O politicamente correto
tem permeado a atividade do historiador de tal forma que historiadores honestos
devem reinventar a roda. Ele tem infectado a história alemã em particular. A
doutrina da “culpa coletiva” alemã é frequentemente mantida como uma
precondição para o bom comportamento alemão. Historiadores profissionais nos
EUA, Inglaterra e especificamente na Alemanha devem assumir a maldade
generalizada de seu objeto de estudo desde pelo menos a unificação de 1871. O
principal teórico social da República alemã, Jürgen Habermas, argumentou
repetidamente que ver os alemães menos do que responsáveis por todas as
principais catástrofes europeias é “pedagogicamente perigoso”.
Habermas parece ignorante
do que o pai da moderna história técnica, Leopold Von Ranke, estabeleceu como a
real função do historiador: descrever o passado como “ele de fato ocorreu.” Ele
se sente totalmente feliz que os alemães aprendam meias-verdades e mesmo
invenções descaradas, desde que estas signifiquem culpabilidade e, portanto, um
anseio pela reconciliação. Tal autoaversão também tornará os alemães ansiosos
em desistir de sua identidade nacional pecaminosa e tornarem-se membros da
comunidade internacional (mesmo que ela realmente não exista). Certas
inverdades têm um caráter aparentemente salutar e todos os principais partidos
políticos alemães agora aceitam a responsabilidade única da Alemanha pelas duas
guerras mundiais e o papel positivo dos exércitos de Stalin em “libertar” seu
país do “fascismo”.
Essencial a esta
autoflagelação é ter o servo Auschwitz, nas palavras de um antigo ministro do
exterior alemão, como “o mito fundador da República Federal Alemã.” Uma pessoa
deve acreditar que o Terceiro Reich não somente matou milhões de judeus, mas
que os alemães de todas as classes e religiões cooperaram alegremente. A forma
mais extrema desta acusação é encontrada no livro Os Carrascos Voluntários de Hitler, de Daniel J. Goldhagen (1996),
lançado na Alemanha como Hitlers Willige
Vollstrecker. O livro tornou-se um sucesso alemão apesar de sua
evidência não provada ou inventada, uma fraude metodicamente dissecada por
críticos judeus como Norman Filkenstein e Ruth Bettina Birn em Uma Nação sob Julgamento: A Tese de
Goldhagen e a Verdade Histórica (1998). Mesmo assim, Goldhagen conduziu
viagens literárias entre os descendentes daqueles que ele indiscriminadamente
esculacha, trazendo exposições em massa de alemães pecadores arrependidos.
Nem todos os livros
sobre o que os alemães supostamente sabiam sobre o Holocausto e o que eles
fizeram para torná-lo possível são tão relaxados quanto o trabalho de
Goldhagen. A formulação mais respeitável de sua tese é mais ou menos essa: o
extermínio nazista dos judeus era um “segredo aberto”. Nenhum administrador
alemão ou oficial alemão deveria saber “segredos de Estado” a menos que eles
pertencessem à sua função específica. Enquanto qualquer violação desta
restrição seria punida com rigor, o segredo não era tão bem guardado quanto
seus conquistadores acreditavam. Os judeus não podiam ser removidos, somos
informados, sem que seus vizinhos não-judeus não soubessem que eles sofreriam
um destino terrível onde quer que fossem levados.
A visão atual diz que
havia antissemitismo na Alemanha há séculos. Ela explica que no período entre
guerras, os partidos nacionalistas que exigiam a exclusão dos cidadãos judeus
receberam muitos votos. Há algo mais que os historiadores germanófobos agora
enfatizam, mas que eles podem exagerar: a divisão ocasional da distinção entre
os membros da Waffen SS Einsatzgruppen – que cercavam e assassinavam judeus,
poloneses e russos – e os soldados da Wehrmacht que simplesmente estavam
combatendo.
Agora, todo historiador
anglófilo escrevendo sobre o Terceiro Reich está argumentando que o Holocausto
foi em sua maior parte o trabalho de soldados alemães regulares. A afirmação de
“minimizadores do Holocausto” – de que o número de prisioneiros mortos nos
campos de extermínio foram inflacionados – agora parece aceitável. Mas historiadores
como Tim Snyder e Richard J. Evans contra-argumentaram que não era necessário
transportador os judeus para os campos de extermínio porque muitos soldados
estavam executando o serviço sujo. Eles descrevem o Holocausto como um projeto
de execução pública, alimentado pela simpatia pela “Solução Final” de Hitler.
Esta visão tornou-se tão
comum entre os antifascistas alemães (não há outro tipo agora permitido) que em
demonstrações públicas e exibições excessivas, o soldado médio da Wehrmacht foi
transformado em um executor principal dos assassinos nazistas. Nestas ocasiões,
jovens nos abordam para nos dizer que seus avós ou bisavós eram certamente
assassinos em massa. Estes descendentes penitentes parecem desejar que sua
nação ancestral logo despareça.
É contra este cenário de
loucura que Alfred de Zayas, um alto funcionário aposentado da Comissão das
Nações Unidas para Direitos Humanos, publicou o livro Genocídio como um Estado
Secreto (Völkermord
als Staatsgeheimnis, 2011). Zayas escreveu outros trabalhos
controvertidos que vão contra o discurso padrão esquerdista. Entre seus
primeiros estudos estão as análises extensamente documentadas dos assassinatos
organizados dos europeus orientais contra os alemães étnicos depois da Segunda
Guerra Mundial, assim como os acordos do pós-guerra que permitiram estes
crimes. Os trabalhos de Zaya são dolorosamente documentados, e seu último
estudo é baseado em trinta e cinco anos de entrevistas e uma rigorosa seleção
de fontes. O autor reuniu os registros e testemunhos dos Julgamentos de
Nuremberg em 1946-47 e entrevistou “criminosos de guerra” sobreviventes,
incluindo Albert Speer e o almirante Karl Dönitz, os promotores de Nuremberg e
antigos prisioneiros de guerra dos nazistas.
Registros do
Departamento da Wehrmacht para Investigação de Violações da Lei Internacional
indicam um desejo oficial de investigar crimes relatados contra civis. Não há
nada que sugira que estes investigadores soubessem algo sobre a Solução Final
de Hitler. Quando eles recebiam relatórios sobre fuzilamentos “injustificados”
de civis em áreas ocupadas, eles processavam os acusados. Mesmo os juízes
designados para a Waffen SS estavam no escuro em relação à missão dos
Eisatzgruppen, e algumas vezes eles investigavam relatórios sobre assassinatos
em massa acontecendo no leste. Mesmo os inimigos do regime – indo desde
aristocratas antinazistas associados com a Resistência até os perseguidos
social-democratas (tais como a parcialmente família judia do ex-Chanceler
Helmut Schmidt), e mesmo antigos internos dos campos de concentração – não
tinham nenhuma ideias da Solução Final. De acordo com a estória oficial, os
judeus estavam sendo realocados e seriam empregados em divisões de trabalho
fora da Alemanha. Apesar desta evacuação forçada ter causado alguma preocupação
entre amigos e vizinhos, o que estava acontecendo não parecia como o início de
um genocídio.
A razão mais óbvia para
isto é que o segredo era estritamente obedecido. O Holocausto foi planejado por
um pequeno círculo que se encontrou no subúrbio de Berlim em janeiro de 1942.
Ao se dirigir a seus subordinados da SS em Posen em 1943, Himmler anunciou como
seu segredo estava sendo mantido. Outros fatores trabalharam para manter o
segredo sem vazamentos: os campos de extermínio, opostamente aos campos de
concentração gerais, foram construídos no leste, não na Alemanha. Então, de
1943 em diante, os civis alemães foram submetidos ao bombardeio aliado e tinham
que se proteger enquanto as forças inimigas caíam sobre eles. Nesta situação,
era improvável que o cidadão alemão se preocuparia a respeito do vizinho judeu
“realocado”.
Mesmo as fontes
estrangeiras, que eram amplamente disponíveis nas transmissões de rádio, tinham
pouco a dizer sobre os judeus mortos e ser pego usando estas fontes poderia
significar ao acusado prisão em um campo de concentração. Os alemães que
tivessem por acaso descoberto estes crimes não teriam condições de
interrompê-los já que divulgar o segredo para um funcionário do governo poderia
ser fatal.
Ironicamente, Zayas
confirma as evidências sobre o Holocausto que vieram dos Julgamentos de
Nuremberg. Apesar desses julgamentos terem sido planejados para tornar os
alemães envergonhados de seu país, os juízes não consideraram todos os alemães
cúmplices no Holocausto. Foi considerado que o extermínio em massa dos judeus
foi um segredo cuidadosamente guardado. Muitos poucos daqueles que foram
julgados foram sentenciados à morte ou prisão perpétua por planejarem a morte
dos judeus. Mesmo os promotores
acreditavam no que Zaya nos diz em relação ao conhecimento da Solução Final. De
fato, houve casos isolados de unidades da Wehrmacht participando no fuzilamento
de judeus e outros civis, particularmente em Kharkov e outros lugares na
Ucrânia. Mas estes foram tratados como casos especiais e não vistos como
comportamento típico da Wehrmacht.
Fica claro que Zayas –
que repete a visão do pós –guerra, do Julgamento de Nuremberg, de quem sabia o
quê sobre o Holocausto – é agora lembrado em alguns círculos como um apologista
alemão. Da perspectiva distorcida atual da intelectualidade alemã, a humilhação
do país no pós-guerra nunca vai longe o suficiente.
Paul Edward Gottfried
(1941) é um filósofo político conservador, colunista e ex-professor de
Humanidades na Faculdade Elizabethtown na Pensilvânia. Atualmente, ele trabalha
para o Instituto Ludwig Von Mises.
Um comentário:
Muito bom cara!
Nunca tinha lido nada parecido.
Sdds.
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