domingo, 9 de junho de 2013

[ARM] Super Tucano – As Conquistas do Pequeno Notável

Humberto Leite

Defesanet, 18 de Maio, 2013


Se ao longo de décadas o Brasil precisou pagar para adquirir aeronaves militares modernas fabricadas pelos Estados Unidos, em 2013 a história se inverteu. A Forca Aérea dos EUA (USAF - United States Air Force) anunciou que o Super Tucano foi selecionado como suo futura aeronave de ataque leve. O anúncio, feito no dia 27 de fevereiro, confirmou que o avião desenvolvido pela Embraer após um requisito elaborado pela Força Aérea Brasileira ganhou reconhecimento internacional. Com a compra da USAF já são nove clientes de exportação.

"É um orgulho para a FAB e para o Brasil saber que um avião idealizado em solo nacional, para atender necessidades operacionais de nossa Forca Aérea, tem a sua qualidade reconhecida internacionalmente", disse o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Salto, Comandante da Aeronáutica. No Brasil, o principal uso do Super Tucano é em missões de vigilância das regiões de fronteira a partir das Bases de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR). "A cada dia nós comprovamos  o poder desse avião de defender nosso pais", completou o Brigadeiro.

Os Estados  Unidos devem adquirir 20  Super Tucanos em um negócio avaliado em US$ 427,5 milhões.  Chile, Colômbia, Equador, Indonésia, República Dominicana, Angola, Mauritânia e Burkina Fasso também já adquiriram a aeronave. De acordo com a Embraer, já há mais de 200 encomendas do Super Tucano,  o que torna a aeronave de combate mais vendida na historia da indústria de defesa brasileira. Cento e setenta ia foram entregues.  "O Super Tucano é, sem dúvida, a melhor aeronave hoje em operação no mundo para atuar nesse nicho, que é o ataque leve e a defesa aérea  contra aeronaves de pequeno porte,  afirma o Comandante da Aeronáutica.

Desenvolvimento

O Super Tucano voou pela primeira vez no dia 2 de junho de 1999. 0 projeto da Embraer precisava cumprir o requisito da Força Aérea Brasileira de uma aeronave de baixo custo operacional que fosse ideal para interceptar aeronaves de pequeno porte que tentassem sobrevoar o Brasil sem autorização, pudesse servir de treinador para pilotos de caça e  cumprir missões de ataque.

“Nós não tínhamos nenhuma visão de mercado externo. O Super Tucano foi feito exclusivamente para as necessidades da FAB. Mas nós sabíamos que as necessidades da FAB estariam presentes em outros países também", explica o Brigadeiro Fernando Antônio Fernandes Cima, atualmente na reserva. Ele foi o primeiro gestor do então chamado projeto ALX, quando, lembra, o avião ''era só um monte de papel".
 

"O Super Tucano é, sem dúvida, a melhor aeronave hoje em operação no mundo para atuar nesse nicho, que é o ataque leve e a defesa aérea contra aeronaves de pequeno porte"
Brigadeiro Juniti Saito
Comandante da Aeronáutica


Entre 1993 e 1995, a partir dos Requisitos Operacionais elaborados pela Força Aérea, a equipe do Brigadeiro Cima  conversou com a Embraer sobre como seria aquela futura aeronave. A ideia era que o AL-X fosse  baseado no Tucano, que na época já era utilizado armado com bombas, metralhadoras e foguetes, mas que fosse mais potente, levasse mais armamentos e seus equipamentos eletrônicos fossem comparáveis aos caças supersônicos mais modernos.

Ao contrário da tradição dos aviões à hélice terem apenas alguns “reloginhos” na cabine, o Super Tucano  veio equipado com displays multifunção coloridos, óculos de visão noturna(NVG), computadores para cálculo automático de mira, equipamento de busca no espectro infravermelho e uma  cabine projetada no conceito HOTAS (Hand on Throtle and Stick) e com HUD (Head up Display). Essas duas últimas características permitem que o piloto possa cumprir sua missão inteira sem tirar as mãos do manete e  ao mesmo tempo, conseguir enxergar as informações mais importantes sem tirar os olhos dos alvos.

"O avião saiu muito melhor que o inicialmente previsto”, diz o Brigadeiro Cima. “Depois que assinamos o  contrato de desenvolvimento , em 1995, o avião melhorou muito. Foi colocada uma aviônica mais moderna que o inicialmente previsto o processo construtivo da asa foi melhorado, conta.

Os  requisitos da FAB ainda incluíam a necessidade de  operar a partir de pistas difíceis, sem asfalto. “A capacidade de operar em qualquer lugar é importante.

Requisitos Operacionais elaborados pela  Força Aérea, a equipe do Brigadeiro Cima conversou com a EMBRAER sobre corno seria aquela futura aeronave. A ideia era que o ALX fosse baseado no Tucano, que na época já era utilizado armado com bombas, metralhadoras e foguetes, mas que fosse mais potente, levasse mais armamento e seus equipamentos eletrônicos fossem comparáveis aos caças supersônicos mais modernos.  Ao contrário da tradição dos aviões à hélice terem apenas alguns ''reloginhos" na cabine, o Super Tucano veio equipado com displays multifunção coloridos, óculos de visão noturna (NVG), computadores para cálculo automático de mira, equipamento de busca no espectro infravermelho e uma cabine projetada no conceito HOTAS (Hands on Throlle and Stick) e com HUD (Head Up Display). Essas duas últimas características permitem que o piloto possa cumprir sua missão inteira sem tirar as mãos do manche e da manete de potência e, ao mesmo tempo, conseguir enxergar as informações mais importante sem tirar os olhos dos alvos.

 "O avião saiu muito melhor que o inicialmente previsto'', diz o Brigadeiro Cima. 'Depois que nós assinamos o contrato de desenvolvimento, em 1995, o avião melhorou muito. Foi colocada uma aviônica mais moderna que prevíamos inicialmente, o processo construtivo da asa foi melhorado", conta.

Os requisitos da FAB ainda incluíam a necessidade de operar a partir de pistas difíceis, sem asfalto. "A capacidade de operar em qualquer lugar é importante. Se ele só operasse em pistas asfaltadas, qualquer um saberia que só pode utilizar poucas pistas na Amazônia. Operando de pistas não preparadas, aumenta muito esse número", explica o Brigadeiro. Este também foi um dos  requisitos da concorrência vencida pelo Super Tucano nos Estados Unidos. Nos voos de demonstração, armada com bombas, a aeronave mostrou a capacidade de pousar e decolar em pista de terra. A vitoria nessa concorrência foi comemorada pelo Brigadeiro Cinta. "É uma vitória de toda a Força Aérea, de todos", disse. Mas ele faz questão de homenagear o Tenente- Coronel  Luis Augusto Lancia, já falecido, que atuou como piloto de testes do então ALX. "Ele foi fundamental para o desenvolvimento da aeronave. Ele era extremamente criativo. Muito do que nos vimos hoje de sucesso veio da cabeça dele".

Parcerias: FAB e indústria nacional

O anúncio da compra da USAF ainda é pequeno:  20 Super Tucanos é bem menos que, por exemplo, as 99 unidades recebidas pela FAB. Mas além de haver a possibilidade de novos lotes, a venda para os americanos serve como atestado da qualidade do avião. "E a chancela de uma Força Aérea operacional como a USAF. Não está mais em dúvida se esse avião é bom ou não, se ele cumpre ou não a missão explica  o Brigadeiro Cima. O Presidente da EMBRAER Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar. disse que a empresa já está pronta para iniciar a construção das aeronaves. "Nosso compromisso é avançar com a estratégia de investimentos nos Estados Unidos e entregar o Super Tucano no prazo esperado e conforme o orçamento contratado",  afirmou.  Esta não é a primeira vez que uns avião é desenvolvido a partir de um requisito da FAB. Nascida na década de 60,a EMBRAER construiu  o Bandeirante. Nas anos 80 e 90, o treinador Tucano, utilizado pelos cadetes brasileiros na Academia da Força Aérea, pode ser visto voando com as cores de mais 10 países, como França, Egito, Argentina e Peru. A versão construída sob licença no Reino Unido também serve para o treinamento dos pilotos da Royal Ai, Force e também do Quênia e Kuwait.

 Nos anos 90, após um requisito da FAB, a EMBRAER transformou seu jato ERJ 145 em uma plataforma para missões de inteligência, reconhecimento e vigilância. As primeiras aeronaves,entraram em, serviço no Brasil, em 2002, mas agora também já podem ser vistas nas cores das Forças Aéreas do México, índia e Grécia, sendo que sete último pais utilizou o modelo em missões reais durante a ofensiva da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Líbia em 2011.

O próximo desafio é o KC-390, o maior avião ja projetado no Brasil. Após um contrato de desenvolvimento assinado entre FAB e EMBRAER em 2009, o projeto já ganhou parcerias de Portugal, República Tcheca, Chile e Argentina, todos já dispostos a adquirir unidades. Em 20I2, a BOEING, dos Estados Unidos, também assinou convênio com a EMBRAER para ajudar na comercialização do jato de transporte. O primeiro voo do KC-390 está previsto para 2014 e as primeiras entregas devem acontecer em 2016.

 

SUPER TUCANO EM AÇÃO

Ataque de precisão

 
A cena parece um jogo de vídeo game: uma lista negra aparece em destaque e, de repente, enormes manchas aparecem na tela. Feitas a partir de um sistema de visualização por infra--vermelho, chamados pela sigla FLIR (do inglês Forward Looking Infrared),  as imagens mostram a operação real de bombardeio de urna pista clandestina na região amazônica. O ataque aconteceu em agosto de 2011 e foi realizado às três horas da manhã por quatro A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira. Cada A-29 lançou duas bombas de 230 Kg. o suficiente para impedir que a pista de 1.400 metros de comprimento voltasse a ser utilizada para atividades ilícitas na região de fronteira. Além dos sistemas de navegação precisos o suficiente para sobrevoar a Amazônia em plena madrugada, onde praticamente não há referências visuais, os pilotos da FAB puderam utilizar na missão tecnologias como óculos de visão noturna (Night Vision Googles- NVG) e computadores,  que calculam automaticamente a hora certa de atirar para acertar° alvo.

 


De acordo com Tenente-Coronel Ricardo Assis, Comandante do Esquadrão Escorpião (1º/3º GAV), de Boa Vista (RR), o SuperTucano pode cumprir muitas das missões que poderiam ser realizadas por caças a jato, porém de forma mais econômica. "As características de precisão. Baixo x custo de manutenção e de operação fazem desta,  uma das aeronaves com o melhor custo-benefício de sua classe no mundo", diz.

Defesa continental

Fronteira tio Brasil com a Bolívia, quase horário do por do sul. Um avião monomotor entra ilegalmente no espaço aéreo brasileiro voando a apenas 5oo metros de altitude. Para surpresa do piloto irregular, dois A-29 aparecem e ordenam que o piloto entre em contato, mude sua rota e pouse em Cacoal (R0), onde seria interrogado pelas autoridades policiais. O estrangeiro se recusa a cumprir as ordens e reduz a sua altitude para 100 metros. A tensão aumenta. Após autorização vinda de Brasília (DF), o piloto de caça brasileiro faz um tiro de aviso com suas metralhadoras. Desesperado,  o infrator musa sua aeronave em uma estrada de terra na zona rural de Alta Floresta d'Oeste (RO). Os Super Tucano, então, sobrevoaram a área até a chegada da Policia. Dentro da aeronave boliviana foram encontradas 176kg de pasta base de cocaína, o que  poderia render mais de 800kg da droga. Dois dias depois, o traficante foi preso.

Esta missão real aconteceu no dia 03 de junho de 2009, e não foi a única do tipo.  A partir de 1994, os aviões Tucano foram baseados próximos à fronteira para se contrapor à ameaça das aeronaves de pequeno porte que tentam invadir o espaço aéreo brasileiro. A partir dc 2005, os Super Tucano chegaram nessas Bases na fronteira.

 De acordo com o comandante do Escorpião, para interceptar aeronaves de pequeno porte, mais lentas, o Super Tucano é melhor que caças supersônicos. "Aeronaves como o F-5 e Mirage quando têm que acompanhar as manobras feitas por aeronaves que voam em baixas velocidades são como peixes fora d'água", explica.

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