De
acordo com pesquisa conduzida por Andrew Knapp, professor de história na
Universidade de Reading na Grã-Bretanha, as missões aéreas britânicas,
americanas e canadenses resultaram em 57.000 baixas civis francesas na Segunda
Guerra Mundial.
“Este
é um número um pouco abaixo, mas comparável aos 60.500 britânicos mortos como
resultado do bombardeio da Luftwaffe no mesmo período,” diz Knapp que é coautor
de Blitzes Esquecidas e um livro recentemente publicado na França chamado Os Franceses sob o Bombardeio Aliado (Les francais sous les bombes alliees 1940-1945).
“Também
é verdade que a França levou sete vezes mais toneladas de bombas aliadas que a
Grã-Bretanha da Alemanha Nazista,” diz Knapp. “Aproximadamente 75.000 toneladas
de bombas foram despejadas no Reino Unido (incluindo os mísseis V de Hitler).
Na França, ficou na ordem de 518.000 toneladas,” ele diz.
Crimes de Guerra
Winston
Churchill, que se dirigiu aos franceses sobre as missões aéreas com confiança,
e mesmo um certo alívio, em francês, disse-lhes como aliados apesar da colaboração
com os nazistas de uma parte da população francesa.
Mas
a tática de bombardeio empregada nem sempre refletiu isso.
Knapp
divide os bombardeios aliados em três categorias: “Alguns foram precisos e causaram
perdas mínimas civis. A segunda categoria, podemos ver por que eles fizeram,
mas o nível de perdas civis pode ser considerado desproporcional em relação à
vantagem militar. E a terceira categoria é realmente difícil de compreender,
mesmo com perspectiva, por que eles o fizeram.”
O
exemplo mais perturbador é o bombardeio de Le Havre em setembro de 1944. Quase
toda a cidade foi reduzida a pó e 5.000 franceses – homens, mulheres e crianças
– foram mortos. A infantaria aliada tomou o porto poucos dias mais tarde mas,
muitos acreditam, eles o poderiam ter feito sem o bombardeio.
“É
muito claro que,” diz Knapp, “com base nos tratados que assinamos agora – não os
tratados assinados na época – algumas destas missões poderiam ser classificadas
como crimes de guerra.”
Silêncio “surpreendente”
Catherine
Monfajon, autora de um documentário sobre o assunto que foi recentemente
mostrado na TV francesa, diz que os franceses frequentemente mostravam grande
espírito.
No
funeral de mais de 100 estudantes franceses mortos em um bombardeio aliado em
Saint Nazaire, quando um funcionário do governo Vichy falou das “aves da morte”,
uma vaia de desaprovação surgiu na parte onde estavam os pais das crianças
mortas.
No
fim da guerra, Saint Nazaire foi classificada como 100% destruída, mas falar
sobre a destruição dela e de outras 1.500 cidades era um tabu.
“O silêncio era surpreendente e me surpreendia,” diz Monfajon. “A França foi o terceiro país mais bombardeado depois da Alemanha e Japão pelos aliados e isto é raramente mencionado nos livros de história.”
Isto
é devido em sua maior parte ao modo como o regime colaboracionista de Vichy
usou estas baixas em sua propaganda no sentido de jogar o público contra os
aliados.
Desde
então, questionar o bombardeio era considerado suspeito, ela diz. “E as pessoas
estavam divididas entre sua dor, sua raiva e sua gratidão a esses pilotos que
lhes trouxeram a liberdade. Quem morreu por isso.”
Escombros e Cinzas
À
medida que os bombardeios das cidades francesas se intensificou na proximidade
do Dia D, Churchill expressou que a escala de perdas civis poderia prejudicar
por longo tempo as relações anglo-francesas mesmo após a guerra ter sido ganha.
Arthur
“Bombardeiro” Harris, chefe do Comando de Bombardeiros da RAF, queria todos os
seus aviões atingindo a Alemanha.
Apesar
de insensível à carnificina imposta aos civis alemães, ele ficou arrependido
pelas perdas francesas ao ponto de fazer campanha de arrecadação de dinheiro
para ajudar os órfãos do bombardeio aliado.
Quase
metade das tripulações do Comando de Bombardeiros foi morta em ação. Suas
ações, seus comandantes argumentavam, ajudariam a ganhar a guerra mais
rapidamente.
Mas,
como os franceses finalmente ousam dizer, a libertação das cidades da Normandia
como Saint Lo, Caen e Le Havre transformou-as em terras desertas de escombros e
pó.
No
próprio Dia D, 2.500 soldados aliados foram mortos. Aproximadamente o mesmo
número de civis franceses também foi morto.
Sem
heróis talvez. Mas, como o presidente francês afirmará nas praias de
desembarque em 6 de junho, seu sacrifício pela liberdade foi grande.
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