Mas
um novo livro revela o lado negro da liberação da Europa após a Segunda Guerra
Mundial.
A
professora Mary Louise Roberts, da Universidade de Wisconsin, escreve que meses
após o Dia-D, as mulheres francesas temiam seus “libertadores” americanos.
Ela
conta como, pelo verão de 1944, grande número de mulheres na Normandia
denunciou estupros por soldados americanos.
E
sua chegada significou uma onda de crimes por toda a França, com os soldados
americanos cometendo roubos e assaltos.
A
professora Roberts diz: “meu livro procura acabar com o mito sobre os GIs,
pensados principalmente como soldados-cidadãos que comportavam-se bem. Os GIs faziam
sexo em todos os lugares.”
Nas
cidades de Le Havre e Cherbourg, o mau comportamento era comum.
Mulheres,
incluindo aquelas casadas, eram abertamente solicitadas a fazer sexo. Parques,
prédios em ruínas, cemitérios e trilhos ferroviários eram os locais de
fornicação.
As
pessoas não podiam sair para uma caminhada sem ver alguém fornicando.
Mas
o sexo nem sempre consensual, com centenas de casos de estupros sendo
relatados.
Os
habitantes de Le Havre ficaram chocados com o comportamento dos soldados e
escreveram cartas para protestar junto ao prefeito.
Uma
reclamação, de outubro de 1945, diz: “Fomos atacados, roubados, perseguidos
tanto nas ruas quanto em nossas casas.”
“Este
é um regime de terror, imposto por bandidos em uniformes.”
O
prefeito de Le Havre, Pierre Voisin, reclamou ao Coronel Thomas Weed – o comandante
das tropas americanas na região.
“Cenas
contrárias à decência estão acontecendo nesta cidade dia e noite,” escreveu
Voisin, acrescentando que “não era somente escandaloso, mas intolerável” que “olhos
jovens fossem expostos a tais espetáculos públicos.”
O
prefeito sugeriu que os americanos organizassem um bordel fora da cidade para
evitar o ultraje público e contivessem a transmissão de doenças sexuais.
Entretanto, apesar dos oficiais americanos denunciarem publicamente o
comportamento, eles fizeram pouco para impedir isso.
O
livro também afirma que o exército americano “demonstrou um racismo profundo e
permanente,” sugerindo que eles determinaram um número desproporcional de
estupros com os GIs negros.
Os
documentos mostram que dos 152 soldados que sofreram medidas disciplinares no
exército por estupro, 130 eram negros.
A professora Roberts diz: “a propaganda americana não vendeu aos soldados a guerra como luta pela liberdade, mas como uma aventura sexual.”
Ela
afirma que o “The Star and Stripes”, o jornal oficial das forças armadas
americanas, ensinava aos soldados frases alemãs como “waffen niederlegen”,
significando “abaixe seus braços”.
Entretanto,
as frases francesas recomendadas aos soldados incluíam “você tem olhos
charmosos”, “não sou casado” e “seus pais estão em casa?” A revista americana
Life chegou mesmo a fantasiar que a França era “um tremendo bordel”, habitada
por “40.000.000 de hedonistas, que gastavam seu tempo comendo, bebendo e
fornicando.”
Um
dono de um café em Le Havre disse na época: “Esperamos amigos que não nos faria
sentir envergonhados de nossa derrota. Ao invés disso, tivemos apenas incompreensão,
arrogância, péssimas maneiras incríveis e gabolice dos conquistadores.”
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