quinta-feira, 3 de outubro de 2013

[POL] Hitler e a América

Hitler e a América é um livro extraordinário, repleto de evidências e detalhes significativos sobre a complexidade (e, em certo sentido, a dualidade) da consideração de Hitler em relação aos Estados Unidos.

John Lukacs


Em fevereiro de 1942, apenas dois meses após ter declarado guerra aos Estados Unidos, Adolf Hitler elogiou os grandes sucessos industriais da América e admitiu que a Alemanha precisaria de algum tempo para superá-los. Os americanos, ele disse, haviam mostrado o modo de desenvolvimento dos melhores métodos de produção – especialmente em ferro e carvão, que formam a base da moderna civilização industrial. Ele também salientou a superioridade da América no campo dos transportes, particularmente o automóvel. Ele amava carros e via em Henry Ford um grande herói da era industrial. O trem pessoal de Hitler era chamado de “Amerika”.

Em Hitler e a América, o historiador Klaus P. Fisher procura entender mais profundamente como Hitler via a América, a nação que foi decisiva para a derrota da Alemanha. Ele revela a imagem antagônica que Hitler tinha do país: a América e a Amerika. Hitler alardeava os Estados Unidos como um país fraco e, ao mesmo tempo, referia-se a ele como um colosso industrial digno de imitação. Ou ele pensava na América nos termos mais pejorativos ou via as últimas fotos dos Estados Unidos, assistindo a filmes americanos, tornando-se fã dos desenhos animados de Mickey Mouse. A América era o país que Hitler admirava – pelo espírito empreendedor do povo americano, que ele atribuía ao seu sangue nórdico – e invejava – seu enorme território, recursos abundantes e poder político. A Amerika, contudo, era uma nação mestiça, tornada muito rica em pouco tempo e governada por uma elite capitalista com laços estreitos com os judeus. Do outro lado do Atlântico, o presidente Franklin Delano Roosevelt tinha sua própria visão mais realista de Hitler e Fischer compara estes erros e concepções erradas que fizeram com que Hitler, no final, visse somente a Amerika, e não a América, levando à sua derrota.

Como Klaus P. Fischer nota em sua introdução, muitos livros que lidam com a relação entre os Estados Unidos e a Alemanha foram publicados. A maioria destes livros foca na política externa entre as duas nações a partir do ano em que Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha (1933) até a declaração de guerra aos Estados Unidos pela Alemanha Nazista (1941). Logo, qual a utilidade do livro Hitler e a América? O livro de Fischer “explora as origens e desenvolvimentos das visões de Hitler” em relação à América, e discute suas políticas diplomáticas. O autor argumenta que muitas idéias americanas influenciaram as decisões que Hitler tomou e que a América teve um profundo impacto em Hitler. Por exemplo, ao tomar certas decisões, Hitler estava preocupado como “o isolacionismo americano, as atividades dos simpatizantes nazistas na América, a opinião pública americana e as reações da judiaria americana aos acontecimentos antissemitas na Alemanha, e as conexões comerciais teuto-americanas.

No primeiro capítulo, Fischer introduz a imagem antagônica de Hitler dos Estados Unidos. Hitler admirava a América por suas leis de restrição imigratória e o apoio do governo à pesquisa eugênica. Ele queria que a Alemanha fosse tão grande quanto a América tanto no comércio exterior quanto no ramo industrial. Os Estados Unidos eram o líder mundial em produção de aço e carvão. De acordo com Fisher, Hitler “acreditava que a força da América era baseada em dois pilares: sua poderosa capacidade industrial e sua herança genética nórdica.” Entretanto, Hitler também sustentava preconceitos contra a América. Ele achava que dada a falta de leis de proteção ao casamento, muito do sangue nórdico da América foi contaminado. Esta segunda imagem dos Estados Unidos era uma de desconfiança. A Amerika era uma terra que tornou-se corrupta e fraca. Interessantemente, Hitler achava que a Alemanha estava seguindo o mesmo caminho. Se ele não tivesse surgido e corrigido  o rumo do navio, a Alemanha teria terminado como a Amerika. Esta idéia é, em certo sentido, semelhante ao conceito de “modernismo reacionário”, que Fischer pega de Modernismo Reacionário: Tecnologia, Cultura e Política em Weimar e no Terceiro Reich, de Jeffrey Herth (1984). Ele nota que enquanto Hitler via os Estados Unidos como uma nação moderna com grande poder de manufatura, ele também via os efeitos negativos dessas políticas sobre o mundo contemporâneo. Os capítulos que seguem – 2 a 5 – lidam com a política externa americana e alemã nos anos antecedentes da Segunda Guerra Mundial. Algumas vezes, a conexão entre as teses do livro e a informação apresentada nestes capítulos fica perdida. Enquanto torna-se claro que a política externa alemã e americana seja importante para os principais assuntos tratados neste livro e que estas políticas influenciaram Hitler e suas visões da América, algumas vezes as idéias de Fischer perdem-se nos detalhes. O leitor frequentemente tem que interromper o texto e lembrar de qual argumento se trata e como este detalhe influencia no argumento.

De qualquer forma, o livro de Fischer é revisionista em relação a este assunto importante. Infelizmente, Fischer raramente menciona os estudos históricos anteriores contra o que ele está afirmando. Ele simplesmente se refere a “outros historiadores”, mas não os nomeia, não faz referência a seus trabalhos e não apresenta seus argumentos em profundidade. Ao não mencionar quais trabalhos ele está revisando ou quais são os outros argumentos, reduz a eficiência do livro. Enquanto ele é um livro digno de leitura para ajudar na compreensão deste assunto, os leitores deverão ser beneficiados a partir de uma historiografia mais profunda.

Este livro também se encaixa perfeita e facilmente nas novas tendências do academicismo histórico, globalizando a história. Hitler e a América é um livro bem escrito e pesquisado, que conduz o leitor a entender os sentimentos e concepções de Hitler da América.

Muitos historiadores têm afirmado que Hitler dificilmente prestou atenção nos EUA nos anos 1930. Outros acrescentaram que o Führer somente havia desprezado os americanos, os quais ele considerava um povo mestiço, incapaz de uma alta cultura. Estas e outras muitas teorias são demolidas pelo livro, que prova o quão essencial a América era para a política de Hitler.

Os primeiros capítulos mostram que o que Hitler conhecia da América, a imagem antagônica, veio de fontes de segunda mão, de turistas, como Putzi Hanfstängel, de livros de Karl May e de outros autores menos conhecidos, ou do que ele via em filmes, revistas e jornais. Ele também obteve alguma noção sobre a preparação militar dos americanos com a ajuda de Friedrich Von Botticher, adido militar em Washington.

Já que este livro é também sobre o modo como Roosevelt via Hitler, há noções fascinantes deste tópico. FDR soube através de seu embaixador em Berlim que Hitler e seu regime estavam se tornando perigosos no final dos anos 1930, especialmente após a conferência secreta realizada em 5 de novembro de 1937, quando Hitler explicou aos participantes que seus objetivos eram anexar a Áustria e a Tchecoslováquia no sentido de garantir os flancos sul e oriental da Alemanha.

O professor Fischer não dá muita importância à Liga Anglo-germânica, liderada por Fritz Kuhn, que na verdade era desprezado pelo Führer.

Os anos seguintes, pelo menos até dezembro de 1941, foram caracterizados pelos esforços feitos por Roosevelt em aumentar a ameaça nazista, de modo a mudar a posição do povo americano de não-intervencionismo. O presidente afirmava que Hitler queria destruir a América por meio de ações internas, espalhando a semente da discórdia, desconfiança e subversão. Hitler, por sua vez, via Roosevelt como um presidente cercado por judeus, aquele povo que, em sua idéia, seria exterminado após 1941. A evidência disponível sugere que Roosevelt sabia a respeito da Solução Final, mas sem muitos detalhes, nem ele sabia o que fazer a respeito já que sua preocupação principal era ganhar a guerra.* O livro contém ainda uma análise do relacionamento entre Os Três Grandes: Roosevelt, Stalin e Churchill. A conexão entre eles e o modo como Hitler via a América não é sempre claro.

Outro ponto enfatizado no livro se refere às tentativas de Hitler de levar a discórdia entre os Aliados, esperando que Roosevelt e Churchill, por exemplo, pudessem terminar sua amizade. Hitler acreditava que se fosse outro presidente, ele conseguiria manter os Estados Unidos fora da guerra e empregar medidas econômicas mais eficientes para tirar o país da Depressão.

Em contraste, Roosevelt via a guerra como o confronto moral entre os valores humanos da democracia americana e a natureza brutal da tirania nazista. A sua doutrina das quatro liberdades foi uma tentativa de universalizar as doutrinas do Iluminismo no qual a experiência política americana se baseava, enquanto que Hitler tinha uma imagem distorcida da América moldada por fontes questionáveis que ele utilizou para se encaixar em sua própria concepção ideológica. Este é o motivo por que Hitler desprezou a população americana como sendo uma mistura racial de povos.

O nono capítulo do livro conduz o leitor a uma viagem pelos anos de poder de Hitler e Roosevelt e oferece as filosofias de cada um em suas nações opostas. As estratégias diplomáticas também são estudadas neste trabalho durante os anos de guerra com as grandes potências da Rússia, Grã-Bretanha e Japão. Fischer utiliza sua própria pesquisa extensa mais do que citações dos principais atores do período. Semelhanças e diferenças dos dois líderes são discutidas desde o começo e elas são surpreendentes. Ambos chegaram ao poder e morreram no mesmo ano. Ambos possuíam entendimentos inatos das preocupações comuns das pessoas na sociedade e sabiam como motivar as massas. As diferenças eram as seguintes: FDR passou boa parte de sua juventude na Alemanha enquanto que Hitler jamais visitou a América, baseando-se em jornais, filmes e relatórios diplomáticos das células alemãs. Hitler capitalizou o culto alemão das massas, que era superior racial e etnicamente, em contraste com a democracia e os direitos iguais na América. Os alemães acabaram sendo forçados a aceitar as crenças nazistas enquanto que os americanos valorizavam o individualismo, a liberdade e a igualdade. Na Alemanha, o povo era um só; o status individual era virtualmente não existente. Outra distinção importante que Fischer enfatiza é a ascensão ao poder.   

FDR emergiu de posições políticas executivas, com uma boa educação superior e juntou-se a um partido que estava bem estabelecido no outono de 1932. Hitler transformou o Partido dos Trabalhadores Alemães em seu próprio Partido Nazista, além de possuir apenas ensino básico, o qual resultou na sua recusa à Academia Vienense de Artes. A visão de Hitler era uma ideologia obstinada e brutalidade; FDR sustentou seus princípios democráticos promovendo a pás e prosperidade para todos.** Ele também defendia a rendição incondicional da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e acreditava que as massas jamais pensariam que elas perderam a grande guerra por terem permitido a ascensão de um regime totalitário em 1933. Hitler isolou-se como líder militar raramente levando em consideração o conselho de seus generais e deixando o destino da Alemanha a subordinados da SS criando uma disputa interna frenética. FDR seguiu a constituição ao conduzir suas tarefas administrativas.

Hitler admirava grandemente a empresa Ford de automóveis e era impressionado pelos muitos arranha-céus da cidade de Nova York. De um ponto de vista cultural, ele sentia que a Alemanha superava a América com suas óperas, música e arte. Parte do sucesso americano na indústria e na ciência foi resultado de povos nórdicos que emigraram para lá. Hitler acreditava que a decadência da América seria o resultado da miscigenação dos povos e especialmente dos judeus que manipulavam FDR para que este entrasse na guerra.*** Da perspectiva de Fischer, Hitler não queria que a América entrasse na guerra e rapidamente repeliu quaisquer ações de provocação contra os EUA. Hitler sabia de uma experiência pessoal que a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial levou ao fim das Potências Centrais. É evidente que Hitler temia o poder da América, enquanto que ao mesmo tempo olhava para os americanos como sendo inferiores aos alemães. Mas novamente, na mente de Hitler qualquer um era inferior aos arianos.   

Fischer também enfatiza as reuniões teuto-americanas realizadas em plena Madisnon Square Garden para promover a cultura e ideologia alemãs. É interessante saber que Hitler dava pouca atenção a essas reuniões, de modo que sua visão de mundo se aplicava somente ao povo alemão e não aos alemães vivendo fora do país. Em outras palavras, o nazismo era um clube exclusivo. Como é mencionado em outros livros, Hitler estava comprometido em adquirir espaço vital para o povo alemão, o qual ele planejou viria do leste; estes planos finalmente foram destruídos em Stalingrado. Fischer também nos lembra das muitas oportunidades de paz que Hitler e seus seguidores dispuseram a partir do final de 1941, época em que mesmo Hitler sabia que a guerra não poderia ser vencida. Havia muitos cenários políticos entre Rússia, Grã-Bretanha e os EUA, os dois últimos especialmente temendo que Stalin pudesse fazer um pacto com a Alemanha. Stalin fez o jogo do Ocidente em diversas ocasiões para conseguir equipamentos militares. O autor afirma que Hitler estava ciente das tentativas de acordo de paz em todas as frentes; mas que a guerra estava perdida em virtude de seus erros de cálculo e ilusões de um grande império do futuro que simplesmente não podia ser sustentado pelos atuais recursos alemães.

Hitler nunca levou a sério a possibilidade de negociar a paz, mas escolheu, como Fisher aponta, manter-se firme nas idéias e continuar lutando contra o Comunismo e para as suas políticas nacional socialistas. Ele também apostava que algum dos Aliados deixasse a luta. Ele nunca aceitou a responsabilidade pela derrota iminente, preferindo ao invés disso culpar o povo. Sua deterioração física é descrita por Speer transformando-se num velho isolado num bunker claustrofóbico e dando ordens para manobras militares fictícias e a regimentos do exército que já não existiam mais. Outros têm atribuído suas decisões erradas ao seu ódio e tendências genocidas e outros levam em consideração o fato dele ter sido intoxicado com medicamentos de qualidade duvidosa. Estas opiniões estão descritas vivamente no livro. FDR não viveu o suficiente para ver a rendição incondicional da Alemanha nem completar seu quarto mandato. Seu gênio político, diplomacia e princípios, contudo, ajudaram a assegurar um resultado positivo para os Aliados.

O pensamento e estratégias empregados por ambos os lados são de grande interesse e não são abordados em outros livros deste período, isto é, se Hitler tivesse se alinhado a Stalin eles poderiam conquistar a Europa ou os Estados Unidos jamais tivessem entrado na guerra em virtude do pensamento isolacionista em relação às guerras européias. O autor oferece razões plausíveis, mas não conclusivas, do por quê Hitler ter deixado as forças britânicas partirem de Dunquerque; esta ação demonstra a hesitação e inabilidade de Hitler em implementar planos militares.+  Como muitos especialistas afirmam, ele era um gênio político, mas não militar e rejeitava o conselho dos especialistas militares que o cercavam.++  Sendo o único presidente eleito para quatro mandatos, FDR era um líder eficiente; Hitler chegou como um meteoro, levando todos e tudo consigo em sua trajetória, um homem solitário em uma jornada solitária cujo coração jamais foi revelado inteiramente. Uma indicação do quão dedicado ele era à sua ideologia é como ele poderia ter conquistado a Europa se ele tivesse utilizado todas as pessoas, não-arianas, que ele aprisionou e liquidou; mas tal iniciativa teria sido uma violação de suas políticas e doutrinas.+++


Notas:

*Sobre os boatos a respeito do genocídio dos judeus durante a guerra, ver os artigos

Franklin Roosevelt e os Judeus


A Liderança Imoral de Roosevelt


O Holocausto na Vida Americana


A Primeira vez que Hollywood expôs o Holocausto  


** Neste ponto, o livro ou o autor da resenha deixam de lado o aspecto revisionista e adotam o relato oficial da história da Segunda Guerra Mundial, apresentando Roosevelt como um homem pacifista e cheio de boas intenções e retratando Hitler como o megalomaníaco que construiu seu regime e império sozinho.Nos últimos anos, vários livros têm demolido essa versão dos fatos. Ver os artigos

A Conspiração do Império


Memorandos mostram que EUA encobriram crime Soviético


*** É interessante notar que o analista político norte-americano Patrick Buchanan tenha ressaltado essa decadência do poder político americano em termos étnicos também, embora sem apelar para um discurso racista e segregacionista. Para Buchanan, a decadência da América está intimamente relacionada ao fim da América branca, já que o povo fundador da América republicana era branco e cristão. A chegada de uma leva de imigrantes de países de Terceiro Mundo (africanos, asiáticos, latinos, indianos e árabes) após a Segunda Guerra Mundial e a redução da taxa de natalidade entre os brancos está resultando numa transformação da sociedade americana. O resultado disso é o aumento da presença do Estado na vida americana, em virtude da baixa qualificação e de aspectos culturais desses imigrantes (que geralmente vêm de sociedades paternalistas e assistencialistas), e o fim dos fundamentos cristãos da República. Buchanan foi crucificado por suas idéias sendo atacado por vários setores da sociedade, inclusive a ADL (Liga Anti-Difamação) ligada à comunidade judaica. Coincidência ou não, o fato é que as crises econômicas sucessivas, o intervencionismo militar desastrado e as trapalhadas políticas entre os poderes executivo e legislativo na administração Obama (dificuldades para aprovar o Orçamento) são sintomas da decadência dos EUA. 

+ Na verdade, não havia nada de errado com a idéia de Hitler em interromper o avanço sobre Dunquerque. Os equipamentos precisavam de manutenção e as linhas de abastecimento haviam se alongado muito. Hitler temia que um avanço muito grande, sem interrupção, pudesse resultar num contra-ataque das forças aliadas às forças alemãs esgotadas. Oficialmente, é nos dito que Hitler interrompeu o avanço para demonstrar boa vontade junto à Inglaterra e conseguir um acordo de paz, mas isso parece ser implausível.

++ Hitler dispensava a opinião de muitos de seus generais porque os considerava muito cautelosos. Os sucessos militares na frente ocidental podem ser quase exclusivamente atribuídos a Hitler, já que ele pensou na Blitzkrieg e no uso de tropas aerotransportadas. Na frente oriental, Hitler era movido pelo tempo, ele tinha plena consciência de que uma campanha longa seria morte certa para a Alemanha, por isso jamais aceitou campanhas de retirada. Com o cenário de rendição incondicional imposto por Roosevelt qualquer tentativa de cautela na frente de batalha seria impossível de realizar, era tudo ou nada.

+++ Novamente, o autor comete erros utilizando o relato oficial da Segunda Guerra. Ver os artigos

Os Soldados Não-Arianos de Hitler


Soviéticos apoiaram os Cruzados nazistas


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