sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

[POL] A Implacável Ascensão dos Nazistas em Berlim

Uwe Klussmann

Der Spiegel, 29/11/2012

Naquele dia cinzento de 7 de novembro de 1926, não havia nenhuma indicação que o pequeno homem de 29 anos de idade que caminhava com dificuldade e havia descido na Estação Ferroviária Anhalter de Berlim moldaria o destino da capital alemã. Josef Goebbels, um funcionário de carreira do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), ou Partido Nazista, chegou para uma aparentemente missão impossível. Como Gauleiter, ou líder regional do partido, ele tinha sido indicado para lutar pelo poder em Berlim.

Naquela época, o fragmentado grupo liderado por Adolf Hitler tinha 49.000 membros em toda a Alemanha. Ele estava mal na capital, onde tinha apenas umas poucas centenas de seguidores. Em um relatório escrito em 1926, um funcionário do partido escreveu sobre a “total desestruturação da organização em Berlim,” que ele descreveu como um grupo autodestrutivo, confuso que estava quase sem chances de reparação.

A sede do partido na Potsdamer Strasse 109 somente reforçava essa impressão. Ela consistia de um porão escuro que estava impregnado com fumaça de cigarro, suor e cerveja. Os membros do partido eram conhecidos como “a confraria do ópio.”

No final do ano, Goebbels alugou um escritório mais aceitável para o partido na Lützowstrasse. Ele expulsou os vagabundos e arruaceiros do partido e conclamou os membros restantes a participar de várias campanhas.

Goebbels atrás de Hitler num discurso em Berlim


Goebbels estava apenas uma semana no trabalho quando organizou uma passeata pelo bairro de Neukölln, um reduto comunista, que o transformou em um cenário de rebelião.

Goebbels queria que o partido de Hitler mostrasse suas cores em Berlim, que ele descreveu como “a cidade mais vermelha na Europa depois de Moscou.” Juntos, o partido Social Democrata (SPD) e o Partido Comunista da Alemanha (KPD) conseguiram 52,2% dos votos nas eleições municipais de 1925. O novo líder nazista de Berlim decidiu combater a superioridade da esquerda em números com um ataque frontal.

Ele foi para a Pharussäle, um salão de encontros usado frequentemente pelo KPD para suas reuniões no distrido do Casamento de Berlim, e fez um discurso sobre “O colapso do Estado Burguês.” Isto provocou os comunistas.

Em 11 de fevereiro de 1927, a reunião do partido nazista transformou-se numa violenta pancadaria entre os dois grupos. Copos de cerveja, cadeiras e mesas voavam de um lado a outro no salão, e muitas pessoas machucadas foram vistas no chão cobertas de sangue. Apesar dos ferimentos, foi um triunfo para Goebbels, cujos brutamontes surraram 200 comunistas e os expulsaram do salão.

Uma Estratégia de Provocação

Goebbels transformou Berlim em um violento laboratório para a futura ditadura, aproveitando-se dos serviços dos uniformizados Sturmabteilung (Divisão de Assalto), ou SA, cujos membros eram conhecidos como “camisas pardas”. A SA combinava romantismo militar, ódio pelas elites tradicionais e desprezo das classes trabalhadoras da parte oriental da cidade contra as classes mais abastadas do lado ocidental.

Para o partido nazista, os camisas pardas – que incluíam desempregados, subempregados, aprendizes e estudantes de ensino médio – eram “soldados políticos”. Na visão de Goebbels, sua tarefa era a “conquista da rua.” No cadinho de Belim, estes jovens deveriam reconciliar e incorporar duas visões de mundo antagônicas: o nacionalismo, que Goebbels acreditava que tinha de ser “reformatada segundo um modo revolucionário” e um “socialismo verdadeiro” livre do Marxismo.

Os judeus de Berlim tornaram-se o farol para esta experiência, que objetivava trazer as tensões políticas e sociais até o ponto de ruptura. Goebbels, que fez seu trabalho de doutorado sob a orientação de um professor judeu, atribuiu ao judeu o papel de bode expiatório.

“O judeu” era um “aspecto negativo” que tinha de ser “erradicado”, escreveu Goebbels em 1929. Ele via os judeus como incorporando simultaneamente o capitalismo, comunismo, a imprensa e a polícia. Seu slogan “Os judeus devem ser culpados!” provou ser um veneno de ação lenta.

Como chefe dos nazistas de Berlim, Goebbels escolheu Bernhard Weiss, o vice-chefe judeu da polícia, como alvo de sua agitação anti-semita. Goebbels apelidou-o de “Isidore” e, após Weiss processá-lo e ganhar a causa, ele provocou-o com “Weiss, aquele que não é permitido chamar de Isidore.” Goebbels zombou dos membros da polícia de Weiss chamando-os de “Bernhardiner” (cães São Bernardo) e “os guardas de Weiss”.

Membros jovens do partido cantavam canções satíricas sobre “Isidore” e usavam máscaras “Isidore” – e geralmente as pessoas riam desse sarcasmo. De fato, os nazistas usavam humor grotesco como uma arma poderosa em sua luta contra a República de Weimar. “Zombamos de um sistema inteiro e o derrubamos com uma gargalhada retumbante,” escreveu Gunter d´Alquen, o jovem editor-chefe do Das Schwarze Korps (jornal oficial da SS) em 1937.

Goebbels acreditava que a grosseria era necessária. Em uma exibição do filme da adaptação do livro “Tudo Quieto no Front Ocidental” em 5 de dezembro de 1930, no cinema Mozartsaal, localizado na Nollendorfplatz em Berlim, membros da SA jogaram camundongos na plateia. Mulheres em estado de pânico obrigaram a interrupção do filme, enquanto membros da SA riam da cena. O próprio Goebbels estava no meio da plateia.

Ele justificou sua estratégia de provocação dizendo que os nazistas podiam ser acusados de muitas coisas, exceto de serem inertes. Batalhas urbanas e pancadaria em encontros políticos forjaram o senso de unidade e camaradagem entre os membros do partido em Berlim. No 1º. De maio de 1927, Hitler falou para eles pela primeira vez na respeitada Sala de Concertos Clou. Goebbels apreciou a confiança de Hitler e chorou com o seu discurso sobre “espaço e as pessoas.”

Os membros do partido em Berlim amaram o homem que eles chamaram “nosso Dr. Goebbels” porque ele passava seu tempo em contato direto com eles. Ele confortava os feridos gravemente, segurava as mãos dos moribundos e participava de funerais.

Sucesso Modesto Inicial

Goebbels, que foi incapaz de lutar na Primeira Guerra Mundial em virtude de sua perna direita defeituosa, provou ser o maior soldado de um exército lutando uma guerra civil insidiosa. Durante ela, os nazistas sobreviveram a diversos desafios. Cinco dias após o discurso de Hitler no Clou, a polícia baniu o partido nazista em Berlim. Mas aquilo não interrompeu sua ascensão. Goebbels, que havia lido as memórias de August Bebel, um político marxista e co-fundador do Partido Social-Democrata (SPD) na Alemanha, aprendeu uma lição da luta dos social-democratas contra as leis anti-socialistas de Bismarck.

Os nazistas estabeleceram grupos aparentemente mais inofensivos, como clubes de boliche, poupança e natação. Usando o lema “Vivos, apesar da proibição,” Goebbels criou o jornal Der Angriff (O Ataque) em julho de 1927, inicialmente como um semanário. Os subtítulos “Para os Oprimidos-Contra os Exploradores” objetivava atingir os leitores das classes trabalhadoras.

No começo, os nazistas usufruiram de sucesso muito modesto. Cerca de 39.000 berlinenses, ou 1,6% da população total da cidade, votou no partido de Hitler na eleição de maio de 1928 para o Reichstag, como o Parlamento era chamado na época. Quando Goebbels tornou-se um dos 12 membros nazistas do Reichstag, ele o fez com as seguintes palavras desafiadoras: “Não temos nada a ver com o parlamento. Reijeitamo-o de dentro.”

De fato, a estratégia da sede de Berlim do partido nazista era ser uma oposição extra-parlamentar, formando células nas ruas e nos negócios, usando o caso comunista como modelo. Em 1928, o partido organizou uma reunião com muitos milhares de simpatizantes, lotando o ginásio de esportes de inverno Sportpalats na Potsdamer Strasse.

Em 1929, o partido, liderado pelo “bandido-chefe” Goebbels, como os comunistas o chamavam, conseguiu 5,8% dos votos para o conselho da cidade, garantindo 13 cadeiras na câmara de vereadores.

O “sistema” da república de Weimar, que os mazistas atacavam, era relativamente estável há muito tempo. Mas aquilo mudou no final de outubro de 1929, quando o mercado de ações de Nova York quebrou. Desemprego em massa cresceu rapidamente, aumentando o potencial de inquietação urbana.

Os nazistas de berlim empreenderam uma guerra política em duas frentes. Uma frente era contra os social-democratas e os partidos estabelecidos administrando a cidade e o país. A outra era contra os comunistas, cujas fileiras cresceram quando as pessoas afetadas pela crise correram para os seus braços.

Em sua luta com propagandistas da revolução mundial, o partido nazista tinha somente uma chance para se diferenciar da direita reacionária. No Der Angriff, Goebbels polemizou contra os “gatos gordos pretos, brancos e vermelhos,” se referindo às cores da bandeira do Império Alemão favorecido por muitos nacionalistas de extrema direita. “Vocês dizem ‘pátria’,” escreveu ele acusatoriamente, “mas o que vocês estão falando são porcentagens.”

Ele viu os trabalhadores frustrados com o desanimado SPD como uma chance de ataque. Ele chamou o SPD de “o partido mais vergonhoso da Alemanha” e culpou-o pela “pobreza, fome, gatos gordos e trabalhadores famintos.” Os social-democratas, disse Goebbels em agosto de 1930, não eram “mais os protagonistas de um socialismo verdadeiro, decidido,” mas ao invés disso, tornou-se o “lacaio e beneficiário do capitalismo de mercado.” De fato, com seus políticos velhos e corruptos, o SPD tornou as coisas mais fáceis para os nazistas em Berlim.

O maior desafio para os nazistas era o Partido Comunista da Alemanha (KPD), chefiado em Berlim por Walter Ulbricht, que continuaria o líder de fato na Alemanha Oriental do pós-guerra. O partido ativista tinha seus redutos nos bairros proletários, como o Friedrichshain e Wedding, e tinha uma poderosa organização paramilitar na Aliança dos Combatentes Vermelhos (Roter Frontkämpferbund).

Políticos que esperassem fazer sucesso nos bairros “vermelhos” de Berlim tinham que falar a língua falada lá. Em uma panfletagem aérea em setembro de 1931 para trabalhadores desempregados esperando numa agência governamental em Berlim, Goebbels escreveu que o partido estava se voltando para “trabalhadores sem trabalho e sem esperança, expostos à mais terrível forma de desespero,” e ele prometeu “destruir o sistema do capitalismo e substituí-lo por uma nova ordem socialista.”

Goebbels discursa para uma brigada SA na Lustgarden de Berlim em 1934.


No seu apelo “para todos os desempregados,” os nazistas inteligentemente apontaram a questão da força dos partidos esquerdistas, o SPD e o KPD. Goebbels cortejou os proletários tratando-os como noivas enganadas, lembrando-lhes que “vocês foram deixados esquecidos pelos seus sedutores.”

Goebbels era familiar com os pontos fracos dos comunistas, quais sejam, a linguagem frequentemente desligada de seus membros e o controle que os líderes soviéticos exerciam sobre eles. No Der Angriff, Goebbels escreveu que o KPD, como uma “legião estrangeira russa em solo alemão” criado “com dinheiro russo e recursos humanos alemães,” estava enganando muitos membros do proletariado.

Ajudado por um “Mártir”

Horst Wessel foi um dos propagandistas nazistas que sabiam como ganhar o apoio dos trabalhadores. Nascido em 1907, ele formou-se na escola secundária que enfatizou os clássicos, mas dispensou a universidade antes de concluí-la. Wessel via-se como um socialista que foi afetado pelo “grande empobrecimento social e servidão das classes trabalhadoras em todas as profissões.”

Wessel, filho de um pastor protestante, tinha 19 anos quando se alistou no partido nazista em 1926. Em 1929, ele avançou na carreira, tornando-se chefe de um esquadrão da SA em Friedrichshain. Em poucas semanas, suas habilidades retóricas ajudaram-no a recrutar dezenas de novos membros. Juntos, eles tornar-se-iam o lendário “SA-Sturm 5.”

De fato, próximo a Goebbels não havia ninguém que falasse com mais freqüência do Wessel para o partido nazista na grande Berlim. Os discursos de Wessel conseguiram mesmo converter antigos comunistas em membros da SA. Com a aprovação de Goebbels, eles foram autorizados a trazer seus instrumentos de sopro parecidos com oboés, chamados charamelas, para os eventos nazistas.

Wessel e seus amigos conseguiram manter contato com os proletários em pátios sombrios e tavernas barulhentas, em esquinas e nas agências de emprego. Ao fazer isso, eles aderiram ao terceiro dos “Dez Mandamentos para os nacional socialistas” escritos por Goebbels: “Todo camarada nacional, mesmo o mais pobre, é parte da Alemanha. Ame-o como ama a si mesmo.”

Logo, ele tornou-se uma figura odiada na “Comuna”, como os nazistas chamavam o KPD. Em 14 de janeiro de 1930, Albrecht Höhler, um cafetão comunista, atirou na boca do herói da SA, que estava vivendo com uma ex-prostituta. Wessel morreu em virtude de complicações do ataque em 23 de fevereiro.

Seu funeral mostrou o quão fora de controle Berlim tinha se tornado. Os comunistas atacaram a procissão do funeral e tentaram roubar o caixão. Antes do funeral, eles picharam as palavras “Um Heil Hitler final para o babaca Horst Wessel!” na parede do cemitério Nikolai.

Afastando os trabalhadores do Partido Comunista

Mas o assassinato de um de seus mais poderosos propagandistas não enfraqueceu o movimento nazista em Berlim. Os comunistas, m particular, tornaram-se gradativamente as vítimas dos membros armados da SA. Em uma versão de sua canção, “Marchamos pela Grande Berlim,” eles cantavam “A frente vermelha, os quebramos em pedaços.” Em outra versão, as palavras foram alteradas para “batemos neles até virarem uma pasta de carne.”

O partido nazista continuou a atrair novos membros, e Wessel tornou-se um mártir. Nos “bares tempestade” da SA – que, de acordo com a polícia, cresceram de cinco para 107 entre 1928 e 1931 – os membros da SA em seus uniformes pardos cantavam o hino Wessel que supostamente dizia: “A bandeira ao alto! A guarda bem fechada! A SA marcha com passo silencioso e constante.”

Alguns meses após a morte de Wessel, parecia claro que Berlim estava à beira de um terremoto político. Em 10 de setembro de 1930, uma multidão de mais de 100.000 pessoas se espremeram na Sportpalast tentando entrar numa reunião promovida por Hitler.

Nas eleições do Reichstag realizadas quarto dias depois, o partido nazista tornou-se o Segundo partido mais poderoso do país, conseguindo 18,3% dos votos. Em Berlim, onde tornou-se o terceiro partido mais poderoso depois do KPD e do SPD, ele conseguiu 396.000 votos, ou mais de 10 vezes o que tinha conseguido dois anos antes.

Os nazistas tornaram-se o centro de poder político e formador de opinião. Mesmo os comunistas, que tinham a esperança de combater os nazistas com os punhos, soqueiras e revolveres (seu lema era: “Surrem os nazistas onde quer que eles sejam encontrados!”), estavam agora cortejando os seguidores de Hitler. Em um apelo pelo escritório distrital de Berlim-Brandenburgo em 1º. de novembro de 1931, o KPD elogiou os “trabalhadores nacional socialistas” e o “simpatizantes proletários do partido nazista,” chamando-os de “lutadores honestos contra o sistema da fome.”

De fato, os nazistas quebraram o monopólio do KPD como o único partido de oposição das classes trabalhadoras de Berlim. Em agosto de 1930, o jornal oficial do KPD “O Partido Trabalhador” (Der Parteiarbeiter) reclamou que os novos camaradas no KPD não estavam encontrando “o espírito de camaradagem que é necessário para ser capaz para colaborar com amigos.” Mas os nazistas não tinham esse problema.

Ao invés da rígida tarifa ideológica do KPD, as casas da SA ofereciam sopa quente e solidariedade. Em 1932, havia 15.000 membros da SA em Berlim. Durante as ferias do Natal, os membros do partido desempregados eram convidados para os lares dos que ainda estavam trabalhando no que Goebbels chamou de “socialismo de ação.”

O conceito gradualmente tomou conta do Wedding vermelho, onde o número de membros do partido cresceu de 18 para 250 entre 1928 e 1930. Num distrito onde a maioria votava nos comunistas, a Juventude Hitlerista organizava “noites de discussão pública” com assuntos como “A Suástica ou a Estrela Soviética.”

Trabalhadores que viviam na União Soviética eram convidados populares nas noites de agitação nazistas. Eles faziam relatos vivos das vidas miseráveis dos trabalhadores no reino de terror da polícia secreta. Uma das estrelas no circo de atrações nazista era Roland Freisler. Durante a Primeira Guerra Mundial, Freisler passou um tempo na Rússia como prisioneiro de guerra. Ele se tornaria mais tarde presidente do Tribunal Popular da era nazista, que movimentou uma ampla gama de “ofensas políticas” e tornou-se conhecido por suas freqüentes sentenças de morte.

Explosão de Popularidade

Em 1932, quando as fileiras de desempregados no Reich atingiram mais de 6 milhões, e para 600.000 somente em Berlim, o partido nazista alcançou seu grande salto tornando-se um dos partidos principais, atingindo 40.000 membros na sua organização regional. Em março de 1932, o partido mobilizou cerca de 80.000 pessoas em uma concentração no parque Lustgarten (no que hoje é conhecido como Museu Island), que se tornou um teste para futuros eventos. Em 4 de abril, cerca de 200.000 pessoas compareceram na praça entre o edifício Zeughaus (atualmente abrigando o Museu Histórico Germânico) e a Prefeitura de Berlim para recepcionar Hitler.


Em janeiro, as eleições estudantis em Berlim demonstraram que os universitários também estavam ansiosos para apoiar Hitler. Os nazistas conseguiram 3.794 dos 5.801 votos, ou quase dois terços. A onda Hitler alcançou mesmo as crianças, que se filiaram à Juventude Alemã, uma subdivisão da Juventude Hitlerista para a infância, e a Liga das Garotas Alemãs. Em 1932, uma avó foi confrontou sua neta de 10 anos insistindo: “Vovó, você deve votar em Hitler!”

Jovens que liam o Der Angriff, que começou a ter tiragem diária em novembro de 1930, eram formadores de opinião nos escritórios e fábricas. No início de novembro de 1932, a Organização de Célula Fabril Nacional Socialista, junto com a Oposição União Revolucionária do KPD, organizou uma greve contra cortes salariais na Autoridade de Transporte de Berlim. Os nazistas e comunistas organizaram um piquete e juntaram forças para impedir a entrada dos fura-greve.

A greve custou um grande número de votos na eleição de 6 de novembro de 1932 para o Reichstag, especialmente nos bairros de classe média. Mas Goebbels estava perseguindo um objetivo estratégico na cidade, onde o KPD era agora o partido mais forte. “Nossa posição fixa entre os trabalhadores,” escreveu ele no seu diário, não poderia ser abalada.

Goebbels prometeu o “direito ao trabalho” e “uma Alemanha socialista que dá pão para suas crianças uma vez mais.” Isto despertou as esperanças de 31,3% dos eleitores de Berlim que votaram no partido nazista na última eleição do Reichstag de março de 1933. Somente aqueles que prestaram atenção ao que Goebbels estava falando poderiam adivinhar onde a jornada iria parar sob a liderança nazista.

Tal foi o caso de uma transmissão de rádio de 1932, na qual ele propagou a “criação e aquisição de espaço,” que era o código de Hitler para a expansão para o leste. Um outro foi o discurso que ele deu em 5 de fevereiro de 1933 no túmulo de um líder da SA de Berlim que havia sido morto com um tiro. Neste caso, ele ofereceu aos ouvintes do rádio um gosto do que estava por vir: “Talvez nós alemães não compreendamos o que significa viver, mas somos extremamente bons em morrer.”

http://www.spiegel.de/international/germany/how-the-nazis-succeeded-in-taking-power-in-red-berlin-a-866793-2.html

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