segunda-feira, 14 de maio de 2012

[PGM] Plano Schlieffen

No período que precedeu a Primeira Guerra Mundial, dois dos estrategistas militares mais influentes foram os generais prussianos, Helmut von Moltke (1800 – 1891) e Alfred von Schlieffen (1833 – 1913). Sob o comando de Moltke, o exército prussiano alcançou vitórias na Guerra Austro-Prussiana (1866) e na Guerra Franco-Prussiana (1870 – 1871), sendo a última campanha lembrada como um exemplo clássico de concepção e execução de estratégia militar. Além de explorar o uso de ferrovias e estradas para manobra, Moltke subordinou o telégrafo para o controle de grandes exércitos. Ele reconheceu a necessidade crescente em delegar o controle das tropas a comandantes subordinados e despachar diretivas ao invés de ordens específicas.

Moltke será sempre lembrado como um estrategista por sua crença na necessidade de flexibilidade e que nenhum plano, por mais detalhado que seja, pode ser considerada uma garantia de sucesso após sua primeira aplicação contra o inimigo.

O marechal-de-campo Schlieffen sucedeu Moltke e dirigiu o planejamento alemão para a Primeira Guerra. Ele advogava a “estratégia de aniquilação”, porém foi confrontado por uma guerra em duas frentes por uma oposição numericamente superior. A estratégia que ele formulou, chamada Plano Schlieffen, defendendo o leste enquanto concentrava-se numa vitória decisiva no oeste, após a qual os alemães partiriam para a ofensiva no leste. Influenciado pelo sucesso de Aníbal na Batalha de Cannae, Schlieffen planejou uma única grande batalha de cerco, provocando a aniquilação do inimigo. A figura 1 apresenta um diagrama do Plano Schlieffen para a frente ocidental executado em 1914.




O plano consistia numa tentativa de cerco e destruição do grosso das forças francesas situadas entre o vale do Somme e a Alsácia-Lorena, tendo como suposição inicial que a frente oriental se processaria de forma lenta em virtude do exército russo. Schlieffen planejou uma guerra de movimento, mas não com motivos econômicos ou políticos - ele queria destruir o exército inimigo para forçar sua rendição.

Schlieffen sabia que a primeira coisa que os franceses fariam quando eclodisse a guerra era tentar retomar a Alsácia-Lorena, perdida na guerra Franco-Prussiana. Ao contrário de outros generais alemães, ele não estava nem um pouco preocupado com isso - ao contrário, estava contando com esse ataque. Seu plano, cuidadosamente estudado em termos de quantidade de divisões necessárias, previa enfraquecer a ala esquerda das forças alemãs (situada na região da Alsácia e próximo a Verdun) e reforçar a direita, mais próxima do mar.

Quando os franceses atacassem, se deparariam com frágeis defesas e então penetrariam confiantes em solo alemão. Nesse momento, enquanto o centro do dispositivo alemão continha os franceses a "ala norte" reforçada marcharia sem parar flanqueando o inimigo pelo norte. O resultado seria um enorme bolsão, que seria então liquidado com artilharia. Paris cairia então como uma "fruta madura". Um plano sem dúvida inteligente, embora nada assegure que daria certo. Dizem que as últimas palavras do Conde antes de morrer foram: "reforce a ala direita".

O problema é que o general Helmuth von Moltke (1848 – 1916), conhecido como “O Jovem Moltke”, sucessor de Schlieffen no Estado-Maior, não teve pulso para impor o plano a seus subordinados, em especial o príncipe Rupprecht da Baviera. O príncipe comandava um dos exércitos ao sul e ficou horrorizado diante da necessidade de ceder terreno alemão ao inimigo; exigiu reforços no sul para conter o avanço francês na direção da Alsácia-Lorena. Moltke, que já estava preocupado pelo avanço russo no leste muito antes do que o Estado-Maior julgara possível (é importante ressaltar que nem Schlieffen previra que os russos se organizariam tão depressa), concordou com a demanda do príncipe - enfraquecendo a ala norte para supri-la!

Os alemães se lançaram, então, através da Bélgica e do norte da França numa corrida que, se considerarmos a ausência de blindados e a dificuldade de locomoção dos exércitos na época, foi quase uma "blitzkrieg". Pegaram os aliados de surpresa - não havia defesa consistente para Paris. Joffre organizou as pressas um 6º. Exército na capital para fazer frente ao inimigo (Paris chegou a ver soldados embarcando de táxi para as trincheiras), mas na verdade os alemães já vinham perdendo ímpeto. Dias e dias de marcha a pé, deixando armas pesadas e suprimentos para trás, haviam exaurido as tropas da vanguarda alemã antes que ela pudesse consolidar seus objetivos, e ela não dispunha de reservas para continuar o avanço.

Os franceses tentaram lançar contra-ofensivas, que foram repelidas com sucesso pela ala norte alemã, mas sem reservas ela estava fadada à derrota. Quando finalmente a força aérea alemã detectou quatro enormes colunas de aliados rumando em sua direção, Moltke ordenou retirada, e começou a "corrida para o mar".

Enquanto isso, ao sul, os comandantes alemães que conseguiram facilmente repelir os franceses graças aos reforços que receberam de Moltke (contrariando Schlieffen) se animaram a lançar sua própria ofensiva. Acabaram produzindo Verdun.

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