Assim
pergunta a capa da Newsweek, que apresenta uma foto de página inteira do
primeiro-ministro que seu povo votou como sendo o maior bretão de todos os tempos.
Uma
tremenda homenagem, quando se leva em conta que a carreira de Churchill
coincide com o colapso do Império Britânico e o rebaixamento de sua nação da
dominação mundial para uma potência de terceira classe.
Que
a capa da Newsweek foi resultante do meu livro “Churchill, Hitler e a Guerra
Desnecessária” parece aparente, como um dos três ensaios, de Christopher
Hitchens (jornalista anglo-britânico, liberal, 1949 – 2011) foi uma resenha
mordaz. Apesar de ser lisonjeiro em alguns pontos, Hitchens conclui
encantadoramente: Este livro “fede”.
Compreensível.
Nenhum britânico pode facilmente aceitar minha tese central: os britânicos
jogaram fora seu império. Através de duas burrices colossais, a Grã-Bretanha
declarou guerra duas vezes contra uma Alemanha que não a havia atacado e nem
queria guerra com ela, lutando por 10 anos sangrentos e perdeu tudo.
Incapaz
de enfrentar a verdade, Hitchens procura auxílio em velhos mitos.
Tínhamos
que parar o militarismo prussiano em 1914, diz Hitchens. “A política do Kaiser
mostra que a Alemanha estava procurando por uma chance de provocar a guerra no
mundo inteiro.”
Absurdo.
Se o Kaiser estava procurando uma guerra ele a teria encontrado. Mas em 1914,
ele estava no poder há 25 anos, entrando na meia-idade, mas nunca havia lutado
ou visto uma batalha sequer.
De
Waterloo até a Primeira Guerra Mundial, a Prússia lutou três guerra, todas em
um período de sete anos, 1864 a 1871. Em consequência destas guerras, ela
conquistou dois ducados, Schleswig e Holstein, e duas províncias, Alsácia e Lorena.
Em 1914, a Alemanha não havia estado em guerra por duas gerações.
Isto
parece ser uma nação que deseja conquistar o mundo?
Quanto
ao apoio político do Kaiser aos Boers*, sua iniciativa na crise Agadir** em
1905, sua construção de uma grande frota marítima, sua busca por colônias na
África, ele apenas estava imitando os britânicos, cuja aprovação e amizade ele
desesperadamente buscou por toda sua vida e lhe sempre foi negado.
* As Guerras Boer foram duas guerras
lutadas entre 1880-81 e 1899-1902 entre o Império Britânico e fazendeiros de
ascendência holandesa (boers) na África do Sul. Os britânicos instalaram campos
de concentração – talvez a primeira iniciativa deste tipo no mundo – onde mulheres
e crianças foram aprisionados. Em virtude das péssimas condições higiênicas e
fome, cerca de 28.000 boers morreram. Foto de uma criança bôer em estado de
inanição.
Mesmo
Churchill, que antes de 1914 acusava o Kaiser de procurar “o domínio do mundo”,
disse que “a história deveria inocentar Wilhelm II de ter planejado e executado
a Guerra Mundial.”
O
que dizer da Segunda Guerra Mundial? É claro, era necessário declarar guerra
para parar Adolf Hitler de conquistar o mundo e conduzir o Holocausto.
Mesmo
assim, vamos considerar.
Antes
da Grã-Bretanha declarar guerra a ele, Hitler nunca exigiu a devolução de
quaisquer territórios perdidos em Versalhes perdidos para o Ocidente. O
Schleswig do norte foi dado à Dinamarca em 1919, Eupen e Malmedy foram para a
Bélgica, Alsácia e Lorena para a França.
Por
que Hitler não exigiria essas terras de volta? Porque ele buscava uma aliança,
ou pelo menos amizade, com a Grã-Bretanha e sabia que qualquer movimento sobre
a França significaria guerra com a Grã-Bretanha – uma guerra que ele nunca
quis.
Se
Hitler quisesse conquistar o mundo, por que ele não construiu uma grande frota?
Por que ele não exigiu a frota francesa quando a França se rendeu? A Alemanha
teve que desistir de sua Frota de Alto Mar em 1918.
Por
que ele construiu sua própria Linha Maginot, a Parede Ocidental, na Renânia, se
ele realmente queria invadir a França?
Se
ele queria a guerra com o Ocidente, por que ele ofereceu a paz após a Polônia e
sugeriu o fim da guerra, novamente, após Dunquerque?
Que
Hitler era um anti-semita fanático é inegável. O “Mein Kampf” está repleto de
anti-semitismo. As Leis de Nuremberg confirmam isso. Mas por seis anos antes da
Inglaterra declarar a guerra, não havia Holocausto, e por dois anos após a
guerra começar também não havia Holocausto.
Não
até a metade do inverno de 1942, quando aconteceu a Conferência de Wannsee,
onde a Solução Final foi colocada à mesa.
N.
do T.:
sobre a importância de Wannsee no relato
do Holocausto, há controvérsias.
E
por que Hitler invadiu a Rússia? Este escritor cita Hitler 10 vezes como
dizendo que somente derrotando a Rússia ele poderia convencer a Grã-Bretanha
que ela não poderia vencer e deveria encerrar a guerra.
Hitchens
despreza esta visão, invocando a teoria do Hitler maluco.
“Poderia
haver melhor definição de desajuste mental e megalomania do que o caso de um
ditador que passa por cima de seus próprios generais e invade a Rússia no
inverno?”
Chirstopher,
Hitler invadiu a Rússia em 22 de junho.
O
Holocausto não foi a causa da guerra, mas uma consequência dela. Sem guerra,
sem Holocausto.
A
Grã-Bretanha foi à guerra contra a Alemanha para salvar a Polônia. Ela não
salvou a polônia. Ela perdeu seu império. E Josef Stalin, cujas vítimas
ultrapassavam as de Hitler em mais de 1000 para 1 em setembro de 1939, e que se
aliou a Hitler na divisão da Polônia, tomou toda a Polônia e todas as nações
cristãs, dos Urais até o Elba.
O
Império Britânico lutou, sangrou e morreu, e deixou a Europa Central e oriental
livre para o Stalinismo. Não é de estranhar que Winston Churchill tenha ficado
tão melancólico na velhice. Não é de estranhar que Christopher se volte contra
o livro. Como T. S. Eliot observou, “A humanidade não pode suportar muita
realidade.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário