Redutcio ad Hitlerum é a técnica
de arruinar um debate acusando o oponente de ser um nazista. Leo Strauss, um
filósofo judeu, criou o termo em 1951, explicando-o em 1953:
"Na sequência deste movimento em direção ao seu fim nós inevitavelmente deveremos alcançar um ponto além do qual a cena é obscurecida pela sombra de Hitler. Infelizmente, isso não será feito sem dizer que, na nossa análise, é preciso evitar a falácia que nas últimas décadas tem sido frequentemente utilizada em substituição ao reductio ad absurdum: o reductio ad Hitlerum. Uma opinião não é refutada pelo fato de ocorrer que ela tenha sido compartilhada por Hitler."
A
pesquisa informativa “A Falácia ordena” dá um exemplo de reductio ad Hitlerum:
“As
ideias de ecologistas de espécies invasivas – espécies forasteiras como elas
são frequentemente chamadas – parecem semelhantes à retórica anti-imigração. Os
temas verdes como escassez e pureza e invasão e proteção têm ecos totalmente na
direita. As ideias de Hitler sobre ambientalismo vieram, acima de tudo, da
pureza.”
A
citação acima por uma “feminista radical”, Betsy Hartmann, é parte de um
lamento sobre o suposto “controle direitista” do movimento ecológico, cujos proponentes
têm, aparentemente, defendido restrições à imigração, que é semelhante ao
nazismo para aqueles que empregam compulsivamente o reductio ad Hitlerum em seu discurso intelectual. Como evidência
disso, Hartmann cita a edição do jornal acadêmico População e Meio-Ambiente pelo professor Kevin McDonald, junto com
o falecido J. Philip Rushton, que pertencia à diretoria editorial, ambos considerados
“racistas”.
“A
Falácia ordena” explica o reductio ad
Hitlerum:
“Leo
Strauss o chamou reductio ad Hitlerum.
Se Hitler gostava de arte neoclássica, isto significa que o classicismo é, em
toda forma, nazista; se Hitler queria fortalecer a família alemã, isto torna a
tradicional família (e seus defensores) nazista; se Hitler falava da ‘nação’ ou
do ‘povo’, então qualquer evocação de nacionalidade, afiliação étnica, ou mesmo
atributo popular é nazista.”
Por
exemplo, o lobby “pró-armamento” argumenta que Hitler – como ditador –
estabeleceu um confisco em massa de armas particulares no Terceiro Reich e,
portanto, os defensores do “controle de armas” estão adotando uma postura como
a de Hitler. Isto, como tudo mais que se passa como verdade nos meios
acadêmicos, é superficial, na melhor das hipóteses. Entretanto, esta é uma
indicação do quão o reductio ad Hitlerum
pode ser totalmente distorcido, de modo que é o lobby pró-armamento que pode
ser encarado como sendo mais hitlerista, pois como o comentarista liberal Chris
Miles mostrou, quando Hitler assumiu o poder, a quantidade de armas privadas
era aquela imposta pelo Tratado de Versalhes. Citando o professor Bernard
Harcourt da Universidade de Chicago, sobre o Ato de Armamento alemão de 1938,
que os anti-nazistas pró-armamento também citam como prova de que Hitler queria
desarmar a população, “As revisões de 1938 desregularam completamente a
aquisição e transferência de rifles e armas curtas, assim como munição.”
Restrições que foram mantidas somente envolviam armas de fogo portáteis, que
pessoas corretas poderiam portar se elas mostrassem uma boa razão para isso.
Miles continua:
“O
grupo de pessoas que eram privilegiadas com a aquisição do porte de armas expandiu-se.
Caçadores profissionais, servidores públicos e membros do Partido Nazista não
estavam mais sujeitos a restrições do porte de armas. Antes da lei de 1938,
somente funcionários do governo central, dos estados e empregados da Reichsbahn (Rodovia) alemã eram
privilegiados. As permissões aumentaram de um para três anos. Tanto no ato de
1928 quanto no de 1938, os fabricantes de armas e comerciantes eram obrigados a
manter registros com informações sobre os compradores e o número de série das
armas. Estes registros deveriam ser entregues à autoridade policial para
inspeção no final de cada ano.”
Foi
sob o regime da autoridade aliada de ocupação que os alemães foram
completamente desarmados entre 1945 e 1956.
Avanços Sociais no Terceiro Reich
Suprimidos
É
em relação a este ponto de vista que os “horrores do nazismo” têm sido usados
para esconder e suprimir os avanços do regime em um espectro de assuntos que
afetam o mundo contemporâneo. Por causa da visão dogmática de que tudo é
hitlerista, algumas descobertas e avanços importantes têm sido escondidos sob
uma pilha de corpos figurativa, que previne o mundo de uma análise acadêmica
racional de avanços em áreas como a saúde, ecologia e sistema financeiro, ou,
alternativamente, como mencionado, colocam alternativas sérias para os
problemas na defensiva ao compará-las com o nazismo.
É
notável que alguns avanços do Terceiro Reich foram tomados e desenvolvidos quando
serviram a interesses poderosos. O exemplo mais aparente está na área de
foguetes e outros armamentos avançados criados pelo Terceiro Reich, quando
havia uma luta entre a União Soviética e os EUA para sequestrar “cientistas
nazistas” após a guerra. Detalhes disso são incontestáveis, embora ainda
estejam obscuros:
A
Operação Clipe de Papel foi o nome sob o qual a inteligência americana e os
serviços militares levaram cientistas embora da Alemanha durante e após os
estágios finais da Segunda Guerra Mundial. O projeto era originalmente chamado
de Operação Overcast e é, algumas
vezes, conhecido como Projeto Paperclip.
De
interesse particular foram os cientistas especializados em aerodinâmica e
foguetearia (como aqueles envolvidos nos projetos da V-1 e da V-2), armas
químicas, tecnologia da propulsão a jato e medicina. Estes cientistas e suas
famílias foram secretamente levados aos Estados Unidos, sem a aprovação do
Departamento de Estado; seus serviços para o Terceiro Reich de Hitler, sua
associação com o Partido Nazista ou com a SS, assim como a classificação de
muitos como criminosos de guerra ou ameaças à segurança também os
desqualificavam para obter o visto de entrada. Um objetivo da operação era capturar
equipamento antes dos soviéticos. O Exército americano destruiu parte do
equipamento alemão para prevenir que fosse capturado pelo Exército Soviético
durante seu avanço.
A
maioria dos cientistas, cerca de 500, foi deslocada para o Campo de Testes de White
Sands, Novo México, Forte Bliss, Texas e Huntsville, Alabama, para trabalhar em
mísseis guiados e tecnologia de mísseis balísticos. Isto, por sua vez, resultou
na criação da NASA e do programa de ICBMs americano.
Muito
da informação sobre a Operação Clipe de Papel ainda é secreta.
Muito
mais que o Paperclip foi o esforço para capturar os segredos nucleares alemães,
equipamentos e pessoal (Operação Alsos). Outro projeto americano (TICOM) reuniu
os especialistas alemães em criptografia.
O
Departamento de Minas dos EUA empregou sete cientistas alemães especialistas em
combustível sintético em uma planta da Fischer-Tropsch em Louisiana, Missouri,
em 1946.
Supressão da Pesquisa contra o Câncer
A
Alemanha hitlerista foi pioneira em muitos programas de saúde pública e
bem-estar e no estudo da prevenção de doenças, a relação entre o cigarro e o
câncer, etc. De fato, o regime estava décadas adiante em relação aos atuais
estados democráticos, os quais orgulham-se de serem “progressistas”.
A
mãe de Adolf Hitler morreu de câncer*. Com os lucros do livro “Minha Luta” (Mein Kampf), ele doou 100.000 marcos
para a pesquisa de câncer que ele mesmo encomendou à Universidade de Jena. A
campanha anti-tabagismo na Alemanha nazista foi a pioneira no mundo. Graças a ela:
* O
fumo foi proibido nos escritórios da Força Aérea e do Serviço Postal;
* O
fumo foi banido dos departamentos de polícia;
* Os
restaurantes e cafés foram proibidos de vender cigarros a mulheres;
* Cupons
de cigarro foram proibidos a mulheres grávidas;
* O
fumo entre menores de 18 anos foi tornado ilegal; e
* Propagandas
de cigarros foram severamente controladas.
Campanha antitabagista na Alemanha nazista
A
supressão da pesquisa de saúde alemã é uma das grandes tragédias do modo como o
reductio ad Hitlerum impactou em
muitas vidas. Com tal mentalidade, Peter Dunne, o único membro do Parlamento
neozelandês do Partido do Futuro Unido, descreveu os lobistas para as
restrições ao cigarro em 2003 como “nazistas da saúde.” Uma notícia detalhou o
caso:
O líder da Coalizão Livre do Cigarro está
questionando o quão o Futuro Unido é amigo da família. O líder do partido Peter
Dunne atacou os simpatizantes do Livre do Cigarro como “nazistas da saúde” e
fanáticos de olho gordo. Leigh Sturgiss diz que tal linguagem é inapropriada e
horrorosa. Ela diz que os proponentes do controle do cigarro querem SALVAR
vidas, e não destruí-las. Ela diz que Peter Dunne tem um histórico de votar
contra o controle do tabagismo, que é uma contradição aos valores de seu
próprio partido.
É
notável que entre aqueles que foram selecionados pelos EUA na Operação Clipe de
Papel estivesse o pesquisador de câncer, Dr. Kurt Blome, vice-líder da Saúde do
Reich (Reichsgesundheitsführer) e Plenipotenciário para Pesquisa
contra o Câncer no Conselho de Pesquisa do Reich. O Dr. Blome foi capturado e
conduzido aos EUA, segundo um documento que descrevia sua relevância:
Em 1943, Blome estava estudando guerra
bacteriológica, apesar de que oficialmente ele estivesse envolvido em pesquisas
contra o câncer, a qual era, contudo, somente uma camuflagem. Blome também
serviu como vice-ministro do Reich. Gostariam de enviar isso aos
investigadores?
Notemos
que o interesse no Dr. Blome não foi motivado por sua pesquisa contra o câncer
mas como desenvolvedor de armas biológicas. Além disso, o relatório americano
se refere à pesquisa do câncer somente incidentalmente como uma cobertura para
a pesquisa nazista em guerra bacteriológica. A implicação deste relatório é que
a pesquisa sobre o câncer no Reich de fato não existia; era uma farsa para
esconder experimentos médicos abomináveis com o objetivo de desenvolver armas
biológicas.
O
Dr. Blome, como diz o relatório, foi salvo da masmorra, tendo sido acusado
pelos americanos de experimentar vacinas nos prisioneiros do campo de
concentração de Dachau, e em 1951, ele foi contratado pelo Corpo Químico do
Exército Americano para trabalhar na guerra química.
O
que isto indica é que foram os EUA que tiveram o interesse particular nas
descobertas alemãs da guerra química e não tiveram nenhum interesse nas
descobertas alemãs em relação ao câncer, dando a impressão que não havia
nenhuma pesquisa sobre este assunto na Alemanha. Tais controvérsias servem para
esconder os avanços sob o Nacional Socialismo. A erudição precisa de
objetividade e isto não é possível enquanto os estudos sobre o Terceiro Reich
estiverem sendo feitos a priori segundo um absolutismo moral do tipo dualidade
zoroastriana, que necessariamente rotula qualquer coisa e tudo a ver com o
Terceiro Reich como sendo inerentemente má, inclusive a pesquisa sobre câncer,
ecologia, Autobahns (autopistas) e
reforma bancária.
Assim,
o que o professor Robert N. Proctor relata em seu livro, “A Guerra Nazista
contra o Câncer”, somente pode ser analisada através das lentes distorcidas da
propaganda de guerra, isto é, de que tal medicina social pioneira foi realizada
com más intenções. O mesmo pode ser dito a respeito dos trabalhos públicos no
programa Autobahn, de modo que seu objetivo era permitir uma rede de estradas
capazes de mobilizar militarmente de forma rápida a Alemanha. Ocasionalmente, a
verdade emerge de forma incidental dos próprios estudos ortodoxos: por exemplo,
o Dr. Frederic Spotts, em seu livro “Hitler e o Poder da Estética”, escreve que
as Autobahans eram admiradas no mundo inteiro como um “avanço inovador, bem
sucedido e brilhante.”
Suas rodovias divididas, de extensão generosa,
engenharia soberba, sensibilidade ambiental, harmonia com o interior do país,
paisagens maravilhosas, entradas e saídas em trevo, viadutos e trincheiras
uniformes, estações de serviço modernas, instalações de restaurantes e hotéis
eram os mais avançados em relação a qualquer outro lugar e se apresentavam como
um modelo para o mundo.
Enquanto
a Autobahn é convencionalmente retratada como um exemplo da preparação militar
da Alemanha, o Dr. Spotts teve a coragem de mostrá-la de outra maneira: “O que
não é popularmente apreciado é que Hitler considerava estas autopistas acima de
tudo como monumentos estéticos.” Pela primeira vez, as estradas não eram
construídas sob o ponto de vista utilitário, mas sim trabalhos de arte
duradouros, comparáveis às pirâmides.” O Dr. Spotts continua:
As Autobahns foram, portanto, criadas não somente
para facilitar as idas e vindas de automóveis, mas também para mostrar a beleza
natural e arquitetônica do país. As rotas eram escolhidas para atravessar áreas
atraentes sem perturbar a harmonia das montanhas, vales e fazer com que a
própria rodovia desse voltas, apesar dos custos adicionais, para oferecer uma
visão particularmente impressionante. Grande esforço foi feito na construção de
modo a minimizar o dano ao meio ambiente.
O
modo como o Dr. Spotts se afasta de seu relato positivo dos avanços ecológicos
e técnicos do Reich é revelado ao descrever a estética de Hitler como apenas
“outro exemplo de autoindulgência megalomaníaca.” Assim, mesmo com este avanço
notável, como tantos outros no Terceiro Reich, devemos ser lembrados que tudo
no final repousa na maldade difundida de um único homem. Sendo assim,
independentemente dos motivos de Hitler, tal reducionismo previne uma
consideração racional e objetiva de tais avanços. Tivesse o Dr. Spotts descrito
os avanços da construção de estradas nos EUA e na Inglaterra durante os anos
1930, por exemplo, o leitor ficaria com a impressão duradoura de um governo que
havia alcançado muito das necessidades atuais. Entretanto, desde que um avanço
notável foi feito por Hitler, ele é reduzido, mesmo pelo Dr. Spotts, a outro
exemplo de megalomania de uma única pessoa má. Mas o Dr. Spotts detona um dos
grandes mitos daquela era, qual seja, de que a Autobahn foi primariamente
criada com objetivos militares. Falando sobre Todt, chefe do projeto, Spotts
afirma que enquanto os argumentos de Todt para a Autobahn incluíam objetivos
militares, “Hitler jamais se sensibilizou com essa noção. De fato, as rotas não
percorriam linhas de frente, as superfícies eram muito finas para suportar
tanques e por aí vai. Longe de serem úteis à Wehrmacht, as estradas, com a suas
superfícies brancas brilhantes, provaram ser úteis às aeronaves inimigas ao fornecer
pontos de orientação, de modo que elas tiveram que ser cobertas de tinta.”
Hitler começa os trabalhos da primeira autopista da Áustria em 7 de abril de 1938
Assim,
enquanto a Autobahn, sendo um triunfo da ecologia e da engenharia, pode ser
relegada ao reino da megalomania, a lição explicada pelo livro do Dr. Proctor
sobre a pesquisa contra o câncer e outras pesquisas médicas no Terceiro Reich
é, de acordo com o crítico do The
Washington Post, “um conceito próximo do perturbador – a “banalidade do
bem.”
A
pesquisa do Terceiro Reich ligando o tabagismo com o câncer torna-se, portanto,
banal, estúpido, trivial e outras palavras associadas com “banalidade”.
Tivessem os EUA interessados em tais pesquisas, tanto quanto estavam
interessados nos armamentos alemães, muitos milhões de pessoas teriam
agradecido por tal pesquisa, independentemente do regime sob o qual ela foi
conduzida. Entretanto, quando o público em geral ouve a respeito das pesquisas
médicas alemãs é sobre os alegados abusos em prisioneiros e “racialmente
inferiores”, conduzidas por indivíduos como o Dr. Joseph Mengele, que é
descrito realizando alguns experimentos médicos abomináveis, apesar de ser um
grande geneticista.
O
que esta “banalidade do bem” – nas palavras do critico do Washington Post sobre o livro de Proctor – incluía era um esforço
persistente para estabelecer uma população sadia. Naturalmente, os motivos para
isto seriam criar uma “Raça Mestre” para conquistar o mundo, mas independente
dos motivos, os resultados poderiam ter beneficiado a humanidade se não
tivessem sido suprimidos em virtude de sua associação com o Terceiro Reich.
Proctor
afirma que mais de mil dissertações de doutorados na área médica examinaram o
câncer durante os doze anos do domínio nacional socialista. Pela primeira vez,
registros da doença foram feitos, medidas de saúde pública preventiva foram
tomadas, havia leis contra adulteração de alimentos e medicamentos, proibição
do fumo e campanhas alertando contra o uso de cosméticos com componentes cancerígenos.
Proctor faz a pergunta se estas e outras medidas de saúde pública resultaram na
baixa incidência de câncer entre os alemães durante os anos 1950. Isto coloca
um dilema moral porque significa que “um dos regimes mais assassinos na
história” poderia ter sido bem sucedido em reduzir as taxas de câncer. Outras
campanhas, que somente em anos recentes foram feitas nos países ocidentais, alertaram
as mulheres sobre a necessidade de realizar exames de câncer anuais ou
bianuais, e as mulheres foram instruídas a fazer o exame do seio, de modo que a
Alemanha foi aparentemente o primeiro país a adotar essa postura. Os efeitos da
poluição e do amianto foram estudados com grande ênfase. Proctor diz que a
Alemanha tornou-se o líder em documentar “a conexão entre o câncer de pulmão e
o amianto” como doença ocupacional. Advogados americanos trabalhistas se basearam
nessas pesquisas para defender suas causas.
"Mães evitam álcool e nicotina", diz o cartaz
Com
a derrota da Alemanha, Karl Astel, chefe do Instituto de Pesquisa dos Males do
Tabaco, que promoveu a proibição do fumo em locais públicos – algo realizado na
Nova Zelândia há poucos anos atrás – cometeu suicídio. O Líder de Saúde do
Reich, Leonardo Conti, enforcou-se com sua calça enquanto estava sob detenção
dos Aliados. O presidente do Departamento de Saúde do Reich, Hans Reiter,
serviu muitos anos na prisão, após o que ele trabalhou em uma clínica
particular, mas nunca mais voltou à vida pública. Fritz Sauckel, responsável
pelo trabalho de mão de obra estrangeira, e responsável pela legislação antitabaco
de Astel, foi executado em 1946. Proctor comenta: “Não é de se surpreender que muito
da motivação do movimento antifumo da Alemanha foi retirada.” Mesmo assim,
outros cientistas foram levados pelos EUA a trabalhar em projetos militares
durante a Guerra Fria.
Mesmo
hoje, o movimento antifumo alemão não superou o ativismo e a seriedade dos anos
de auge entre 1939 e 1941. A pesquisa de saúde sobre o tabaco está muda, e não
é difícil de imaginar que as memórias do ativismo daquela geração mais velha
ajudaram a perpetuar o silêncio. A memória popular da abstinência nazista ao
cigarro pode bem ter destruído o movimento antifumo alemão do pós-guerra.
Parece ter moldado como lembramos a história da ciência envolvida: o mito de
que cientistas americanos e ingleses foram os primeiros a mostrar as causas
tabagistas do câncer de pulmão, muito conveniente – tanto para os estudiosos
dos países vencedores quanto para os alemães tentando esquecer seu passado
recente.
Proctor
também se agarra ao método do reductio ad
Hitlerum ao suprimir as iniciativas antitabagistas, um exemplo disto sendo
os comentários de Peter Dunne na Nova Zelândia. Proctor diz: “Os defensores do
tabagismo começaram a agir de acordo com os nazistas,” falando de “niconazistas”
e “fascismo tabagista”. Proctor se refere à Philip Morris da Europa publicando
propaganda ofensiva nas revistas, a qual identifica fumantes como os judeus
presos nos guetos e os não-fumantes como nazistas.
Estranhamente,
Proctor rejeita a ideia de que se a pesquisa médica nazista não tivesse sido
suprimida vidas teriam sido salvas. Ele diz que os Aliados tiveram muito
interesse na pesquisa científica nazista, mas procede com o foco rapidamente na
tecnologia militar. Onde os pesquisadores médicos nazistas sequestrados após a
guerra foram empregados para ajudar nas causas do câncer, os efeitos do
amianto, os benefícios de uma dieta saudável? Como descrito previamente, eles
estavam mortos, na prisão ou relegados à obscuridade, enquanto os cientistas
aeroespaciais estavam trabalhando diligentemente nos mísseis da Guerra Fria,
antes de serem denunciados após ficarem velhos.
A Oposição à Usura era intrinsecamente
Nazista?
O
reductio ad Hitlerum está sendo usado
para suprimir e cobrir outra questão importante: aquela das alternativas ao
sistema de dívida bancária. Pouco é compreendido sobre o sistema das finanças
dos regimes fascistas, e é geralmente dito que a Alemanha em particular
alcançou a recuperação econômica pelo gasto com armamentos. Mesmo se aceitarmos
essa ideia, ela explica pouco.
Uma
diferença significativa entre aquela época e os tempos atuais é que, após a
Primeira Guerra Mundial, muitas pessoas compreenderam a necessidade de mudar o
sistema bancário e grandes movimentos reformistas como o Crédito Social em Alberta
e o Partido Trabalhista na Nova Zelândia chegaram ao poder por sua plataforma
pela reforma bancária. Pelo fato dos três principais países do Eixo também
emitirem crédito estatal, controlarem o sistema bancário e conduzirem suas
nações à prosperidade, esta importante questão também foi submetida ao reductio as Hitlerum.
Uma
vítima importante desta tática foi Stephen M. Goodson, um economista sul-africano
que trabalhou muitos anos (2003 – 2012) como diretor do Banco Central
Sul-Africano. Goodson é também um ardoroso defensor da reforma bancária e
fundador do Partido pela Abolição da Usura e Taxa de Juros. Pior ainda, ele não
se inibiu ao descrever os sistemas bancários do Japão e Alemanha nos anos 1930
como exemplos de grandes estados que alcançaram o sucesso ao romper com a
agiotagem bancária. (N. do T.: Goodson também deu declarações públicas
contestando o Holocausto). Goodson foi rotulado de “negador do Holocausto”, mas
foi sua declaração sobre os sistemas bancários do Eixo que causaram sua
demissão.
O economista chinês, executivo do Grupo de Investimentos Liu localizado em Nova York, Henry C. K. Liu, que escreveu exaustivamente sobre as políticas econômicas do Terceiro Reich, foi poupado até agora da associação com os supremacistas brancos, e é ainda capaz de escrever colunas para o The Huffington Post e o Asia Times, etc. Liu escreveu um artigo detalhado sobre a política bancária do Terceiro Reich dizendo:
De fato, a recuperação econômica alemã precedeu e
mais tarde permitiu o rearmamento alemão, ao contrário da economia americana,
onde os obstáculos constitucionais criados pela Corte Suprema em relação ao New
Deal atrasaram a recuperação econômica até que a entrada dos EUA na Segunda
Guerra Mundial colocou a economia de mercado em passos largos. Enquanto esta
observação não é uma apologia à filosofia nazista, a eficácia da política econômica
alemã neste período, parte da qual foi iniciada na última fase da República de
Weimar, é inegável.
Notem
que Liu repudia qualquer noção de que o sucesso “inegável” da política
econômica do Reich é “uma apologia à filosofia nazista”, e que ele dispensa o clichê
da recuperação econômica da Alemanha como sendo resultante do rearmamento. Liu
descreve os Títulos de Criação de Trabalho (WCB, sigla em ingês) emitidos pelo
Reich, comentando: “Mas o princípio dos WCBs pode ser aplicado aos EUA ou à
China ou qualquer outro país atualmente para combater os altos níveis de desemprego.
Aliás, esta ideia de bom senso recebe forte oposição de teorias obscuras de
inflação na maioria dos países.”
Conclusão
O
reductio ad Hitlerum é uma cria da
confusão semântica que tem sido usada pelas forças convencionalmente chamadas
de Esquerda, Direita e Centro. A metodologia tem sido usada para rotular os
proponentes da saúde pública como “nazistas da saúde” e “niconazistas”. Os
ecologistas têm sido chamados de “econazistas”. Um blog da internet chamado de “A
Ralé Climática” “prova” que a ecologia é “nazista” ao mostrar vistas aéreas de
uma floresta plantada durante o Terceiro Reich, na qual certas árvores foram
plantadas de modo a formar uma suástica. O discurso “rios de sangue” de Enoch
Powell em 1968 sobre a imigração da Nova Comunidade Britânica na Grã-Bretanha
foi condenado por causa de alusões a Auschwitz, e o espectro do neonazismo
ainda é evocado quando alguém questiona a imigração do Terceiro Mundo. O líder
do Partido Trabalhista Tony Benn disse sobre o discurso de Powell: “A bandeira
do racialismo que foi hasteada em Wolverhampton está começando a parecer com
aquela que tremulava 25 anos atrás em Dachau e Belsen,” e assim permanece...
Agora,
no meio de uma crise de dívida global, onde há uma luz – ainda assim pouco
visível – de ressurgimento de ações alternativas à usura e à dívida, o reductio
ad Hitlerum é lançado contra os defensores da reforma bancária. O método é uma
perversidade social que ofusca soluções para os desafios atuais, ao negar a
legitimidade de políticas que foram testadas e aprovadas.
*
Nota: ver tópico “O Judeu Favorito
de Hitler”
Nenhum comentário:
Postar um comentário