quinta-feira, 6 de setembro de 2012

[SGM] O Último Sobrevivente da Queda de Hitler dá sua última Entrevista

Express, 15 de maio de 2011

Em um subúrbio de Berlim, a apenas alguns quilômetros do bunker de Hitler, está uma pequena casa branca destacada com um portão de metal cinza e gesso em decomposição.

Ela tem sido, por muitas décadas, o lar de Rochus Misch, o homem que trabalhou como guarda-costas de Hitler entre 1940 e 1945. Ele é a última testemunha viva do suicídio do ditador e o único sobrevivente do staff do bunker.

Agora com 93 anos, confinado em sua casa e doente de modo terminal, Misch diz: “Este será definitivamente meu último encontro com a imprensa. Gostaria de morrer em paz.”

Não há fotos, bustos ou objetos pessoais de Adolf Hitler na casa de Misch. “Minha esposa Gerda livrou-se de tudo,” ele diz.

Misch nasceu em 29 de julho de 1917, logo após seu pai ter morrido na Primeira Guerra Mundial. Em 1920, sua mãe morreu de pneumonia de modo que o jovem Rochus foi criado por seus avós. Quando ele terminou o colégio, ele treinou para ser pintor.

Em 1937, durante o exame físico para o exército, sugeriram que ele completasse seu serviço militar obrigatório na Verfügungstruppe (Tropas de Prontidão), o precursor da Waffen-SS. Seriam quatro anos de serviço livre de tarefas cansativas e com aceitação automática no sérico civil.

Em 24 de setembro de 1939, Misch foi ferido no peito durante a Batalha de Modlin, a 40 km ao norte de Varsóvia, na Polônia. Ele tentou negociar a rendição da guarnição polonesa e recebeu uma Cruz de Ferro Segunda Classe por sua bravura.




A consciência de Misch foi levada em alta consideração e, após sua recuperação, seu comandante de companhia, Wilhelm Mohnke, o recomendou para o Führerbegleitkommando (a escolta SS do Führer). “Fui colocado em um carro e levado para a Chancelaria do Reich em Berlim. O endereço: Wilhelmstrasse 77, a residência do Führer,” relembra Misch.

“Fui conduzido pelo secretário de Hitler, Wilhelm Brückner. Estava assustado de encontrar o Führer em pessoa. Adolf Hitler estava de pé atrás da porta quando o secretário a abriu. Tive um calafrio na espinha.”

Hitler lhe deu uma carta a ser entregue a sua irmã Paula em Viena e, assim, Rochus Misch fez a sua primeira viagem de mensageiro. “Aquele foi o meu primeiro encontro com o Führer. Ele não era um monstro ou um super-homem. Ele ficou diante de mim como qualquer outro homem educado.”

Rochus Misch foi o telefonista, mensageiro e guarda-costas de Adolf Hitler por cinco anos. Como telefonista, ele era responsável pela comunicação de Adolf com seus generais. “O número de Hitler na Chancelaria do reich era 12 00 50,” ele diz e é visivelmente orgulhoso de sua boa memória. Na SS, ele pertencia ao Regimento de Proteção pessoal de Adolf Hitler. Quando Misch casou com sua esposa Gerda em 1942, Hitler enviou uma garrafa de vinho ao casal.

Seu passado não era a de um nazista fanático. “Nunca tive nada a ver com o Partido nazista, não fiz parte da Juventude Hitlerista e mesmo assim, fiz parte do círculo íntimo, noite e dia. Nós telefonistas e guarda-costas estávamos sempre ao seu redor. Cerca de 22 passos me separavam de seu quarto.”

À medida que a guerra progredia, Misch acabou conhecendo seu patrão pessoalmente. “Hitler ficava gripado muito facilmente e freqüentemente tinha uma garrafa de água quente ao lado de sua cama,” ele relembra. Um incidente particular permanece claro em suas lembranças. “Foi no meio da noite. Na crença de que Hitler já havia ido para a cama, abri a porta de sua sala de estar para pegar alguma coisa lá. Ele estava sentado lá, segurando o queixo, imóvel, como se estivesse em transe. Ele estava fitando um quadro de Frederico o Grande que estava tremulando sob a luz da vela. Ele sempre carregava o quadro consigo quando viajava. Me senti como um intruso que havia interrompido alguém no meio da prece.”

Entretanto, Misch insiste que ele nunca ouviu nada sobre o extermínio de milhões de judeus europeus em qualquer uma das chamadas telefônicas que ele escutou. “Eu completava meu trabalho, lealmente e bem e transmitia as notícias e mensagens corretamente porque eu não queria ser demitido. Estava feliz por não estar na linha de batalha. Eu me adaptei ao trabalho lá e logo Hitler era uma pessoa normal para mim, ele era o patrão. Apenas uma vez eu li uma notícia dizendo que um comitê internacional controlava os campos de concentração e que os relatórios eram escritos pelo Conde Bernadotte (um diplomata sueco e negociador a serviço dos prisioneiros dos campos de concentração); isto foi tudo em relação a este assunto.”

Misch testemunhou a tentativa de assassinato de Hitler em 20 de julho de 1944 e também os últimos dias no bunker abaixo da Chancelaria do Reich antes do suicídio do Führer. Ele estava lá em 30 de abril de 1945, quando Adolf Hitler se despediu de todos e estava no quarto ao lado quando ele se matou. “Hitler havia perdido sua confiança na vitória fazia tempo.”

Ele viu o corpo antes de ser enrolado e também Eva Braun sentada morta no canto do sofá próxima do corpo do marido. Sua cabeça estava voltada para o lado de Hitler. “Seus joelhos estavam encolhidos junto ao peito, ela estava vestindo um vestido azul marinho com babados brancos na gola.”

Após a morte de Hitler, Misch ficou dividido. Ele queria tentar escapar dos russos, mas por outro lado ele não queria desertar. Ele queria encerrar seu serviço ao “Führer, povo e Pátria” de maneira apropriada. Então, em 1º. De maio de 1945, ele pediu a Joseph Goebbels se havia alguma coisa que ainda pudesse fazer. Goebbels deixou-o com as palavras: “Soubemos viver, então saberemos como morrer.”

Em 2 de maio de 1945, às 6 horas da manhã, Misch desligou o sistema telefônico do bunker do Führer e atravessou uma janela do porão, mas foi feito prisioneiro por um soldado russo.

Por causa de sua proximidade com Hitler, ele foi levado para a União Soviética e encarcerado na prisão militar de Butyrka em Moscou. Ele foi freqüentemente torturado fazendo com que escrevesse para o chefe de inteligência Lavrentiv Beria e pedindo para ser morto por um pelotão de fuzilamento. “Eles queriam me bater até a morte, mas pelo fato de eu ser um soldado eu lhes pedi para ser fuzilado. A carta está lá no arquivo,” diz Misch.

Após nove anos em um campo de trabalho soviético próximo dos Urais no Cazaquistão, seu tempo como prisioneiro de guerra acabou e ele foi libertado em 1954. Até sua aposentadoria em 1985, ele geria uma loja de tintas, pincéis, papéis de parede e suprimento de decoração. “Desde a morte da minha esposa em 1997, tenho vivido sozinho,” acrescenta Misch.

Com a morte do ajudante de Hitler Otto Günsch em outubro de 2003, ele tornou-se a última testemunha do círculo íntimo do Terceiro Reich. As mortes do oficial de staff Bernd Von Freytag-Loringhoven em 2007 e do mensageiro da Juventude Hitlerista Armin Lehmann em 2008, significou que ele se tornou o último sobrevivente do bunker do Führer.

Em 2012, seu filme “A Última Testemunha” será filmada em Hollywood com um custo de produção de U$ 15 milhões. Os contratos foram assinados, mas Misch não acredita que esteja vivo para ver o filme concluído.

“Não acredito que vá viver tanto,” ele diz. “Vejo a morte diante dos meus olhos.”

http://www.express.co.uk/posts/view/246754/The-last-survivor-of-Hitler-s-downfall-The-Fuhrer-s-bodyguard-gives-last-interview

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