quinta-feira, 18 de outubro de 2012

[ARM] Fabricante Falido do AK-47 tem esperança em Novas Armas

Der Speigel, 09/05/2012


Dimitry Rogozin,, o vice-primeiro ministro encarregado da indústria de defesa da Rússia, gosta de lançar afirmações dramáticas enquanto viaja e faz aparições públicas, afirmações para reviver o orgulho russo em seu país.

Rogozin frequentemente recorre a anedotas de sua época de embaixador da Rússia junto à OTAN. Em Bruxelas, diz ele, ouviu mais de uma vez de seus colegas ocidentais: “Atualmente, os otimistas aprendem inglês, os pessimistas aprendem chinês, mas os realistas operam um AK-47.”

É a mesma velha piada contada pela milésima vez, e não seria totalmente insano suspeitar que foi o próprio Rogozin quem a concebeu. Mas a conversa fiada foi particularmente boa durante a visita de Rogozin à fábrica Izhmash na cidade russa ocidental de Izhevsk, onde ele pretendia tranqüilizar os trabalhadores locais. De fato, os empregados têm um interesse especial no destino do fuzil de assalto AK-47, pois atrás do nome inocente da companhia Izhmash está o maior fabricante de armas da Rússia – o berço do famoso Kalashnikov.




Esta arma automática, conhecida em russo simplesmente como “avtomat”, é muito estimada pelos americanos, relatou Rogozin. As unidades militares de elite dos EUA a utilizam, ele acrescentou, mesmo que o Congresso americano geralmente prefira comprar somente armas fabricadas no país. Colecionadores privados também têm se interessado por este fuzil de assalto, continuou ele, notando que as vendas nos EUA aumentaram 50% no último ano. Ele também mencionou como o Afeganistão ainda solicita Kalashnikovs a Moscou “mesmo eles tendo 140.000 soldados da OTAN bem armados dentro de suas fronteiras.”

A Rússia nunca agraciou o mundo com um carro ou um super avião a jato, mas em mais de 60 anos após sua estréia, o Kalashnikov parece continuar sua marcha triunfante. Cerca de 100 milhões de AK-47 foram fabricados ao redor do mundo. A arma ajudou guerrilheiros nas florestas do Vietnã a derrotar os adversários americanos, os líderes moçambicanos o incorporaram na bandeira do país e o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, o levava em suas aparições em vídeo. Até hoje, os Kalashnikovs são o equipamento padrão para qualquer exército rebelde na África.

Uma Arma muito amada

Mesmo assim, o fuzil não é uma maravilha tecnológica. Ele não é particularmente refinado, nem o seu aspecto é amável. O Kalashnikov está mais para o Fusca do mercado das amas do que um Porsche: simples, robusto e indestrutível. “Nenhum fuzil no mundo tem sido mais confiável do que este,” disse recentemente Josh Laura, um antigo fuzileiro naval de Maryville, Tennessee, ao New York Times, ao explicar por que ele comprou um AK-47. Terry Sandlin, um eletricista em Scottsburg, Indiana, disse que ele escolheu o modelo porque “a qualidade e versatilidade de longe superam qualquer coisa no mercado.”

Os projetistas do fuzil russo tinham como princípio a simplicidade desde o início. O Kalashnikov não foi concebido como um fuzil para soldados profissionais, mas, ao invés disso, como uma pequena arma de fogo para multidões de soldados-cidadãos em campo comunista. Em sua história de 2010 do Kalashnikov intitulada simplesmente “A Arma”, o jornalista americano Christopher Chivers descreve o AK-47 e a bomba nuclear como um “casal incompatível mas destinado a ficar juntos,” explicando: “O guarda-chuva nuclear congelou as fronteiras e desencorajou a guerra total entre os exércitos convencionais estacionados na Europa, ajudando a criar condições na qual o Kalashnikov... (tornou-se) a ferramenta dominante para a violência nas zonas de conflito.”




O fuzil russo, que funciona debaixo de tempestades de areia ou chuva torrencial, sempre foi o escolhido em lutas de classes desde o começo. Soldados americanos lutando na Guerra do Vietnã gostavam de trocar seus fuzis M16 pelos Kalashnikovs que eles capturavam dos guerrilheiros porque o AK-47 não falhava na floresta úmida.

O músico do exército russo Dmitry Poltoratsky chegou mesmo a imortalizar o Kalashnikov em uma canção: “Sei para quem devo rezar e quem me ajudará. Meu Deus se mantém em uma correia de couro e carrega o logotipo de uma fábrica russa simples. O Kalashnikov é meu único Deus.”

Copiado até a Morte

A canção foi escrita em 2001, mas as coisas desandaram para o versátil fuzil desde então. Declarações de amor como aquelas do Vice-Primeiro Ministro Rogozin são mais precisamente analisadas como um sintoma da crise, assim como a expansão atual da arma no mercado americano.

O Ministério da Defesa russo, antigamente o maior comprador do Kalashnikov, parou de comprar a arma no último outono. O chefe do Exército da Rússia notou que armazéns do fuzil já estavam preenchendo os arsenais do país, ultrapassando a demanda “doze vezes”. Ele continuou a descrever o fuzil como ultrapassado, dizendo que a era de guerras em larga escala acabou e que um diferente tipo de arma é necessária para enfrentar conflitos locais. Precisão, ao invés de uma rajada constante de fogo sobre tropas inimigas, é o necessário, disse ele. Planos estabelecem a destruição de 4 milhões de AK-47 por volta de 2015.

Consequentemente, os negócios estão ruim na fábrica de Izhevsk. A companhia que o Czar Alexander I criou 200 anos atrás para fabricar mosquetes para a preparação da guerra contra Napoleão, a companhia que Stalin ordenou que fabricasse um fuzil de assalto como o alemão MKb 42(H) durante a Segunda Guerra Mundial, está falida desde a primavera, após acumular uma dívida de €62 milhões (U$78 milhões) em 2011 e um débito crescente de €136 milhões. A produção da fábrica caiu pela metade, e a própria companhia passou a fazer parte de um grande aglomerado empresarial estatal.

Além disso, as reclamações da fábrica não podem ser apenas atribuídas à decisão militar russa de interromper a compra da arma. Outra razão é o fato de que o mercado global está inundado de Kalashnikovs. O AK-47 foi copiado em quase todo continente, com versões mais baratas fabricadas na Bielorrúsia, Bulgária, Romênia e Sérvia, nos países africanos e particularmente na China – geralmente sem licença.

Colocando Esperanças nos Novos Modelos

Os chefes em Izhevsk tentaram protelar o desastre ao expandir os produtos da companhia. Antes, a empresa fabricava canhões para caças a jato e projéteis de precisão para artilharia, agora concentra-se em armas para caça e esporte.

Um desses produtos é o Saiga, a versão civil do Kalashnikov que está sendo consumido nos EUA. O Saiga não é o mesmo fuzil de assalto usado pela Al-Qaeda ou pela milícia Al-Shabab na Somália – ele apenas se parece fisicamente. Por exemplo, ele não tem furo roscado, o qual permite a conexão de coisas como supressores de flash ou silenciadores, e não pode ser disparado em automático.

O modelo não é particularmente novo. Pelo contrário, foi desenvolvido nos anos 1970 para caça de saigas, um tipo de antílope que desde então tornou-se uma espécie em extinção, nas estepes do Cazaquistão. O líder soviético, Leonid Brezhenev, ele próprio um caçador apaixonado, deu sinal verde para sua fabricação.

Mas, mesmo com o salto nas vendas, o Saiga ainda permanece como não mais do que um nicho no mercado de armas americano. O consolo de seus fabricantes russos é que o fuzil não precisa temer competição desigual da China em mercado americano, pois a importação de armas chinesas de mesmo porte foi tornada ilegal nos EUA desde 1994.

Além disso, ninguém em Izhevsk quer acreditar que este é o fim de uma tradição que completa 200 anos. De fato, há ainda esperança – e ela vem acompanhada da abreviação AK-12.

AK-12 é o nome de um Kalashnikov totalmente novo, algo que não tem em comum nada com o modelo velho. Foi por este fuzil que o Vice-Primeiro Ministro Rogozin viajou até Izhevsk.

Este Kalashnikov é dito ser uma maravilha, a arma última para os amantes da guerra. Ele pode ser conectado a um iluminador laser, um lançador de granadas e um dispositivo de visão noturna. Ele pode atirar tanto projéteis simples, disparos de três tiros ou em mdo automático total. Ele pode reportadamente atingir um alvo precisamente mesmo disparando rajadas rápidas. E seu pente pode conter 60 cartuchos, ao invés dos 30 tradicionais.

Os jornais russos, entretanto, estão chamando o AK-12 de “blefe”, dizendo que o novo fuzil de assalto não é nada mais do que uma versão recauchutada do velho Kalashnikov. Deve ainda ser visto se ele encontrará alguma serventia no Exército russo.

Uma Ofensiva Condenada

Até que uma decisão seja tomada, os planos da Izhmash pretende se concentrar em resolver uma questão que admite ter lamentavelmente negligenciado por anos: estigamtização. Agora, ela lançou uma campanha global para dar novos ares para o nome Kalashnikov. A cidade vizinha de Glasov produz uma vodka chamada Kalashnikov que é vendida em enormes garrafões com o formato do fuzil. Existem versões em plástico para brinquedo do AK-47 fabricados na China, e uma empresa chamada MMI na cidade alemã de Solingen mantém o direito de comercializar relógios e guarda-chuvas carregando o logotipo da Kalashnikov. A Izhmash também planeja usar o nome para uma linha de roupas esportivas.

Primeiro, contudo, Mikhail Timofeyevich Kalashnikov, o criador original do fuzil, terá que dar sua benção ao plano. Ou talvez um de seus três filhos terão que fazê-lo porque Kalashnikov, que foi condecorado “herói do trabalho socialista” duas vezes e “herói da federação Russa”, está com 92 anos de idade e com saúde precária. Ninguém lhe contou que o fuzil que inventou está sendo agora descartado pelo exército russo. De acordo com o jornal moscovita Isvestia, isso seria “um sério choque para uma pessoa de sua idade.”

http://www.spiegel.de/international/world/russian-kalashnikov-maker-fights-bankruptcy-with-new-weapons-models-a-853915.html

AK-47

Fonte: Wikipédia

AK-47, sigla da denominação russa Avtomat Kalashnikova odraztzia 1947 goda ("Arma Automática de Kalashnikov modelo de 1947"), é um fuzil/espingarda de assalto de calibre 7,62 x 39 mm criado em 1947 por Mikhail Kalashnikov e produzido na União Soviética pela indústria estatal IZH.





Seu funcionamento se dá de modo similar aos demais fuzis de assalto, pelo aproveitamento indireto dos gases que são desviados da parte posterior do cano até um cilindro montado acima deste, onde pressionam um êmbolo de longo curso que aciona o recuo do ferrolho de trancamento rotativo. O ferrolho desliza sobre dois trilhos na caixa da culatra com uma folga significativa entre as peças móveis e fixas, o que permite que opere com o seu interior saturado de lama ou areia. Dispara munição 7,62 x 39 mm nos modos automático e semi-automático. Seu registro de tiro e segurança é considerado por muitos sua principal desvantagem, não corrigida nos modelos posteriores. É lento e desconfortável, exige esforço extra para operar, especialmente com luvas, e quando acionado produz um "clique" alto e distinto. Outra desvantagem é a posição do ferrolho, que permanece fechado após o último tiro.

É alimentado por um carregador tipo cofre metálico bifilar de trinta projéteis, com retém localizado à frente do guarda-mato. Outros tipos de carregadores como o de quarenta projéteis ou o tambor de 75 projéteis da RPK também podem ser usados. Seu aparelho de pontaria é graduado de 100 m a 1000 m (800 no AK), e um ajuste fixo que pode ser usado para todas as faixas de até 300 metros. Pode também pode ser equipado com lançador de granadas montado sob o cano. A versão de coronha dobrável foi desenvolvida para as tropas aerotransportadas e denominadas AKS (AKMS). Os AK foram concebidos com baionetas destacáveis do tipo faca, que associada a sua bainha transforma-se numa tesoura de cortar arames.

Fuzil de Assalto

Fonte: Wikipédia

Um fuzil de assalto é uma arma leve dos modernos exércitos mundiais que se tornou o armamento de dotação individual dos combatentes de infantaria. Este tipo de arma constitui uma subvariante da espingarda automática ou fuzil automático que se caracteriza por utilizar uma munição menos potente.

Nascido no final da Segunda Guerra Mundial, o fuzil de assalto, teve uma grande evolução, adaptando-se aos mais diversos usos na guerra moderna. Ele surgiu quando estrategistas militares perceberam que, diferentemente da Primeira Guerra Mundial, que ocorreu com exércitos inteiros em linhas estáticas, combates em trincheiras e com disparos a longas distâncias, a Segunda Guerra não permitia o estacionamento de tropas devido à grande mobilidade dos veículos blindados apoiado pela artilharia e infantaria.

Foi nessa conjuntura que surgiu o fuzil de assalto, o infante combatia agora a curtas distancias, sendo que muitas vezes o embate ocorria em áreas urbanas, um campo de batalha que não havia sido explorado até o momento; diferentemente do combate em campo aberto, não havia o apoio instantâneo do fogo das metralhadoras, as quais necessitavam ser montadas e o encontro com o inimigo era inesperado.

Os fuzis de assalto representam um salto enorme no campo bélico. Essas metralhadoras portáteis podem ser usadas como metralhadoras de mão a curtas distâncias e como fuzis poderosos a longa distância. São armas tão poderosas, que hoje são a arma principal de todos os exércitos do mundo.

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