Joseph C. Goulden
The Washington Times – 29/06/2010
Resenha do livro DEATHRIDE: HITLER VS. STALIN: THE EASTERN FRONT, 1941-1945, de John Mosier
Um dos grandes mitos
da Segunda Guerra Mundial é a imagem de um Josef Stalin cercado inspirando o
galante Exército Vermelho soviético a segurar o superior exército alemão por
anos e finalmente prevalecer apesar da recusa de seus aliados ocidentais, os
Estados Unidos e a Grã-Bretanha, de abrir uma “segunda frente” para aliviar as
pressões da guerra sobre ele.
Fazendo eco aos temas
de propaganda estabelecidos por Stalin, muitos historiadores creditam o “heroico
soldado soviético” sozinho segurando o avanço alemão durante os primeiros anos
da guerra, derramando seu sangue para impedir que Hitler tomasse Moscou ou
Leningrado, e então expulsar a Wehrmacht de volta para Berlim.
A interpretação de
Stalin foi estabelecida em uma série de discursos na guerra mais tarde
incorporados em um livro de 1945, “A Grande Guerra Patriótica”. Como escreve
John Mosier, “Sua versão da guerra foi perfeitamente elaborada. Após recuar do
ataque traidor e não provocado hitlerista, o exército vermelho conseguiu
prevenir que os invasores alcançassem Moscou. A grande batalha diante dos
portões de Moscou foi a primeira em uma série de derrotas cambaleantes, nas
quais os hitleristas foram expulsos da pátria... pela fúria patriótica
despertada do povo russo, cuja força foi reforçada pelos objetivos do
socialismo e inspirados pelo exemplo do próprio Stalin...”
O Sr. Mosier, um dos
historiadores militares mais divertidamente revisionistas escrevendo hoje,
destrói todos estes mitos de forma convincente – e mais – em um livro
importante e surpreendente sobre o front oriental. Um crítico de um de seus
livros iniciais escreve que o Sr. John Mosier “lança granadas de mão da
história militar em quase toda página...” Tais granadas certamente reverberam
através de “Deathride”, que olha além das verdades da propaganda soviética para
apresentar um relato genuíno e revelador da campanha. O Sr. Mosier ensina
história na Universidade Loyola em Nova Órleans.
O Sr. Mosier aceita
que os expurgos pré-guerra de Stalin retirou do exército vermelho suas
lideranças e deixou-o mal preparado para a invasão alemã em junho de 1941.
(Outro fator foi que Stalin rejeitou os relatórios de inteligência, muitos escritos
por seus próprios espiões, que Hitler planejava romper seu tratado de 1939 e
invadir.) E que muitos soldados russos lutaram bravamente, apesar da falta de
liderança e equipamento, está além de qualquer dúvida.
Mas o preço pago em
sangue foi horrível. O exército vermelho sofreu baixas à taxa de 5 para 1 em
relação aos alemães. A sabedoria convencional diria que aquelas perdas foram
devidas aos vastos números superiores da Rússia, mas como o Sr. Mosier mostra,
a população russa era somente o dobro da da Alemanha, e apesar de suas próprias
baixas pesadas em 1941, a Wehrmacht em 1942 tinha mais homens em uniformes do
que no ano anterior.
Os alemães capturaram
quase 2 milhões de soldados soviéticos nos primeiros meses de guerra. “Ninguém
tinha qualquer ideia de quantos russos haviam sido mortos,” escreve o Sr.
Mosier. “Basicamente, havia dois prisioneiros de guerra soviéticos para cada
três soldados alemães indo para a batalha.”
Enquanto isso, Stalin
estava fornecendo números de baixas alemãs incrivelmente inflacionadas – “Em
quatro meses e meio de guerra a Alemanha havia perdido 4,5 milhões de soldados.
A Alemanha está sangrando branco.” O inverso exato era o correto. À medida
que a guerra intensificou na primavera de 1945, as baixas russas continuaram a
ser tão pesadas que o exército vermelho alistou todos os homens com idades
entre 14 e 60 anos e organizou unidades de combate exclusivamente femininas.
Como Sir Winston Churchill
ironicamente comentou sobre a tendência de Stalin para mentir, “os bolchevistas
descobriram que a verdade não interessa desde que haja confirmação...” Se uma
mentira é “repetida com frequência e espalhafatosamente, (ela) torna-se aceita
pelas pessoas.”
Em outra pancada na
sabedoria convencional, o Sr. Mosier afirma que a captura de Moscou e
Leningrado não eram assuntos de importância para Hitler, já que nenhuma das
cidades tinha valor estratégico. Seu objetivo principal era tomar os campos de
petróleo próximos do Mar Cáspio. De fato, ele afirma, Hitler teria se dado bem
se a invasão aliada da África do Norte o tivesse feito retirar unidades chaves
do front oriental para proteger seu flanco meridional. De outra forma, ele
pensa, ambas as cidades teriam caído.
Tanto durante quanto
após a guerra, “historiadores” pró-soviéticos exageraram na decisão de Franklin
D. Roosevelt e Churchill em não atacar a Europa Ocidental até junho de 1944,
assim obrigando Stalin a segurar Hitler com recursos próprios. Escritores mais
sérios aceitam que aquela decisão foi estratégica – que os aliados não estavam
preparados para invadir a Europa antes. Não obstante, o atraso deu aos
apologistas de Stalin base para aprovar sua tomada pós-1945 de vastas partes da
Europa Oriental como espólios de guerra merecidos. Em qualquer dos eventos, o
Sr. Mosier mostra, a Segunda Guerra Mundial foi uma guerra de duas frentes
desde o início e os russos levaram uma surra.
O Sr. Mosier vai
talvez um pouco longe em sua conclusão, na qual ele argumenta que as perdas de Guerra
contribuíram pesadamente para o eventual colapso do comunismo e da União
Soviética. A URSS estava em um estágio primitivo de desenvolvimento quando a
guerra eclodiu, e muito de sua infraestrutura física foi reduzida a escombros
pela guerra. A relocação da indústria para as montanhas Urais por Stalin,
enquanto uma necessidade da guerra, não pôde ser revertida facilmente quando a
guerra acabou. Foi somente em um censo de 1980 que os soviéticos admitiram que
a guerra deixou “um déficit severo na população masculina com 55 anos e acima.”
O “experimento”
soviético igualmente fracassou desde o seu nascimento, apesar de décadas tenham
passado até o seu colapso. Como o Sr. Mosier coloca, porém, “Quaisquer chances
que o estado soviético tinha para alcançar seus sonhos de prosperidade e
igualdade para seus cidadãos, uma utopia realizada baseada em princípios
socialistas, estas visões morreram junto com as dezenas de milhões de russos na
Grande Guerra Patriótica.”
Europa:
Documentos americanos liberados lançam nova luz na Segunda Guerra Mundial
Charles Fenyvesi
Os Arquivos Nacionais da América
receberam cerca de 11 milhões de páginas de documentos liberados da Segunda
Guerra Mundial, produzindo uma fonte de riqueza para historiadores e outros
pesquisadores.
Muitos dos outrora secretos despachos
diplomáticos, relatórios de inteligência e outros documentos também estão se
tornando fontes de notícias.
Uma dessas revelações é um relatório do
embaixador japonês Osama em seu encontro particular com Adolf Hitler em Berlim
em agosto de 1943. Após a derrota alemã em Stalingrado mas como destino da
contraofensiva do Exército Vermelho ainda em dúvida, o embaixador perguntou ao
chanceler alemão se ele consideraria uma paz em separado com a União Soviética.
A resposta foi um imediato e
surpreendente sim, relatou o embaixador a Tóquio. Mas com uma condição,
acrescentou Hitler: os russos teriam que ceder a Ucrânia para o Reich. Hitler
explicou que ele precisava dos ricos recursos da Ucrânia para ganhar a guerra
na frente ocidental.
Os historiadores sabem que, em vários
momentos, tanto os alemães quanto os russos consideraram uma paz em separado.
Os historiadores também sabem que os japoneses estavam ansiosos em mediar dois
beligerantes europeus, já que eles temiam que a União Soviética unir-se-ia aos
seus aliados anglo-americanos na luta contra o Japão, o que de fato ocorreu nos
últimos dias da Segunda Guerra Mundial.
Mas a condição de Hitler para uma paz
em separado é nova para os historiadores, que não tiveram o privilégio de ler os
relatórios do embaixador em Berlim. Até poucas semanas atrás, estes relatórios
eram altamente secretos, parte de um lote de informações diplomáticas
interceptadas e decodificadas pela inteligência americana e levadas ao
presidente Franklin Roosevelt diariamente.
Os documentos, agora nos Arquivos
Nacionais dos EUA, estão acessíveis, gratuitamente, para os cidadãos americanos
com um cartão de seguro social ou carteira de motorista, ou a estrangeiros com
passaporte.
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"Não culpem Hitler sozinho pela Segunda Guerra"
4 comentários:
Engraçado como a avaliação da guerra varia conforme as conveniências ideológicas do 'historiador'. Pra esse Washington Times (um jornal americano ultradireitista a ser visto com desconfiança) os exércitos alemães eram muito fortes, já no link "naõ culpem Hitler sozinho pela guerra", os exércitos alemães eram muito fracos (o texto original de Margolis, baseado no anticomunista fanático e desonesto que usa o pseudônimo de Suvorov, foi deletado).
Realmente, existe essa disparidade de interpretações, por isso é que a História não é uma ciência exata. Quem está certo? Às vezes, depende da preferência ideológica do historiador. Se a Alemanha tivesse ganho a guerra, a interpretação de eventos como o Holocausto, por exemplo, seria outra. Você mesmo tem a sua interpretação dos fatos, já que parece ser de esquerda. Não concordo com sua avaliação sobre a desonestidade intelectual do Suvorov pelos motivos acima descritos. Aqui no blog nenhum texto foi deletado. Talvez a fonte original tenha sido. Infelizmente, a internet tem dessas coisas. Espero que este blog não suma também!
O site de Eric Margolis não tem mais esse texto. O link não funciona. entre no site de Margolis e digitei Suvorov no buscador, e o resultado foi negativo.
Dá uma olhada nesse link: http://www.huffingtonpost.com/eric-margolis/time-to-face-the-truth-ab_b_282379.html
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