quarta-feira, 9 de maio de 2012

[SGM] Por que o Japão atacou os EUA?

Patrick Buchanan - 11 de dezembro de 2001


De todos os dias que viverão "vivos na infâmia" na história americana, dois se sobressaem: 11 de setembro de 2001 e 7 de dezembro de 1941.

Mas por que o Japão, com uma potência industrial 1/10 da nossa, lançou um ataque surpresa contra a frota americana em Pearl Harbor, um ato de terrorismo de Estado que iniciou uma guerra mortal que ele não poderia ganhar? Eles eram loucos? Não, os japoneses estavam desesperados.

Para entender por que o Japão atacou, devemos retornar à Primeira Guerra Mundial. O Japão era nosso aliado. Mas quando ele tentou colher os frutos em Versalhes, ele topou com um teimoso Woodrow Wilson.

Wilson rejeitou os pedidos do Japão para a concessão alemã em Shantung, terra de Confúcio, que o Japão havia capturado ao preço de sangue. Tóquio ameaçou abandonar a conferência se fosse negado aquilo que os britânicos haviam prometido a eles. "Eles não estão blefando," advertiu Wilson, quando ele capitulou. "Demos a eles o que não deveriam receber."

Em 1921, na Conferência Naval de Washington, os EUA pressionaram a Grã-Bretanha para terminar sua aliança de 20 anos com o Japão. Para apaziguar os americanos, os britânicos enfureceram e alienaram uma nação orgulhosa que havia sido um amigo leal.

O Japão estava agora isolado, com o império expansionista de Stalin ao norte, uma China emergente ao leste e, ao sul, as potências imperiais ocidentais que detestavam e não confiavam nele.

Quando a guerra civil estourou na China, o Japão ocupou a Manchúria em 1931 como um Estado protegido. Este foi o modo como os europeus construíram seus impérios. Ainda, o Ocidente ficou "chocado" que o Japão tenha embarcado no curso da "agressão". Disse um diplomata japonês, "justamente quando havíamos aprendido a jogar pôquer, eles mudaram o jogo para canastra."

O Japão estava agora decidido a criar na China o que a Inglaterra fez na Índia - uma enorme colônia para explorar que poderia colocá-lo entre as potências mundiais. Em 1937, após um embate na Ponte Marco Polo próximo a Pequim, o Japão invadiu e, após quatro anos de luta, incluindo o terrível "Estupro de Nanking", ele conseguiu o controle das cidades costeiras, mas não do interior.

Quando a França capitulou em junho de 1940, o Japão moveu-se para a Indochina Francesa setentrional. E mesmo com os EUA não tendo nenhum interesse na região, impomos um embargo de ferro e metais recicláveis. Após Hitler invadir a Rússia em junho de 1941, o Japão moveu em direção da Indochina Francesa austral. FDR ordenou, então, que todos os bens japoneses fossem congelados.

Mas FDR não queria cortar o petróleo. Como ele disse ao seu Gabinete em 18 de julho, um embargo significaria a guerra, o que forçaria o Japão a atacar os campos de petróleo da Índias Holandesas Orientais. Mas um advogado do Departamento do Estado chamado Dean Acheson escreveu as sansões de tal modo que quaisquer compras de petróleo americano seriam bloqueadas. Quando FDR descobriu isso, em setembro, já era tarde demais.

Tóquio estava agora espremido entre um Partido da Guerra e um Partido da Paz, com o último no poder. O Primeiro-Ministro Konoye chamou o embaixador Joseph Grew e secretamente ofereceu se encontrar com FDR em Juneau ou qualquer lugar do Pacífico. De acordo com Grew, Konoye desejava abandonar a Indochina e a China, exceto uma região de controle ao norte para se proteger de Stalin, em retorno por uma intermediação americana com a China e a abertura das linhas de petróleo. Konoye disse a Grew que o Imperador Hirohito sabia de sua iniciativa e estava pronto para dar a ordem de retirada do Japão.

Temendo uma "segunda Munique", a América recusou a proposta. Konoye caiu e foi substituído por Hideki Tojo. Neste ponto, contudo, a guerra ainda não era inevitável. Os diplomatas americanos prepararam uma oferta ao Japão de modus vivendi. Se o Japão se retirasse do sul da Indochina, os EUA levantariam parcialmente o embargo de petróleo. Mas Chiang Kai-shek (líder chinês contra a ocupação japonesa) tornou-se "histérico" e seu conselheiro americano, Owen Lattimore interviu para abortar a proposta.

Enfrentando uma escolha entre a morte do império ou a luta pela vida, o Japão decidiu atacar os campos de petróleo das Índias. E a única força capaz de interferir era a frota americana, que FDR havia convenientemente transferido de San Diego para Honolulu.

E então o Japão atacou. E então ele foi derrotado e forçado a deixar o Vietnã, a China e a Manchúria. E então eles caíram diante de Stalin, Mao e Ho Chi Minh. E assim foi que os garotos americanos, não os japoneses, morreriam lutando contra coreanos, chineses e vietnamitas para tentar bloquear as agressões de um comunismo asiático bárbaro.

Agora, o Japão está desarmado e a China é um gigante asiático cujas ostentações militares estão empurrando os americanos para fora do Pacífico. Tivesse FDR se encontrado com o Príncipe Konoye, não teria havido Pearl Harbor, guerra no Pacífico, Hiroshima, Nagasaki, Coréia e Vietnã. Quantos de nossos pais e tios, irmãos e amigos estariam ainda vivos?

"De todas as palavras tristes da língua ou da caneta, as mais infelizes são estas: "Poderia ter sido..." Uns poucos pensamentos enquanto o Partido da Guerra bate o tambor para a guerra americana contra o Iraque e o Islã Radical.

http://buchanan.org/blog

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns, pelo texto!
Gostei da última parte quando você expôs o erro dos americanos.