segunda-feira, 2 de julho de 2012

Reichswehr - O Exército na República de Weimar

Origens

Depois da derrota de Napoleão na batalha de Waterloo o reino da Prussia teve anos de sucessos militares nos séculos XIX e XX. Cada homem entre 17 e 45 anos, era obrigado a prestar serviço militar. Havia 4 classes de serviço; Ativo (Aktiv), Reserva, Landwehr e Landsturm. O Landwehr e o Landsturm eram chamados apenas em iminência de guerra. A unidade básica do exército neste tempo era o Regiment. O regimento dava suporte a uma cidade ou região específica. Cada regimento era estacionado perto de sua cidade natal. O regimento da reserva era composto em sua maioria por membros vindos do regimento local. As unidades de Landwehr e Landsturm foram organizadas também da mesma maneira. Um indivíduo poderia gastar todos os 22 anos de serviço militar cercados por seus amigos e família. Este sistema criou fortes laços nos regimentos, entretanto havia o perigo de todos os homens de uma cidade serem mortos em batalha de uma só vez.

O exército alemão que lutou na Primeira Guerra Mundial não era de fato um exército unificado. Os quatro reinos germânicos que existiam antes da Unificação Alemã em janeiro de 1871, a saber, Baviera, Prússia, Saxônia e Württemberg, cada qual tinha seu próprio exército antes da unificação. A Prússia teve o maior dos quatro exércitos. Após o unificação e a formação do Império Alemão, o exército Prussiano transformou-se no núcleo do exército alemão imperial (Kaiserliches Heer ou Deutsches Reichsheer). Em 1914 o exército alemão possuía 50 divisões ativas e em 1918 250 divisões. O termo "exército alemão" veio a ser usado somente após a assinatura do Tratado de Versalhes em 1919.

O Exército após 1918

Com o final da Primeira Guerra Mundial, também veio uma onda de revoluções e contra-revoluções através da maior parte da Europa Ocidental e Oriental. A Alemanha não ficou imune ao fervor da revolução e experimentou numerosas revoltas, tentativas de golpe, assaltos contra-revolucionários, batalhas de rua, e disputas de terras. Os soldados da linha de frente que desertaram e se dispersaram após o retorno à Alemanha lutaram em ambos os lados destas disputas revolucionárias.

Um grande número de ex-soldados da Primeira Guerra juntou-se para formar unidades de voluntários, coletivamente conhecidas como Freikorps. As unidades Freikorps poderiam consistir de pequenos grupos de menos de 100 homens espalhados ao longo de linhas quase-militares para defender áreas limitadas, enquanto outras eram de tamanho de divisões, consistindo de infantaria, artilharia, metralhadoras e unidades motorizadas, apoio logístico, engenharia e força aérea. Estimativas colocam o número de unidades do Freikorps formadas durante o período de 1918-1923 em cerca de 200-300. As unidades Freikorps serviram de base para combater a revolução comunista dentro da Alemanha, combates na região báltica e luta contra os poloneses através da fronteira oriental defendendo-se contra as várias incursões territoriais polonesas.

Desde que a maior parte do exército imperial germânico havia desaparecido logo após o final da Primeira Guerra Mundial, uma força militar formal foi necessária pela nova República de Weimar, além do independente e desregulado Freikorp. Em 6 de março de 1919, uma nova força armada alemã foi formada por meio de um decreto oficial conhecido como Vorläufige Reichswehr, ou Força de Defesa Provisória Alemã. Ela consistia do Vorläufige Reichsheer (Exército Provisório) e da Vorläufige Reichsmarine (Marinha Provisória). Muitas unidades Freikorps serviam parcial ou totalmente no Vorläufige Reichsheer, que possuía aproximadamente 400.000 homens agrupados em 50 unidades do tamanho de brigada.

Em 28 de junho de 1919, a Alemanha assinou formalmente o Tratado de Paz, selando o Armistício assinado em 11 de novembro de 1918. Em 30 de setembro de 1919, o Exército foi reorganizado como "Übergangsheer" (Exército de Transição) em 20 brigadas. Em maio de 1920, ele foi reduzido a 200.000 homens e reestruturado novamente, formando 3 divisões de Cavalaria e 7 divisões de infantaria. Em 1 de outubro de 1920, as brigadas foram substituídas por regimentos e o efetivo foi reduzido a apenas 100.000 soldados, como estipulado pelo Tratado de Versalhes. Isto durou até 1 de janeiro de 1921, quando a Reichswehr foi oficialmente estabelecida, obedecendo os limites impostos pelos Aliados.

Segundo as novas imposições dos vencedores, a Reichswehr deveria ser composta do:

(a) Reichsheer: um exército consistindo de dois comandos de grupos, 7 divisões de infantaria e 3 divisões de cavalaria. Tanques, artilharia pesada e aviões estavam proibidos.

(b) Reichsmarine: limitada a uma porção de encouraçados leves. Submarinos e aviões estavam proibidos.

Apesar das limitações de efetivo e equipamento, o planejamento para "tempos melhores" prosseguiu, através da análise da derrota na Primeira Guerra, pesquisa e desenvolvimento e exercícios militares na URSS com o apoio do Exército Vermelho. Além disso, apesar de estar proibido de possuir um Estado-Maior, o Exército continuou a conduzir suas funções típicas de Estado-Maior sob o nome camuflado de "Truppenamt", ou Escritório de Tropa. Nesta época, muitos dos futuros líderes da Wehrmacht (por exemplo, Heinz Guderian) formularam novas idéias táticas e estratégicas, as quais seriam utilizadas anos mais tarde.

A Reichswehr nunca foi uma amiga da democracia, sendo saudosista dos velhos tempos do militarismo imperial. Mesmo assim, ela permaneceu leal ao governo republicano e seu caráter apolítico foi enfatizado, dando à incipiente democracia alemã uma chance de sobrevivência nos conturbados anos 1920. A maior influência no desenvolvimento da Reichswehr foi Hans von Seeckt (1866-1936), que serviu de 1920 a 1926 como Chefe da Liderança do Exército ("Chef der Heeresleitung").

A figura 1 mostra a estrutura do Reichswehr. A figura 2 mostra a bandeira das forças armadas alemãs durante a República De Weimar. Note que as cores imperiais ainda estão presentes, além da Cruz de Ferro, símbolo do militarismo germânico.



Figura 1

Figura 2


Na verdade, a redução do efetivo das forças armadas, de 780.000 (1913) para 100.000 nos tempos de paz, ajudou a melhorar a qualidade da Reichswehr, já que somente os melhores entre os melhores poderiam permanecer no corpo de oficiais e subalternos. Apesar disso, a proibição do uso de veículos mecanizados e apoio aéreo tornava o Exército figura meramente decorativa.

Entre 1933 e 1934, após a ascensão de Adolf Hitler como Chanceler da Alemanha, a Reichswehr começou um programa secreto de expansão, que se tornou público com o anúncio da criação da Wehrmacht em 1935 e o abandono das cláusulas do Tratado de Versalhes.

Uniformes

Túnica

Quatro bolsos, tunica de serviço (Dienstrock), introduzida em maio de 1919, para o Reichsheer Transitório. Esta túnica era de cor cinza-esverdeado (feldgrau) tinha gola para insígnia da mesma cor, duas mangas com botões nas pontas e um suporte nas costas com botões para suporte do cinto. As insígnias eram de um padrão incomum, adotadas brevemente em 1919, e que representavam a ruptura com as tradições militares imperiais.

As novas especificações foram introduzidas em dezembro de 1920. A túnica de quatro bolsos, oito ou seis botões frontais (o último adotado em 1928) agora tinha mangas do tipo francesa e insígnias mais tradicionais (usadas mais tarde pela Wehrmacht). Outras especificações permaneceram as mesmas. As túnicas de campo M15 (modelo 1915) continuaram a ser usadas por praças em funções internas à guarnição e treinamento em campo. Nas figura 3, temos uma representação dos uniformes da Reichswehr.


Figura 3


Na figura 4, vemos uniformes de oficiais em épocas distintas. Na esquerda, o uniforme mais antigo apresenta a gola na mesma cor que a túnica; o quepe apresenta a grinalda em metal com a roseta no centro com as cores imperiais e tarja preta de couro sobre a banda lateral do boné. Na direita, temos um uniforme mais novo, de general, com a gola em verde escuro e no quepe a roseta foi substituída pelo escudo de armas da República de Weimar, uma águia negra prussiana com fundo amarelo (emblema que seria mais tarde adotado pela República Federal Alemã em 1949) e a tarja preta de couro sendo substituído pelo cordão duplo dourado (no caso de general).


Figura 4

 
Capacete
 
Os famosos capacetes alemães do tipo M18 (modelo 1918) possuíam emblemas na forma de escudo em ambos os lados com as cores da província na qual estavam servindo. Esse emblema, chamado Wappenschild, começou a ser usado em 26 de janeiro de 1924. A marinha, por sua vez, utilizava o escudo na cor branca ou dourada com uma âncora no centro no lado esquerdo. Em 14 de março de 1933, os emblemas com as cores das províncias foram abolidos e substituídos pelo escudo tricolor, com as cores do movimento nacional-socialista (branco, vermelho e preto) no lado esquerdo. Na figura 5, vemos os escudos de 4 províncias importantes e o escudo nacional de 1933.
 
 
 
Fontes de pesquisa:
 
Wikipedia
 
 
Die Uniformierung und Ausruestung des deutschen Reichsheers 1919-1932, Adolf Schlicht and Juergen Kraus, 1987.
 

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