sexta-feira, 11 de maio de 2012

O Churchill Verdadeiro

por Adam Young, 27/04/2004


Em 4 de fevereiro, o presidente Bush honrou a vida de Winston Churchill. O presidente descreveu Churchill como "um grande homem" e rapidamente enalteceu a dama que tanto Bush e Churchill compartilham o interesse: a guerra. "Ele foi prisioneiro na Guerra Boer, um estrategista controverso na Grande Guerra. Ele foi a voz de união da Segunda Guerra Mundial, e um profeta da Guerra Fria." De fato, parece não ter havido uma guerra - ou opertunidade para a guerra - que Churchill não estivesse associado em sua longa carreira.

Bush também recitou a famosa réplica de Churchill que "A História será generosa para mim, já que sou eu que pretendo escrevê-la", acrescentando que "a históia tem sido generosa para Winston Churchill, assim como tem sido àqueles que ajudaram a salvar o mundo," esperando certamente que a história será generosa com George W. Bush.

Exceto isto, a história é um mito. A verdade sobre o Churchill verdadeiro - o Churchill que poucos conhecem - é que ele foi "um homem de estado: do estado do bem-estar social e do estado da guerra" nas palavras do professor Ralph Raico. A verdade sobre Winston Churchill é que ele foi uma ameaça à liberdade, e um desastre para a Grã-Bretanha, para a Europa, para os EUA e para a própria Civilização Ocidental.

Desde personagens fictícios como Hércules e Zeus, tem tantos mitos serem ligados a um único homem. Como veremos, o Winston Churchill que nós aprendemos a respeito não é o Churchill conhecido da história honesta, porém mais uma versão fictícia do homem e suas ações. E estas palavras e ações produziram nossos "mitos políticos patrióticos" correntes como John Denson os chama, que são meramente a propaganda e mentiras de guerra dos vitoriosos inscritas na "História Oficial". A mitologia de Churchill é desafiada pela história honesta, e a realidade sobre Churchill envolve verdades duras, porém necessárias.

Churchill, o Oportunista





É claro, central à mitologia neoconservadora construída em torno de sua quase idealização divina de Churchill é que ele lutou pela (nas palavras de Bush comparando Tony Blair com Churchill), "coisa certa, e não pela coisa mais fácil," direito sobre popularidade, princípio sobre oportunismo.

Maravilhoso, exceto que não é a verdade. Churchill era acima de tudo um homem ganancioso do poder, um homem que almejava o poder, suplicava por uma oportunidade para alcançar o topo não interessando o custo.

Quando Churchill entrou na política, muitos notaram seus talentos únicos de retórica, o que lhe deu poder sobre os homens, mas que veio acompanhado de um defeito poderoso. Durante a Segunda Guerra Mundial, Robert Menzies, o Primeiro-Ministro da Austrália notou que para Churchill "sua real tirania é construir uma frase tão atraente para sua mente que fatos inadequados se tornam verdades."

Entretanto, Churchill tinha outros defeitos. O jornal Spectator disse de Churchill quando de sua indicação como Primeiro Lorde do Almirantado em 1911: "Não podemos detectar em sua carreira quaisquer princípios ou mesmo qualquer perspectiva sobre assuntos públicos; seu ouvido está sempre no chão; ele é um demagogo verdadeiro..."

O grande liberal clássico inglês John Morley, após trabalhar com Churchill, transmitiu um pensamento sucinto sobre ele, "Winston não tem princípios."

Entrando na política em 1900, Churchill (o neto de um duque e filho de um tory proeminente) naturalmente juntou-se ao partido conservador governista. Então, em 1904, ele deixou os conservadores e juntou-se ao partido liberal, e quando este entrou em decadência, Churchill afastou-se deles e voltou aos conservadores, dando sua famosa declaração “Uma coisa é virar a casaca, outra coisa é ser duplamente desleal.” Churchill alegadamente foi para os liberais por causa do comércio livre. Entretanto, Robert Rhodes James, um admirador de Churchill, escreveu: “Acreditava-se (na época), provavelmente de forma correta, que se Arthur Balfour lhe tivesse dado o cargo em 1902, Churchill não teria desenvolvido tal paixão pelo comércio livre e juntado-se aos liberais.” Clive Ponting também nota que “...ele já havia admitido para Rosebery, ele estava procurando uma desculpa para deixar um partido que parecia ser relutante em reconhecer seus talentos.” Desde que os liberais não aceitariam um protecionista, Churchill teve que mudar seu discurso.

Não é surpresa que esta administração neoconservadora e seus defensores na mídia domesticada aplaudam e venerem Churchill, pelo que ele era segundo a sua descrição feita pelo presidente Bush; um homem que era sinônimo de guerra.

Churchill amava a guerra. Em 1925, ele escreveu, “A estória da raça humana é a Guerra.” Isto é uma mentira, mas Churchill não tinha qualquer compromisso com os fundamentos da verdade, o liberalismo clássico. A estória da raça humana é a de um aumento crescente da cooperação pacífica e dos esforços por alguns de parar essa cooperação através da guerra. Entretanto, para Churchill, períodos sem guerra não ofereciam nada exceto “céus meigos de paz e trivialidade.”

Sem princípios ou escrúpulos, Churchill como um membro destacado do governo do partido liberal naturalmente fez o papel de tirar o liberalismo de suas raízes no individualismo, laissez-faire, comércio livre e moralidade burguesa, e transformá-lo no “Novo Liberalismo” como um representante do socialismo e o Estado onipresente na Inglaterra e na América.

Churchill também foi um famoso opositor do Comunismo e do Bolchevismo em particular. Uma das razões por que Churchill admirava o Fascismo Italiano era que Churchill acreditava que Mussolini havia encontrado uma fórmula que neutralizaria o apelo do Comunismo, através do super-nacionalismo com apelo social. Esta é uma fórmula doméstica para o poder que ainda tem o seu fascínio, se a administração Bush é uma indicação. Churchill foi longe o bastante para dizer que o Fascismo “provou o necessário antídoto para o veneno comunista.”

Então veio 1941. Churchill fez as pazes com o comunismo. Temporariamente, é claro. Churchill deu apoio incondicional a Stalin, saudando-o como um aliado, mesmo abraçando-o como amigo, e chamando o “Assassino de Nações” de “Tio Joe”. Em sua obcessão simplória de destruir a Alemanha Nacional-Socialista (enquanto estabelecia seu próprio socialismo nacional britânico) e levando consigo sua sede de vingança do imperialismo britânico pré-Primeira Guerra Mundial de destruir a Alemanha, Churchill falhou completamente em considerar o perigo de convidar o poder soviético e o comunismo para o coração da Europa.

É claro, sua própria mitologia – criada por seus próprios livros – diz que ele sentiu o perigo e tentou advertir Roosevelt sobre Stalin, mas os registros da época não provam isso. De fato, o “namoro” de Churchill com Stalin alcançou o ponto alto na Conferência de Teerã de 1943, quando Churchill presenteou Stalin com a espada de um cavaleiro cruzado; Stalin, que havia matado milhões de cristãos, era agora presenteado por Churchill como um defensor do Cristianismo Ocidental.

Mas se alguém fosse resumir a paixão de Churchill, sua razão principal de ter entrado na política, foi o império. O Império Britânico era o amor duradouro de Churchill. Ele lutou para expandi-lo, ele o defendeu, e ele criou décadas de ódio pela Alemanha por causa disso. O Império estava no centro de sua visão de mundo. Mesmo tarde quanto 1947, Churchill se opôs à independência da Índia. Quando Lorde Irwin pediu-lhe que atualizasse seus pontos de vista conversando com alguns indianos, Churchill respondeu “Estou totalmente satisfeito com meus pontos de vista sobre a Índia, e não quero vê-los perturbado por quaisquer indianos malditos.” É demais para a democracia.

Um comentário:

Unknown disse...

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