quarta-feira, 12 de setembro de 2012

As Mentiras sobre a Guerra de 1967 ainda são mais poderosas do que a Verdade

Alan Hart


Em retrospecto, pode ser visto que a guerra de 1967, a Guerra dos Seis Dias, foi o ponto de inflexão na relação entre o Estado Sionista de Israel e os judeus do mundo (a maioria dos judeus que preferem viver como cidadãos em outras nações ao invés de Israel).

Até a guerra de 1967, e com a exceção de uma minoria que era politicamente ativa, a maioria dos judeus não-israelenses não tinha – como posso colocar? – uma grande empatia pela cria do Sionismo. Israel estava lá e, no subconsciente, um refúgio de último recurso; mas o nacionalismo judaico que ele representava não tinha gerado evidentemente o apoio entusiástico dos judeus do mundo. Os judeus de Israel estavam em seu lugar escolhido e os judeus do mundo estavam em seus lugares escolhidos. Não havia, por assim dizer, um grande sentimento de união. Em um momento, David Ben-Gurion, o pai fundador de Israel e o seu primeiro Primeiro-Ministro, estava tão desiludido pela indiferença da judiaria internacional que ele veio a público com sua crítica – os judeus não estavam vindo morar em Israel.

Então, como e por que a guerra de 1967 transformou a relação entre os judeus do mundo e Israel?

Parte da resposta é uma palavra simples – orgulho. Da perspectiva judaica, havia de fato muito orgulho nisso. O pequeno Israel com seu pequena porém altamente profissional força de defesa e seu exército cidadão aniquilaram as máquinas de guerra dos estados árabes fronteiriços em seis dias. O David judeu matou o Golias árabe. As forças israelenses estavam em ocupação de todo o Sinai e da Faixa de Gaza (território egípcio). E não era segredo que os israelenses pudessem ter avançado e capturado Cairo, Amãn e Damasco. Não havia nada para pará-los, exceto a impossibilidade de manter a ocupação das três capitais árabes.

Mas a intensidade do orgulho que a maioria dos judeus mundiais experimentaram com a vitória militar de Israel foi em grande parte um produto da intensidade do medo que veio antes dele. Nas três semanas que antecederam à guerra, os judeus mundiais realmente acreditavam, porque (como os judeus israelenses) eles estavam condicionados pelo Sionismo a acreditar que os árabes estavam posicionados para atacar e que a existência de Israel estava correndo risco e colocada em dúvida.

Os judeus mundiais (e os judeus israelenses) não podiam ser acusados por acreditarem naquilo, mas ela era uma enorme mentira propagandística. Apesar do presidente do Egito, o presidente Nasser, ter pedido para as forças da UNEF retrocederem, fechado o estreito do Tiran para o transporte israelense e reforçado seu exército no SINAI, nem o seu Egito ou qualquer outro estado da fronteira árabe tinha qualquer intenção de atacar Israel. E os líderes de Israel, e a administração Johnson, sabiam disto.

Resumindo, como eu detalhei e documentei em meu livro Sionismo: o Verdadeiro Inimigo dos Judeus, a ofensiva que Israel lançou às 0750 horas (tempo local) na segunda-feira, 5 de junho, não foi um ataque preventivo ou mesmo um ato de auto-defesa. Foi uma guerra de agressão.

A verdade completa desta guerra é esta.

Ajudado pela restauração do nacionalismo palestino, que tornou-se a espinha dorsal que sacudiu o cão árabe apesar dos esforços brutais dos serviços de inteligência dos estados árabes da linha de frente para prevenir que isso acontecesse, os falcões militares e políticos de Israel armaram uma armadilha para Nasser; e ele foi em direção dela, com os olhos semi-abertos, na esperança que a comunidade internacional liderada pela administração Johnson, iria conter Israel e exigiria que ele e o Egito resolvessem o problema do momento por diplomacia. Da perspectiva de Nasser, isto não era uma expectativa absurda por causa do comprometimento dado pelo presidente Eisenhower de que na eventualidade de fechamento do Estreito do Tiran pelo Egito para o transporte israelense, os EUA trabalhariam com a “sociedade das nações” para obrigar o Egito a restaurar o direito à passagem de Israel, e ao agir assim, prevenir a guerra.

Uma grande parte da razão por que hoje o debate racional sobre fazer paz é impossível com a vasta maioria dos judeus em todos os lugares é que eles ainda acreditam que o Egito e os estados árabes fronteiriços tentaram aniquilar Israel em 1967, e somente foram prevenidos de fazê-lo graças ao ataque preventivo de Israel.

Se a afirmação de que os árabes não pretendiam atacar Israel e que a existência do Estado Sionista não estava em perigo tivesse sido feita por um goy (um não-judeu, como eu), ela teria sido descartada pelos apoiadores de Israel como uma suposição antisemita. De fato, a verdade que a afirmação representa foi admitida por alguns dos principais líderes israelenses – após a guerra, é claro.

Neste 45º. Aniversário do início da Guerra dos Seis Dias, apresentamos o que eles disseram.

Em uma entrevista publicada no Le Monde de 28 de fevereiro de 1968, o Chefe de Staff israelense Rabin disse isto: “Não acredito que Nasser queria a guerra. As duas divisões que ele enviou ao Sinai em 14 de maio não teriam sido suficientes para lançar uma ofensiva contra Israel. Ele sabia disso e nós também sabíamos.”

Em 14 de abril de 1971, um relatório no jornal israelense Al-Hamishmar continha a seguinte declaração de Mordecai Bentov, um membro do governo nacional de guerra. “A estória completa do perigo de extermínio foi inventada em todos os detalhes e exagerada a posteriori para justificar a anexação de novo território árabe.”

Em 4 de abril de 1972, o general Haim Bar-Lev, o predecessor de Rabin como Chefe de Staff, foi citado no Ma´ariv dizendo isto: “Nunca fomos ameaçados por genocídio na véspera da Guerra dos Seis Dias, e nunca pensamos em tal possibilidade.”

No mesmo jornal israelense no mesmo dia, o general Ezer Weizmann, Chefe de Operações durante a guerra e sobrinho de Chaim Weizmann, foi citado dizendo: “Nunca houve perigo de aniquilação. Esta hipótese nunca foi considerada em qualquer encontro sério.”

Na primavera de 1972, o general Matetiyahu Peled, Chefe do Comando Logístico durante a guerra e um dos doze membros do Staff Geral de Israel, palestrou em um clube literário em Tel-Aviv. Ele disse: “A tese de acordo com a qual o perigo de genocídio caía sobre nós em junho de 1967, e de acordo com a qual Israel estava lutando pela sobrevivência física, não era mais do que um blefe que nasceu e difundiu-se após a guerra.”

Em um debate radiofônico Peled também disse: “Israel jamais esteve em perigo real e nunca houve evidência de que o Egito tinha qualquer intenção de atacar Israel.” Ele acrescentou que “a inteligência de Israel sabia que o Egito não estava preparado para a guerra.”

No mesmo programa, o general Chaim Herzog (antigo Diretor de Inteligência Militar, e futuro Embaixador israelense junto às Nações Unidas e presidente de seu Estado) disse: “Não havia perigo de aniquilação. Nem o quartel-general israelense nem o Pentágono – como as memórias do presidente Johnson provaram – acreditava neste perigo.”

Em 3 de junho de 1972, Peled foi muito mais explícito em um artigo escrito por ele mesmo para o Le Monde. Ele escreveu: “Todas aquelas estórias de perigo eminente que estávamos enfrentando por causa de nosso pequeno tamanho territorial, um argumento exposto depois que a guerra terminou, nunca foi levada em consideração em nossos cálculos. Enquanto prosseguíamos em direção de uma mobilização total de nossas forças, nenhuma pessoa em seu juízo completo poderia acreditar que toda aquela força foi necessária para nossa ‘defesa’ contra a ameaça egípcia. Esta força foi estabelecida para acabar de uma vez por todas com o poderio militar egípcio e com o poderio de seus mestres soviéticos. Achar que as forças egípcias concentradas em nossas fronteiras eram capazes de ameaçar a existência de Israel não é somente um insulto à inteligência de qualquer pessoa capaz de analisar este tipo de situação, mas é primeiramente um insulto ao exército israelense.”

A preferência de alguns generais por dizer a verdade após a guerra provou um debate em Israel, mas foi de pouca duração. Se dependesse de alguns jornalistas israelenses, os generais teriam se mantido calados. Weizmann foi um daqueles que foram pressionados com a sugestão de que ele e outros que queriam falar “não deveriam exercer seu direito inalienável à liberdade de expressão a fim de prejudicar a opinião mundial e a diáspora judaica contra Israel.”

Não é surpreendente que o debate em Israel foi encerrado antes que ele levasse a uma busca séria sobre a natureza do Estado e se ele deveria continuar a existir através da mentira assim como pela espada; mas é muito mais notável, eu acho, que a opinião pública ocidental continue a preferir a conveniência do mito sionista ao invés da realidade do que aconteceu em 1967 e porquê. Quando jornalistas e comentaristas precisam fazer referência à Guerra dos Seis Dias, quase todos eles ainda falam como os sionistas em 1967, ao invés de contar o que realmente aconteceu. Obviamente, ainda há limites de quão longe a mídia está preparada para desafiar a versão sionista da história, mas pode ser também o caso de jornalismo preguiçoso.

Para aqueles jornalistas, preguiçosos ou não, que possam ter ainda dúvidas quem começou a Guerra dos Seis Dias, eis a citação do Primeiro Ministro Begin em uma aparição pública em 1982. “Em 1967, tínhamos uma opção. As concentrações do exército egípcio no Sinai não provavam que Nasser estava prestes a nos atacar. Temos que ser honestos consigo mesmos. Decidimos atacá-lo.”

http://www.alanhart.net/the-lies-about-the-1967-war-are-still-more-powerful-than-the-truth-2/


A Guerra dos Seis Dias

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


A Guerra dos Seis Dias foi um conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes - Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

O plano traçado pelo Estado-Maior de Israel, chefiado pelo general Moshe Dayan (1915-1981), começou a ser posto em prática às 7h e 10min da manhã do dia 5 de junho de 1967, quando caças israelenses atacaram nove aeroportos militares, aniquilando a força aérea egípcia antes que esta saísse do chão e causando danos às pistas de aterragem, inclusive com bombas de efeito retardado para dificultar as reparações. Ao mesmo tempo, forças blindadas de Israel investiam contra a Faixa de Gaza, o sul da Síria, as Colinas de Golã e o norte do Sinai. A Jordânia abriu fogo em Jerusalém, e a Síria interveio no conflito depois de ser atacada.

No terceiro dia de luta, todo o Sinai já estava sob o controle de Israel. Nas 72 horas seguintes, Israel impôs sua superioridade militar, ocupando também a Cisjordânia, o sector oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã, na Síria.

Como resultado da guerra, aumentou o número de refugiados palestinos na Jordânia e no Egito. Síria e Egito estreitaram ainda mais as relações com a URSS, aproveitando também para renovarem seu arsenal de blindados e aviões, além de conseguirem a instalação de novos mísseis, mais perto do Canal de Suez.


A Conquista do Sinai pelas tropas israelenses

Nenhum comentário: