Beto Gomes
Nem bem o sol iluminou o lago Texcoco, no imenso
Vale do México, os dois maiores líderes do Novo Mundo colocaram-se frente a
frente. Era 8 de novembro de 1519 e havia anos que espanhóis e nativos se
pegavam em violentas batalhas nas terras recém-descobertas da América. De um
lado, Hernán Cortez personificava a figura do conquistador europeu como
ninguém. Do outro, o todo-poderoso imperador asteca Montezuma II permanecia
impassível. Apesar da expectativa de um encontro amigável, a tensão era tão
óbvia quanto inevitável. Espanhóis e astecas trocavam olhares, até que
Montezuma desceu de sua pequena tenda e foi em direção aos invasores. Cortez
repetiu o gesto. Saltou do cavalo e seguiu ao encontro do imperador. A tensão
aumentava a cada passo. Olhos nos olhos, eles esboçaram saudações de respeito
mútuo, mas não trocaram mais do que poucas palavras, com a ajuda de um
intérprete. De qualquer forma, a diplomacia prevaleceu. E, pacificamente, todos
tomaram o rumo de Tenochtitlán, a capital do império asteca. Alguns meses
depois, os dois lados voltariam a se encontrar. Mas, desta vez, numa sangrenta
batalha que culminaria com a morte de Montezuma e faria de Cortez o homem mais
poderoso do América espanhola.
Até hoje, muitos historiadores consideram este
episódio como o maior símbolo do encontro entre dois continentes. E não por
acaso. Pela primeira vez, um imperador nativo acolheu em suas terras o
representante de um povo que estava ali justamente para conquistá-las. Além
disso, as diferenças culturais entre os dois grupos nunca estiveram tão
expostas quanto naquela manhã de novembro. Estas diferenças, além das
idiossincrasias do século 16, ajudaram a perpetuar pelos séculos o que o
historiador americano Matthew Restall, professor da Universidade da
Pensilvânia, chama de Os Sete
Mitos da Conquista Espanhola, que
batizam seu livro.
Esses mitos podem ser identificados na figura de
Cortez, até hoje citado por sua genialidade militar, pela forma como usou e
inovou a tecnologia disponível na época, pela maneira astuta como manipulou
“índios supersticiosos” e pelo modo heróico com que levou algumas centenas de
espanhóis à vitória, contra um império de milhares de guerreiros. Mas a
história não foi bem assim. Desde a primeira vez que Cristóvão Colombo pisou
nas ilhas do Caribe, os homens enviados para cá se encarregaram de capitalizar
o feito em benefício próprio, aumentando uma coisinha aqui, inventando uma ali.
1. Meia dúzia de aventureiros
O mito dos homens excepcionais e seus feitos extraordinários
Cristóvão Colombo estava em algum lugar do
Atlântico, em 1504, quando a rainha da Espanha enviou uma esquadra para
prendê-lo e levá-lo acorrentado para a Europa. Desde sua primeira viagem pelo
Novo Mundo, seu prestígio já não era o mesmo. Sua insistência na mentira de que
havia achado uma nova rota para as Índias, fato que lhe rendeu títulos e
status, havia deixado a coroa espanhola irritada depois que Vasco da Gama
contornou o Cabo da Boa Esperança e deu aos portugueses a liderança na corrida
por um caminho mais curto para o Oriente.
A fama de Colombo estava irreversivelmente abalada,
ele caiu em descrédito e tornou-se um pária. Mas como, depois de morto, ele se
tornaria um herói? Para Restall, a idéia de que ele foi um visionário, um homem
à frente de seu tempo surgiu durante as comemorações do tricentenário da
descoberta da América, num país que também acabava de nascer: os Estados
Unidos. Colombo foi tomado como símbolo dessa nova terra: aventureiro,
destemido, um gênio a frente de seu tempo. “Mas a coisa mais espetacular sobre
a visão geográfica de Colombo era a de que estava errada. A percepção de que a
Terra era redonda, fato geralmente citado para imputar-lhe a condição de
visionário, por exemplo, era comum a qualquer pessoa escolarizada da época”,
diz Restall.
Esse é só um exemplo do mito de que a conquista da
América só foi possível graças à coragem e à genialidade de meia dúzia de
conquistadores e que surgiu desde os primeiros relatos dos colonizadores
enviados à Espanha. Para obter a permissão de explorar novas terras, eles precisavam
provar que a colonização era rentável e, para tanto, escreviam qualquer lorota:
omitiam fatos, inventavam histórias, exaltavam a si mesmos. Hernán Cortez e
Francisco Pizarro, responsáveis pelos tombos dos impérios asteca e inca,
respectivamente, foram especialmente beneficiados por tais relatos e elevados à
categoria de heróis. Biógrafos, cronistas e religiosos que participaram das
expedições ajudaram a construir esta imagem, por meio das cartas enviadas à
coroa, chamadas de probanzas de mérito (ou “provas de mérito”).
Pelo menos num ponto, porém, os relatos tinham
razão: a desvantagem numérica dos espanhóis – fato que os levou a derrotas
freqüentemente ignoradas nas tais probanzas de mérito. Como, então, os
conquistadores conseguiram expandir seus domínios e subjugar milhares de
nativos? A resposta não está na genialidade militar de Cortez ou Pizarro. Em
nenhum momento eles apresentaram novas táticas de guerra e, na maior parte do
tempo o que fizeram foi seguir rotinas adotadas em conflitos anteriores ao
descobrimento. Uma das mais importantes foi a aliança com os nativos (que
veremos mais adiante). Mesmo assim, eles não abriram mão de procedimentos
igualmente eficientes, mas que nada tinham de inventivos: o uso da violência
indiscriminada para intimidar os resistentes. Nos casos extremos, pessoas eram
decepadas ou queimadas vivas em praça pública, tinham braços e mãos amputados e
suas famílias recebiam seus corpos, o que costumava garantir a submissão de
outros nativos.
2. Nem pagos, nem forçados
O mito de que os espanhóis que desembarcaram na América eram todos
militares
A esquadra de Colombo mal aportou na praia da ilha
de Hispaniola, no Caribe, e um grupo de soldados já estava perfilado na areia.
Vestiam armaduras reluzentes, carregavam as mais potentes armas da época e
aguardavam apenas a ordem de seu capitão para marchar em direção às terras do
Novo Mundo. Disciplinados, estavam prontos para enfrentar o inimigo. Faziam
parte de uma grande operação militar. Afinal, eram soldados. Esta cena jamais aconteceu,
mas passa a idéia, constantemente repetida em filmes, ilustrações e livros, de
que os conquistadores eram militares enviados pelo rei e faziam parte de uma
máquina de guerra.
Mas, então, quem eram eles? Nobres aventureiros ou
plebeus em busca da terra prometida? A rigor, nem uma coisa, nem outra. Em sua
maioria, os espanhóis eram artesãos, comerciantes e empreendedores de pequeno
porte, com menos de 30 anos de idade, alguma experiência em viagens desse tipo
e sem qualquer treinamento militar. Armavam-se como podiam e entravam na
primeira companhia que pudesse lhes render a quantia necessária para investir
em outras expedições. Assim, poderiam acumular riquezas até receber as chamadas
encomiendas – ou seja, o direito de
cobrar taxas e impostos sobre a produção de uma determinada área conquistada e
faturar em cima do trabalho de um grupo de nativos.
A maioria dos conquistadores não recebia ajuda
financeira da coroa. Em geral, viajava por sua conta e risco em busca de status
e dinheiro. Ou, no máximo, tinha um vínculo com eventuais patrocinadores, em
nome dos quais as terras recém-descobertas eram exploradas. De qualquer forma,
eles não eram pagos, tampouco obrigados a viajar. E muito menos soldados aptos
a lutar pelos interesses da Coroa.
3. Guerreiros invisíveis
O mito de que poucos soldados brancos venceram milhares de
guerreiros índios
Quando o conquistador Bernal Díaz de Castillo viu a
capital asteca pela primeira vez, não conseguiu descrever a visão que teve do
alto do Vale do México. A metrópole pontilhada de pirâmides, irrigada por
canais navegáveis, engenhosamente construída para ser a referência de outras
grandes cidades do império, poderia ser comparada às maiores capitais
européias. Uma pergunta talvez lhe tenha surgido: como poucos de nós poderemos
subjugá-la? Seguindo o mesmo raciocínio, como apenas centenas de europeus
poderiam vencer os milhões de índios espalhados pelo continente? Nem a
“genialidade” de seus líderes, a pólvora ou o aço espanhol dariam conta. Há
algumas respostas para essas questões.
A primeira é que os espanhóis sempre foram minoria
nos campos de batalha da América, mas jamais lutaram sozinhos. Os nativos nunca
formaram uma unidade política, nem no caso de astecas e maias, que fosse imune
às rivalidades e intrigas. E os conquistadores se aproveitaram, desde muito
cedo, dessa desunião, conseguindo formar verdadeiros exércitos índios,
dispostos a eliminar seus inimigos. Na primeira vez que Cortez chegou a
Tenochtitlán, mais de 6 mil aliados davam cobertura aos espanhóis, que eram
cerca de 200. Na batalha final, alguns meses depois, ele conseguiu reunir mais
de 200 mil homens para tomar a capital asteca. “As pessoas tendem a imaginar
que os povos americanos eram unidos em torno de uma identidade nativa. Na
verdade, acontecia o contrário. Quando os espanhóis chegaram à América,
encontraram várias tribos rivais, que não precisavam de mais que um
empurrãozinho para entrar em conflito”, afirma Restall.
Além disso, no final do século 16, cerca de 100 mil
africanos desembarcaram na América. A princípio, eles trabalhavam como
serventes e auxiliares dos espanhóis, mas, sempre que necessário, recebiam
armas para lutar contra os inimigos. Como recompensa, ganhavam a liberdade e
logo eles também se tornavam conquistadores.
4. Sob a tutela do rei
O mito de que, em pouco tempo, toda a América estava sob jugo
espanhol
Palavras de Cortez: “Deixei a província de Cempoala
totalmente segura e pacificada, com 50 mil guerreiros e 50 cidades. Todos estes
nativos têm sido e continuam sendo fiéis vassalos de Vossa Majestade. E
acredito que eles sempre serão”. A carta de Cortez enviada ao rei da Espanha dá
uma boa idéia de como funcionava a burocracia da conquista. Para o monarca, não
bastava o conquistador encontrar uma terra e reivindicar o direito de explorá-la.
Ele precisava convencê-lo de que aquela região era economicamente viável, de
preferência com minas de ouro e prata, e contava com mão-de-obra para tirar
dali tais riquezas. Como resultado, os líderes espanhóis não pensavam duas
vezes antes de carregar seus pedidos com informações exageradas.
Essa combinação de fatores contribuiu para a
criação do mito de que a conquista total dos povos americanos foi alcançada
logo nos primeiros anos da presença espanhola. Muitas cidades, no entanto,
resistiram à dominação durante décadas. No Peru, alguns estados independentes
só foram dominados depois de 1570, após a morte de líderes como Túpac Amaru.
Quando os espanhóis fundaram Mérida, em 1542, boa parte da península de
Yucatán, na América Central, permaneceu sob a influência dos maias – e muitas
políticas elaboradas por eles sobreviveram até 1880. A experiência espanhola na
atual Flórida, nos Estados Unidos, foi ainda mais desastrosa. Pelo menos seis
expedições foram enviadas para lá entre 1513 e 1560, quando a região finalmente
foi controlada pelos europeus. Mas um dos exemplos mais curiosos vem da bacia
do Prata, onde os fundadores de Buenos Aires, em 1520, viraram jantar de tribos
canibais.
Outro aspecto que mostra que a conquista não foi
total era a relativa autonomia que alguns nativos mantiveram em relação aos
seus dominadores – condição sancionada pelos próprios oficiais espanhóis, que
procuravam não intervir nas regras que vigoravam antes de eles chegarem. E não
por acaso. Esta era mesmo a melhor forma de garantir a manutenção das fontes de
trabalho e da produção agrícola. Além disso, membros da elite nativa
participavam dos conselhos das cidades coloniais, onde eram tomadas as decisões
mais importantes. Ou seja, além de continuar influenciando politicamente, eles
mantiveram o status que tinham antes da descoberta.
5, As palavras de La Malinche
O mito de que a falta de comunicação levou ao massacre indígena
Foi na praça central da cidade inca de Cajamarca
que Pizarro e Atahualpa se viram pela primeira vez, em 1532, numa espécie de
versão peruana do encontro entre Montezuma e Cortez. Ao lado do conquistador,
menos de 200 homens armados pareciam não temer os mais de 5 mil nativos leais
ao imperador. E, de fato, eles não tinham porque se intimidar: a maioria dos
locais não possuía uma arma sequer. O primeiro espanhol a se aproximar de
Atahualpa foi um frei dominicano que segurava uma pequena cruz numa das mãos e a
Bíblia na outra. Em poucos minutos, a batalha havia começado. Mas, apesar da
desvantagem numérica, os invasores conseguiram dizimar um terço dos nativos.
Atahualpa foi capturado.
Há várias versões sobre os motivos que causaram a
briga e sobre como a batalha de Cajamarca começou. Francisco de Jerez, presente
no local, escreveu que o imperador atirou a Bíblia ao chão, porque não a
entendia. A blasfêmia teria sido o motivo para Pizarro dar o sinal de ataque.
Na versão inca, no entanto, a ofensa partiu dos espanhóis, que teriam se
recusado a tomar uma bebida sagrada oferecida por Atahualpa.
É praticamente impossível saber o que aconteceu de
fato naquele dia, mas o encontro sangrento entre incas e espanhóis é um bom
exemplo de como as supostas falhas na comunicação serviram para justificar as
ações dos europeus e, por conseqüência, a própria conquista. Mas estas falhas
não eram tão freqüentes assim. O diálogo entre Montezuma e Cortez, por exemplo,
apesar de ter gerado diferentes interpretações, mostra que os dois lados podiam
se entender muito bem. Isso graças a uma figura central durante todo o processo
de colonização: os intérpretes. O papel deles foi tão importante que um dos
principais procedimentos de guerra era justamente encontrar e “formar”
tradutores. Alguns destes tradutores se deram tão bem que alcançaram status
inimagináveis para um nativo. Receberam encomiendas e chegaram a ser citados
nas cartas enviadas ao rei. O exemplo mais famoso é o de La Malinche, a amante
e intérprete que acompanhou Cortez durante anos e esteve presente no encontro
com Montezuma.
6. O fim dos índios
O mito de que a conquista só trouxe desgraça para os nativos
A derrota de Cortez era inevitável. Havia horas que
ele e seus guerreiros lutavam contra a união de três exércitos inimigos na
grande praça central de Tlaxcala, uma comunidade nativa aliada aos espanhóis, e
a derrocada do conquistador se aproximava a cada golpe. Finalmente ele seria
vencido. E foi mesmo. Ainda no chão, Cortez pôde ouvir os aplausos efusivos da
platéia. Aquela encenação do dia de Corpus Christi ficou conhecida como o
evento teatral mais espetacular e sofisticado do ano de 1539. Numa curiosa
inversão de papéis, o conquistador interpretou o Grande Sultão da Babilônia e
Tetrarca de Jerusalém. O papel dos reis da Espanha, Hungria e França ficou com
os nativos da comunidade.
O Corpus Christi de Tlaxcala não foi o único
festival do século 16 no Novo Mundo. A imensa maioria das colônias da
Mesoamérica e dos Andes encenou, dançou e até representou as batalhas contra os
espanhóis. Muitas dessas manifestações culturais sobrevivem até hoje. Mas o
curioso é que o objetivo não era reconstruir a conquista como algo traumático.
Ao contrário. Para os nativos, os festivais significavam uma celebração de sua
integridade e vitalidade cultural. “Eram eventos que transcendiam aquele
momento histórico particular e não estavam associados à lembrança de algo ruim.
Até porque o sentimento de derrota não era algo comum a todos os povos
nativos”, afirma Restall.
Manifestações desse tipo eram apenas uma das formas
pelas quais os nativos mostravam que o impacto da conquista não foi tão
traumático quanto sugere boa parte da retórica comum. Muitas comunidades
mantiveram seu estilo de vida e outras tantas evoluíram rapidamente com a
necessidade de se adaptar às novas tecnologias e demandas trazidas pelos
espanhóis. Aprenderam novas formas de contar, construir casas, planejar cidades
e, sobretudo, guerrear. Assim, houve nativos que enriqueceram com o comércio de
alimentos e com o aluguel de mulas. O povo Nahua, por exemplo, depois de lutar
ao lado dos espanhóis por anos, organizaram campanhas militares próprias e
expandiram seus domínios para além das terras onde hoje estão Guatemala,
Honduras e parte do México.
7. Macacos e homens
O mito da superioridade e da predestinação dos europeus
“Os espanhóis têm a governar estes bárbaros do Novo
Mundo. Eles são em prudência, ingenuidade, virtude e humanidade tão inferiores
aos espanhóis quanto as crianças são para os adultos, e as mulheres, para os
homens”, escreveu o filósofo Juan Ginés de Sepúlveda, em 1547. O mito da
superioridade espanhola é visto em todos os relatos do período colonial. Para
Restall, ele vem desde as primeiras expedições e está ligado à justificativa de
que os europeus tinham a aprovação divina para conquistar novas terras. Eles
acreditavam que eram os escolhidos de Deus, os encarregados de levar o
cristianismo a outros povos.
Existem outros fatores, no entanto, que ajudaram a
perpetuar este mito. Um deles combina a crença de que os nativos seriam
incapazes de evitar a invasão dos europeus porque eles (os nativos) também
acreditavam que os espanhóis eram deuses. De fato, os povos americanos
enxergavam os conquistadores como seres poderosos, mas em nenhum momento – nem
mesmo nos relatos dos cronistas do período colonial – os nativos comparam os
espanhóis a seres supremos, ou deidades. Além disso, a diferença brutal entre
as armas dos dois grupos também ajudou a construir a idéia da superioridade
espanhola.
Mas Deus não foi o principal aliado dos espanhóis.
A expansão dos europeus só foi possível graças a três fatores. O primeiro e
mais determinante foram as doenças que os estrangeiros trouxeram. Sem oferecer
nenhuma resistência para varíola, sarampo e gripe, os nativos morreram tão
rápido que em poucas décadas tribos inteiras foram extintas. O impacto das
epidemias foi tão devastador que, um século e meio após a chegada de Colombo, a
população de nativos havia caído mais de 90%. Os astecas sentiram o poder
desses males. “As ruas estavam tão cheias de gente morta e doente que nossos
homens caminhavam sobre corpos”, escreveu o padre Bernardino de Sahagún, quando
os conquistadores tomaram Tenochtitlán.
O segundo aliado foi a desunião dos nativos. A
rivalidade entre diferentes grupos étnicos e intrigas entre vizinhos levou
dezenas de milhares de pessoas a lutarem ao lado dos espanhóis. As armas que os
conquistadores trouxeram para estas batalhas são o terceiro fator mais
importante. Nas primeiras expedições, várias delas fizeram diferença. Cavalos e
até cachorros acabaram entrando nos campos de batalha. Mas a mais eficiente foi
mesmo a espada, mais longa e resistente que os machados dos nativos. No campo
da guerra, Matthew Restall considera ainda um outro fator. Os nativos lutavam
em sua própria terra. Precisavam, portanto, proteger a família, defender suas
casas, pensar no plantio, calcular a colheita e fazer o possível para não
deixar que a guerra prejudicasse e interferisse no seu dia-a-dia. Por isso,
eles sempre estiveram mais dispostos a negociar e a protelar os confrontos com
os conquistadores. Já os espanhóis não tinham muito a perder. Basicamente,
precisavam se preocupar apenas com suas próprias vidas. E com o que teriam de
fazer para continuar conquistando novas cidades e acumulando mais riquezas.
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