George Dvorsky
Investigadores
no Chile lançaram milhares de documentos que deixaram de ser confidenciais
datando até a Segunda Guerra Mundial, revelando a extensão com a qual os
espiões nazistas se infiltraram no país. Dentre as revelações mais chocantes
está a descoberta de uma conspiração nazista para destruir o Canal do Panamá,
um ato que teria mudado a “história do mundo inteiro”.
Como mostrado pelo Deutsche Welle, os
documentos foram apresentados na quinta-feira (22) em uma cerimônia de
revelação em Santiago no Chile. Os arquivos finalmente foram disponibilizados
ao público depois de uma petição que foi apresentada esse ano por deputados
chilenos que pediam sua liberação. Os arquivos agora estão em exposição pública
nos arquivos nacionais do Chile, e versões digitais serão disponibilizadas
online.
“Até ontem (quinta), isso ainda era um
segredo”, disse o legislador Gabriel Silber, um dos autores da petição.
“Talvez, a partir de hoje, possamos reconhecer uma verdade desconfortável que
infelizmente algumas figuras políticas e de negócios no Chile apoiaram os
nazistas.”
Realmente, os
nazistas tiveram apoio no Chile e em outros países latino-americanos durante a
Segunda Guerra, e é esse o motivo de tantos oficiais nazistas terem vindo para
a América do Sul depois da guerra. Em 1941, depois de grupos nazistas terem
sido encontrados no país, o governo chileno montou uma unidade de polícia
especial chamada Departamento 50 para rastrear esses círculos de espiões e
frustrar suas atividades.
Conforme os recém-revelados documentos
mostram, mais de 40 pessoas dentro dos círculos de espionagem nazista foram
presas durante a guerra. O Departamento 50 conseguiu quebrar dois círculos
principais de espiões que estavam trabalhando no Chile e outros países da
América do Sul, tomando suas armas, confiscando milhares de dólares em dinheiro
e descobrindo várias conspirações, incluindo um plano de bombardear minas no
norte do Chile. A polícia especial também descobriu que os filhos de algumas
famílias alemãs estavam vivendo no interior, onde estavam fazendo treinamento
paramilitar.
Os arquivos também mostram que os
espiões nazistas e apoiadores no Chile conseguiram interceptar comunicações de
rádio feitas pela marinha chilena. Agentes nazistas conseguiram criptografar
essas mensagens e mandá-las para o terceiro reich. É bem óbvio a partir desse e
de outros exemplos que os nazistas receberam amplo apoio de simpatizantes
chilenos em altos cargos.
Talvez mais
chocante de tudo, o Departamento 50 descobriu e impediu uma conspiração para
atacar o Canal do Panamá. “Se eles tivessem alcançado seus objetivos, isso
poderia ter mudado não apenas a história do Chile, mas a história do mundo inteiro”,
disse Hector Espinoza, o diretor-geral de investigações da polícia do Chile, na
cerimônia de quinta-feira. Nenhum detalhe da conspiração foi trazido a público,
mas os espiões provavelmente estavam pensando em plantar bombas nas áreas mais
vulneráveis, deixando o canal inoperável por longos períodos. Destruir uma ou
várias comportas, por exemplo, poderia ser potencialmente catastrófico.
Sem dúvida, a destruição do Canal do
Panamá, mesmo temporária, poderia ter sido um forte golpe para a Aliança. O
canal servia como uma rota primária para transportar tropas americanas e
suprimentos da costa leste para a guerra no Oceano Pacífico. Um canal obstruído
teria bloqueado muito a capacidade das forças americanas de lutar contra o
Japão Imperial, que estava aliado à Alemanha na época. Vale notar que os japoneses também tiveram planos de atacar o Canal do Panamá durante
a guerra, usando uma frota de submarinos, mas a guerra terminou antes do ataque
poder ter sido lançado.
A liberação desses documentos veio
apenas alguns dias depois de um monte de artefatos nazistas
terem sido descobertos na casa de um colecionador na Argentina. A guerra
pode ter terminado 72 anos atrás, mas ainda estamos descobrindo a extensão da
tentativa nazista de fazer da América do Sul a sua casa longe de casa.
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