuberculose apenas dois meses após o parto do filho. Vivendo em uma região onde
a maioria da população tinha origem eslava, a família fazia parte do que na
época se denominava de “alemães étnicos”, ou seja, pessoas com ancestrais
alemães, mas que haviam nascido ou se estabelecido fora das fronteiras do
Império Alemão – mantendo, no entanto, os costumes e a língua. Os alemães
étnicos dos Estados bálticos se ligavam à Alemanha desde o século 14, quando
Reval fora uma importante cidade da Liga Hanseática – uma aliança mercantil
constituída na Idade Média. Desde o início do século 18, no entanto, a região
fazia parte do Império Russo.
O local de nascimento de Rosenberg tem um
significado importante. Não que faltassem antissemitas na Alemanha – a palavra
foi criada por um alemão, afinal, o anarquista Wilhelm Marr, para descrever a
si próprio. Ele achava que os judeus e alemães viviam em guerra e que, com o
capitalismo, os primeiros estavam ganhando. Mas o antissemitismo ideológico
sempre foi um tanto marginal – desde 1871 os judeus alemães tinham igualdade
perante as leis. A situação na Alemanha era considerada tão boa pelos judeus
que os perseguidos de outros países buscavam refúgio lá – se o alemão médio
tinha preconceito contra judeus, era contra esses recém-chegados, isolados da
sociedade, não os altamente integrados judeus alemães.Prova disso é o alto
status e influência de figuras como Freud (austríaco, mas para Hitler era uma
só nação), Einstein e até políticos, como o prefeito de Berlin Fritz Elsas
(1931-1933), destituído do cargo por Hitler.
No Império Russo, porém, os termos eram outros.
Judeus ainda viviam em guetos e, os pogroms
– os linchamentos em massa – continuaram até a
consolidação da União Soviética. Enquanto Rosenberg contagiava Hitler e os
demais com seu ódio, judeus continuavam a ser massacrados na Ucrânia e na
Bielorrússia. Entre 1918 e 1922, seriam 150 mil mortos – a maior matança antes
da que Rosenberg ajudaria a causar. O último pogrom da
Alemanha havia sido em 1812, movido pelo ódio à proteção aos judeus dada por
Napoleão.
Embora Rosenberg pertencesse a uma família alemã
(com estonianos, que são fínicos, não germânicos), o sobrenome soava judeu. Ao
adotarem nomes alemães, eles usavam toponímicos como identificação (Rosenberg
significa “Montanha das Rosas”). Isso causou embaraços. Quando Rosenberg se
tornou conhecido, era motivo de escárnio por parte de seus rivais: um ariano
antissemita com sobrenome judeu. Em 1930, ao discursar para o Reichstag, o
Parlamento alemão, Rosenberg foi duramente vaiado: “Olha lá o judeu!”, gritaram.
“Vejam só aquele nariz! Vá embora para a Palestina!” Em 1936, escrevendo sobre
suas origens, o jornalista judeu Franz Szell também acusou Rosenberg de não ter
uma só gota de sangue alemão, ele seria “letão, judeu, mongol e francês”.
Órfão de mãe, o pai também morreu cedo. E em 1910,
aos 17 anos, ingressou no instituto técnico em Riga e seguiu o programa de
arquitetura. Nas horas vagas, lia livros sobre mitologia germânica e islandesa,
os Vedas indianos e os filósofos alemães Immanuel Kant e Arthur Schopenhauer.
Recebeu o apelido de “Filósofo”. Em uma viagem a São Petersburgo, na Rússia,
onde viviam seus avós, conheceu sua futura esposa, Hilda Leesmann (1891-1928).
Em 1915, Rosenberg casou, mas se divorciou em 1923 sem deixar filhos. Ele
voltaria a casar em 1925, com Hedwig Kramer, e desta vez teve Irene, que
sobreviveria à Guerra para nunca falar no pai.
A primeira esposa vivia doente, e a Primeira Guerra
os separou. O instituto onde ele estudava foi evacuado para Moscou e lá ele
realizou os exames finais enquanto a Revolução Bolchevique derrubava o regime
czarista. Retornou à cidade natal e fez seu primeiro discurso antissemita em
uma reunião da “Fraternidade dos Cabeças Pretas”.
Em dezembro de 1918 chegou a Munique, na Alemanha.
Seu objetivo era vender seus artigos sobre a Revolução Bolchevique e os males
que o judaísmo e o marxismo causaram na Rússia. Lá conseguiu encontrar Dietrich
Eckart (1868-1923), jornalista redator do jornal Auf
Gut Deutsch (“Em Bom Alemão”). Teria dito a Eckart:
“Você precisa de um guerreiro contra Jerusalém?”. Eckart era um antissemita
notório, membro da secreta e esotérica Sociedade Thule e, juntamente com
Gottfried Feder e Anton Drexler, fundador do Deutsche Arbeiterpartei, o Partido
dos Trabalhadores Alemães – que mais tarde se tornaria Nationalsozialistische
Deutsche Arbeiterpartei, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães, abreviado para NSDAP ou simplesmente Nazi.
Foi Eckart quem apresentou Rosenberg a Hitler, no
final de 1919. Mais tarde ele anotaria sua impressão sobre o significado do
encontro: “Mudou o meu destino pessoal e o fundiu ao destino da nação alemã
como um todo”. Rosenberg se filiou ao novo partido logo em seguida, tornando-se
um dos articulistas do jornal Völkischer
Beobachter (“Observador do Povo”), transformado mais
tarde no principal jornal do Partido Nazista. Até o final da Segunda Guerra,
alcançaria uma tiragem diária de quase 2 milhões de exemplares. Em seu primeiro
artigo, escreveu sobre o que se tornaria sua marca pessoal e a do nazismo, atacar
a “revolução judia russa” da forma mais feroz, baixa e vil possível.
O "filósofo"
Dentro do Partido Nazista, Rosenberg transformou-se
em um escritor extraordinariamente prolífero. Ele sozinho produziu mais
escritos que todos os demais líderes nazistas juntos. Para Robert K. Wittman e
David Kinney, autores do livro O
Diário do Diabo, “o trabalho era sua vida”.
Leitor voraz, passava horas estudando a história
alemã, supervisionando o jornal antissemita pseudo-acadêmico Der Weltkampf (“A
Luta Mundial”) e dirigindo a Nationalsozialistiche
Monatshefte (“Revista Mensal Nacional-Socialista”), onde
discorria sobre fundamentos ideológicos e teóricos do partido. Além disso, era
o editor do Völkischer Beobachter. Rosenberg
usou o jornal, que dirigiu de 1923 a 1938, para disseminar e tornar popular a
ideologia nazista sobre a superioridade da “raça ariana” e a necessidade de um
“espaço vital” para o povo alemão. Em suas páginas denunciava a fé judaica como
“uma máscara para lograr o saqueio moral e econômico” e Javé como “o diabo, um
assassino desde os primórdios, e mentiroso e pai dos mentirosos”. Tornou o
“judaísmo internacional” como principal inimigo dos alemães e do Estado alemão,
popularizou e tornou comum o ódio visceral aos judeus.
O antissemitismo teórico e a ideologia partidária
foram sistematizados em livros. O primeiro, A
Marca do Judeu ao Longo da História, foi publicado em
1920. Seguiram-se Imoralidade
no Talmude (1920), O
Crime da Maçonaria (1921), O
Sionismo como Inimigo do Estado (1922) e O Rumo Futuro da Política Externa Alemã (1927).
Segundo os historiadores Jürgen Matthäus e Frank Bajohr, respectivamente
diretor do Museu Memorial do Holocausto, nos Estados Unidos, e diretor do
centro de estudos do Holocausto no Instituto de História Contemporânea de Munique,
as ideias radicalmente antissemitas dos primeiros artigos e livros de Rosenberg
influenciaram profundamente o programa do Partido Nazista e as ideias racistas
de Hitler – elas aparecem expressas em Mein
Kampf (“Minha Luta”), a obra do futuro ditador publicada
em 1925.
Otto Strasser (1897-1974), um dissidente do
nazismo, chegou mesmo a afirmar que Rosenberg era “certamente o cérebro por
trás de Adolf Hitler”. Para Matthäus e Bajohr, a obsessão de Hitler em destruir
a União Soviética vinha, ao menos em parte, da ideia de Rosenberg de que o
bolchevismo era uma conspiração judaica internacional que tinha de ser detida a
qualquer custo, antes que ela destruísse o mundo germânico.
A obra máxima de Rosenberg surgiu em 1930. O Mito do Século XX vendeu
mais de 1 milhão de exemplares, sendo considerado, junto com o livro de Hitler,
uma das pedras angulares da ideologia nazista.
Escrito em um estilo truncado, obscuro e esotérico,
quase incompreensível em muitas passagens, a obra não agradou a todos. Joseph
Goebbels (1897-1945) o definiu como um “arroto ideológico”, e mesmo Hitler o
achara “obtuso demais”. Ainda assim, transformou-se em uma espécie de manual,
fonte de citações e definidor de conceitos apropriados ao programa
nacional-socialista e foi incluído no currículo escolar e nos acervos de
bibliotecas. Conforme Wittman e Kinney, “os professores deviam levar suas
cópias aos cursos de doutrinamento. Os estudantes de direito deviam se
familiarizar com seus ensinamentos. Os instrutores da Juventude Hitlerista utilizavam
suas ideias nas aulas ideológicas”. O nazismo estava preparando as bases para o
Holocausto.
Além de todas as publicações, Rosenberg ainda
mantinha um diário. Encadernado em couro e com mais de 500 páginas soltas
escritas entre 1934 e 1944, o documento foi encontrado em 1945 e usado durante
seu julgamento em 1946. A documentação permaneceu desaparecida por quase 70
anos e só recentemente ganhou as livrarias. Organizados de forma sistemática
por Matthäus e Bajohr, os escritos de Rosenberg foram publicados na
integralidade pela primeira vez em 2015, no livro Os Diários de Alfred Rosenberg 1934-1944.
Além de Rosenberg, apenas dois outros membros do
Partido Nazista deixaram seus atos e pensamentos registrados em diários: o
ministro de Propaganda Joseph Goebbels e o governador-geral da Polônia ocupada
Hans Frank (1900-1946). Nenhum deles, no entanto, se deteve tanto em questões
políticas e raciais, posicionamentos e opiniões sobre os mais diversos líderes
nazistas e aliados quanto o “filósofo”. As anotações tomadas durante a ascensão
e queda do Terceiro Reich de Hitler revelam o cotidiano, a burocracia e as
entranhas da elite nazista durante os anos de poder. Não há quase nada sobre
sua vida íntima, sobre a família ou qualquer outro assunto que não política,
diplomacia internacional, a “questão judaica” e a guerra. Para Matthäus e
Bajohr, “Rosenberg era inclinado à crueldade, à autocomiseração, e ao mesmo
tipo de narcisismo que criticava nos rivais”. Adorava calúnias e “não tinha
empatia pelo custo humano de sua ideologia rígida”. O próprio Hitler ficava
surpreso com sua falta de humanidade.
Genealogia do ódio
Apesar de sua imensa capacidade de escrever,
Rosenberg não era um pensador original ou escritor com qualquer qualidade
literária. Pelo contrário, seus textos eram confusos e sua ideologia reunia
antigas ideias nacionalistas e altamente questionáveis em um sistema peculiar
de crenças políticas quase religiosas. Todas as teorias racistas e
preconceituosas pregadas pelo nazismo e organizadas por seu “filósofo” já
haviam sido escritas nos dois séculos anteriores.
O conceito de “ariano”, por exemplo, a mais popular
expressão nazista de sua suposta superioridade racial, representada por homens
fortes, louros de olhos azuis, surgiu com o filólogo William Jones, no século
18, mas estava ligado à origem linguística dos povos indo-europeus. O britânico
notou semelhança entre o sânscrito falado na Índia e o grego e o latim, falados
na Europa. Então, em 1786, ele denominou de “arya”
– “nobre” em sânscrito – os povos que falavam essas línguas de origem comum,
incluindo o inglês e o alemão. No século seguinte, o conceito foi distorcido e
questões raciais passaram a ser o foco central de discussões.
Em 1853, o conde francês Joseph Arthur de Gobineau
(1816-1882) publicou o que se tornaria uma espécie de bíblia de nacionalistas e
racistas. Seu livro Ensaio
Sobre a Desigualdade das Raças Humanas sustentava a
ideia de que a História só poderia ser compreendida quando vista pela ótica
racial. E que os brancos, sobretudo os “arianos”, seriam superiores e os únicos
responsáveis pelas grandes realizações da civilização. Manter os arianos livres
do sangue contaminador de outras raças seria, então, essencial para a
manutenção dessa superioridade.
A essa ideia sem qualquer fundamento científico –
não existem raças em genética, mas um grande degradê de região para região –
somaram-se outras, como a contida no livro do inglês Houston Stewart
Chamberlain. Os
Fundamentos do Século XIX, publicado em 1899, apontou o
principal inimigo da raça superior: os “bastardos judeus”. Rosenberg afirmou
mais tarde que o livro de Chamberlain era o “evangelho do movimento nazista”.
A ideia de que os judeus seriam culpados por tudo e
de que haveria uma “raça superior” ganhou espaço e ares de ciência em uma
Europa marcada por um antissemitismo de séculos. Universidades norte-americanas
também propagavam a superioridade da raça branca diante de raças consideradas
inferiores. Em 1903, surgiu na Rússia um texto intitulado Protocolos dos Sábios de Sião, suposto
relatório de uma reunião secreta de líderes judeus que planejavam dominar o
mundo articulando guerras e revoluções, o controle da economia e a disseminação
do ateísmo e do liberalismo econômico.
O panfleto chegou à Alemanha em 1919, levado por
russos anticomunistas. Já em 1921 o livro era tido como uma falsificação
realizada por agentes da polícia secreta do czar, o que não impediu que
Rosenberg publicasse em 1923 sua versão para os fatos. Em Os Protocolos dos Sábios de Sião e a
Política Internacional Judaica o ideólogo “revelava” o
plano judeu de dominação mundial que precisava ser detido. Para os historiadores
Matthäus e Bajohr, a “aura sinistra” de Rosenberg criara um sistema dicotômico,
entre “raça” e “contrarraça”, alemães/arianos versus judeus. Dentro dessa visão
de mundo, os arianos seriam os verdadeiros “representantes da cultura”,
enquanto os judeus eram os “destruidores”. Em O
mito do século XX, Rosenberg defendeu a penalização da
“profanação racial”, o que mais tarde, quando os nazistas tomaram o poder,
tornou-se lei: os alemães “puros” não poderiam “infectar” o sangue ariano
casando com judeus. A miscelânea de ideias de Rosenberg desencadeou o terror.
O fim
Em 1934, Hitler nomeou Rosenberg “encarregado do
Führer para toda formação e educação ideológica do NSDAP”. Dentro do conceito
nazista para questões “judaico-bolcheviques”, Rosenberg seria a principal
referência e o consultor especial do líder nazista, mas nunca atuaria de forma
direta na política externa do partido. Apenas quando a Alemanha se preparava
para invadir a União Soviética, em 1941, ele se tornou “encarregado da
administração central das questões de espaço da Europa Oriental”. E somente
após a invasão e ocupação dos países do Leste Europeu, Rosenberg finalmente foi
nomeado “ministro do Reich para os Territórios Orientais Ocupados”.
Matthäus e Bajohr destacaram que ele foi “o principal
responsável por uma política que converteu a estratégia alemã da ‘guerra de
extermínio’ no front em cotidiano da ocupação, com consequências fatais para os
afetados”. Nos países do Leste Europeu, “o espaço vital”, os nazistas cometeram
assassinatos em massa de judeus, comunistas e minorias étnicas. A Polônia foi a
primeira vítima. Mais tarde o terror se alastrou ainda mais para o leste.
Hitler, falando a oficiais do Exército, afirmou que a campanha russa seria uma
“guerra de aniquilação”; além do judeu, o bolchevismo, “o inimigo mortal do
povo nacional-socialista alemão”, devia ser eliminado sem piedade. Tão logo
teve início a invasão da União Soviética, a SS iniciou os programas de execução
sumária da “intelligentsia judaico-bolchevique”.
Em meio às atrocidades cometidas durante a ocupação
da Europa, em 1943, ao completar 50 anos, Rosenberg foi saudado por Hitler como
um dos “mais eminentes intelectuais que deram forma ao partido” e “uma das
manifestações humanas mais nobres”.
Naquele mesmo ano o império de Hitler começou a
ruir. Empurrada pelo Exército Vermelho, a Wehrmacht começou o longo caminho de
volta das estepes russas até as fronteiras do Reich alemão. Dois anos depois,
encurralado em Berlim, Hitler pôs fim à própria vida. Atrás de si, deixou um rastro
de devastação e matança sem precedentes. A Alemanha, historicamente a terra de
grandes pensadores, filósofos, cientistas, e artistas, lar de Beethoven,
Einstein, Kant e Goethe, apresentara ao mundo sua face mais perniciosa, vil e
sombria. A política de ódio que o nazismo levara ao mundo com base nas teorias
de Rosenberg não poderia trazer outra coisa que não a destruição.
Em 18 de maio de 1945, dez dias após a
rendição incondicional da Alemanha Nazista, Rosenberg foi preso pelos Aliados
no Hospital da Marinha em Flensburg-Mürwik, onde outros figurões nazistas
haviam se escondido. De lá, foi enviado de carro para Kiel e, mais tarde, de
avião para Luxemburgo, no Hotel Palace, a fim de esperar por seu
julgamento.
Encarcerado, um febril Rosenberg continuou a
escrever sobre a “grandeza” das ideias nazistas. Afirmou que as gerações no
futuro teriam vergonha de os terem acusado de “criminosos por acalentar o mais
nobre dos pensamentos”. Aferrado até o final ao líder, escreveu: “Eu o
venerava, e permaneço leal a ele até o fim”. Diferentemente de muitos dos seus
colegas, como Hans Frank e Albert Speer, Rosenberg não se retratou nem aceitou
que as ideias que havia disseminado por décadas haviam levado a Alemanha a
cometer o ato mais torpe da História. Quando o alçapão se abriu sob seus pés,
tinha a delirante ilusão de ter sido um gênio injustiçado.
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