O gigante está
trancado em uma sala grande como ele mesmo, um prédio inteiro para acomodar com
folga o corpo de 35 metros. O modelo em escala real do novo jato da Embraer, o
cargueiro militar KC-390, criado para cumprir várias missões, fica isolado na
reservada unidade de Eugênio de Melo, a 20 quilômetros da sede da empresa em
São José dos Campos. O jato em modelagem ainda está sem as asas - seriam
necessários outros 35 metros.
Do mesmo local, há
pouco menos de 40 anos, o Brasil influenciou guerras travadas no Oriente Médio
e no norte da África, armou Exércitos latinos e equipou ex-colônias
portuguesas, Em certa época, o complexo de Eugênio de Melo abrigou a extinta
Engesa - de onde saíram os blindados batizados com nomes de serpentes
brasileiras, Urutu e Cascavel.
O tempo é outro e
a influência está regida pelo mercado. O KC-390 é uma iniciativa focada na
ampla demanda internacional detectada pela Embraer - cerca de 700 aeronaves
desse tipo serão negociadas em dez anos por US$ 50 bilhões. "Acreditamos
que poderemos entrar na disputa por alguma coisa como 15% desse total, na faixa
de 105 unidades", diz o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz
Carlos Aguiar.
Incluído no
Programa de Aceleração do Crescimento - o PAC da presidente Dilma Rousseff , o
cargueiro e reabastecedor vai custar R$ 4,9 bilhões até a fase de construção
dos 2 protótipos de desenvolvimento. A propriedade intelectual é da FAB. A
etapa de encomendas pode chegar a mais R$ 3 bilhões ao longo de 12 anos, estima
o Ministério da Defesa.
O programa já
acumula 60 cartas de intenção de compra emitidas por seis diferentes governos:
Brasil (28 jatos), Colômbia (12), Chile (6), Argentina (6), Portugal (6) e
República Checa (2). "Penso que, mais uma vez, chegamos na hora certa em
um segmento restrito, não atendido pelas ações tradicionais", diz Aguiar.
De fato, o nicho
está virtualmente vago. O principal concorrente é nobre: o poderoso Hércules
C-130J, o mais recente arranjo da Lockheed-Martin, para o seu quadrimotor
tur-boélice. A primeira versão voou faz 60 anos. Até 2010, haviam sido
entregues 2.500 deles para 70 clientes.
O KC-390 leva
vantagem em quase tudo, a começar pelo fato de estar saindo agora das telas dos
engenheiros de projeto. Mais que isso, transporta 23 toneladas contra os 20 mil
quilos do C-130. Voa a 860 km/hora, mais alto, a 10,5 mil metros, e a um custo
significativamente menor.
A concorrência de
outras fontes é rarefeita e não se encaixa exatamente no mesmo viés, como é o
caso do japonês Kawasaki C-2, em teste desde 2010, ou do europeu A-400M. Os
dois são maiores e têm valor de aquisição elevado, de US$ 120 milhões a US$ 180
milhões. O modelo da Embraer fica na faixa pouco superior a US$ 80 milhões. E
carrega tecnologia embarcada de última geração.
Os motores, por
exemplo, permitem a operação nas pistas não pavimentadas e sem acabamento. As
turbinas V-2500 da americana International Aero Engines não estão sujeitas à
sucção de detritos. Todo o projeto utiliza conceitos
avançados.
Na
Embraer, o grupo de profissionais que trabalha no desenvolvimento do cargueiro
e avião-tanque para reabastecimento em voo, é conhecido como "o pessoal do
KC".
Jovens quase
todos, como o engenheiro Rodrigo Salgado, de 34 anos. Formado na escola de
Itajubá, sul de Minas, trabalha na empresa há 11 anos. No programa, cuida dos
aviônicos e da integração dos sistemas. Considera a possibilidade de conviver
com o produto ainda por muito tempo, decorrência "do desenvolvimento
contínuo e da atualização das funções".
De olho na
impressionante cabine, repleta de telas digitais, terminais móveis e painéis de
instrumentos que dão ao módulo ares de ônibus espacial, um piloto de ensaios da
Força Aérea torcia para estar na equipe dos testes, previstos para o primeiro
semestre de 2015. Combatente, "com mais de 2 mil horas de voo" em
supersônicos, e contemplado com um curso de especialização de custo estimado em
US$ 1,2 milhão, o oficial avalia o advento do KC-390 na Aeronáutica "pelo
valor estratégico a aviação militar do País será capaz de se manter no ar, em
quaisquer condições, com aeronaves de abastecimento, de ataque, transporte e
inteligência, todas de projeto e fabricação próprios".
O gigante da
Embraer é parte de um acordo de cooperação entre a EDS e a Boeing. A composição
abrange o compartilhamento de conhecimento tecnológico e avaliação conjunta de
mercados. É um bom modelo. A Boeing produz transportadores de carga e
reabaste-cedores em voo hánão menos de 45 anos. AEmbraer é inovadora e
imbatível em redução de custos. Conforme Luiz Aguiar, a análise dos mercados
potenciais incluirá clientes que não haviam sido considerados nas projeções
iniciais para o KC-390. É uma forma cuidadosa de dizer que os alvos passam a
incluir países como a Itália e, talvez, mesmo os Estados Unidos.
Entrevista: Paulo
Gastão Silva, diretor do Programa KC-390
"HÁ MERCADO
EM TODA PARTE"
O diretor do
Programa KC-390 trabalha na Em-braer há 13 anos - e desde 2005, depois de um
longo período na área de inteligência de mercado, atua na definição dos conceitos
que levaram ao maior avião produzido pela empresa. Paulo Gastão é engenheiro
formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), turma de 1976.
Como nasceu o programa KC-390?
No começo, aí por
2005, a ideia era outra, era a de usar partes do modelo civil 190, integradas a
uma nova fuselagem com rampa traseira, e um ou outro ajuste. Era muito menor e
mais leve. Ele foi revelado como C-390, apenas cargueiro, em 2007. Ao longo de
2008, a FAB, que já tinha entrado na história, revelou parâmetros do que seria
o avião que serviria à Força. Redefinimos do zero. Trabalhamos em um avião
completamente novo. O contrato foi assinado em abril de 2009. Assim foi a
gênese.
Houve dificuldades, claro.
Ah, sim. Cada fase
tem algo difícil. A primeira foi convencer as pessoas que vinham da outra
ideia, a migrar para o novo avião. Depois tem o momento em que se diz
"Será que vai dar certo? Nunca fizemos nada desse tamanho..Foi a etapa do
ganho de credibilidade. Hoje, temos 1.500 pessoas trabalhando no KC-390.
Em relação ao mercado mundial, em que regiões 0 KC pode prosperar?
É um mercado muito
espalhado, tem potencial em toda parte, não depende de poucos e grandes
clientes. Nosso estudo de mercado endereçado indica demanda por 700 aeronaves
em 80 países (menos Estados Unidos, Rússia e China) em 10,15 anos. A gente quer
disputar pelo menos 15% disso.
Quais são os concorrentes do 390?
Há um projeto
conjunto da índia e da Rússia, mas em fase preliminar. Os chineses falam do
Y-9, um turboélice. Ainda indefinido. O japonês Kawasaki está focado na
necessidade interna. Tem quem pergunte sobre o A-400M, da Airbus. É uma outra
classe de carga, alcance maior, preço bem maior. Sobra o C-130J. Não é pouco. A
Embraer encara todo concorrente com muito respeito.
Haverá uma versão de ataque ao solo como o Hércules Spectre/Stinger II,
armados com canhões, mísseis, foguetes e bombas?
Não está no
portfolio e depende de haver um cliente que eventual; mente queira essa versão.
Acho difícil.
O avião sairá da fábrica de Gavião Peixoto, a 300 km de São Paulo. Que
tamanho terá o hangar de produção?
O pavilhão maior,
da montagem final, é imenso, tem 13 mil metros quadrados com pé direito de 22
metros, cerca de sete andares de altura. altura. O vão livre para movimentar o
avião tem de ter 18 metros. Fica pronto nas próximas semanas. O módulo por onde
passará o KC-390 é um hangar de 40 por 60 metros.
KC-390 Programa Avança e o 1º Voo em 2014
Defesanet, 11 de
Abril, 2014
A EMBRAER Defesa e Segurança
aproveitou a XVIII Feria
Internacional del Aire y del Espacio” ( FIDAE 2014), 25 a 30 Mar 14
para apresentar sua estrutura e empresas coligadas. Também a estreia publica de
Jackson Schneider, como presidente da EMBRAER
Defesa e Segurança (EDS).
Programou duas entrevistas coletivas, e as realizou, o que não ocorreu em edições anteriores da FIDAE.. A principal foi uma atualização sobre o Programa KC-390. Foi a primeira desde a entrevista coletiva, que ocorreu na LAAD 2013, em abril daquele, quase um ano antes. Já que, em Le Bourget 2013, não houve uma apresentação sobre o Programa KC-390
Jackson Schneider , que junto com o VP do Programa KC 390 Paulo Gastão recepcionaram a imprensa internacional. Conduziu as atividades o Assessor de Imprensa da EDS, o jornalista Valtécio Alencar..
Paulo Gastão foi incisivo e claro, ao apresentar o cronograma do Projeto KC-390, que mostra, com satisfação, está sendo cumprido.
Para representar o avanço da construção do protótipo para ter o voo inaugural no quarto trimestre deste ano, foram apresentados slides de peças estruturais usinadas, algumas com 12 a 16 metros. As peças usinadas estão sendo produzidas na OGMA, em Portugal.
E a construção das instalações onde serão montados os KC-390, em Gavião Peixoto (GPX).
Programou duas entrevistas coletivas, e as realizou, o que não ocorreu em edições anteriores da FIDAE.. A principal foi uma atualização sobre o Programa KC-390. Foi a primeira desde a entrevista coletiva, que ocorreu na LAAD 2013, em abril daquele, quase um ano antes. Já que, em Le Bourget 2013, não houve uma apresentação sobre o Programa KC-390
Jackson Schneider , que junto com o VP do Programa KC 390 Paulo Gastão recepcionaram a imprensa internacional. Conduziu as atividades o Assessor de Imprensa da EDS, o jornalista Valtécio Alencar..
Paulo Gastão foi incisivo e claro, ao apresentar o cronograma do Projeto KC-390, que mostra, com satisfação, está sendo cumprido.
Para representar o avanço da construção do protótipo para ter o voo inaugural no quarto trimestre deste ano, foram apresentados slides de peças estruturais usinadas, algumas com 12 a 16 metros. As peças usinadas estão sendo produzidas na OGMA, em Portugal.
E a construção das instalações onde serão montados os KC-390, em Gavião Peixoto (GPX).
Esta oportunidade perguntado se a decisão do Programa F-X2, tinha afetado os dois acordos que a EDS e a Boeing formalizaram referente ao KC-390:
1 – Acordo de cooperação comercial, e,
2 – Cooperação Técnica .
Jackson Schneider foi enfático em afirmar, que a parceria firmada coma Boeing é para um período de 40 anos e não serão decisões outras, que afetarão este relacionamento. Ao que o editor de DefesaNet complementou que séria “eterno durante este período”.
Atualmente a EDS e a FAB, através da COPAC, estão negociando o contrato de aquisição das 28 aeronaves KC-390, que deverá ser assinado ainda no primeiro semestre deste ano.
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