quarta-feira, 9 de maio de 2012

[SGM] Pearl Harbor, um ataque-surpresa?

Jean Monestier


História Viva, Ano VII no. 78

...Desde o começo do século, a concorrência entre americanos e japoneses vinha se tornando cada vez mais acirrada. Ambos disputavam os imensos mercados da bacia do Pacífico e do Extremo Oriente. Ao longo da década de 1930, a ascensão do Japão à condição de potência global e a agressividade do país passaram a incomodar cada vez mais as autoridades civis e militares americanas. As Forças Armadas dos EUA sabiam de antemão que Tóquio seria o principal adversário em caso de um eventual conflito mundial. A Marinha, a Força Aérea e o Exército dos EUA vinham se preparando havia algum tempo para um enfrentamento com os japoneses e já haviam traçado planos de guerra detalhados.

Nesse cenário de disputa político-diplomática, os americanos contam com uma arma secreta: os serviços de inteligência da Marinha conseguem decifrar o código diplomático japonês. A partir de então, todas as intenções e diretrizes de Tóquio serão sistematicamente interceptadas por Washington.

No começo de 1941, o governo americano decide transferir a frota do Pacífico de San Diego, na costa californiana, para a base de Pearl Harbor, no Havaí. A decisão é tomada mesmo depois que o embaixador americano em Tóquio, Joseph Grew, alerta seu governo, em 27 de janeiro daquele ano, de um "projeto fantástico" dos japoneses justamente para aquela instalação militar do Pacífico.

Em seguida, no dia 13 de abril, Tóquio assina um tratado de neutralidade com a União Soviética, e parece reorintar sua política expansionista em direção à Ásia e ao Pacífico. Isso se confirma no dia 2 de julho, quando o Japão, que havia se recusado a seguir os alemães no ataque à UniãoSoviética em 22 de junho, decide oficialmente adotar uma política de força caso os Estados Unidos não reconheçam aquilo que os nipônicos julgavam ser seu "espaço vital".

A partir desse momento, as autoridades de Tóquio passam a agir em duas frentes: continuam a negociar com os EUA, ao mesmo tempo que começam a se preparar para a guerra com os americanos. Mas, como Washington é capaz de decifrar os códigos japoneses, Roosevelt é sistematicamente informado das intenções e ações do adversário.

...Em meados de novembro, a última tentativa de negociação entre as duas partes fracassa porque os americanos rejeitam as demandas ditas "mínimas" do Japão. Em 27 de novembro, FDR menciona a possibilidade de um ataque japonês em uma conversa com seu secretário de Guerra, Henry Stimson, e acrescenta que é preciso "manobrar" o inimigo até que este atire primeiro.

...Os dirigentes de Washington não podiam deixar os japoneses agir de acordo com seus interesses, mas também não podiam tomar a iniciativa e atacar, pois a população americana era fortemente isolacionista. As autoridades americanas devem, portanto, deixar o adversário bater á porta primeiro.

O objetivo é provocar uma comoção na opinião pública que lhes permita invocar a união sagrada da nação contra um inimigo desleal. Com o apoio total de um povo ultrajado, os líderes políticos e militares do país poderiam, então, conduzir a guerra como bem entendessem. É preciso, portanto, levar o adversário a cometer ele mesmo a falta maior que desencadeará o processo: de dirigi-lo ou de o "deixar vir".

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