Os
mais de US$ 330 milhões (R$ 735 milhões) que, em 2011, entraram no Brasil
graças à exportação de armas leves e munições colocam o país em quarto na lista
de maiores exportadores no setor. A sua frente, estão apenas Estados Unidos,
Itália e Alemanha, aponta o Mapping Arms Data (MAD), projeto realizado em
parceria entre o Instituto Igarapé e o Peace Research Institute Oslo (PRIO).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
somente neste ano, o Brasil já exportou mais de US$ 226 milhões em armas e
munições. Um relatório de 2010 do Small Arms Survey - o mais recente da
instituição - também coloca os brasileiros em quarto no ranking.
O
crescimento do país nesse setor é significativo nos últimos anos. Em 2003, era
exportado menos da metade do que é hoje: US$ 131 milhões. Desde então, o índice
cresceu até atingir o pico de US$ 407,5 milhões em 2009. Nos dois anos
seguintes, o MAD apontou uma queda. A produção de armas leves (como são
classificadas as portáteis) disparou nos últimos anos. De 2005 a 2010, as indústrias
venderam 8.822.720 milhões de unidades, em sua maioria revólveres, pistolas,
escopetas e munições. Metade delas foi exportada, segundo levantamento do
Exército.
Destinos
Os principais destinos dos armamentos são os Estados Unidos (US$ 148.680.000) e a Europa Ocidental, afirma Robert Muggah, diretor de Pesquisa do Instituto Igarapé. Ainda assim, o sudeste asiático e lugares mais pobres, como Colômbia, Iraque, Paquistão e Zimbábue - país entre os 20 piores Índices de Desenvolvimento Humano - são mercados importantes para a indústria armamentista brasileira. Somente a Taurus, maior empresa do Brasil no ramo, exporta para 70 diferentes países.
O
Mapping Arms Data leva em consideração 37 fontes de pesquisa, tendo como base
dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e analisando apenas os números
relativos a armas leves. Se comparados esses dados aos fornecidos pelo MDIC, há
uma certa discrepância, devida, segundo Muggah, à forma como são categorizadas
as armas. Em 2011, o Ministério registrou a venda de 785.901 unidades,
movimentando US$ 293 milhões, 12% a menos que o levantado pelo MAD. O MDIC
apontou ainda US$ 315 milhões em exportação no ano passado. Desde 1997, o país
já lucrou quase US$ 3 bilhões de dólares (R$ 6,7 bilhões), com a venda de
armas.
Muggah
chama a atenção ainda para o grande número de armas em circulação dentro do
Brasil, que vai de 16 a
17 milhões (sendo 6 milhões registradas), uma média de uma arma para cada 11 ou
12 pessoas. Para o pesquisador, há um excedente militar de pelo menos 800 mil
armas.
Mercado
mundial
De acordo com o MAD, os Estados Unidos foram quem mais exportaram armas em 2011: US$ 807,5 milhões (R$ 1,8 bilhão). Na sequência, vêm Itália (US$ 463,6 milhões, ou R$ 1 bilhão) e Alemanha (US$ 313,6 milhões, ou R$ 698,6 milhões). Já o Small Arms Survey coloca a Itália pouco atrás da Alemanha no relatório de 2010.
As
dificuldades no registro e controle de armas ficam evidentes nas diferenças
entre os valores encontrados pelas diferentes pesquisas. O Stockholm
International Peace Research Institute (SIPRI), por exemplo, apontou os Estados
Unidos como responsáveis por 30% das exportações, seguidos de Rússia (26%),
Alemanha (7%), França (6%) e China (5%), indicando um crescimento da corrida
armamentícia asiática. A mesma pesquisa apresenta a Índia como maior
importadora (12%), seguida de China, Paquistão, Coreia do Sul e Singapura.
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