Franklin
Roosevelt obteve o apoio majoritário dos judeus americanos durante sua
presidência, e os motivos são claros. Em seus quase quatro mandatos, de 1933 a
1945, ele liderou a guerra contra Hitler, apoiou um lar judeu na Palestina,
indicou um judeu para a Suprema Corte, escolheu outro para ser seu Secretário
do Tesouro e cercou-se de conselheiros judeus que ajudaram a moldar as leis que
revolucionaram o papel do governo na vida americana – o que alguns críticos
zombeteiramente chamaram de “Jew Deal”. Então, é claro, havia Eleanor Roosevelt
cuja preocupação com as minorias reforçou ainda mais a ligação. Quando
Roosevelt morreu em 1945, a Assembleia Rabínica da América o descreveu
sobrenaturalmente, como “um líder imortal da humanidade e um servidor
inigualável de Deus.”
Nascidos
em famílias protestantes ricas e influentes, os Roosevelt não estavam imunes
aos preconceitos de sua época. Antes de entrar na Casa Branca, Eleanor
descreveu o futuro juiz da Suprema Corte, Felix Frankfurter, como “um
homenzinho interessante, apesar de judeu” e, após trabalhar para o financista
de Wall Street Bernard Baruch, reclamou: “O pessoal judeu é terrível. Nunca
mais quero ouvir sobre dinheiro, joias e vestes de luto.” Franklin foi mesmo
mais longe, fazendo piadas anti-semitas para encantar líderes mundiais, como
Josef Stalin, que era conhecido por temer e odiar judeus. De fato, foi a
habilidade dos Roosevelts em colocar de lado estes preconceitos que pareceu
distingui-los de muitos outros de sua classe. Quando foi importante, seus
instintos mais nobres assumiram o controle.
Em
1938, por exemplo, Roosevelt pediu ao seu embaixador na Alemanha que
protestasse contra a Kristallnacht, o
pogrom nazista. Foi um pouco mais do que um gesto simbólico, mas ele foi o
único chefe de estado a fazer isso. Além disso, mesmo sob os protestos de seu Departamento
de Estado notoriamente anti-semita, Roosevelt encorajou esforços para assentar
os judeus europeus na América Latina – cerca de 40.000 deles o fizeram entre
1938 e 1941 – e pressionou os britânicos para manter a Palestina aberta aos
refugiados judeus. Mais importante, talvez, foi a sua aprovação do Conselho de
Refugiados de Guerra em 1943, que, apesar de frequentemente ignorado e sempre
subfinanciado, trabalhou com heróis como Raoul Wallenberg através da Europa
ocupada pelos nazistas para salvar incontáveis milhares de judeus.
Em
relação à afirmação revisionista mais controversa, de que Roosevelt poderia ter
emperrado a máquina de matança de Hitler ao ordenar a destruição das linhas
ferroviárias de Auschwitz, resta pouca dúvida de que os aviões aliados fossem
capazes de alcançar este destino em meados de 1944.[1] Os complexos industriais
na área já haviam sido bombardeados. O problema era que o Departamento de
Guerra via o projeto como um desvio de alvos militares mais importantes. A
oposição era tanta que o assunto aparentemente nunca chegou à mesa do
presidente. O quão bem sucedido o bombardeamento de Auschwitz teria sido, dado
os resultados em outros lugares, é questão de debate. O que é inegável,
contudo, é que cerca de 250.000 judeus foram mortos nos meses entre a captura
deste campo de extermínio e a rendição alemã em maio de 1945.[2]
Iniciando
nos anos 1960, uma série de livros foram lançados com títulos auto-evidentes
como “Nenhum Paraíso para os Oprimidos” e “Enquanto Seis Milhões morriam”. Mas
o relato mais influente de longe foi “O Abandono dos Judeus”, de David S.
Wyman, publicado em 1984. Wyman, o neto de dois pastores protestantes, considerou
vários culpados pela tépida resposta da América ao Holocausto, inclusive uma
comunidade judaica pessimamente dividida, um ninho de anti-semitas virulentos
no Departamento de Estado e um presidente distraído e profundamente indiferente
a questões humanitárias que ele sentia estarem fora de seu controle, não
importando sua extensão.
O
vice-presidente Henry Wallace, que anotou a conversa em seu diário, disse que
Roosevelt falou positivamente de um plano (recomendado pelo geógrafo e
presidente da Universidade John Hopkins Isaiah Bowman) “para espalhar os judeus
em pequenos grupos ao redor do mundo.” A anotação do diário acrescenta: “O
presidente disse que ele tentou isto no Condado (Meriwether), Georgia (onde
Roosevelt viveu nos anos 1920) e em Hyde Park segundo um esquema de acrescentar
quatro ou cinco famílias judias em cada lugar. Ele afirmou que a população
local não teria nenhuma objeção se não houvesse mais do que isto.”
A
ideia de Roosevelt é condescendente e detestável, e vindo de outra pessoa,
provavelmente seria classificada como anti-semitismo. Porém, mais do que isso,
o apoio de FDR “para espalhar os judeus em pequenos grupos” pode conter a chave
para o entendimento de um assunto que tem estado no centro da controvérsia por
décadas: a tépida resposta do governo americano ao Holocausto.
Eis
o paradoxo. O sistema de imigração americano limitava severamente o número de
judeus alemães aceitos durante os anos nazistas a cerca de 26.000 anualmente –
mas mesmo esta cota não foi preenchida por nem mesmo 25% durante a maior parte
da era Hitler, pois a administração Roosevelt acrescentou muitas exigências
extras para os candidatos à imigração. Por exemplo, iniciando em 1941, o
simples fato de deixar um parente próximo na Europa seria o suficiente para
desqualificar o candidato – sob o argumento absurdo de que os nazistas poderiam
ameaçar o parente e, portanto, forçar o imigrante a espionar para Hitler.
Por
que a administração procurou ativamente desencorajar e desqualificar os
refugiados judeus de vir para os Estados Unidos? Por que o presidente não disse
discretamente ao seu Departamento de Estado (que administrava o sistema de
imigração) para preencher as cotas da Alemanha e dos países ocupados pelo Eixo
até o limite legal? Somente esta ação teria salvado 190.000 vidas. Não teria
exigido uma luta contra o Congresso ou forças anti-imigração; teria envolvido
mínimo risco político ao presidente.
Todas
as decisões de política presidencial são moldadas por uma variedade de fatores,
alguns políticos, alguns pessoais. No caso de Roosevelt, um padrão de ideias
sobre os judeus, alguns dos quais foram descobertos nos Arquivos Centrais
Sionistas em Jerusalém e de outras fontes, podem ser significativos.
Em
1923, como membro do Conselho de Diretores de Harvard, Roosevelt decidiu que
havia muitos estudantes judeus na universidade e ajudou a instituir uma cota
para limitar o número de admitidos. Em 1938, ele privadamente sugeriu que os
judeus na Polônia dominavam a economia e eram, portanto, os responsáveis pelo
anti-semitismo lá. Em 1941, ele lembrou num encontro do Gabinete que havia
muitos judeus entre os servidores públicos federais no Oregon. Em 1943, ele
disse a funcionários do governo no norte da África recém-libertada pelos
Aliados que o número de judeus locais em várias profissões “deveria ser
definitivamente limitado” de modo “a eliminar as reclamações específicas e
compreensíveis que os alemães faziam em relação aos judeus na Alemanha.”
Existe
também evidência de outras declarações privadas controvertidas de FDR,
incluindo recusa de apelo pelos refugiados judeus como “choro judeu” e “coitadismo”
(N. do T.: original em inglês sob stuff);
expressando (para um senador) seu orgulho de “não ter sangue judeu em nossas
veias”; e caracterizando uma manobra fiscal de um dono judeu de jornal como “trapaça
suja judaica.” Mas o tema comum nas declarações privadas de Roosevelt sobre os
judeus tem a ver com sua percepção que eles estavam “tomando conta” de muitas
profissões e exercendo influência desproporcional.
Esta
atitude se encaixa com o que é conhecido das visões de FDR sobre os imigrantes
em geral e os imigrantes asiáticos em particular. Em uma entrevista de 1920,
ele reclamou dos imigrantes estarem “apinhando-se” nas cidades e disse “o
remédio para isto deveria ser a distribuição de estrangeiros em várias partes
do país.” Em uma série de artigos para o Daily
Telegraph e para a revista Asia nos
anos 1920, ele alertou contra a concessão de cidadania para “imigrantes
não-assimiláveis” e se opôs à imigração japonesa afirmando que “misturar sangue
asiático com sangue europeu ou americano produz, em nove casos entre dez, os
resultados mais infelizes.” Ele recomendou que a imigração no futuro fosse
limitada àqueles que tivessem “sangue do tipo certo.”
A
decisão de FDR de aprisionar milhares de americanos japoneses em campos de
internamento durante a Segunda Guerra Mundial era consistente com esta
percepção dos asiáticos como tendo características raciais inadequadas
tornando-os não confiáveis. Analogamente, ele aparentemente via com desprezo o
que ele parecia entender como características inadequadas dos judeus. Aceitar
um número significativo de imigrantes judeus ou asiáticos não combinava
confortavelmente na visão de FDR da América.
Outros
presidentes americanos também compartilharam de visões não muito amigáveis
sobre os judeus. Um diário mantido por Harry Truman incluía declarações do tipo
“Os judeus, eu acho, são muito, muito egoístas.” As denúncias de Richard Nixon dos
judeus como “muito agressivos e detestáveis” foram mais tarde reveladas em
gravações de conversas no Salão Oval da Casa Branca.
No
início de 1945, após a conferência de Yalta com Churchill e Stalin, o
presidente viajou até o Oriente Médio, dizendo que “nunca mais virei aqui.”
Roosevelt considerava-se um mestre da persuasão, mas seu encontro principal com
o rei saudita Ibn Saud não foi bem. Notando que os judeus sobreviventes da
Europa haviam sofrido “horrores indescritíveis”, ele garantiu ao rei que
permitindo a entrada deles na Palestina melhoraria a terra tanto para árabes
quanto para judeus. Ibn Saud não se comoveu. A cooperação
com os sionistas era impossível, ele afirmou; a porta estava fechada.
Retornando para a América, o presidente exausto desculpou-se ao rabino Stephen
Wise, um proeminente líder judeu, por falhar “em sua causa.” Roosevelt morreu
um mês depois na Pequena Casa Branca (N. do T.: construída por ele em 1932) em
Warm Springs, na Georgia – tristemente consciente, suspeitamos, do banho de
sangue interminável entre judeus e árabes que se seguiria.
Fontes:
Notas:
[1] O termo “revisionista” aqui mencionado se
refere às duas correntes biográficas principais de Roosevelt, uma, a “oficial”,
que trata o presidente como um grande humanitário, liberal, defensor dos
direitos humanos e da democracia; a outra corrente, a “revisionista”, mostra um
Roosevelt mais cínico, belicista e interesseiro. Não tem nada a ver com negação
do Holocausto.
[2] No original: “What is undeniable, however, is that close to 250,000 Jews were murdered
in the months between the capture of this death camp and the German surrender
in May 1945.” A pergunta que eu faço é: quem
matou esses 250.000 judeus, já que Auschwitz já não estava mais nas mãos dos nazistas?
A Liderança Imoral de Roosevelt
Churchill
Desmascarado
Stalin
é a figura mais sanguinária do Século XX
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