History
Today, Vol. 62, No. 2, fevereiro de 2012
Nostalgia
pelo desaparecido Império Romano no Ocidente durou séculos após Rômulo Augusto,
o último imperador, ter sido deposto em 476. Isso eventualmente criou uma das
instituições mais peculiares da história. O Sacro Império Romano, como Voltaire
ironicamente lembrou, não era nem santo, nem romano e nem um império.
Curiosamente, na visão de desenvolvimentos futuros, o papado assumiu a
liderança na tentativa de criar uma autoridade secular superior na Europa
quando o Papa Leo III coroou Carlos Magno, Rei dos Francos, Imperator Romanorum (Imperador dos
Romanos) em Roma em 800.
Após
a morte de Carlos Magno em 814, seu império dividiu-se e o último dos chamados
imperadores carolíngeos ficou confinado ao norte e centro da Itália. O último
deles, Berengar de Friuli, foi assassinado em 924. O título tornou-se mais do
que uma realidade após ser transmitido para os reis dos Francos Orientais no
que tornou-se mais tarde a Alemanha. O Duque Henrique o Passarinheiro da
Saxônia foi eleito rei por outros duques alemães em 919 e deteve os magiares,
eslavos e dinamarqueses. Ele nunca exigiu o título imperial, mas seu filho
formidável, Otto I, que o sucedeu em 936, era mais do que ambicioso. Ele corou
a si mesmo rei em Aachen, que era a capital de Carlos Magno. Parece que ele já
tinha ambições imperiais e, de acordo com um documento, os outros duques
alemães o serviram em seu banquete de coroação como seus vassalos.
Otto
estava agora no meio dos seus vinte anos. Um guerreiro feroz e político sagaz,
ele esmagou toda a oposição, incluindo duas rebeliões de seu irmão Henrique,
que planejava mata-lo. Otto sagazmente o perdoou e, quando Henrique
comportou-se de maneira leal, o colocou como Duque da Baviera. Ele também
maquinou para colocar os outros ducados alemães nas mãos de seus próprios
parentes. Ele interviu eficazmente na política francesa, subjugou os boêmios e
promoveu assentamento alemão de território eslavo do Elba e do Oder. Ele
esmagou os magiares da Hungria e pôs fim às suas incursões de pilhagem, segurou
os dinamarqueses no norte, tornou os bispos alemães liados leais (os quais
foram tornados lordes feudais assim como eclesiásticos) e criou algo parecido
com um Estado germânico.
Em
951, neste ínterim, Otto invadiu a Itália, onde um lorde italiano, Berengar de
Ivrea, havia tomado o trono e sequestrado Adelaide, a viúva do rei anterior. Ele
tentou obriga-la a casar com seu filho, mas ela escapou e implorou por ajuda
alemã. Otto atravessou os Alpes, tomou o título de Rei dos Lombardos e casou
com Adelaide. Ele permitiu a Berengar continuar governando a Itália, mas como
seu vassalo.
Em
961, o Papa João XII (melhor conhecido por seu deboche) precisou
desesperadamente de ajuda contra Berengar, que tomou parte dos Estados Papai.
Ele apelou a Otto, que prontamente veio ao seu resgate e, em troca, foi coroado
Imperador dos Romanos pelo Papa. Ele então derrotou e aprisionou Berengar, mas
o Papa logo ficou desconfortável pelo domínio de Otto e começou a tramar contra
ele. Otto retornou a Roma em 963 e conseguiu que o Papa João fosse deposto por
um sínodo obediente de bispos que ele reuniu para o caso. Ele então o
substituiu por um romano de sua escolha como Papa Leo VIII.
Otto
interveio em Roma novamente no ano seguinte quando uma rebelião surgiu contra o
Papa Leo e um Papa alternativo foi escolhido. O imperador colocou um fim
naquele estado de coisas e quando Leo morreu em 965, ele voltou a Roma
novamente para indicar outro candidato de sua escolha no trono papal como Papa
João XIII. Quando houve uma revolta contra ele por isso, Otto a suprimiu. Ele
tinha tomado controle do papado de um modo que o Papa João XII não tinha
certamente desejado.
Otto
continuou a interferir no território do Império Romano do Oriente na Itália
meridional de tal forma que em 972 os Bizantinos concluíram um tratado com ele
no qual eles formalmente reconheciam seu próprio título imperial. Eles também
outorgaram uma princesa bizantina, Theofano, a ele como noiva para seu filho e
seu herdeiro, outro Otto.
A
palavra “Sacro” não foi usada por outros dois séculos, mas Otto o Grande foi
reconhecido pelos historiadores, com efeito, como o primeiro dos Imperadores
Romanos Sacros e o mais poderoso governante europeu de sua época. Ele morreu em
973 e foi sucedido por seu único filho Otto II. O fato de que Otto II não teve
irmãos sobreviventes como rivais foi uma vantagem considerável e a linha
ottoniana de imperadores continuou até 1024. O Imperio Romano Ocidental
renascido tornou-se Sacro no século XII e, a partir dos anos 1500, tornou-se o
Sacro Império Romano da Nação Alemã. O nome permaneceu até 1806, mil anos após
Carlos Magno.
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