Em sua defesa no Kremlin da anexação da Criméia pela Rússia, Vladimir Putin, mesmo antes de começar a listar as batalhas onde sangue russo foi derramado em solo da Criméia, falou de uma conexão mais antiga e profunda.
A
Criméia, disse Putin, “é o local dos antigos khersons, onde o príncipe Vladimir
foi batizado. Sua opção espiritual de adotar a Ortodoxia predeterminou toda a
base cultural, civilizatória e de valores humanos que uniram os povos da
Rússia, Ucrânia e Belorússia.”
A
Rússia é um país cristão, estava dizendo Putin.
Este
discurso lembra o último discurso em dezembro onde o antigo chefe da KGB falou
da Rússia como uma resistência ao decadente Ocidente.
“Muitos
países euro-atlânticos se afastaram de suas raízes, incluindo os valores cristãos.
As políticas estão sendo feitas colocando a família tradicional e a união
homossexual no mesmo nível, uma fé em Deus e uma crença em Satã. Este é o
caminho para a decadência.”
Alguém
ouviu algum líder ocidental, por exemplo, Barack Obama, falar desta forma
ultimamente?
Culpando
os “bolchevistas”, que cederam a Criméia à Ucrânia, Putin declarou, “Deus os
julgará.”
Afinal,
o que está acontecendo?
Com
o Marxismo-Leninismo morto, Putin está dizendo que a nova batalha ideológica é
entre um Ocidente em decadência liderado pelos EUA e um mundo tradicionalista
que a Rússia estaria orgulhosa de liderar.
Na
nova guerra de crenças, Putin está dizendo que Deus está do lado da Rússia. O
Ocidente é Gomorra.
Os
líderes ocidentais, que comparam a anexação da Criméia por Putin ao Anschluss de Hitler com a Áustria, que o
consideram um assassino da KGB, que o chamam de “ladrão, mentiroso e assassino
que governa a Rússia,” como o Wall Street Journal fez, acreditam que a
afirmação de Putin em estar num terreno moral mais elevado é além de blasfemo.
Mas
Vladimir Putin sabe exatamente o que está fazendo, e sua nova reivindicação tem
uma linhagem venerável. O ex-comunista Whittaker Chambers, que denunciou Alger
Hiss como espião soviético, estava, na época de sua morte em 1964, escrevendo
um livro sobre “A Terceira Roma”.
A
primeira Roma foi a Cidade Santa e o berço da Cristandade que caiu diante de
Odoacer e seus bárbaros em 476. A segunda Roma foi Constantinopla, Bizâncio
(hoje Istambul), que caiu diante dos turcos em 1453. A cidade sucessora de
Bizâncio, a Terceira Roma, a última Roma para os crentes antigos, era Moscou.
Putin
está dizendo que Moscou é a atual Cidade Sagrada e posto de comando da
contra-reforma contra o novo paganismo.
Putin
está se conectando a algumas nas correntes mais poderosas do mundo moderno.
Não
somente em seu desafio do que o mundo vê como uma manobra arrogante da América
para a hegemonia global. Não somente em sua defesa tribal dos russos perdidos
deixados para trás quando a URSS desintegrou.
Ele
também está aderindo à rebelião e resistência mundiais ao crescimento de uma
revolução social e hedonista secular que está engolindo o Ocidente.
Na
guerra cultural pelo futuro da humanidade, Putin está plantando firmemente a
bandeira da Rússia ao lado da Cristandade tradicional. Seus discursos recentes
fazem eco ao Papa João Paulo II, cuja encíclica Evangelium Vitae em 1995 acusou o Ocidente de abraçar uma “cultura
da morte.”
O
que o Papa João Paulo quis dizer com crimes morais?
A
capitulação do Ocidente à revolução sexual do divórcio fácil, da promiscuidade
alarmante, pornografia, homossexualismo, feminismo, aborto, casamento gay,
eutanásia, suicídio assistido – a substituição dos valores cristãos pelos
valores de Hollywood.
A
colunista Anne Applebaum escreve que ela ficou impressionada em Tbilisi ao
escutar de um advogado da Georgia declarar a respeito do antigo regime pró-ocidente
de Mikhail
Saakashvili, “Eles eram do LGTB.”
“Foi um
momento de reflexão,” escreveu Applebaum. O medo e a repulsa pela pandemia de
casamento gay tornaram-se globais. Em Paris, um milhão de franceses marcharam
em um protesto raivoso.
O autor
Masha Gessen, que escreveu um livro sobre Putin, diz de seus últimos dois anos,
“A Rússia está se auto-designando como líder de um mundo antiocidental.”
Mas
a guerra a ser travada contra o Ocidente não com o uso de foguetes. É uma
guerra cultural, social, moral onde o papel da Rússia, nas palavras de Putin, é
“prevenir as idas e vindas em direção de uma escuridão caótica e um retorno ao
estado primitivo.”
Seria
a “escuridão caótica” e o “estado primitivo” da humanidade antes que a Luz
viesse ao mundo?
Este
autor ficou perplexo ao ler no jornal bimestral de janeiro-fevereiro do Conselho Mundial das Famílias em
Rockford, Illinóis, que dos “dez melhores acontecimentos” no mundo em 2013, o
número um era “Rússia emerge como líder pró-família.”
Em
2013, o Kremlin impôs o banimento da propaganda homossexual, uma proibição da
propaganda de aborto, a criminalização do aborto após 12 semanas e a
criminalização contra insultos sacrílegos contra crentes religiosos.
“Enquanto
as outras superpotências marcham em direção do paganismo,” escreve Allan Carlson
do CMF, “a Rússia está defendendo os valores judaico-cristãos. Durante a era
soviética, os comunistas ocidentais corriam para Moscou. Este ano, o Congresso
Mundial das Famílias VII será realizado em Moscou, 10 a 12 de setembro.” Vladimir
Putin dará o tom no encontro?
Na
nova Guerra Fria ideológica, de que lado ficará Deus?
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Um comentário:
Essa foi boa. Os comunistas sempre foram associados com ateismo, anarquia. Teve uma epoca q ate tinha gays entre soldados russos.
Agora vem esse Puttin pagar de cristao "exemplar". Mistura cristianismo + comunismo.
Isso prova q ateismo nao tem haver com comunismo.
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