quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

[SGM] Historiador francês afirma que Adolf Hitler não queria a guerra

Da Livraria da Folha




O historiador francês Philippe Masson (1928 – 2005) afirmou que “em 3 de setembro [1943], Hitler mal dissimula seu desencanto. ‘Eu não quis essa guerra’.”

Masson analisou as diversas mudanças geopolíticas ocorridas após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), assim como suas causas e desdobramentos durante o conflito, derrubando a visão maniqueísta sobre a primeira guerra que verdadeiramente mereceu o título de mundial.

O livro A Segunda Guerra Mundial: História e Estratégias (Editora Contexto, 2010), além de uma completa cronologia das batalhas e acordos deste episódio, apresenta uma análise com destaques para as suas características estratégicas, logísticas, econômicas e humanas.

Como as operações aconteceram em diversos lugares do globo, exigiram novos sistemas de armas, modificando as táticas e os conceitos estratégicos.

Leia um trecho da obra, que favorece inúmeras leituras sobre o maior confronto de nações da história.

O problema-chave da Segunda Guerra Mundial em seu início é, de fato, o conflito ocidental, essa guerra não desejada pelo Reich. Por duas vezes, Hitler vai tentar livrar-se dela segundo as melhores tradições da realpolitik. São duas as propostas de paz. A primeira, em 6 de outubro de 1939, após aniquilar e partilhar a Polônia. Nem Londres nem Paris reagem oficialmente a uma proposta de paz sem vencedores.

O efeito não deixa de ser intenso na França, pelo menos, onde se vivencia um mal-estar político advindo de uma guerra mal planejada, difícil de conduzir. Embora exista um partido da paz, representado pelos comunistas e vários parlamentares, com homens como Déat, Laval ou Flandin, ninguém ousa assumir a responsabilidade de uma “nova Munique”.

A segunda tentativa acontece em junho de 1940, por ocasião do grande triunfo da Wehrmacht. Hitler joga então com dois registros. Procura, inicialmente, oferecer à França condições moderadas de armistício. Rejeita, assim, as propostas redigidas pelo okh, o “Oberkommando des Heeres”, e pela Wilhelmstrasse, inspiradas na ideia de revanche do Diktat de 1919. Tais propostas preveem, com efeito, a ocupação completa do território francês, a instalação, pela Wehrmacht, de bases nas colônias, o desarmamento integral do exército francês e a entrega da frota.

É o Führer que dita, então, as condições consideradas “aceitáveis”. A França conservará uma zona livre, a soberania sobre seu império. Conservará, igualmente, um exército de 100 mil homens e os domínios territoriais. Fato capital, finalmente, a Alemanha se compromete a não exigir a entrega da frota, nem mesmo no momento da assinatura da paz. Em 18 de junho, durante uma entrevista em Munique, o Führer consegue aliar Mussolini à ideia de um armistício moderado. O cálculo revela-se preciso. O governo do marechal Pétain resigna-se a assinar, em 22 de junho, em Rethondes, uma suspensão de armas, cujas cláusulas lhe parecem honrosas. Apenas algumas vozes isoladas, como a do general De Gaulle, condenam esse armistício considerado uma capitulação.

Por outro lado, Hitler é menos feliz ao apostar no segundo registro. Apesar da defecção da França e da adesão da Itália à guerra, a Grã-Bretanha, sob o comando de Churchill, decide prosseguir na luta. Na realidade, a iniciativa do Führer é muito tardia. Ela chega com um mês de atraso. A vacilação britânica aconteceu em maio, após a ruptura do Meuse e a incapacidade do comando francês em restabelecer a situação.

É com um misto de espanto e cólera que os ingleses assistem à derrota do exército francês, que acarreta o desmoronamento de toda a sua estratégia. Pela iniciativa de lorde Halifax, apoiado por Chamberlain, o gabinete estuda então, seriamente, uma mediação de Mussolini, no que concerne ao restabelecimento da paz na Europa Ocidental. Um mês depois, Londres muda de ideia. A proposta de Halifax foi definitivamente descartada por Churchill, com o apoio dos trabalhistas, Attlee e Greenwood. O gabinete de guerra decide continuar a luta e rejeita as ofertas de negociação alemãs transmitidas por intermédio de Estocolmo e do Vaticano.


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