Ele derrotou soviéticos e nazistas,
explorou lugares incríveis e achou tesouros desconcertantes. Mas, ao fazer tudo
isso, mais confundiu do que explicou: como misturam pitadas de realidade com
muita ficção, as aventuras do arqueólogo mais famoso do cinema não solucionam
os mistérios que levantam. Saiba o que a ciência tem a dizer e desvende conosco
os 7 maiores enigmas da série.
01. ONDE
ESTÁ A ARCA PERDIDA?
Símbolo
do pacto entre Deus e a humanidade, ela contém as tábuas de pedra onde estão
escritos os 10 mandamentos. Mas pode estar em jerusalém ou na áfrica – se é que
existe.
Se a arca
existir, provavelmente está enterrada em Jerusalém ou na Etiópia. Como ela foi
parar lá é uma história que começa há 2 300 anos, num deserto do Oriente Médio,
quando Deus faz uma aliança com a humanidade (ou pelo menos parte dela). Foi
selado um pacto entre o deus Javé e o povo hebreu, com os 10 Mandamentos: duas
tábuas de pedra contendo o código de conduta para as futuras gerações de fiéis.
Essas tábuas teriam sido guardadas pelo profeta Moisés numa arca de ouro e
madeira, que é considerada uma das maiores relíquias da religião judaica – e,
por tabela, do cristianismo. Enigmático e poderoso, o baú ganhou o nome de Arca
da Aliança.
De acordo
com o Talmude, livro sagrado do judaísmo, a arca teria sido guardada, por volta
de 1000 a.C., num grandioso templo construído pelo rei Salomão em Jerusalém –
cidade que os hebreus tinham acabado de tomar dos cananeus. A arca teria ficado
lá até o ano 586 a.C., quando Jerusalém foi invadida pelos exércitos de
Nabucodonosor, rei da Babilônia. O Templo de Salomão foi destruído. Em seu
lugar, foi erguido o Segundo Templo. Que também acabou destruído, no ano 71
d.C., pelos romanos, que expulsaram a maior parte dos judeus de lá.
Mesmo com
todas essas peripécias, ninguém encontrou a arca, o que leva alguns
pesquisadores a acreditar que ela possa estar enterrada. O antigo local do
templo fica hoje na metade árabe de Jerusalém. O grande problema é que, para
escavar o local, seria necessário danificar o Domo da Rocha – que é um dos
santuários muçulmanos mais importantes do mundo. Coisa que, tirando alguns
grupos evangélicos extremistas dos EUA, ninguém pensa em fazer. Em suma: mesmo
se a arca estiver enterrada nesse lugar, ela dificilmente será recuperada.
A Bíblia
conta uma história diferente. Prevendo a invasão dos babilônios, o profeta
Jeremias teria escondido a arca num certo monte Nebo, que fica na atual
Jordânia. Acontece que, entre os antigos hebreus, “ir para o monte Nebo” era
uma expressão proverbial que correspondia a ir para o beleléu. Ou seja: é
possível que a arca não exista mais. “O mais provável é que a arca tenha sido
derretida pelos babilônios”, escreve o historiador Eric Cline no livro From
Eden to Exile, de 2007 (“Do Éden ao Exílio”, por enquanto sem tradução em
português).
Isso, é
claro, se é que ela algum dia existiu – coisa que está longe de ser um consenso
entre os especialistas. “É importante lembrar que o texto bíblico não é
factual”, diz o teólogo Rafael Rodrigues da Silva, da PUC-SP, especialista no
Velho Testamento. “A arqueologia não deve levar ao pé da letra um texto que não
relata os fatos exatamente como aconteceram.”
Seja como
for, as buscas continuam. E os caçadores mais modernos preferem olhar para o
leste da África. Segundo tradições locais, a arca estaria escondida num recinto
secreto da Igreja de Santa Maria de Sião, no vilarejo de Axum, na Etiópia. A
caixa de Javé teria sido levada à África em 950 a.C. por Menelik, filho do rei
Salomão e da rainha de Sabá – um antigo Estado que realmente existiu naquela
região. Em 2008, arqueólogos alemães desenterraram em Axum um suntuoso palácio
construído no século 10 a.C., suposta morada de Menelik e seus descendentes.
Mas não encontraram a arca.
Arma de
guerra
Os 10
Mandamentos teriam sido entregues a Moisés quando os hebreus fugiam do antigo
Egito, onde foram escravos, rumo a Canaã – terra descrita como presente divino
aos judeus e que hoje corresponde a Israel, Palestina e partes do Líbano. Isso
teria ocorrido por volta de 1300 a.C. Quando os hebreus chegaram à Terra
Prometida, entraram em guerra com os habitantes da região . E a arca era levada
para as batalhas, pois acreditava-se que sua simples presença seria capaz de
garantir a vitória dos judeus.
A Bíblia
descreve em detalhes as instruções dadas por Deus para a construção da arca.
“Assim falou Javé a Moisés: ‘Farás uma arca com madeira de acácia: seu
comprimento será de 2 côvados e meio; sua largura, de 1 côvado e meio; sua
altura, também de 1 côvado e meio. Tu a revestirás com ouro puro por dentro e
por fora’.” Em medidas modernas, isso dá 1,1 metro de comprimento por 66
centímetros de altura e largura. Ainda segundo a Bíblia, dois querubins de ouro
foram esculpidos na tampa da arca, com os rostos inclinados e as asas esticadas
para a frente. Ela era guardada num altar portátil, do qual apenas um grupo de
sacerdotes (conhecidos como levitas) era autorizado a se aproximar. Se um
pecador ousasse tocar o recipiente, a ira do Senhor o fulminaria no ato.
A arca
foi capturada por um povo inimigo, os filisteus, por volta de 1200 a.C. Mas,
logo após o roubo, o talismã divino teria mostrado seu poder: ídolos pagãos
amanheciam com as cabeças cortadas, ratos invadiam as casas e os azarados
filisteus eram assolados por temíveis hemorróidas. Maldições lançadas pelo
poder mágico da arca.
O QUE DIZ
INDIANA
• Em
Caçadores da Arca Perdida, que é o primeiro filme da série, Indiana precisa
impedir que a Arca da Aliança caia nas mãos de Hitler – que pretende usá-la
para conquistar o mundo.
• A arca
está num local chamado Poço dos Espíritos. Para encontrá-lo, Indy usa o Cetro
de Rá (que, quando posicionado diante de uma miniatura da cidade de Tânis,
revela a localização do poço).
• A arca
é capturada pelos nazistas. Eles resolvem abri-la, mas só encontram pó. Essa
ousadia desencadeia a ira divina, que envia uma fumaça mortal e elimina de uma
só vez todos os vilões do filme.
• Após
recuperar a arca, Indiana quer levá-la para um museu. Mas, no fim das contas, a
relíquia superpoderosa vai parar nos depósitos do Exército americano, onde é
tratada como segredo de Estado.
02. O
SANTO GRAAL EXISTE?
Chave
para a vida eterna, ou mera obra de ficção: qual é a verdade sobre o cálice
usado por jesus na última ceia?
É
provável que Jesus Cristo tenha, em algum momento de sua vida, utilizado um
cálice para beber. Mas o Graal como o conhecemos, que teria sido usado na
Última Ceia e tem poderes mágicos, é uma obra de ficção. Isso não impediu que
pesquisadores buscassem o objeto. Um deles foi o medievalista alemão Otto Rahn,
que era membro do Partido Nazista. Ele jamais encontrou nada que se parecesse
com qualquer descrição do Graal, mas suas andanças deram origem à lenda de que
Hitler tentou um dia se apoderar do cálice de Cristo – idéia na qual se baseia,
justamente, o enredo do filme Indiana Jones e a Última Cruzada.
A
primeira aparição do Graal ocorreu por volta de 1190, nas páginas do livro Le
Conte du Graal, do francês Chrétien de Troyes. A obra conta a história de
Percival, um dos cavaleiros da Távola Redonda. Ele tenta encontrar um
recipiente misterioso, cravejado de jóias. O livro não explica a origem nem o
significado do estranho objeto – que é descrito no livro como um graal, antiga
palavra francesa que indica uma travessa usada em refeições aristocráticas. O
mistério caiu no gosto do leitor medieval, e o Graal começou a aparecer em
vários outros livros. Embora a maioria dos escritores o descrevesse como um
cálice, outros imaginaram o Graal como um prato, uma tigela ou uma jóia. Mas a
versão mais célebre está nas páginas do Roman de l’Histoire du Graal, escrito
por Robert de Boron entre 1200 e 1210.
Nessa
obra, pela primeira vez o Graal foi descrito como o cálice utilizado por Jesus
para beber vinho na Última Ceia. O livro também dizia que a taça teria poderes
divinos, como exorcizar demônios, fazer a terra florescer, revelar segredos
apocalípticos e curar feridas.
No século
19, quando a arqueologia fez suas primeiras grandes descobertas, houve uma
explosão de interesse pelo Graal. A partir daí novas versões, das plausíveis às
mais alucinadas, começaram a surgir. Em 1818 o erudito austríaco Joseph von
Hammer-Purgstall afirmou que o Graal, na verdade, era um símbolo demoníaco
adorado pelos templários, a ordem de monges guerreiros perseguida pela Igreja
no século 14. Mais tarde, em 1898, um arqueólogo amador encontrou um vaso
medieval dentro de um poço na cidade inglesa de Glastonbury – lugar onde,
segundo lendas medievais, teria sido enterrado um dos portadores do Graal.
Na década
de 1930, escavações arqueológicas na Palestina desenterraram uma magnífica taça
de vidro e prata, aparentemente da mesma época em que Jesus viveu. O artefato
está exposto no Metropolitan Museum de Nova York. Mas, apesar do entusiasmo que
esse e outros achados despertaram, não há evidências garantindo que algum deles
realmente tenha passado pelas mãos de Jesus Cristo (muito menos que tenha
poderes mágicos).
O QUE DIZ
INDIANA
• Em
Indiana Jones e a Ultima Cruzada, o Graal está escondido no Cânion da Lua
Crescente, que fica na cidade de Iskenderun (território que, hoje em dia,
pertence à Turquia).
• O Graal
é descoberto por 3 cavaleiros ingleses. Dois voltam para a Europa. O terceiro
bebe do cálice, ganha vida eterna e fica guardando a relíquia – até que Indiana
vem bater à sua porta.
• O Graal
não é de ouro. É bem simples, feito de madeira (enfatizando a humildade de
Cristo). Ele tem poder de cura – isso permite a Indiana salvar a vida do pai,
que havia levado um tiro dos nazistas.
• Indiana
também bebe do Graal e ganha vida eterna. Mas a imortalidade só vale no Cânion
da Lua Crescente. Indy prefere ir embora – e volta a ser um reles mortal.
03. O QUE
SÃO AS LINHAS DE NAZCA?
Desenhos
enigmáticos, que só são visíveis de avião e cobrem um deserto do Peru.
Homenagem aos deuses? Ou aeroporto de ETs?
No
desértico vale de Nazca, no sul do Peru, está um dos maiores enigmas da
arqueologia moderna. São cerca de 800 linhas, com centenas de quilômetros de
extensão, que formam desenhos geométricos como trapézios e espirais e também
representam animais gigantescos: há pássaros, répteis, um macaco, uma
assustadora aranha de 2 quilômetros de comprimento e até uma figura humana
acenando com a mão erguida. Quem fez essas marcas no solo, e o que elas
significam?
A
resposta exata desapareceu junto com a civilização Nazca, que floresceu no sul
do Peru entre os anos 200 a.C. e 600 d.C. – e, assolada por desastres naturais,
foi varrida da história no início do século 7. Mas falta de chuvas, o clima
seco e a escassez de habitantes na região ajudaram a conservar as linhas
(chamadas de “geóglifos” pelos cientistas). Elas foram descobertas pelo mundo
moderno na década de 1920, quando vôos comerciais começaram a sobrevoar o vale
de Nazca. E, a milhares de quilômetros de altura, os passageiros se depararam
com um cenário impressionante: visto de cima, o deserto parecia uma gigantesca
tela. O grande mistério está no tamanho dessas gravuras – elas são tão grandes,
mas tão grandes, que só de um avião ou helicóptero poderiam ser vistas com
clareza. Mas, se os nazcas não tinham aeronaves, como faziam para desenhar as
gravuras com tanta precisão? De lá para cá, surgiram várias hipóteses. No livro
Carruagens dos Deuses, de 1968, o ufólogo suíço Erich von Daniken afirmou que
os geóglifos de Nazca foram desenhados com a ajuda de alienígenas e serviriam
como pistas de pouso para os ETs (embora seja bem difícil imaginar uma nave
pousando em uma pista em forma de macaco). Outra teoria diz que não houve
participação de aliens, e as linhas realmente foram desenhadas pelo povo de
Nazca – que supostamente tinha balões primitivos e, portanto, era capaz de
sobrevoar o próprio território. Também houve quem dissesse que as linhas são mapas
astronômicos, representando a posição das estrelas.
Foi só às
vésperas do século 21 que o enigma começou a se resolver. Em 1997 uma equipe
internacional de arqueólogos, engenheiros e técnicos de computação gráfica
desembarcou no vale de Nazca com equipamentos de última geração. Eles tiraram
fotos aéreas do local e usaram as imagens para montar um mapa tridimensional,
que permitiu explorar os geóglifos a partir de vários ângulos. Ao que tudo
indica, as linhas realmente foram desenhadas pelos nazcas, que levaram séculos
para completar os desenhos utilizando um método relativamente simples. O solo
da região é formado por rochas vulcânicas, que são escuras e ficam espalhadas
sobre uma base de areia. Os nazcas só precisaram movimentar as rochas e
ordená-las de acordo com o desenho que queriam fazer – cada rocha forma um
pontinho da imagem.
E, ao
contrário do que se acreditava, as linhas de Nazca podem ser vistas com clareza
ao nível do solo, dispensando o uso de aviões, balões ou naves espaciais. Os
nazcas ficavam em pé em cima das linhas, e pronto: os desenhos ganhavam vida e
se tornavam visíveis a partir de elevações do terreno. Hoje, a maioria dos
especialistas acredita que o vale de Nazca servia como palco para gigantescas
cerimônias religiosas. Os geóglifos marcariam o trajeto de enormes procissões
destinadas a atrair a atenção dos deuses. E o que os antigos peruanos pediam
aos céus com tanta gana? Provavelmente, eles queriam água – dádiva realmente
divina numa região muito seca, em que o índice de chuvas não passa de meio
milímetro por ano.
O QUE DIZ
INDIANA
• Indy
encontra uma mensagem, escrita por um arqueólogo envolvido na busca das
caveiras, que menciona as linhas de Nazca.
• O
bilhete, que traz desenhos e está escrito numa língua extinta, diz: “Siga as
linhas que só os deuses podem ler”.
• As
linhas de Nazca funcionam como uma espécie de mapa, que orienta a expedicão em
busca das caveiras de cristal.
04.
ELDORADO ERA MESMO FEITO DE OURO?
Na região
da floresta amazônica, teria existido um reino secreto e riquíssimo, com
templos e montanhas de ouro maciço. O metal era tão farto, mas tão farto, que o
chefe do lugar chegava a se cobrir com ouro em pó. Será?
Muitos
especialistas acreditam que a civilização de Eldorado, na região da floresta
Amazônica, realmente possa ter existido. Mas nada indica que fosse uma cidade
totalmente construída de ouro, como sugere o filme de Indiana Jones e o Reino
da Caveira de Cristal. As lendas a respeito surgiram no século 16, pois as
riquezas encontradas nos templos e palácios incas despertaram a esperança de
que civilizações ainda mais ricas, e tesouros ainda mais incríveis, se
escondessem nas selvas e montanhas das Américas. As histórias da época contam
que em Eldorado o ouro realmente era farto e usado em rituais religiosos.
O líder
dessa civilização era o príncipe Dourado (ou “El Dorado”), termo que viria a
designar a cidade em si. “Dizem que esse príncipe anda sempre coberto de pó de
ouro, fino como sal, grudado em seu corpo por óleos e bálsamos, dos pés à
cabeça. Sua aparência é resplandecente, como um objeto de ourivesaria
trabalhado por um grande artista”, escreveu o historiador espanhol Gonzáles
Fernandes de Oviedo em História Geral das Índias, de 1535.
As
histórias sobre o príncipe Dourado se inspiravam na civilização chibcha, que
existiu na Colômbia antes da invasão européia. Adoradores do Sol, os chibchas
consideravam o ouro uma encarnação terrena da sua divindade favorita, o
Deus-Sol. Uma vez por ano, o cacique chibcha se cobria de pó de ouro, pegava
uma jangada até o centro da lagoa de Guatavita, que ficava próxima à atual
cidade de Bogotá, e ali fazia uma oferenda com objetos de ouro.
Esse
ritual, praticado por centenas de anos, já havia desaparecido quando os
espanhóis invadiram a América do Sul. Mas a imaginação dos europeus se misturou
a relatos dos índios, e a história foi ficando cada vez mais impressionante. A
capital de Eldorado seria uma cidade chamada Omágua ou Manoa, cheia de templos
e palácios reluzentes e atravessada por cordilheiras de ouro maciço. O país
seria habitado por estranhas criaturas chamadas ewaipamonas – uma raça de
homens sem pescoço, cujo rosto ficava na altura do peito. E as fronteiras de
Eldorado seriam defendidas por mulheres guerreiras, que foram batizadas de
“amazonas” – nome que foi inspirado por uma nação de mulheres-soldados da
mitologia grega.
As
expedições
A
principal busca começou em 1542, quando, acompanhado por apenas 60
aventureiros, o espanhol Francisco de Orellana se embrenhou na selva amazônica
para procurar Eldorado. Ele começou sua busca na parte equatoriana da floresta.
Foi uma expedição dura. Quando a comida acabou, os exploradores começaram a
comer o couro de suas botas e roupas. Os que não morreram de fome tiveram de
sobreviver a ataques de índios da região. Mesmo assim, a expedição conseguiu
avançar mais de 4 mil quilômetros até a foz do rio Amazonas, no oceano
Atlântico. Orellana viveu para contar a história, e ganhou fama como o primeiro
europeu a navegar o rio mais extenso do mundo. Que ele batizou de um jeito curioso.
Quando Orellana foi atacado por índios de cabelos compridos, durante sua
expedição, pensou que fossem mulheres guerreiras. Por isso, em homenagem a
elas, batizou de Amazonas o grande rio recém-descoberto.
Mas
Orellana não encontrou o que procurava – e, durante, os 3 séculos seguintes,
Eldorado continuou sendo o alvo de buscas vertiginosas na América do Sul. Além
de Orellana, dezenas de outros aventureiros percorreram Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Brasil em busca da cidade de ouro. Antes de Orellana, em
1536, Jimenez de Quesada vasculhara os planaltos da Colômbia – numa expedição
que resultou na fundação da cidade de Bogotá. Mas não encontrou Eldorado.
Gonzalo Pizarro (irmão de Francisco Pizarro, que havia encontrado os tesouros
do Império Inca) também tentou. Ele partiu de Quito com 350 espanhóis e 4 mil
índios. O grupo escalou os Andes e atravessou florestas em condições terríveis.
70% dos exploradores morreram, e os que sobreviveram voltaram de mãos vazias.
Em 1540, foi a vez de a coroa inglesa cair na chamada “síndrome de Eldorado”,
como a busca foi apelidada por historiadores. Enviado às Américas pela rainha
Elizabeth, o aventureiro Walter Raleigh vasculhou durante anos o interior da
Guiana e do Suriname – mas só encontrou tribos esparsas e algumas pepitas de
ouro.
Após
séculos e séculos de frustração, pesquisadores conseguiram localizar supostos
vestígios da civilização do ouro.
Em 1856 o
geólogo alemão Alexander von Humboldt achou, nas proximidades de Bogotá, uma
estatueta de ouro maciço representando um cacique dourado, de pé no centro de
uma jangada suntuosa, que poderia ter sido o príncipe Dourado. Outro artefato
idêntico foi descoberto por agricultores colombianos na mesma região, em 1969.
No início do século 20 uma firma inglesa tentou drenar as águas da lagoa de
Guatavita – local onde os chibchas faziam seus rituais religiosos. Mas um
deslizamento de terra impediu que essa moderna busca de Eldorado fosse
concluída. Para muita gente, o tesouro que arrastou tantos aventureiros à morte
continua lá no fundo, escondido pelas águas da lagoa sagrada.
O QUE DIZ
INDIANA
• O reino
é totalmente feito de ouro, e foi erguido cerca de 7 mil anos atrás. Tem
conexão com as caveiras de cristal.
• A
cidade dourada recebe o nome fictício de Akator. Ela é guardada por índios de
aspecto físico normal.
• O
explorador Francisco de Orellana (leia mais na página ao lado) é citado como o
primeiro a tentar desbravar Eldorado.
• O filme
diz que Orellana morreu durante a exploração. Na vida real, isso não ocorreu
(Orellana sobreviveu).
05.
EXISTEM ALIENS NA ÁREA 51?
Do
tamanho da cidade de São Paulo, essa base militar está cheia de segredos e
tecnologias que parecem de outro mundo.
Com 1 500
km2 de tamanho, o equivalente à cidade de São Paulo, a base militar Área 51,
que fica no estado de Nevada, é uma espécie de continuação do mistério de
Roswell – pois é nela que estaria guardada a nave espacial encontrada pelo
Exército dos EUA. Em 1989, um homem chamado Bob Lazar deu uma entrevista na TV
dizendo que tinha trabalhado na base, como físico e engenheiro. Sério, com
jeitão de nerd e nenhuma pinta de louco, Bob Lazar parecia ser uma testemunha
confiável. Segundo ele, os EUA estavam trabalhando secretamente em uma nave
alienígena. Lazar disse ter passado 4 meses tentando copiar a tecnologia
extraterrestre.
Desconfiados
da história, alguns pesquisadores foram atrás de provas, mas não conseguiram
encontrar registros da passagem de Lazar pela Aeronáutica dos EUA. O Instituto
de Tecnologia de Massachusetts, onde Lazar disse ter estudado, também nunca
tinha ouvido falar dele. Lazar explicava essas incongruências dizendo que, para
desacreditá-lo, o governo apagara os registros dele por todas as instituições
em que tinha passado.
Mesmo sem
convencer, a história de Bob Lazar atiçou o interesse sobre a Área 51. Em 1996,
um engenheiro mecânico veio a público dizer que tinha trabalhado lá, durante os
anos 50, em um simulador de disco voador construído para treinar pilotos americanos.
Ele também alegava ter convivido com um extraterrestre chamado J-Rod, descrito
como tradutor telepático. Outro homem, chamado Dan Burisch, disse ter
trabalhado na clonagem de vírus alienígenas, também com o alien J-Rod. Houve
até quem mostrasse vídeos do suposto interrogatório de um alien. Coisa que,
para a ciência, jamais ocorreu. “A comunidade científica não aceita a idéia de
que o planeta já tenha sido visitado por extraterrestres”, diz Ronaldo Rogério
de Freitas Mourão, um dos principais astrônomos brasileiros e autor de Quem É
Vivo Sempre Aparece – Pequeno Ensaio sobre a Procura dos ETs (DPA Editora). Se
os aliens nunca estiveram aqui, não podem ter ido parar na Área 51.
Mas
existe uma explicação para as lendas relacionadas à Área 51. Lá foram desenvolvidos
e testados os aviões mais secretos da Guerra Fria. Aeronaves como o mítico U-2,
que tinha por missão espionar a URSS, o avançadíssimo SR-71 Blackbird, capaz de
voar 3 vezes mais rápido do que o som, e o F-117 Nighthawk, uma das máquinas
mais estranhas que já voou sobre a Terra (ele tem um formato triangular, nada
parecido com qualquer coisa vista antes). Como esses aviões eram muito
esquisitos, voavam muito mais rápido do que se acreditava ser possível e não
eram detectados pelos radares, podem ter sido confundidos com naves espaciais.
Daí a conexão entre a Área 51 e as supostas aparições de ETs.
O QUE DIZ
INDIANA
• Como na
vida real, é uma base secreta do Exército americano e está localizada no estado
de Nevada. Mas, no filme, o local foi batizado com um nome ligeiramente
diferente: Hangar 51.
• Os EUA
utilizam a base para desenvolver tecnologia aeroespacial, como os motores
usados em foguetes da Guerra Fria, e também para fazer testes com bombas
nucleares.
• Aparece
um carro com a inscrição “1B7731”, o que supostamente é uma mensagem secreta
para os fãs da série. Já existem teorias a respeito na internet, mas até agora
nenhuma convincente.
• Dentro
da base militar, está guardada a Arca da Aliança. Mas é uma menção rápida: o
objeto fica menos de 3 segundos na tela.
06. O QUE
ACONTECEU EM ROSWELL?
Um disco
voador realmente caiu lá? Como uma tentativa de enganar a URSS trouxe ao mundo
os ETs mais famosos da história.
Em julho
de 1947, o fazendeiro William Brazel estava passeando por seu rancho, na
cidadezinha americana de Roswell, e encontrou uma coisa estranha: uma maçaroca
de tiras de borracha, papel-alumínio e algumas varas. O fazendeiro chamou o
xerife, que chamou os militares – e, daí, surgiria um dos maiores mistérios do
século 20. Tudo porque, para explicar o que havia ocorrido, a Aeronáutica dos
EUA divulgou um comunicado dizendo que aqueles destroços, na realidade, eram
pedaços de um disco voador.
Ao que
tudo indica, os destroços não tinham nada de alienígenas. Eram pedaços de um
balão ultra-secreto, que os americanos estavam desenvolvendo para espionar a
URSS. A tese dos destroços extraterrestres teria sido inventada por militares
dos EUA, que queriam evitar um acirramento das tensões com os soviéticos. “Essa
mitologia em torno de Roswell jamais teria se desenvolvido se o aparato [o
balão] não fosse parte de um programa governamental destinado a monitorar os
testes nucleares soviéticos”, diz o ufólogo americano Gary Posner.
No dia
seguinte, os militares mudaram sua versão, negando que os destroços fossem
alienígenas – segundo a Aeronáutica, eram restos de um balão meteorológico.Mas
o estrago já estava feito: a história sobre aliens estourou nos jornais
americanos, e a lenda de Roswell estava formada. Em 1978, o caso ganharia ainda
mais força. O major Jesse Marcel, que recolhera os destroços em Roswell 30 anos
antes, disse que eram, sim, pedaços de uma nave espacial. Isso detonou uma onda
de conspiracionismo e gerou livros como The Roswell Incident, de 1980, que
acusa o governo dos EUA de esconder a verdade sobre os aliens.
Foram
aparecendo novas testemunhas, que confundiam cada vez mais a história. Os
filhos do fazendeiro Brazel deram mais detalhes sobre os destroços: eles eram
feitos de um material desconhecido e inquebrável. Outra testemunha célebre foi
Glenn Dennis, que trabalhava na funerária de Roswell na época do incidente.
Segundo ele, a Força Aérea foi à funerária querendo comprar caixões pequenos,
como os usados no sepultamento de crianças. E com um detalhe ainda mais
estranho: os caixões tinham de ser hermeticamente selados.
Dennis
disse ter conversado com uma amiga enfermeira, que teria ajudado os militares a
fazer uma autópsia de 3 ETs – eles seriam negros, com cerca de 1,20 metro de
altura. Chegou a aparecer, até, um vídeo da tal autópsia. Era uma fraude. Logo
após o caso, a tal enfermeira viajou para a Europa e desapareceu para sempre
(Dennis tentou se corresponder com ela, mas todas as cartas voltaram com o
carimbo “destinatário falecido”).
Tentando
acabar com todos os mitos, a Força Aérea dos EUA acabou fazendo, na década de
1990, uma investigação. Dela saíram dois relatórios, que negam qualquer contato
com discos voadores ou tecnologia alienígena – e afirmam que os destroços
faziam parte do Projeto Mogul, um balão que estava sendo desenvolvido para
espionar a URSS. Os relatórios desmontavam os relatos das pessoas que diziam
ter havido ETs em Roswell. Alguns dos fatos relatados pelo coveiro Dennis eram
verdadeiros. Mas ele foi acusado de descontextualizar, e juntar numa história
só, coisas que tinham acontecido ao longo de vários anos. Os militares
compraram caixões na funerária de Dennis, mas isso aconteceu nos anos 50 – não
em 1947. A tal enfermeira, que parecia invenção, realmente existiu. Mas só começou
a trabalhar em Roswell um mês depois do suposto incidente com aliens.
O QUE DIZ
INDIANA
• O
Exército dos EUA possui caixas com a inscrição “Roswell, Novo México, 1947” e a
observação “top secret” (confidencial).
• Indy
afirma que esteve em Roswell, aonde teria sido chamado para examinar os
destroços de um objeto voador.
• Os
destroços do óvni são feitos de um material fortemente magnetizado – sugerindo
uma relação com a Caveira de Cristal.
07. O QUE
É A CAVEIRA DE CRISTAL?
Um objeto
sobrenatural, feito por civilizações antigas? Um gerador de energia criado por
aliens? Ou um golpe para enganar colecionadores?
No novo
filme de Indiana Jones, aparecem várias caveiras de cristal – que, se unidas,
viram uma imbatível arma de guerra. E na vida real, fora do cinema, os mitos
não deixam por menos. Há quem diga que as caveiras são geradores de energia ou
computadores fabricados por civilizações alienígenas. Uma das caveiras, que
teria sido esculpida pelos maias 3 600 anos atrás, promete poderes ainda mais
bizarros. Bastaria tocá-la para se curar de qualquer doença (ou encomendar a
morte de alguém). Existe até uma seita, no México, para a qual as caveiras
precisam ser reunidas até dezembro de 2012 – do contrário, a Terra sairá de
órbita, com conseqüências catastróficas para a humanidade. Nada disso tem
fundamento científico. Mas, na vida real, as caveiras de cristal realmente
existem.
Há pelo
menos 12 delas, supostamente de origem pré-colombiana, em museus e acervos
particulares. A mais famosa teria sido descoberta por Frederick
Mitchell-Hedges, em 1924, no Belize (América Central). É um crânio esculpido em
quartzo, com 13 centímetros de altura e 5 quilos. Em 1970, o pesquisador Frank
Dorland analisou o objeto, o que teria revelado dois detalhes intrigantes. A
caveira realmente foi esculpida a partir de um bloco de quartzo, mas no sentido
errado – o que, em tese, deveria ter quebrado o cristal. E a superfície do
objeto era absolutamente uniforme, sem arranhões, sugerindo o uso de uma
tecnologia que os maias certamente não tinham. Para os mais crédulos, isso
serviu como prova de que as caveiras seriam obra de alienígenas. Dorland propôs
uma tese um pouco menos mirabolante, mas que também não é fácil de engolir.
Para ele, o objeto teria sido esculpido à mão pelos maias, com areia e água,
num processo extremamente lento – que poderia ter levado de 150 a 300 anos.
Será possível? O arqueólogo Paulo Zanettini, da Universidade de Campinas
(Unicamp), que viu uma das caveiras no Museu Antropológico da Cidade do México,
acredita que os povos da América Central eram capazes de fazer esse tipo de
polimento. “A sofisticação deles era inimaginável.”
Mas,
provavelmente, a solução do mistério é bem mais simples. Estudos recentes
comprovaram que duas das caveiras de cristal, a do British Museum e a do Museu
Quai Branly, na França, são fraudes. Os objetos contêm traços de polimento e
perfurações características de instrumentos modernos, como os utilizados por
joalheiros europeus a partir do século 19 – mais precisamente os do sul da
Alemanha, onde as duas caveiras teriam sido fabricadas.
O QUE DIZ
INDIANA
• Existem
várias caveiras de cristal, mas apenas uma já foi descoberta. Acredita-se que
as caveiras tenham poderes paranormais.
• Mesmo
sendo feita de cristal, material que não é magnético, a caveira atrai objetos
metálicos – o que supostamente é um indício do seu poder.
• A
principal caveira de cristal do filme é a de Mitchell-Hedges, que realmente
existe na vida real (veja mais no texto da página ao lado).
• As
caveiras são motivo de disputa entre Indiana e os vilões do filme, os
soviéticos, que querem transformá-las em arma de guerra.
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