domingo, 31 de março de 2013

[ARM] Tiger I: O Panzer Poderoso

Eduardo A. Cajias

 
Quando foi lançado em agosto de 1942, o Tiger era, simplesmente, o mais poderoso tanque de guerra do mundo. O êxito do Tiger em derrotar tanques oponentes foi tão grande que sua superioridade foi reconhecida até pelos inimigos. Há relatos daquela época que confirmam que ninguém se atrevia a travar um combate de tanques em campo aberto com ele.

O Panzerkampfwagen (Veículo de Combate Blindado) Tiger Ausf. E, nome oficial final deste tanque (quase sempre simplificado para “Tiger”), surgiu como uma resposta para enfrentar a boa blindagem dos tanques soviéticos T-34 e KV-2 durante a invasão da Rússia, já que até a Operação Barbarossa, os Panzer III e IV combatiam os tanques inimigos com eficiência.

 
Os projetos do Tiger foram das empresas alemãs Porsche – a mesma dos conhecidos automóveis esportivos – e da tradicional produtora de locomotivas Henschel & Son. No início, a Henschel produzia 25 tanques Tiger por mês, porém a produção em abril de 1944 saltou para 105 a cada mês. Um aumento considerável, já que representa quatro vezes mais do que no começo, porém é pouco se comparado com a grande produção dos Estados Unidos e até dos russos.

Mas não era nada barato para se fabricar o Tiger. Os custos de sua produção eram 50% maiores do que os dos Panzer III e IV, e mais que o dobro do preço do Panzer V Panther. Sua produção era difícil e complexa devido à grande quantidade e boa diversidade de materiais, por isso era demorado para completar cada unidade.

Os primeiros quatro Tiger a entrar em combate não têm uma história honrosa para contar. Eles foram enviados em agosto de 1942 para o sudeste da cidade de Leningrado (atual São Petersburgo), na Rússia, e tiveram que atuar em um terreno pantanoso totalmente impróprio para seu peso. Mas quando foram para o norte da África quatro meses depois, a situação foi completamente diferente. O Tiger tinha total domínio no terreno aberto do Saara, mas foi usado em pequenas quantidades.

Sua blindagem era tão espessa que deixava os inimigos boquiabertos. Só que o que mais rendeu celebridade ao Tiger foi um armamento principal inovador. Um canhão de nada menos que 88 mm. Até então os tanques com armas mais poderosas contavam com canhões de 75 mm (como os Panzer IV e os Panther alemães ou o MK VIII inglês) ou de 76,2 mm, como os maiores tanques russos. Dependendo da munição utilizada, a velocidade na boca do canhão podia chegar a 930 m/s, o suficiente para penetrar a blindagem de mais de 110 mm a uma distância de 2 mil metros (os T-34 russos tinham até 90 mm de blindagem nas partes mais espessas).

Obviamente, o Tiger não era um tanque veloz, mas não fazia feio em relação aos outros tanques pesados que teve que enfrentar. No entanto, com uma velocidade máxima em estrada de 38 km/h era até mais rápido que o vagaroso inglês Matilda (máxima de 24 km/h na estrada) e bem mais do que o Churchill MK IV, que chegava a no máximo 20 km/h.

O resultado foi que os tanques americanos M4A2 Sherman de 75 mm – que os britânicos empregaram amplamente no norte da África – e os T-34 só tinham chance de imobilizar um Tiger a uma curta distância. A consequência em batalhas posteriores foi que o Tiger destruiu uma quantidade impressionante de equipamento inimigo. Ele conseguiu quebrar vários recordes de inimigos abatidos nos anos de 1943 e 1944. Além de seu bom desempenho no norte da África, o sucesso foi ainda maior na Itália e no front oriental, especialmente na Rússia.

Diversas histórias de guerra são contadas, mas nem todas elas são verdadeiras. Isso se pode observar em relação à quantidade de inimigos destruídos por cada Tiger e seu comandante responsável. Os mais renomados e conhecidos destes comandantes são Otto Carius e, principalmente, Michael Wittmann. Otto Carius foi um tenente que destruiu mais de 150 tanques. Já Michael Wittmann é reputado por destruir 138  (ou mais) tanques. Este jovem capitão recebeu, diretamente das mãos de Adolf Hitler, a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro com Folhas de Carvalho e Espadas. Lutou muito na Rússia, mas foi enviado para a Normandia. No norte da França, Wittmann comandou a 2ª. Companhia do 101º. Batalhão SS de panzer Pesados e se notabilizou por enfrentar os britânicos na França. Morreu em batalha em agosto de 1944, e seus restos mortais estão no cemitério de guerra alemão de La Cambe, na França.

Michael Wittmann
 
As propagandas nazistas exageraram nas qualidades do Tiger, sem dúvida. E o medo de alguns soldados americanos e britânicos podia ser desmesurado, mas não totalmente sem razão. Afinal, o Tiger é inegavelmente um dos melhores tanques de guerra de todos os tempos.

Especificações

Fabricante: Henschel & Sohn, Krupp (torre)
Tripulação: 5 (3 na torre)
Comprimento: 8,45 m
Largura: 3,4 a 3,7 m
Altura: 2,93 m
Peso: 56.000 a 57.000 kg (últimas versões)
Capacidade de combustível: 534 litros (4 tanques de combustível)
Autonomia: 140 km
Armamento principal: 88 mm KwK 36L/56
Armamento secundário: 2 ou 3 metralhadoras 7,92 mm MG 34
Munição: 92 a 120 de 88 mm, 4.500 a 5.700 de 7,92 mm

Instruções do Exército Russo para derrotar um Tiger
 
Publicado originalmente na revista “Guerras: Armas, Táticas e Equipamentos”, Ano I nº 2, Ed. Nova Sampa.

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