History, 16/12/2014
Em 16 de dezembro de 1944, Adolf Hitler lançou um
contrataque audacioso contra as forças aliadas na floresta gelada das Ardenas,
no sudoeste da Bélgica e Luxemburgo. Na subsequente Batalha do Bulge – assim
chamada por causa da saliência (bulge) de quase 80 km que o exército alemão
deixou nas linhas aliadas – os defensores americanos das Ardenas foram pegos de
calças na mão quando 250.000 soldados alemães e centenas de tanques caíram
sobre suas posições. Uma falta de recursos e resistência tenaz americana
eventualmente interromperam o avanço alemão, mas não antes que 80.000 soldados
americanos fossem mortos, capturados ou feridos – mais do que em qualquer
batalha da história americana. Setenta anos depois do início do último suspiro
da Alemanha Nazista na Batalha do Bulge, saiba oito fatos surpreendentes sobre
a luta que Winston Churchill chamou de “indubitavelmente a maior batalha
americana” da Segunda Guerra Mundial.
1 – Os Generais
de Hitler aconselharam contra o ataque
Muitos historiadores argumentam que o ataque
nazista nas Ardenas falhou mesmo antes de começar, e parece que muitos dos
oficiais mais leais de Adolf Hitler também teriam concordado. O plano proposto
por Hitler (Chamado “Operação Vigilância sobre o Reno”) baseava-se em um
cronograma ambicioso que exigia que seus comandantes avançassem sobre as linhas
aliadas através do Rio Meuse no intervalo de apenas poucos dias antes de tomar
o porto vital da Antuérpia. Os marechais Gerd Von Rundstedt e Walther Model
alertaram a respeito da impossibilidade de tal cronograma, e ambos mais tarde
ofereceram muitos protestos escritos e estratégias alternativas, porém sem
resposta. Pouco antes do ataque começar, Model confidenciou a subordinados que
o plano de Hitler “não tem uma única maldita perna onde possa se sustentar” e
“não tem mais do que dez por cento de chance de ser bem sucedido”.
2 – Os
Aliados ignoraram muitos sinais de alerta de uma ofensiva
Os ganhos iniciais alemães na Batalha do Bulge
foram largamente devidos à surpresa do próprio ataque. Os comandantes aliados
frequentemente confiavam na inteligência fornecida pelo “Ultra”, uma unidade
britânica que decifrava as transmissões de rádio nazistas, mas os alemães operavam
sob um véu de segredo e tipicamente se comunicavam por telefone quando dentro
de suas fronteiras. Alguns comandantes americanos também dispensaram relatórios
de aumento de atividade alemã próxima das Ardenas, enquanto outros ignoraram
prisioneiros inimigos que afirmavam que um grande ataque estava em andamento.
Muitos desde então afirmam que os aliados ficaram cegos por seus recentes
sucessos no campo de batalha – eles haviam posto os alemães na defensiva desde
o Dia-D – mas o alto comando americano também considerou o terreno inapropriado
das Ardenas como um sítio improvável para um contrataque. Consequentemente,
quando a ofensiva alemã finalmente começou, a região estava fracamente
defendida por umas poucas inexperientes e cansadas divisões americanas.
3 – Uma
péssima conexão telefônica ajudou a levar a catástrofe para uma Divisão
americana
Poucas unidades americanas na Batalha do Bulge
sentiram a força do avanço alemão mais severamente do que a 106ª. Divisão
Golden Lions. A maior parte da tropa inexperiente chegou às Ardenas em 11 de
dezembro e recebeu ordens de cobrir uma grande seção da linha americana em um
terreno rugoso conhecido como Schnee Eifel. Logo após o ataque alemão começar,
o comandante da 106ª., General de Divisão Alan W. Jones, começou a se preocupar
que os flancos de seus 422º. e 423º. Regimentos estavam muito expostos. Ele
ligou para o General de Corpo Troy Middleton para pedir que elas se retirassem,
mas a linha estava mal e Jones desligou o telefone acreditando incorretamente
que Middleton ordenou-lhe para manter suas tropas em posição. Os alemães logo
cercaram os dois regimentos e os isolaram de receber qualquer ajuda. Pouca
munição e sob pesado ataque de artilharia obrigaram que 6.500 soldados
americanos se rendessem em uma das maiores rendições das tropas americanas na
Segunda Guerra Mundial. Após a derrota, um perturbado General Jones exclamou,
“Perdi uma divisão mais rápido do que qualquer outro comandante no Exército
americano.”
4 –
Soldados alemães usaram uniformes americanos roubados para entrar nas linhas
aliadas
Durante os primeiros estágios da Batalha do Bulge,
Hitler ordenou ao comandante austríaco da Waffen-SS, Otto Skorzeny, para montar
um exército de impostores para uma missão ultrassecreta conhecida como Operação
Greif. Em um ardil agora famoso, Skorzeny adaptou soldados alemães que falavam
inglês com armas, jeeps e uniformes americanos capturados e os lançou atrás das
linhas americanas como verdadeiros G.I.s (n. do t.: infante americano). Os
embusteiros alemães cortaram linhas de comunicação, trocaram sinais rodoviários
e cometeram outros atos pequenos de sabotagem, mas eles foram mais bem
sucedidos ao espalhar confusão e terror. Quando foi espalhada a informação que
comandos alemães estavam disfarçados de americanos, os G.I.s estabeleceram
pontos de verificação e começaram a averiguar a “autenticidade” do transeunte a
partir de conhecimentos da cultura americana. Apesar de terem conseguido
capturar uns poucos alemães, os bloqueios frequentemente produziam resultados
bizarros. Soldados superzelosos atiraram nos pneus do veículo do Marechal
Bernard Montgomery e um G.I. chegou a deter por alguns instantes o general Omar
Bradley após ele responder que a capital de Illinois era Springfield (o soldado
acreditava incorretamente que era Chicago).
5 – As tropas
americanas montaram uma defesa famosa na cidade de Bastogne
A ofensiva alemã em direção do Rio Meuse dependia
parcialmente da captura de Bastogne, uma pequena cidade belga que servia como
junção rodoviária vital. A área foi cena de uma luta frenética durante os
primeiros dias da batalha, e em 21 de dezembro, as forças alemãs cercaram a
cidade e encurralaram a 101ª.Divisão Aerotransportada Americana e outros.
Apesar de estarem severamente em desvantagem numérica, os defensores da cidade
responderam com tenacidade. “Eles nos cercaram – pobres coitados!” tornou-se um
lema entre os G.I.s da cidade, e quando os alemães mais tarde exigiram que o
general Anthony McAuliffe se rendesse, ele ofereceu uma resposta curta: “Loucos!”
A 101ª. Divisão continuaria a manter Bastogne até o Natal, sofrendo severas
baixas. O cerco finalmente terminou em 26 de dezembro, quando o 3º. Exército do
general Patton avançou sobre as linhas alemãs e tirou a pressão sobre a cidade.
6 – Pela Primeira
vez na SGM o Exército americano foi dessegregado
As forças armadas americanas não acabaram com a
segregação racial oficialmente até 1948, mas a situação desesperadora dos
Aliados durante a Batalha do Bulge inspirou-as a recorrer à ajuda de G.I.s
negros em mais de uma ocasião. Cerca de 2.500 soldados negros participaram da
ação, com muitos lutando lado a lado com seus colegas brancos. Os batalhões 333º.
e 969º compostos totalmente por negros sofreram perdas pesadas ao ajudar a
101a. Aerotransportada na defesa
de Bastogne, e o 969º. Recebeu mais tarde uma Citação de Distinção de
Unidade – a primeira concedida a uma formação composta por negros. Em todos os
lugares do campo de batalha, soldados da 578ª. Artilharia empunhram fuzis para
apoiar a 106ª. Divisão Golden Lions e uma formação chamada de 761º. “Panteras
Negras” tornou-se a primeira unidade blindada a entrar em combate sob o comando
do general George S. Patton. À medida que o combate progredia, os generais
Dwight D. Eisenhower e John C.H. Lee contaram com soldados negros para cobrir
as baixas aliadas no front. Milhares haviam se apresentado como voluntários na
época que o conflito terminou.
7 – Inclemência
do clima teve um papel principal no resultado da batalha
Além de encarar o tiro inimigo e bombardeio, as
tropas na Batalha do Bulge também tiveram que enfrentar o clima inclemente das
Ardenas. Os nazistas tiveram que segurar sua ofensiva até que a densa neblina e
neve chegaram e mantiveram no solo o apoio aéreo superior dos Aliados, deixando
ambos os lados expostos a condições quase polares. “O clima foi uma arma que o
exército alemão usou com sucesso,” notou mais tarde o marechal Von Rundstedt.
Enquanto a batalha transcorria, nevascas e chuva congelante frequentemente
reduziam a visibilidade a quase zero. O gelo cobriu muito dos equipamentos dos
soldados, e tanques tinham que ser limpos do gelo após congelarem durante a
noite. Muitos soldados feridos morreram congelados antes que pudessem ser
resgatados, e milhares de G.I.s sofreram ulcerações e pés congelados. Os céus
finalmente limparam a favor dos aliados em 23 de dezembro, quando condições
climáticas favoráveis permitiram às aeronaves erguerem voo. O subsequente
ataque aéreo quebrou o avanço alemão.
No mapa, as linhas vermelhas mostram o objetivo original das forças alemãs, e a linha laranja o avanço real conseguido.
8 –
Escassez de combustível ajudou a frustrar a ofensiva alemã
Os temidos tanques Panzer e Tiger do Terceiro Reich
“bebiam” muito combustível e, no final de 1944, a poderosa máquina de guerra
alemã estava tendo dificuldades em conseguir combustível para mantê-los
rodando. Os nazistas reservaram 5 milhões de galões para a Batalha do Bulge,
mas uma vez iniciadas as operações de combate, péssimas condições rodoviárias e
erros logísticos garantiram que muito do combustível jamais alcançasse aqueles
que precisavam dele. As divisões de infantaria alemã acabaram utilizando cerca
de 50.000 cavalos para transporte nas Ardenas, e o alto comando nazista
construiu seus planos de batalha capturando depósitos de combustível americano
durante seu avanço. As forças aliadas
evacuaram ou queimaram milhões de galões de combustível para prevenir que
caísse nas mãos do inimigo, contudo, e pelo Natal, muitas unidades blindadas
alemãs estavam parando. Sem meios de continuar o avanço através do Rio Meuse, o
contrataque logo falhou. Em meados de janeiro de 1945, os Aliados conseguiram
eliminar o “Bulge” em suas linhas e empurraram os alemães de volta para suas
posições originais.
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