quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um Nazista viaja para a Palestina

Leopold von Mildenstein (sob o pseudônimo „von Limm“)

Der Angriff, 27/09/1934


Mildenstein, nos anos 1950, como executivo da Coca-Cola na Europa


No navio “Moisés”, uma embarcação especial para emigrantes judeus para a Palestina, a Terra Prometida, um nazista viaja sozinho, e lá observa vilas, cidades, fábricas e os lares das crianças. Em sua viagem jornalística para Jaffa, ele torna-se familiar com os imigrantes judeus, as dificuldades em suas viagens e as esperanças que eles têm em relação ao seu novo lar. Nesta viagem para Jaffa, a maioria é admitida no país e mantém seus passaportes.

A Checagem do Passaporte!

Um barco a motor chega rapidamente em nossa direção, os temidos comissários alfandegários. O capitão, o primeiro oficial, o comissário, o médico, todos estão prontos para a recepção. Todos têm que estar em situação regular com a comissão alfandegária. Primeiro, todos têm que beber juntos para fortalecer o espírito, de modo que tudo possa seguir OK. Se a comissão negar a entrada a um imigrante, a companhia de transporte deve levá-lo de volta a Trieste. Se ele ainda tiver dinheiro, então eles podem tentar fazê-lo pagar pela viagem de retorno. Mas se ele não tem nada, então eles devem levá-lo de volta sem pagamento. Isto é algo que eles desejam evitar.

A comissão é liderada por um inglês, mas os inspetores alfandegários reais são judeus palestinos. A grande escolha começa. Naturalmente, ela inicia pela classe. Quem pagou mais começa por primeiro. Aqueles que têm seus passaportes carimbados, entra nos barcos aliviados. Para ficar certo, eles não são deixados em liberdade total. Eles devem primeiro ir para a seção de quarentena, para adaptação, e então, após três dias, retornam ao médico de quarentena. Mas isto acontece de maneira tranqüila, se tudo funcionar direito.

Arenques Voadores

Nós, os outros, que desejamos ir a Haifa, temos tempo para repouso. Neste ínterim, o segundo oficial livrou-se de sua carga. Isto não é tão simples. Quando alguns arenques pairam sobre o barco, um dos recipientes cai a partir da rede de arame de manivela para o barco. A tampa sai e os arenques aprendem a voar. As mãos rápidas dos árabes capturam-nos rapidamente e, desde que eles não querem voltar voluntariamente para o recipiente, um dos homens morenos pula sobre ele e, sob o forte chute de seus pés descalços, os arenques desistem. A tampa é fechada.

Quando o comissário de bordo, com seu grande sino, faz sinal para o almoço, a embarcação começa a se mover novamente com um curso para o norte, em direção a Haifa, deslizando pela costa. A areia levemente parda das dunas contrasta com a terra costeira fértil que fica atrás. Somente ocasionalmente vemos umas poucas palmeiras. Em seguida, vem a ressaca selvagem surgindo sobre as rochas íngremes das ruínas de Atlet. Atrás delas está o Monte Carmel. É mais de 4 horas da tarde e estamos nos aproximando das construções de Haifa.

Nos Portões para a Índia

Há uma situação totalmente diferente do que aquela pela manhã. O Monte Carmel cai abruptamente quase no porto. Carvalhos e pinheiros cobrem as chalupas. No final, fica um claustro com um farol, o verdadeiro símbolo de Haifa. À esquerda do porto fica a indústria de Haifa. Um grande farol brilha aqui. A cimenteira trabalha constantemente lançando fumaça de suas chaminés cinzas e ruidosas no céu azul.

As casas mais notáveis da cidade já subiram ao longo do cume da montanha. O ar deve ser maravilhoso. Aqui embaixo, apesar da água, é insuportavelmente quente. O enxame de insetos parece ter aguardado nossa vinda. Eles vêm em quantidades sobre nós. Seus ferrões carregam a Papadadschia, uma febre terrível. Seu zumbido, mais alto do que o do pernilongo comum, nos cerca.

Haifa é o único porto protegido pela natureza na costa leste do Mediterrâneo. Uma cadeia de pedras robustas fica ao redor do porto. Guindastes poderosos permanecem no cais. Alguns o chamam a porta de entrada da Inglaterra para a Índia. Então, Haifa é a chave para esta porta. Aqui é o único porto protegido da Costa Oriental. Aqui teremos o maior aeroporto do Oriente. Cruzamento das linhas aéreas de Cidade do Cabo e Índia. Aqui é o terminal do poderoso oleoduto para os campos petrolíferos de Mosul no Iraque. Aqui é o terminal da “ferrovia britânica”, que ligaria Haifa com Bagdá e Basra, assim unindo o Mediterrâneo e o Golfo Persa. E, se alguém não construir essa ferrovia, porque hoje uma auto-estrada seria mais vantajosa, então teríamos o começo desta estrada, que nunca deixa a proteção inglesa, e hoje já basicamente existe.

O “Martha Washington” está ancorado no cais, e a comissão vai a bordo novamente. Permaneço à bordo toda a noite. Meu carro, que passou a viagem inteira à bordo, deve ser registrado. Os funcionários públicos não estão lá. Logo, amanhã, amanhã!

Um Judeu Fascista

Esta é a receita oriental para todas as pessoas impacientes. Quando os árabes querem dizer algo educado para alguém, ele diz "bukra, insha' allah!", ou Amanhã, se Deus quiser. Se nada acontecer amanhã, Deus aparentemente não queria. Espero. Ao meu lado, há também uma família judia imigrante., que permaneceu à bordo, com os outros passageiros. Seus documentos não estão totalmente em ordem. Talvez amanhã. Neste interim, os passageiros para a viagem de retorno chegaram à bordo. Sentamos, sozinhos, na sala de jantar.

No lado oposto, um jovem palestino, carrega um distintivo em sua lapela. Um Menorá de sete braços. Começamos a conversar. Ele é um sionista russo. Eles são seguidores de um líder judeu russo, Trumpeldor, que morreu em combate, aqui na Palestina, logo após a guerra (N. do T.: Primeira Guerra Mundial, 1914 – 1918), na luta contra os árabes. Ele era líder da Legião Judaica. Seus apoiadores agora representam um grupo fascista entre os judeus. Nacionalistas radicais, eles são avessos a qualquer compromisso sobre questões do nacionalismo judaico. Seu partido político é o “Revisionistas”. Seu líder, Jabotinsky, é o enfant terrible dos Congressos Sionistas. Ele não perdoa os ingleses que, contrariamente às suas promessas no final da Guerra, desarmaram a Legião Judaica na Palestina, ao invés de ter protegido o país. Assim, ele está lutando contra os ingleses assim como os árabes. Suas tropas combatentes são uniformizadas. Calças pardas e camisas cor de chocolate. Além disso, eles usam bandoleiras de ombro. Estrelas em seus ombros são os sinais de sua lealdade. Nesta base, a auto-proteção judaica no país é recrutada. E os judeus algumas vezes precisam disto porque os interesses dos ingleses nem sempre são os interesses dos judeus.

Contrabandeando Pessoas

Passo para o convés. O navio está quase vazio. A maioria dos oficiais e homens estão de folga. O navio, na verdade, só parte amanhã à tarde. Na plataforma, permanecem soldados árabes. O cais é constante e cuidadosamente vigiado. Mesmo quando um navio chega, ninguém pode ir às vizinhanças. Mesmo chamar de bordo até o cais e os outros modos era estritamente proibido. Ele, que está a bordo, está em um mundo diferente. Se algum espertinho se atreve a gritar com seus conhecidos ou familiares á bordo, então imediatamente os soldados árabes partem para cima dele balançando seus porretes de forma ameaçadora.

Quando eu novamente cruzei a passarela estritamente observada, notei um soldado árabe que piscou seu olho. Como eu, cheio de expectativa e surpresa, olhei-o, ele caminha em minha direção. Então ele vira no próximo canto do convés. Quando chego lá, ele pisca para mim, de forma sutil. Finalmente, fiquei curioso e o segui. Um segundo árabe juntou-se a nós. Ele dá uma circulada até uma escada mal iluminada. Eles querem converser comigo em algum lugar entre os deques. O que está acontecendo? Um deles somente fala árabe. O outro fala um péssimo ingles. Com tantas piscadas e gestos, fui perguntado se eu estava autorizado a deixar o navio.

“Por que você quer saber isso?”

“Bem, talvez ainda haja possibilidade de entrar no país.” Barcos, bons amigos em terra firme, escuridão. A dica da proposta de gratificação não pode ser mal interpretada.

Portanto, eu imagino que contrabandear pessoas é um bom negócio. Se um pobre diabo de um imigrante sendo enviado de volta pela comissão enfrenta somente a viagem de volta, ele deve ser miserável. A companhia toma seu ultimo dinheiro para a viagem de retorno. Não deve ele estar sujeito à tentação? Com o dinheiro restante, ele continuará. Ele concorda com a proposta e paga. Ele compreende claramente que ele arrisca sua vida. Se o barco for visto, ele receberá tiros da vigilância do porto. Mas, por outro lado, ele está livre então. Quem se preocupará com um judeu desaparecido? Torno isto claro para os meus “guias” que, infelizmente, não poderei aceitar a proposta. Receoso de que eu os trairia, suspeita, raiva agora aparecem em seus olhos. Tento acalmá-los e vagarosamente me afasto deles para a claridade.

Somos Descarregados

A manhã se ergue com a movimentação o porto. Meu carro está agora sendo puxado por um guindaste. Com muito esforço e pouca ajuda, os estivadores árabes completam a manobra. Em seguida, eles querem sua gorjeta, sua recompensa. E então é uma questão de encerrar as formalidades com o carro. Tenho, assim dizendo, boa sorte na Palestina. Mas não sei ainda se alguém perguntará por dinheiro local. Os centros de serviço estão aqui e acolá, no antigo porto, parcialmente no novo. Entre eles, temos dez minutos de corrida e viagem pela areia e pedras, pó e rajadas de vento, lá e em outras partes.Isto me deixa aquecido, mas tenho meu passaporte junto. O dinheiro exigido é pouco, não chega a uma libra esterlina.

O resto da gasolina ainda está lá. A bagagem deve passar pela alfândega, e depois para o carro. Os estivadores do porto são organizados. Um líder acompanha. Mas, apesar disso, alguém tira vantagem disso. Se os carregadores quiserem, duas pessoas carregam uma mala, ao invés do outro modo. Um grupo leva a bagagem para a alfândega. Um deles pretende ser o fiscal e pede uma gorjeta especial, a qual ele reclama. Então, ele desconta imediatamente. Ele deve, é claro, ir embora, rapidamente. Logo se percebe o porquê. A bagagem é pouca na alfândega, quando todos querem o seu dinheiro e desaparecem. Enquanto isso, os outros agarraram as peças controladas, e posso apenas prevenir que um dos árabes de colocá-las em um carrinho que, naturalmente, ele opera. Apesar disso, é claro, ele quer o dinheiro combinado mais a gorjeta. Se trata de uma diferença de opinião, e o pai do dinheiro logo se torna o avô de baixo custo. Ele, que nunca esteve no oriente não pode apreciar o bate-boca e os modos vulgares desta horda suja. Estou feliz de ter salvo meu carro e a mim próprio, e poder desaparecer pelo acesso do porto.

Bombas de gasolina! As bombas de gasolina são quase inexistentes. A gasolina, a maior parte da Shell, é vendida em galões de 18 kg e é colocada diretamente no tanque de combustível. Ela é muito mais barata que em nosso país, mas certamente muito mais suja, apesar da vasilha. O tráfego de automóveis é muito menos significativo do que na Europa. Pode-se ver freqüentemente carros com licenças alemãs. A palestina é completamente motorizada. As principais estradas foram construídas após a guerra pelos ingleses. Assim, portanto, podemos utilizar qualquer tipo de carro para tráfego urbano ou terra firme. Podemos ver vários tipos, mas a maioria é americano.


Reportagem do Der Angriff, jornal publicado por Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler 


Fonte: Lenni Brenner, 51 Documents: Zionist Collaboration with the Nazis, pág. 130 (2002)

2 comentários:

Anônimo disse...

Péssima tradução.

Emerson Paubel disse...

Já que o Sr. dispõe do texto original, poderia indicar quais partes do texto que estão com tradução errada?