Nos
primeiros anos do século passado, a situação mundial aparentava ser de relativa
tranquilidade. Muitas pessoas, na Europa, principalmente, acreditavam que as
guerras entre as potências eram coisa do passado, que estava tendo início uma
era de paz e progresso permanente. Mas a dura realidade dos fatos mostrou o
quanto a ideia de um mundo em paz era ilusória.
Hoje,
a Primeira Guerra Mundial pode nos parecer um fato muito distante e não
despertar tanto a curiosidade do público quanto a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a Primeira Guerra e suas consequências estão
entre as principais causas da Segunda Guerra. Vale lembrar que entre os que
lutaram na Primeira Guerra estava um cabo do exército alemão que anos mais
tarde se tornaria mundialmente conhecido: um certo Adolf Hitler.
Qual
foi a causa da Primeira Guerra Mundial?
O
fato que deflagrou a Primeira Guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, e sua esposa no dia 28 de junho de
1914. O arquiduque e sua esposa foram mortos a tiros em Sarajevo, capital da
Bósnia. O assassino foi um estudante nacionalista sérvio. A Áustria apresentou
um ultimato à Sérvia e exigiu uma resposta dentro de 48 horas. Os termos desse
ultimato eram tão humilhantes que era quase impossível a Sérvia aceitá-los.
Assim,
a Áustria, que era aliada da Alemanha, declarou guerra à Sérvia, que era aliada
da Rússia, essa por sua vez, era aliada da França e da Inglaterra. Na verdade,
o assassinato do arquiduque serviu de pretexto para que os países entrassem em
guerra. Desde 1871, as potências europeias estavam em paz umas com as outras,
mas todas estavam envolvidas numa corrida armamentista, isto é, todas estavam
investindo em gastos militares, cada uma procurando superar as outras em
armamentos.
O
que foi a "paz armada"?
Por
isso, se diz que a paz que havia entre as potências europeias antes da Primeira
Guerra era uma "paz armada". Além disso, havia muita rivalidade entre
as potências europeias, especialmente entre a França e a Alemanha. Boa parte
dessa rivalidade entre franceses e alemães tinha origem nos ressentimentos
gerados pela Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
Uma
das principais razões para a rivalidade entre os países europeus era a corrida
colonialista, ou seja, a disputa pelo controle de territórios na África e na
Ásia. Vale lembrar que, naquela época, os europeus se julgavam superiores aos
africanos e asiáticos (a própria "ciência" da época era racista) e
encaravam com muita naturalidade a ideia de dominar os povos considerados
"inferiores" para explorar as riquezas dos continentes africano e asiático.
Quem
lutou contra quem na Primeira Guerra?
Antes
de a guerra começar, as principais potências europeias já tinham formado
alianças militares: a Tríplice Aliança (formada por Alemanha,
Itália e Império Austro-Húngaro) e a Tríplice Entente (formada por
Inglaterra, França e Rússia). Ao fazer parte de uma dessas alianças, cada país
membro comprometia-se a entrar em guerra caso um dos aliados estivesse
envolvido numa guerra.
Essa
"mudança de time" tinha uma razão: a Itália entrou na guerra sob a
promessa de seus novos aliados de que receberia o território de regiões
fronteiriças da Áustria. Em 1917, a Inglaterra e a França perderam um aliado, a
Rússia, mas em compensação ganharam outro, os Estados Unidos. Naquele ano, a
Rússia havia passado por uma revolução que derrubou a monarquia russa e um novo
governo acabou assinando uma paz em separado com os alemães, o Tratado de
Brest-Litovski.
A
saída da Rússia foi vista como uma traição por seus antigos aliados. Os Estados
Unidos declararam guerra à Alemanha após vários navios norte-americanos serem
torpedeados por submarinos alemães. Isso aconteceu porque os Alemanha havia
decidido torpedear todos os navios que fossem encontrados em águas inimigas,
mesmo que esses navios fossem de países neutros (navios brasileiros também
foram afundados) e os Estados Unidos eram os principais fornecedores de
matérias-primas para a Inglaterra.
Outro
país que entrou na guerra era o Japão. O objetivo do Japão era apoderar-se de
colônias alemãs no Oriente: Tsingtao, na China, e as Ilhas Carolinas, Marshall
e Marianas, localizadas no Oceano Pacífico.
Tensão
imperialista eclode na Primeira Guerra
Claudio B. Recco
O
início do século 20 na Europa não apresentou grandes mudanças, pelo menos do
ponto de vista estrutural. As disputas imperialistas, iniciadas nas últimas
décadas do século anterior, ainda davam a tônica da política das principais
nações e se tornavam mais agudas a cada momento.
A
segunda Revolução Industrial permitira que outros países questionassem a
supremacia britânica e alcançassem grande desenvolvimento. Mas a manutenção do
ritmo acelerado de crescimento foi condicionada à conquista de novos mercados,
ao mesmo tempo em que a formação de conglomerados empresariais acirrou a
disputa neocolonialista.
Os
interesses imperialistas nacionais foram responsáveis pelo armamentismo e por
conflitos localizados. Podemos perceber a lógica e as contradições do
imperialismo quando várias potências se unem para invadir a China e, ao mesmo
tempo, brigam entre si pelo domínio de outros territórios
"coloniais".
A
península Balcânica foi a região em que se expressaram os mais diversos
interesses: o sonho imperialista austríaco, fomentado pela Alemanha, o russo,
amparado pela Inglaterra, o sonho da "Grande Sérvia", assim como os
ideais nacionalistas de bósnios, croatas, macedônicos, albaneses, kosovares e
montenegrinos, que até pouco tempo estavam sob o domínio do turco.
As
tensões na Europa chegaram ao seu ponto máximo com a eclosão da Primeira Guerra
Mundial, em 1914, uma guerra imperialista entre as grandes potências e que
ainda envolveu países que pretendiam tornar-se grandes, adotando o mesmo modelo
imperialista - casos principalmente da Áustria e da Rússia, países atrasados
que, do ponto de vista do capitalismo, não podem ser considerados
imperialistas, mas que adotaram os mesmos padrões de desenvolvimento econômico
e as mesmas práticas expansionistas.
Esse
também foi o período de maior expansão dos Estados Unidos, apoiados
principalmente na política do "big stick", quando desenvolveram suas
ações principalmente na América Central e no Caribe e aproveitaram-se da
Primeira Guerra para consolidar sua estrutura industrial, ampliando as
exportações para a Europa e para os países americanos que até então dependiam
da Inglaterra.
Fontes:
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Plano Schlieffen
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