quinta-feira, 19 de julho de 2012

[SGM] O Acordo do Ocidente com o Diabo

Eric Margolis, 07/11/2007



Este parece ser o mês da culpa histórica. A Alemanha inaugurou um novo memorial para as vítimas judias da perseguição nazista. Os Armênios exigem da Turquia que os massacres da era otomana sejam considerados genocídio. O Japão está sendo escrachado por negar as atrocidades da guerra. A Espanha está novamente atormentada pelas memórias dos crimes cometidos durante sua Guerra Civil sanguinária.

Mesmo assim, o maior crime da história moderna, e o genocídio mais sanguinário, quase desapareceu de nossa memória coletiva. Semana passada marcou o 70º aniversário do Grande Terror na União Soviética, no qual dezenas de milhões foram assassinados ou encarcerados.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pelo menos comemorou pela primeira vez o que ele definiu como crimes soviéticos "colossais" ao participar de uma homenagem semana passada à suas vítimas. O local era uma cova ao sul de Moscou onde a polícia secreta fuzilou 20.000 pessoas.

Foi interessante assistir Putin, antigo membro do serviço de segurança FSB, denunciando crimes de seus predecessores diretos, a KGB e o NKVD. O mesmo Putin que recentemente chamou o colapso da União Soviética uma "tragédia". Mesmo assim, aplaudimos seu reconhecimento tardio dos crimes da era Comunista. Putin pelo menos quebrou o silêncio oficial vergonhoso da Rússia.

O terror soviético começou nos anos 1920, quando Lênin ordenou o extermínio dos Cossacos e dos oponentes dos Bolchevistas. Em seguida, vieram os católicos da Rússia Branca, e os resistentes ao comunismo nos estados bálticos e na Moldóvia. Stalin ordenou, então, a aniquilação de 2 milhões de pequenos fazendeiros, conhecidos como kulaks.

Entre 1932 e 1933, Stalin produziu um genocídio contra os fazendeiros independentes da Ucrânia. Entre seis e sete milhões de ucranianos foram fuzilados ou propositalmente deixados para morrer de fome. Esse evento inclusive levou alguns ucranianos ao canibalismo. O homem que dirigiu este genocídio, Lazar Kaganovitch*, o EIchmann soviético - foi tornado herói da União Soviética e morreu tranquilamente em Moscou em 1991.

Quando os burocratas do Partido Comunista atrasaram os planos de Stalin para transformar a União Soviética de uma sociedade rural em uma potência industrial, "Koba", como ele era chamado, ordenou a morte de 700.000 membros do partido. Depois disso, suas ordens foram prontamente obedecidas. Quase toda hierarquia partidária e militar foi executada durante os Grandes Expurgos de 1937 - 38, que culminaram nos Julgamentos-espetáculos de Moscou, que receberam atenção mundial.

De 1934 a 1941, cerca de 7 milhões de vítimas foram enviadas para o sistema de campos de concentração conhecido como "gulag", incluindo um milhão de poloneses, centenas de milhares de lituanos, letões e estonianos, e metade dos povos mulçumanos da Chechênia. Os alemães do Volga, Tártaros da Criméia, Bashkirs e Kalmyks também tiveram o mesmo destino. O gulag de Stalin não precisava de câmaras de gás: o frio, as doenças e o trabalho sobrehumano matavam 30% dos internos anualmente.

Até hoje, os historiadores russos e estrangeiros não estão certos do número total das vítimas de Lênin e Stalin. As estimativas vão de 20 a 40 milhões de 1922 a 1953 - e este número não inclui as mortes da Segunda Guerra Mundial.

Stalin cometeu seus piores crimes bem antes das atrocidades de Hitler serem iniciadas. Seus campos de concentração foram abertos e preenchidos com prisioneiros no início dos anos 1930.

Esquecemos que a Alemanha não iniciou sozinha a Segunda Guerra Mundial, como a maior parte das pessoas acredita. A Alemanha e a URSS invadiram juntas a Polônia em 1939; Stalin então atacou a neutra Finlândia. Dois anos depois, a Inglaterra e a URSS invadiram o neutro Irã, uma agressão tão ilegal e descarada quanto a invasão teuto-soviética da Polônia. A História continua, de fato, sendo a propaganda dos vitoriosos.

Se continuarmos obrigando a Alemanha e o Japão a admitir a culpa pelos eventos dos anos 1940, não será hora de os EUA, a Grã-Bretanha e o Canadá a admitir sua própria culpabilidade em se aliar a Stalin, um monstro que matou mais de quatro vezes as vítimas de Hitler?

Acima de tudo, os campos de concentração de Stalin estavam funcionando uma década antes dos da Alemanha. O assassinato de milhões de ucranianos e russos brancos aconteceu diante dos olhos do mundo, 6 ou 7 anos antes da Segunda Guerra Mundial.

O ingênuo Roosevelt, que saudou Stalin como "Tio Joe", e o cauteloso Churchill ambos sabiam que eles estavam se aliando ao maior exterminador de povos desde Gengis Khan. Eles usaram um demônio grande para lutar contra um menor, menos perigoso - então pagaram seu preço ao dar metade da Europa para Moscou. Lembre-se disso quando os idólatras da guerra fizerem poesia sobre as glórias da Segunda Guerra Mundial - e prepararem terreno para a Terceira.

As potências ocidentais deveriam praticar o que elas devotamente dizem para a Alemanha, Japão e Itália e, mais recentemente, para a Turquia, por pelo menos desculpar-se pelo seu acordo sórdido com Stalin. O que seria tão imoral quanto um acordo com Hitler, como Stalin temia que elas fariam para destruir a União Soviética.

http://www.lewrockwell.com/margolis/margolis91.html

* Sobre Lazar Kaganovitch, o capataz de Stalin no extermíno em massa sob o Comunismo.

"Lazar nasceu em 1893 de pais judeus na Vila de Kabany no Império Russo (atual Ucrânia). Começou sua carreira política em 1915, como organizador do partido comunista em uma fábrica de sapatos onde trabalhava."

http://en.wikipedia.org/wiki/Lazar_Kaganovich


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Um comentário:

Anônimo disse...

Texto horrível e cheio de falácias. A aliança do ocidente com a União Soviética foi inevitável, e uma simples questão de lógica, já que Hitler estava em guerra com a Grã-Bretanha e França, e invadiu a URSS em 1941. Ademais, em que pesem as disparidades, havia traços comuns a unir o ocidente e a União Soviética. Como Immanuel Wallerstein sublinhou em uma de suas obras, os países do ocidente e o comunismo soviético derivavam suas ideologias do iluminismo, compartilhavam uma crença no progresso e na melhoria da sociedade. Isso os afastava do hitlerismo obscurantista, que via a humanidade num processo de degeneração que precisava ser refreado pela violência.
Nenhuma pessoa bem-intencionada via em 1939-1941 o hitlerismo como um 'mal menor' ou um 'equivalente' do comunismo soviético.