sábado, 11 de janeiro de 2014

[ARM] Bombardeiros Bimotores, Trimotores e Quadrimotores da SGM

Durante um determinado período do desenvolvimento do avião de bombardeamento, a maioria dos conceitos pendia para aparelhos leves, apoiados na fórmula do biplano monomotor com um habitáculo de dois lugares um atrás do outro. Mas como a intenção era transportar cargas de bombas mais volumosas, tornava-se necessário aumentar a superfície de sustentação e a potência dos motores. Uma maior capacidade dos aviões implicava, por conseguinte, uma maior carga de combustível. Assim, os aviões teriam de ter maiores dimensões e os seus propulsores mais potentes. Tendo em vista as limitações técnicas da época, só era possível obter um aumento de potência mediante a utilização de vários motores. No período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, consideraram-se três opções: aviões bi, tri ou quadrimotores.

Em relação ao tipo de missões que o aparelho deveria cumprir, conceberam-se três casos:

a)    Caça-bombardeiro: apoio às ações levadas a cabo pelas forças terrestres. Deveriam atacar diretamente as posições das tropas inimigas ou destruir fábricas, linhas de abastecimento ou fortificações mediante bombardeamento de precisão. Este tipo de missão exigia aviões relativamente pequenos (e.g., Ju 87 “Stuka”), muito manobráveis, que transportassem bombas de pequenas dimensões. Estes aparelhos precisavam necessariamente de proteção de caças.

b)    Bombardeiro Médio ou Tático: ataque contra grandes concentrações de tropas, reservatórios de combustível ou nós de comunicação situados imediatamente na retaguarda das linhas de frente, ou ainda mais atrás, além de objetivos cuja destruição poderia favorecer o desenvolvimento de operações futuras. Estes aviões precisavam de um maior raio de ação. Também necessitavam transportar em seus porões uma maior carga de bombas, o que lhes aumentava o peso e o tamanho e, consequentemente, lhes diminuía a manobrabilidade.

c)     Bombardeiro Estratégico: empregados contra os centros industriais, linhas de comunicação ou instalações militares situadas no território inimigo. Estes aparelhos impunham um raio de ação considerável e tinham de ser suficientemente espaçosos para poderem transportar uma carga avultada de bombas. Como estes aviões tinham de realizar uma boa parte do seu trajeto sem proteção de caças, também era necessário aumentar o seu armamento defensivo.

Estas características levaram à construção de grandes aviões destinados ao bombardeamento estratégico e foi necessário dotá-los de 3 a 4 motores. Por outro lado, os mais pequenos eram bombardeiros de apoio ao solo: bimotores ou monomotores. Os monomotores exigiam um propulsor que lhes concedesse a potência necessária para transportar a carga de bombas apropriada. Finalmente, os bombardeiros táticos – de tamanho intermediário – podiam ser bi ou trimotores que, em certos casos, se adequaram ao transporte de uma carga determinada de bombas para uma distância precisa.

 Bombardeiro Bimotor Dornier Do 17

Bombardeiro Trimotor Savoia Marchetti SM.81
 
Bombardeiro Quadrimotor Avro Lancaster

O fato de um avião estar equipado com um ou mais motores podia traduzir-se numa série de vantagens ou inconvenientes, como, por exemplo, uma melhor ou pior visibilidade. É necessário ter em conta que o comandante do bombardeiro tinha que situar-se num lugar que lhe desse uma visão do conjunto, tanto para frente quanto para baixo, para localizar os objetivos e antecipar as ações, efetuar cálculos de pontaria e lanças as bombas com precisão. Já os metralhadores defensivos deveriam se localizar em áreas do aparelho que lhes permitissem dominar capazmente a região que o envolvia e manejar suas armas com maior eficácia.

Nos aviões monomotores, onde o próprio piloto se encarregava de apontar e lançar as bombas, a falta de visibilidade era um problema crônico. No mítico Ju 87 Stuka, superou-se este problema com a instalação, debaixo dos pés do piloto, de um painel transparente através do qual ele podia ver o seu campo de ação. Já nos bombardeiros trimotores, o propulsor que se localizava no nariz da fuselagem limitava o campo de visão do piloto. No Ju 52, resolveu-se este problema com a instalação entre as rodas do trem de pouso de um habitáculo em forma de tronco de cone, dotado de pára-brisa e metralhadora, onde a tripulação encarregada do lançamento ficaria.

© 2011. Editora Planeta DeAgostini do Brasil. Coleção Bombardeiros da Segunda Guerra Mundial.  

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