Para milhões ao redor do mundo, Simon Wiesenthal é visto como um herói.
Frequentemente conhecido por levar à justiça cerca de 1.100 criminosos de guerra, o caçador de nazistas e sobrevivente do Holocausto é lembrado como sendo um santo, um homem que fez mais do que qualquer governo para prender os perpetradores de alguns dos piores crimes que o mundo já presenciou.
Indicado para o Prêmio Nobel da Paz, o recebedor de título de cavaleiro e mais de 50 outras honras, Wiesenthal é particularmente lembrado por seu papel em rastrear o conhecido arquiteto do Holocausto, Adolf Eichmann.
Após morrer com a idade de 96 anos em setembro de 2005, as homenagens pipocaram em todo mundo.
Wiesenthal foi saudado como “o representante permanente das vítimas”, um homem que não apenas buscava justiça, mas orgulhava-se de nunca ter esquecido seus “seis milhões de clientes,” como chamava aqueles que morreram no Holocausto.
Aqueles que lêem suas memórias somente podem imaginar seu heroísmo e suas escapadas incríveis da morte nas mãos dos nazistas.
Parecia como se a missão de Wiesenthal fosse quase divinamente concebida, os deuses poupando sua vida por algum motivo mais nobre.
Os relatos de suas caçadas contra fugitivos não eram menos sensacionais, como Wiesenthal contou como ele se envolveu numa batalha heróica contra redes nazistas sinistras do pós-guerra e seus simpatizantes.
Ou seja, era a estória final de programas e filmes de uma boa estória sentimental, e o mundo suspirava por ela.
Programas de TV e filmes foram produzidos e logo Wiesenthal tornou-se um nome conhecido, um símbolo do triunfo da esperança sobre o Mal.
Aqueles que ficaram excitados com sua estória de vida podem agora vivenciar essas emoções outra vez, graças a uma nova biografia escrita pelo historiador israelense Tom Segev.
A imagem que emerge deste livro é muito mais complexa do que alguém poderia supor.
O Dr. Segev mostra que muito dos relatos de Wisenthal sobre sua vida foi o produto de exagero e auto-mitologia.
Aparecendo no programa “Hoje” da Radio 4 esta semana, o autor disse que Wiesenthal foi “um contador de estórias, um homem que viveu entre a realidade e a fantasia.”
Ele desculpou a inclinação de Wiesenthal para fabricar estórias sobre seu passado, dizendo que este foi o modo mais fácil para lidar com as atrocidades reais que ele experimentou nos campos de concentração.
Desculpe-me, mas esta abordagem compassiva simplesmente eu não aceito. Pois a verdade é que o grande caçador de nazistas é muito, mas muito pior do que o Dr. Segev acha.
Em minha opinião, Simon Wiesenthal era um mentiroso e uma fraude. De fato, iria mais longe dizendo que ele foi um dos maiores vigaristas do século XX.
Gastei quatro anos trabalhando em uma história da caçada aos nazistas que foi publicada ano passado, e o material que reuni sobre Wiesenthal foi suficiente para dizer o que eu digo.
Quando comecei a escrever o livro, acreditava que o grande homem era apenas isso – grande.
Mas quando olhei para suas memórias, biografias e material original de arquivo, percebi que, como outros, a imagem que havia construído de Simon Wiesenthal estava incorrigivelmente errada.
Havia tantas distorções e incoerências, tantas mentiras descaradas – nenhuma das quais poderia ser explicada pelo papo psicológico bacana oferecido por gente como o Dr. Segev.
A verdade é que Wiesenthal mentiu sobre quase tudo em sua vida.
Vamos, por exemplo, começar do início e ver seu registro escolar.
Se você visitar a página do Centro Simon Wiesenthal, aprenderá que ele “fez o pedido de admissão no Instituto Politécnico em Lvov,” mas foi recusado “devido a restrições de cotas para estudantes judeus.”
A página então afirma que ele foi para a Universidade Técnica de Praga, “onde ele recebeu seu diploma de engenheiro arquiteto em 1932.”
Outras biografias – publicadas enquanto Wisenthal estava vivo – dizem que ele de fato foi para Lvov, em 1934 ou 35, e recebeu um diploma de engenheiro arquiteto em 1939.
Todos estes relatos são mentiras.
Os Arquivos Públicos de Lvov não tem nenhum registro de Simon Wiesenthal como estudante na Universidade Técnica.
Os arquivos têm registros de outros estudantes daquele período, mas não de Wiesenthal – e não havia nenhuma restrição de cotas para estudantes judeus na época.
Nem ele se graduou em Praga. Apesar dele ter se matriculado em 21 de fevereiro de 1929, Wiesenthal nunca concluiu seu curso. Ele passou em sua primeira avaliação pública em 15 de fevereiro de 1932, e então abandonou naquele mesmo ano.
Apesar da falta de credenciais acadêmicas, ele usaria de forma fraudulenta seu suposto diploma de engenharia em seu papel timbrado pelo resto de sua vida.
Durante a guerra, Wiesenthal afirmou ter gasto anos dentro e fora de uma série de campos de concentração.
Apesar dele certamente ter gasto tempo em campos como Mauthausen, ele também disse ter estado em Auschwitz – uma afirmação que não existe registro.
Então, há a sua suposta carreira como bravo partisan. Em duas de suas memórias, ele afirma ter se juntado a um grupo de partisans após escapar de um campo em outubro de 1943.
De acordo com uma entrevista que ele deu ao exército americano em 1948, ele afirmou que ele foi promovido a tenente imediatamente “com base em minha inteligência.”
Ele logo foi promovido a major, e foi fundamental em “construir bunkers e linhas fortificadas.”
“Tínhamos fabulosas construções de bunkers,” ele disse.
“Meu posto não era muita coisa considerando meu conhecimento estratégico e técnico.”
Precisamos somente de uma compreensão básica da história da Segunda Guerra Mundial para saber que as afirmações de Wiesenthal são altamente duvidosas.
Grupos partisans não construíam “fabulosas construções de bunkers,” ao invés disso eles utilizavam a mobilidade para enganar o inimigo.
Como judeu, é também altamente improvável que ele fosse promovido a oficial em tal grupo, que geralmente era anti-semita.
Wiesenthal também daria outro relato de sua experiência com os partisans, no qual ele se afiliou a um bando menor e mais especialista – dificilmente um para construir bunkers e fortificações ou ter uma estrutura formal de promoção.
Já que existem pelo menos quatro relatos totalmente diferentes das atividades de Wiesenthal entre outubro de 1943 e meados de 1944, questões sérias sobre o que ele realmente fez deveriam ser levantadas.
Alguns que duvidaram de sua versão dos fatos – como o antigo chanceler austríaco Bruno Kreisky – foram longe acusando-o repetidamente nos anos 1970 e 80 de ter sido colaborador da Gestapo.
As afirmações de Kreisky eram apoiadas por evidência não confirmada fornecida pelos governos polonês e soviético, e quando Wiesenthal levou Kreisky ao tribunal, foi Wiesenthal que ganhou.
Duas declarações sob juramento feitas por ex-membros do exército alemão também afirmavam que o caçador de nazistas era um colaborador, mas tais afirmações devem ser tratadas com extremo cuidado.
Sujar Wiesenthal é um passatempo predileto para anti-semitas, negadores do Holocausto, “revisionistas” e outras figuras.
Mas a multiplicidade de relatos conflituosos exige que questões sobre a autenticidade de sua estória sejam levantadas por aqueles que, como eu, não tem nenhuma agenda.
Contudo, não tenho nenhum arrependimento em dizer que a maior mentira que ele espalhou foi sobre seu envolvimento na caçada e eventual captura de Adolf Eichmann, uma suposta ação com a qual ele sempre estará associado – e totalmente injustificada.
De acordo com o mito, Simon Wiesenthal começou a caçar Eichmann tão logo a guerra terminou.
No início dos anos 1950, ele havia desistido da busca, quando então teve a chance de se encontrar com um nobre austríaco chamado Barão Mast no final do outono de 1953.
O Barão Mast mostrou a Wiesenthal uma carta que ele recebeu em maio daquele ano de um antigo camarada de exército agora vivendo na Argentina, onde o escritor estava atrás do “porco Eichmann”, que estava vivendo em Buenos Aires e trabalhando próximo.
Em sua primeira memória publicada, “Eu cacei Eichmann”, Wiesenthal lembra como ele estava terrivelmente excitado pelas notícias, mas estava fora de seu alcance.
Uns poucos meses depois, em 30 de março de 1954, Wiesenthal finalmente enviou um dossiê sobre Eichmann para o Congresso Mundial Judaico e para o cônsul israelense em Viena, no qual ele compartilhava os conteúdos da carta do Barão e revelava que o criminoso estava trabalhando em uma obra de uma estação elétrica a 80 km de Buenos Aires.
Infelizmente, a inteligência de Wiesenthal era inútil. Não somente ele era incapaz de fornecer o nome falso de Eichmann – Riccardo Klement – mas na época da carta do barão, Eichmann estava de fato trabalhando mais de 1000 km de Buenos Aires, e em março de 1954, ele estava vivendo na capital argentina tentando estabelecer seu próprio negócio.
Entretanto, o pior estava por vir.
Em 1959, quando a caçada por EIchmann esta esquentando, o serviço de inteligência israelense, o Mossad, perguntou a Wiesenthal se ele poderia dar mais informações sobre o criminoso.
Em 23 de setembro, ele escreveu aos israelenses e disse-lhes que suspeitava que Eichmann estava no norte da Alemanha e que ele “visita a Áustria de vez em quando.”
Novamente, ele estava fornecendo informação inútil.
A partir de outras fontes, os israelenses estabeleceram que o fugitivo estava de fato em Buenos Aires, e que a dica de Wiesenthal levava a lugar nenhum.
Após Eichmann ser sequestrado no ano seguinte por agentes do Mossad, Wiesenthal pelo menos teve a gentileza de negar que ele “tinha algo a ver com a prisão de Eichmann,” e que ele guardou todos os seus arquivos em Jerusalém.
Porém, com os israelenses permanecendo calados sobre seu envolvimento, ele decidiu preencher o vácuo de informações e começou a colocar-se no coração da caçada.
Ele escreveria que, apesar dele ter dito que enviou seus arquivos para Israel, ele na verdade manteve o arquivo sobre Eichmann. Isto é totalmente inverídico.
Talvez a mentira mais chocante de Wiesenthal relacionada ao caso Eichmann seja afirmar que ele disse aos israelenses em sua carta de setembro de 1959 que o nazista estava na verdade na Argentina.
Como vimos, ele disse a eles que Eichmann estava provavelmente na Alemanha – uma pequena diferença de muitos milhares de quilômetros.
Curiosamente, o Dr. Segev viu tanto a carta de setembro de 1959 quanto a afirmação mais tarde, mesmo assim ele preferiu ignorar as diferenças em seu livro.
O fato é que Wiesenthal mentiu sobre sua educação, suas experiências de guerra e sobre sua “caçada” a Adolf Eichmann.
Qualquer homem que carregue tantas mentiras não merece ser reverenciado. Apesar de alguns desculparem os “contos da carochinha” de Wiesenthal, existem simplesmente muitas outras mentiras para levá-lo seriamente.
Além disso, ao dizer que Wiesenthal “viveu entre a realidade e a fantasia” para lidar com suas experiências de guerra é um insulto a todos aqueles sobreviventes do Holocausto que simplesmente disseram a verdade.
http://www.dailymail.co.uk/news/article-1310725/Why-I-believe-king-Nazi-hunters-Simon-Wiesenthal-fraud.html?openGraphAuthor=%2Fhome%2Fsearch.html%3Fs%3D%26authornamef%3DGuy%2BWalters
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