Criada no
início da Guerra Fria, a CIA se especializou em sabotar e derrubar governos.
Conheça sete casos em que a agência mudou os rumos da história - nem sempre do
jeito que ela tinha planejado
Tiago
Cordeiro | 01/02/2008
Quando a
Segunda Guerra acabou, em 1945, os americanos tinham mostrado ao mundo o
alcance de seu poderio militar, selando o destino da Alemanha nazista na Europa
e tirando o Japão de combate no Pacífico. Por trás desse sucesso, entretanto,
se escondia uma perigosa fraqueza. Enquanto os soldados dos Estados Unidos
haviam vencido no campo de batalha, os espiões americanos tinham colecionado
fracassos, mostrando-se muito inferiores aos agentes britânicos, russos e
alemães. Para um país que pretendia conter a crescente influência da União
Soviética, era preciso investir num recurso decisivo: informação.
Foi
pensando nisso que o presidente americano Harry Truman criou a Agência Central
de Inteligência, a CIA (sigla para Central Intelligence Agency), em 1947. Tudo
o que ele queria era saber o que acontecia nos países do bloco socialista. A
missão incluía, é claro, infiltrar agentes na União Soviética. Mas os diretores
da agência logo perceberam que isso era quase impossível – há alguns anos,
Richard Helms, diretor da CIA entre 1966 e 1973, chegou a declarar que, naquela
época, colocar e manter um espião em Moscou era tão difícil quanto mandar um
homem para Marte.
“A
agência deveria ser a cura para uma fraqueza crônica: a capacidade de guardar
segredo e usar disfarces nunca foi nosso forte”, afirma o jornalista americano
Tim Weiner em Legacy of Ashes (“Legado de cinzas”, inédito no Brasil), livro
que conta a trajetória da CIA lançado recentemente nos Estados Unidos. “Quando
a compreensão falhou, os presidentes do país ordenaram que a CIA mudasse o
curso da história à força, por meio de operações clandestinas.” E assim foi. A
seguir, você vai conhecer melhor sete momentos em que a agência foi capaz de
mudar o mundo. E perceber que as mudanças nem sempre aconteceram do jeito que o
governo americano desejava.
A arte de
criar inimigos
O alvo da
primeira intervenção militar da CIA foi o primeiro-ministro do Irã, Mohammed
Mossadegh. Depois de assumir o poder, em 1951, ele propôs a nacionalização das
companhias petrolíferas. A proposta irritou profundamente os ocidentais que
lucravam com o petróleo iraniano. Nos Estados Unidos, Dwight Eisenhower assumiu
a presidência em 1953 e encomendou à CIA a Operação Ajax, cujo objetivo era a
deposição de Mossadegh. A ação ficou a cargo de Kim Roosevelt, chefe da divisão
da agência no Oriente Médio e neto do ex-presidente Franklin Roosevelt. Com 1
milhão de dólares, ele iniciou uma campanha contra o premiê.
Contratadas
pelos americanos, multidões de pessoas, em especial jovens religiosos, foram às
ruas pedir a queda de Mossadegh – a agência fornecia a elas dinheiro e infra-estrutura
(como carros e escritórios). Ao mesmo tempo, outros grupos, compostos por
pessoas humildes, foram contratados pela CIA para fazer manifestações que
vinculassem a imagem do premiê a Moscou – com palavras de ordem como “Eu amo
Mossadegh e o comunismo”. A um preço de 150 mil dólares, os jornais passaram a
criticar o primeiro-ministro. O problema é que o líder dos golpistas, o general
Fazlollah Zahedi, não reuniu o apoio necessário.
No dia do
golpe, 7 de julho, tudo saiu errado: os dissidentes foram presos e Mossadegh se
manteve no poder. Mas Kim Roosevelt não desistiu. Em 19 de agosto, ele e um
grupo de religiosos, liderados pelos aiatolás Ahmed Kashani e Ruhollah
Khomeini, levaram centenas de pessoas armadas às ruas. O ataque à guarda de
Mossadegh custou 200 vidas. Dessa vez o premiê não resistiu. Em seu lugar,
assumiu Zahedi. “Gerações de iranianos cresceram sabendo que o governo
americano tinha interferido em sua soberania. No médio prazo, essa ação foi
péssima para a imagem dos Estados Unidos no Oriente Médio”, afirma Tim Weiner
em seu livro.
O golpe
mais duro contra os americanos veio em 1979. Foi quando o aiatolá Khomeini
liderou a revolução que transformou o Irã em uma república islâmica. No mesmo
ano, Khomeini deteve 52 americanos na embaixada dos Estados Unidos em Teerã.
Eles só foram libertados após 444 dias – durante os quais a CIA participou de
diversas ações de resgate malsucedidas. Meio século após a intervenção
planejada pela agência, o Irã é uma enorme pedra no sapato da política externa americana.
Um golpe
exemplar
Jacobo
Arbenz Guzmán assumiu a presidência da Guatemala em 1951 e, apesar de não ser
um aliado declarado da União Soviética, iniciou um projeto de nacionalização de
empresas. Foi o suficiente para que ele se transformasse em motivo de
inquietação nos corredores da CIA. Com o sucesso do golpe contra o premiê do
Irã, em 1953, Guzmán se tornou a bola da vez. “Na maior parte dos casos, as
ações da agência foram e são motivadas diretamente pelo presidente. No Irã, por
exemplo, a ordem de Eisenhower foi muito clara. No caso da Guatemala,
entretanto, a iniciativa da CIA foi preponderante. Nada teria acontecido sem o
interesse da agência”, diz o historiador especializado na CIA John Prados,
autor do livro Safe for Democracy: The Secret Wars of the CIA (“Seguro para a
democracia: as guerras secretas da CIA”, sem tradução no Brasil). Desde o
primeiro momento, a agência já sabia quem gostaria de ver no poder no lugar de
Guzmán: o coronel Carlos Castillo Armas.
Em
dezembro de 1953, começou a Operação Sucesso, orçada em 3 milhões de dólares. O
dinheiro bancou a construção de campos de treinamento para militantes
pró-Castillo. Em 18 de junho de 1954, o general e umas poucas centenas de
guerrilheiros, usando armamento de idade e qualidade variável (incluindo rifles
com símbolos nazistas que haviam sido usados na Segunda Guerra), derrotaram os
5 mil homens do Exército do país. Em 8 de julho, Castillo assumiu o poder.
Começavam ali quatro décadas de revoluções e ditaduras, que provocariam a morte
de 200 mil civis.
Mais até
do que a ação no Irã, a operação na Guatemala tornou-se o maior modelo de
conduta da agência americana. “No Irã ainda aconteceram alguns erros de
avaliação, e a CIA contou com alguma sorte. Na Guatemala, a estratégia foi
aplicada de forma impecável”, diz John Prados. “A proposta de dar dinheiro,
armas e treinamento para grupos de oposição, somada a uma campanha de formação
de opinião pública contra o presidente a ser deposto, funcionou ali tão bem que
se tornou referência para todas as vezes em que a agência quis interferir na
política externa de algum país. O padrão seria seguido à risca, por exemplo, no
Chile.”
Rei
posto, rei morto
Foi sob
as bênçãos americanas que Ngo Dinh Diêm, primeiro presidente do Vietnã do Sul,
chegou ao poder em 1955. Afinal, ele deveria fazer frente ao governo comunista
do Vietnã do Norte – o país estava dividido em dois desde que a Primeira Guerra
da Indochina, no ano anterior, colocara fim a quase um século de ocupação
francesa. O governo de Diêm, entretanto, foi uma catástrofe. Católico (em um
país em que 90% da população era budista), perdulário e apoiado por uma polícia
secreta adepta da tortura, ele provocou a ira de grupos religiosos budistas e
de setores do Exército, que organizaram dois golpes de Estado contra ele, em
1960 e em 1962.
No ano
seguinte, o governo americano decidiu apoiar um novo presidente. Diêm foi
convidado a se afastar do cargo e procurar exílio em território americano, mas
se recusou a deixar o poder e, de aliado, passou a ser alvo de Washington.
Ainda em 1963, um golpe liderado pelo general Tran van Don com apoio da CIA
levou um grupo rebelde a cercar Diêm dentro de seu palácio. Ele escapou, mas no
dia seguinte, 2 de novembro, negociou a rendição. O presidente se entregou
pacificamente, mas foi imediatamente executado.
A versão
oficial de que Diêm havia cometido suicídio não convenceu, e a agência
americana foi acusada de ter apertado o gatilho. “Não acredito que a CIA tenha
sido diretamente responsável pelo assassinato do presidente. Mas ela deu
suporte operacional, e o governo americano vinha sinalizando que daria apoio ao
sucessor de Diêm. Essas duas atitudes pavimentaram o assassinato”, afirma
Malcolm Byrne, diretor de pesquisa do National Security Archive, em Washington.
Mesmo com
o apoio americano, nenhum outro governante do Vietnã do Sul conseguiria
estabilidade política. Logo as duas metades do país mergulhariam num conflito
que custaria a vida de cerca de 3 milhões de vietnamitas e tragaria também os
Estados Unidos. Entre 1965 e 1973, a Guerra do Vietnã matou 58 mil americanos e
feriu outros 300 mil. À CIA, restou monitorar a carnificina. “Durante a Guerra
do Vietnã, a postura da agência foi impecável. Seus relatórios sobre o fracasso
do esforço militar americano em atingir com seriedade o exército de Ho Chi Mihn
[o líder do Vietnã do Norte] são alguns dos textos analíticos mais corajosos
escritos sobre o assunto no período”, afirma Byrne.
Dez
milhões contra um
“Não vejo
por que devemos deixar um país se tornar marxista só porque seus cidadãos são
irresponsáveis.” Em junho de 1970, foi assim que Henry Kissinger, então
conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, justificou reservadamente
a liberação de uma parcela de 165 mil dólares para que a CIA continuasse
sustentando uma violenta campanha de difamação contra Salvador Allende.
Candidato à presidência do Chile, o socialista contava com grande apoio
popular, e os americanos temiam que sua vitória nas eleições fizesse com que o
Chile se tornasse aliado da União Soviética.
Apesar de
todos os esforços, a campanha não funcionou: Allende foi eleito em 4 de
setembro de 1970. Dez dias depois, Kissinger liberou outros 250 mil dólares
para ações contra o presidente. O chefe da CIA no Brasil, David Atlee Phillips,
veterano do golpe de Estado orquestrado pela agência na Guatemala, foi
convocado para coordenar a derrubada de Allende. Além de uma campanha de
convencimento da imprensa e dos formadores de opinião chilenos, em 1972
começaram a acontecer atentados contra indústrias nacionalizadas pelo governo.
Nessa época, militares com tendências políticas de direita já tinham recebido
um bocado de armamento e treinamento dos americanos. Em 11 de setembro de 1973,
Allende se viu cercado por uma parcela de seu Exército no palácio presidencial
e se matou com um tiro de rifle (um AK-47 que ele supostamente teria ganhado de
presente de Fidel Castro).
A queda
de Allende custou 10 milhões de dólares – toda essa ajuda havia sido enviada
por baixo do pano, já que, no início da década de 70, a CIA não precisava
prestar contas sobre como usava seu dinheiro. Quem assumiu o poder foi Augusto
Pinochet, que mantinha contato direto com o escritório da CIA em Washington.
Depois do fim de seu governo, em 1990, soube-se que a atuação da agência não
acabara com o golpe: vários agentes da CIA foram acusados de participação em
episódios de tortura que provocaram a morte de 3200 pessoas no Chile. Por toda
a América Latina, incluindo o Brasil, a agência se preocupava em manter a
direita no poder – e a esquerda longe dele. O sucesso no Chile demonstrou de
uma vez por todas a capacidade americana de moldar a situação política do
continente à sua imagem e semelhança.
Da glória
às trevas
Em 11 de
fevereiro de 1979, Adolph Dubs, embaixador americano no Afeganistão, foi
seqüestrado por um grupo de rebeldes muçulmanos. Ele acabou sendo morto três
dias depois, durante a operação policial de resgate. O episódio ilustra bem o
caos em que o país estava metido, no meio de uma revolução islâmica. Para
completar o cenário – e aumentar a preocupação dos Estados Unidos –, a União
Soviética se preparava para invadir o Afeganistão.
Enquanto
30 mil soldados de Moscou se aproximavam da fronteira, um relatório da CIA ao presidente
Jimmy Carter afirmava: “Os soviéticos estão relutantes em empregar muitas
forças de terra no Afeganistão”. Quando a invasão se tornou óbvia, a agência
começou a mobilizar agentes de seus escritórios na Ásia para apoiar as tropas
de resistência. Até 1988, quando os russos se retiraram do Afeganistão, nada
menos que 250 milhões de dólares haviam saído das contas da CIA para as mãos
dos rebeldes. “O apoio à resistência afegã foi um dos poucos momentos da
história da agência em que ela se mostrou capaz de, indiretamente, minar o
poder soviético”, afirma o historiador David Barrett, da universidade de
Villanova, nos Estados Unidos. “O atoleiro do Afeganistão teve um grande peso
no contexto da decadência da URSS.”
Embora
aparentemente tenha contribuído para o fim da União Soviética, a atuação da CIA
no Afeganistão teve um lado amargo para os americanos. Enquanto resistiam aos
russos, os grupos islâmicos apoiados pela agência tiveram a participação de um
milionário saudita chamado Osama bin Laden. Em sinal de gratidão, nos anos 90,
ele ganhou abrigo no Afeganistão. A partir dali, planejou uma série de
atentados contra os Estados Unidos – que culminaram na derrubada do World Trade
Center, em Nova York, em 2001.
A CIA se
empenhou em perseguir o ex-aliado a partir de 1996. “Tivemos Bin Laden na mira
por duas vezes em 1997. Nós sabíamos onde ele estava e por onde ia passar”,
afirma Michael Schauer, que na época dirigia a unidade da CIA que caçava o
terrorista. “Mas o presidente Bill Clinton não nos autorizou a matá-lo. Ele
achava que Bin Laden era uma referência muito importante para o mundo islâmico
e não queria comprar essa briga.” Depois disso, a CIA nunca mais foi capaz de
localizá-lo.
Relações
perigosas
A família
Somoza permaneceu 43 anos no comando da Nicarágua. Em julho de 1979,
entretanto, a ditadura foi derrubada pelos rebeldes do Partido Sandinista. Um
ano e meio depois, ao assumir a presidência dos Estados Unidos, Ronald Reagan
declarou que o governo sandinista (que tinha como um dos líderes Daniel Ortega,
o atual presidente da Nicarágua) estava se aproximando demais de Cuba e
ajudando a financiar revoltas comunistas na América Latina. Autorizada por
Reagan, a CIA deu apoio a um grupo de anti-sandinistas, que logo cresceu e
ficou conhecido como Contras. Até 1989, o confronto entre eles e as forças do
governo deixaria um saldo de cerca de 30 mil mortos.
Descrita
assim, a ação na Nicarágua parece seguir o roteiro básico das intervenções da
CIA. Mas, dessa vez, a agência estava contrariando o Congresso americano. Desde
1973, havia uma comissão parlamentar para monitorar atividades secretas
realizadas a mando do poder Executivo. Em 1981, quando a autorização para agir
na Nicarágua se tornou pública, o Congresso aprovou uma lei proibindo a CIA de
financiar os Contras.
Enquanto
isso, longe da América Latina, Irã e Iraque estavam em guerra. “O governo
americano estava financiando abertamente o Iraque, mas também queria apoiar o
Irã, na esperança de que os dois países se exaurissem”, diz o historiador David
Barrett. Em 1982, o clima no Oriente Médio azedou de vez: apoiado pelos Estados
Unidos, Israel invadiu o Líbano. Em represália, grupos libaneses seqüestraram
12 cidadãos americanos entre 1982 e 1985. Reagan tinha pressa em libertá-los.
Diante
desse cenário, a CIA resolveu matar três coelhos com uma paulada só. Organizou
um esquema de tráfico de armas para o Irã. Em troca, os iranianos deveriam
convencer os libaneses a soltar os reféns. Do dinheiro obtido com a venda das
armas, parte era depositada pela CIA em contas na Suíça. Lá, os recursos
ficavam à disposição dos Contras da Nicarágua. Quando descoberto, em 1986, o
esquema Irã-Contras provocou o maior escândalo da história da CIA. “A agência
esteve perto de desaparecer”, afirma Barrett. Só oito reféns foram soltos – os
outros foram assassinados, incluindo William Buckley, diretor do escritório da
CIA no Líbano. O fim do conflito Irã-Iraque, em 1988, não trouxe benefícios
para os Estados Unidos. Já os sandinistas continuaram no poder até 1990. “A
partir do episódio Irã-Contras, a CIA teve muito mais dificuldade em derrubar
presidentes”, diz o historiador. “Os países malvistos pelos americanos puderam
respirar mais tranqüilos.”
Chute
para fora
“O Iraque
é o lugar mais perigoso do mundo.” A frase soa atual, mas está completando 50
anos. Foi com ela que Allen Dulles, então diretor da CIA, começou uma reunião
em 1958. Estava assustado com o golpe de Estado de 14 de julho daquele ano, que
havia derrubado a monarquia iraquiana, aliada dos Estados Unidos. O poder
passou às mãos de Abdul Karim Qasim. Em 1963, veio o troco: a agência apoiou o
golpe que colocou o general Abdul Salam Arif no governo. Ele morreu em 1966 e
deu lugar a seu irmão, que, dois anos depois, foi deposto por Ahmed Hassan
al-Bakr. Inicialmente apoiado pela CIA, ele acabou se aproximando da União
Soviética.
No
decorrer da década de 70, entretanto, Al-Bakr foi perdendo influência para seu
vice-presidente, Saddam Hussein, que assumiu o poder em 1979. Saddam era visto
pelos americanos como um aliado útil, embora não muito confiável. Entre 1980 e
1988, ele obteve polpudos empréstimos americanos para sustentar a guerra contra
o Irã. Quando resolveu invadir o Kuwait, em 1990, Saddam já não contava com a
simpatia dos americanos. A ação contra o vizinho e seus campos de petróleo foi
uma provocação inaceitável. Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos atacou o
Iraque em janeiro de 1991 e derrotou as forças de Saddam antes do fim de
fevereiro.
O
presidente iraquiano, entretanto, seguiu no poder. Em janeiro de 2002, o
diretor da CIA, George Tenet, recebeu a missão de provar que o ditador
armazenava “armas de destruição em massa” no Iraque. O objetivo era torná-lo um
alvo da Guerra Contra o Terror lançada pelo governo de George W. Bush. O país
foi atacado em 2003, viveu momentos de guerra civil e segue ocupado pelos
americanos. Saddam foi caçado, julgado e executado. E as tais armas nunca
apareceram. “É verdade que Saddam alimentava a ilusão de que tinha as armas.
Mas Tenet forçou a mão com base em informações que não tinha, torcendo para que
depois o Exército encontrasse as armas”, escreve Tim Weiner. O erro custou a
demissão de Tenet e uma nova quebra na relação de confiança entre a agência e a
presidência. “Por causa do terrorismo, a agência nunca teve tanto dinheiro à
disposição”, diz o historiador John Prados. “Mas dinheiro não é tudo. A CIA
ainda precisa recuperar a fé da Casa Branca.”
Os
bastidores de uma disputa que reúne espionagem, corrupção e assassinatos em 90
anos de história dos serviços secretos soviéticos e da temida KGB
Sérgio
Miranda | 08/12/2009
O mais temido e famoso de todos os serviços secretos soviéticos começou a nascer ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Rapidamente, a celebração da vitória deu lugar a um racha entre os aliados. A Guerra Fria dividiu o mundo em dois blocos, liderados por americanos e soviéticos. Nesse novo ambiente, que de frio mesmo só levava o nome, a disputa era travada nos bastidores, na busca de informações sobre os inimigos, estivessem eles do outro lado do mundo ou atuando dentro de casa. As agências de espionagem, que sempre desempenharam papel importante nas estratégias de guerra e diplomacia, ganharam ainda mais destaque. Tudo o que faziam, e como faziam, servia para manter o outro lado sempre em dúvida sobre o próximo passo. Foi nesse ambiente tenso que emergiu para os ocidentais a figura emblemática do Comitê de Segurança do Estado (KGB, na sigla em russo, que aqui no Brasil costumamos flexionar no feminino: a KGB). Foi durante a Guerra Fria que as ações do serviço secreto se tornaram assunto recorrente no noticiário político ou nos filmes da Sessão da Tarde. O jogo de rato e rato entre as duas superpotências estimulou a modernização da agência, então chamada de Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD na sigla russa).
A interferência nas questões domésticas não era nova. Desde que chegaram ao poder, os comunistas sempre enfrentaram a ameaça e, às vezes, a tentativa direta de intervenção militar estrangeira. Britânicos e americanos patrocinaram os esforços de restauração do czar e as ações militares da revolta anticomunista detida por Lenin, em 1919, e armaram o Exército Branco, na guerra civil de 1921. O Estado soviético e o Partido Comunista se acostumaram, desde o nascimento, a reagir e atuar com o apoio de uma estrutura policial de segurança. Criado em 20 de dezembro de 1917 durante a revolução russa, a primeira dessas organizações foi o Comitê Contra Atos de Sabotagem e Contrarrevolução (Cheka), que existiu por quatro anos. Com a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1922, o serviço secreto passou a se chamar Administração Política do Estado e ganhou a nova missão de investir contra os "inimigos do povo russo", geralmente todo aquele cidadão que ainda fizesse oposição ao regime, de qualquer natureza.
Nos anos 30, sob as ordens diretas do novo diretor, Josef Stalin, a instituição trocou mais uma vez de sigla e virou NKVD. Com ele, além das funções policiais e de segurança do Estado, alguns dos departamentos cuidavam de questões como transportes, forças armadas e a guarda das fronteiras. Quanto mais concentravam esse poder, mais Stalin e o NKVD notabilizavam-se pela perseguição, tortura e execução de adversários, mesmo entre os membros do Partido Comunista. A rede de informações serviu para as estratégias soviéticas durante a Segunda Guerra, embora ele tenha condenado à morte alguns de seus estrategistas em 1938 e 1939.
Vizinhos sob controle
Com o fim da Segunda Guerra e o breve período de aliança com os países ocidentais, os soviéticos se deram conta de duas coisas, uma boa e outra ruim. A boa: os antigos inimigos dos russos tinham perdido muito poder. A França e a Inglaterra não eram os mesmos impérios e a Alemanha saíra derrotada. A má notícia: o inimigo que sobrou, os Estados Unidos, estava muito mais forte e determinado a combater o comunismo. Ainda assim, em um dos primeiros duelos da Guerra Fria, os espiões soviéticos levaram a melhor.
Os americanos trabalhavam em total sigilo no desenvolvimento da bomba atômica. Ou, pelo menos, pensavam assim. Quando o presidente Harry Truman aproveitou a conferência de Postdam, em julho de 1945, para mencionar a Stalin a montagem da bomba, o ditador não se surpreendeu. A KGB o municiava com informações vindas de uma rede de espiões - incluindo o físico Klaus Fuchs, um alemão naturalizado inglês que teve um importante papel dentro do Projeto Manhattan, de preparação da bomba em Nova York, e quatro espiões infiltrados na Inglaterra (veja o quadro na pág. 34). Ao explodir seu primeiro artefato, em agosto de 1949, a União Soviética antecipou as previsões dos especialistas estrangeiros em, no mínimo, dez anos.
Uma vantagem da KGB era a centralização de poder. Enquanto os americanos mantinham uma agência de inteligência para assuntos externos, a CIA, e um escritório para investigações internas, o FBI, os soviéticos concentravam tudo nas mãos de um único órgão. Com a morte de Stalin, em 1953, Laurenti Beria, chefe do NKVD, tentou assumir o posto máximo. Acabou executado pelo Partido Comunista, que ordenou também a reformulação do serviço secreto. "A reforma que criou a KGB visava desde conciliar a manutenção do controle interno até criar uma política mais efetiva nas ações estratégicas, principalmente no campo das informações e inteligência, fora do território soviético", afirma Dmitry Trofimov, professor do Centro de Relações Internacionais da Universidade de Moscou. Segundo ele, a polarização militar global ficou evidente em 1955, com a criação da Otan e, em seguida, do Pacto de Varsóvia. "Uma das primeiras atribuições da KGB foi atuar dentro dos aparelhos dos Estados satélites do bloco socialista, não só junto aos serviços secretos, mas também imprensa e organizações de trabalhadores", diz Trofimov.
A presença da KGB nos países do bloco virou rotina. Em 1956, em meio a denúncias de violação dos direitos humanos de presos políticos, agentes soviéticos estavam por trás dos relatórios que deram suporte à invasão da Hungria por tanques do Pacto de Varsóvia. No mesmo ano, envolveram-se na violenta repressão contra um movimento reformista na Polônia. Em 1961, o aval da KGB foi decisivo para a iniciativa do governo da Alemanha Oriental de erguer o Muro de Berlim. Mais tarde, em 1968, a atuação do serviço soviético sufocaria as transformações políticas, sociais e econômicas propostas por intelectuais da Tchecoslováquia, no episódio conhecido como Primavera de Praga.
Nem tudo acabava em perseguição e morte, mas tudo era guerra e o lançamento, em 31 de dezembro de 1968, do avião supersônico Tupolev TU-144 foi uma tremenda vitória anotada no caderninho da KGB. Dois meses antes, espiões soviéticos tiveram acesso aos planos do Concorde francês e colocaram o protótipo no ar antes que o modelo capitalista ficasse pronto. Assim, em 5 de junho de 1969, o Tupolev se tornava a primeira aeronave comercial a ultrapassar a barreira do som.
Nem todas as ações da KGB eram secretas. Em 1972, cerca de 100 consultores militares soviéticos foram enviados ao Afeganistão para treinar as forças armadas locais. Em 1978, os dois países já assinavam o acordo que permitia o envio de outros 400 militares. Em dezembro do mesmo ano, mais um papel que garantia a amizade e a cooperação mútua. Em 1979, o Exército Vermelho invadiu o país. "O presidente Hafizullah Amin, considerado incapaz de resistir aos rebeldes que lutavam contra o regime comunista local, foi morto durante a tomada do palácio presidencial pelas tropas treinadas pelo KGB", diz Roger McDermott, professor da Universidade de Aberdeen e autor de Russia’s Security Agenda in Central Asia ("Agenda de segurança da Rússia na Ásia Central", inédito no Brasil). Durante os três primeiros anos de invasão, dois terços do exército regular afegão desertaram, facilitando que os mujahidin rebeldes controlassem 80% do país. Sem o apoio local, a invasão foi um fiasco. Em 1986, a ajuda militar estrangeira já havia equipado os rebeldes com armamento pesado, inclusive os mísseis que tiraram dos soviéticos o controle sobre o espaço aéreo. A operação começou a ser questionada dentro da própria URSS pelo alto custo - cerca de 3 bilhões de dólares por ano - e pelo resultado negativo, tanto do ponto de vista político como da propaganda comunista. Mais de 110 mil soldados lutaram; 5 mil morreram.
A queda
O episódio expôs as falhas estratégicas do Exército e da coordenação da KGB. Mas a preocupação naquele momento já era outra: o império socialista estava ruindo. O país não suportava mais os investimentos em armas, corrida espacial ou serviços de espionagem em detrimento do parque industrial atrasado e dos baixos níveis de produção. Moradores de Moscou enfrentavam filas por alimentos e produtos de higiene, enquanto o fornecimento de energia e água entrava em colapso. Para McDermott, quando o líder soviético Mikhail Gorbachev surpreendeu o mundo declarando uma moratória nuclear unilateral e, em 15 de fevereiro de 1989, retirou o último tanque do Afeganistão, ele abriu o processo que deu fim à KGB, ao menos nos moldes a que estava acostumada. A Glasnost prometia liberdade de expressão para a imprensa e transparência nas ações do governo. Mesmo apregoando que não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas provocar uma reformulação, Gorbachev sofreu uma tentativa de golpe em agosto de 1991 e foi afastado do partido por membros da burocracia conservadora e da KGB. A ação foi sufocada pelo presidente da Rússia, principal república soviética, Boris Ieltsin. Convocando uma greve geral, Ieltsin obteve apoio de milhares de pessoas que acamparam em frente ao Parlamento. Mas, com a nação em frangalhos, Gorbachev renunciou à presidência e extinguiu a URSS, em 31 de dezembro. Oficialmente, a data encerra a KGB. Afinal, um regime que deixa de existir não tem mais inimigos.
A queda da KGB, porém, não marca o fim de uma estrutura de inteligência. Desde a era Gorbachev, quando os membros do serviço secreto perderam prestígio, agentes passaram a buscar meios de tirar vantagem de seus postos. Muitos começaram a vender artefatos de espionagem no mercado negro, inclusive na Europa e nos EUA. Mas o que sobressaiu mesmo foram a estrutura e a experiência da KGB, que, em uma época de incerteza política pós-URSS, serviram como base para o desenvolvimento do crime organizado e daquilo que se costumou chamar de máfia russa. Estima-se que mais de 8 mil grupos criminosos controlem cerca 40% da riqueza do país. Grande parte dos grupos é liderada por ex-funcionários da KGB ou militares do extinto Exército Vermelho. Assim fica fácil entender as semelhanças entre a máfia e a polícia secreta soviética.
O herói russo
Richard Sorge nasceu em 1895 em Baku, hoje capital do Azerbaijão. Mudou-se com a família para a Alemanha e tornou-se jornalista. Com convicções socialistas desde cedo (seu tio havia sido secretário de Karl Marx ), entrou voluntariamente para um batalhão de artilharia na Primeira Guerra. Em 1925 foi para Moscou, filiou-se ao Partido Comunista e, em 1930, foi enviado à China pelo serviço de espionagem do Exército Vermelho. Com reputação de jornalista respeitado, viajou pela Ásia e se aproximou do Japão. Sorge transitava entre os líderes japoneses sem despertar suspeitas. Tanto que se recusou a obedecer uma ordem de Stalin para que retornasse à URSS em 1937. Entre as informações que passou aos soviéticos, uma teve importância fundamental para o andamento da Segunda Guerra: garantiu a Stalin que o Japão não atacaria a URSS, o que permitiu que as tropas soviéticas deixassem a fronteira com o país para se deslocarem para oeste, contendo o avanço dos alemães em Stalingrado. Sorge foi detido em 1941, depois que os japoneses prenderam o jornalista Ozaki Hozumi, seu colaborador. Foi enforcado em 1944 e, 20 anos depois, recebeu o título de Herói da União Soviética.
A agente apaixonada
A professora americana Elizabeth Bentley (1908-1963) teve contato com os ideais socialistas em 1933 quando estudou em Florença, Itália. Quando voltou aos EUA, em 1935, filiou-se ao PC local. Foi trabalhar numa organização italiana que propagava o fascismo nos EUA e pediu para entrar no serviço de espionagem soviético. Logo entrou em contato com Jacob Golos, um imigrante russo cidadão americano e um dos principais nomes da inteligência da URSS. O relacionamento se tornou amoroso e Golos, aos poucos, transferiu algumas de suas atividades para a mulher, como o trânsito de documentos entre os contatos da inteligência soviética em solo americano. O casal montou uma agência de viagem que facilitava a entrada de agentes secretos nos EUA. Depois da morte de Golos, Bentley começou a se desentender com os chefes, em 1943. Enquanto seu assassinato já era planejado, em novembro de 1945, após a Segunda Guerra, ela procurou o FBI e confessou. Entregou o nome de 150 espiões.
O traidor da KGB
A ação de um espião russo do NKVD está intimamente ligada ao início da Guerra Fria. Igor Sergeyevich Gouzenko (1919-1982) era criptógrafo na embaixada soviética em Ottawa, no Canadá. Mas ele desertou e, em setembro de 1945, reuniu 109 documentos e os entregou ao Jornal de Ottawa. A papelada provava a existência de uma rede de espionagem soviética no Canadá. O objetivo era obter informações para roubar tecnologia americana, principalmente sobre a bomba atômica. A URSS havia sido uma aliada importante para a derrota de Hitler e as revelações de Gouzenko serviram para alertar EUA e Canadá sobre as reais intenções dos soviéticos. Ele recebeu nova identidade e cidadania canadense. Em público, só aparecia mascarado.
Os espiões de Cambridge
Ainda nos anos 20 começou um plano do NKVD para infiltrar espiões no serviço de inteligência britânico. Jovens estudantes que seguiriam carreira diplomática ou nos órgãos de segurança e que manifestavam simpatia pelas ideias marxistas eram identificados e recrutados. Membros do Partido Comunista local eram descartados, pois nunca teriam acesso a dados internos do governo. Assim surgiu o grupo conhecido como os Espiões de Cambridge, quatro jovens que por quase 30 anos passaram segredos importantes aos contatos soviéticos na Europa. Guy Burgess (1910-1963), Anthony Blunt (1907-1983), Donald Maclean (1915-1983) e Kim Philby (1912-1988) atuavam no Escritório de Contrainteligência e no Serviço Secreto de Inteligência britânicos e foram responsáveis por revelar os projetos sobre a bomba atômica aos soviéticos. Permitindo o rápido acesso da URSS ao armamento nuclear, quando o presidente americano Harry Truman tinha sobre a mesa um plano de bombardeio a 32 cidades soviéticas, os espiões de Cambridge acabaram ajudando a salvar o mundo de uma catástrofe, já que os EUA desistiram da ideia temendo as consequências igualmente desastrosas.
O playboy sedutor
Em 1958, Oleg Kalugin chegou aos EUA como um estudante de intercâmbio para aprender jornalismo na Universidade de Columbia. Aos 24 anos, filho de um membro da polícia secreta de Stalin e falando alemão, inglês e árabe, além de russo, claro, Kalugin usou e abusou de sua simpatia, charme e de galanteios para circular entre os jovens americanos disseminando os ideais soviéticos. Analisava os nomes do Departamento de Estado e identificava quais poderiam ter alguma tendência esquerdista para se aproximar. Oferecia cerca de mil dólares por boas informações e mantinha estreita relação com funcionários de embaixadas. Descoberto em 1970, voltou para a União Soviética, tornando-se, aos 40 anos, o mais jovem general da história da KGB. Mas em 1990, desiludido, deixou o cargo e passou a criticar o Partido Comunista. Buscou refúgio no país que tinha espionado e conseguiu cidadania americana. É professor no Centro de Estudos de Contrainteligência e Segurança dos EUA. Na Rússia, está condenado a 15 anos de prisão por traição. Mas os americanos não pretendem extraditá-lo.
Médicos sabotadores
Agência manipulou o preconceito contra os judeus
Em 13 de janeiro de 1953, quem abrisse o Pravda, jornal oficial do Partido Comunista, daria de cara com a notícia: professores de medicina do hospital do Kremlin estavam "encurtando a vida de personalidades públicas da União Soviética, através de tratamento incorreto e sabotagem médica". Segundo a historiadora Jutta Petersdorf, da Universidade Livre de Berlim, a notícia se baseava num relatório da KGB. A URSS sofreu, então, uma onda de depredações de consultórios. O relatório da KGB era baseado na denúncia de Lydia Timashuk. A médica acusou um colega de propositalmente interpretar errado o exame cardiológico de um membro do PC para deixá-lo morrer. A acusação originou uma série de investigações da KGB, que, segundo Jutta , costumava incitar o preconceito como instrumento de repressão. "As conclusões dessas diligências vincularam a participação de médicos, em sua maioria judeus, à morte de várias lideranças soviéticas, inclusive Gorki, escritor e dramaturgo, herói do povo russo." O relatório encobria mortes inexplicáveis do período do expurgo stalinista, quando milhares de ex-aliados do ditador sumiram ou morreram misteriosamente.
Bugigangas fatais
Os equipamentos mais esquisitos usados pelos espiões soviéticos
Nem só de espiões e informantes viviam os serviços secretos soviéticos. Cientistas, técnicos e engenheiros trabalhavam no desenvolvimento de armas e equipamentos de escuta discretos e eficientes - como uma pistola em forma de batom, que disparava um único tiro. Conheça alguns deles
Câmera escondida
Na década de 1970, agentes soviéticos levavam minicâmeras escondidas, com a lente em forma de botão falso, para fotografar pessoas perseguidas pelo regime comunista. O mecanismo era acionado dentro do bolso do paletó.
Esconderijos portáteis
As gravações em áudio e vídeo precisavam ser escondidas em algum lugar pequeno e insuspeito. Surgiram, então, as canetas e escovas com buracos capazes de armazenar microfilmes. Mas os objetos mais usados para esse fim eram os maços de cigarro.
Gás mortal
A arma criada em 1950 levava no tambor um frasco com ácido prússico. Se o portador apertasse o gatilho, uma fagulha convertia o ácido em gás cianureto. Quem estivesse por perto morria por intoxicação - se o espião estivesse a ponto de ser pego, poderia se matar e ainda arrastar inimigos com ele.
Guarda-chuva assassino
Em 1978, o escritor dissidente búlgaro Georgi Markov esperava o ônibus em Londres quando sentiu uma dor aguda na perna. Virou-se e viu um homem com um guarda-chuva. Georgi morreu dias depois. Tudo indica que a ponta do guarda-chuva estava envenenada.
Sapato espião
Em 1960, a KGB introduziu um transmissor, um microfone e uma bateria dentro de solas de sapatos para monitorar as conversas de quem os calçava.
Vale tudo
Os golpes mais bizarros da KGB
O conto da espiã gata
Um jovem guarda de segurança do corpo de fuzileiros na embaixada dos Estados Unidos em Moscou, Clayton Lonetree, caiu no que podemos chamar de Conto da Espiã Gata. Acabou seduzido pela bela Violetta Sanni, funcionária da embaixada. Quando o caso já estava quente, eis que surge Sasha, um suposto tio de Violeta, para completar a cilada da KGB. O guarda foi intimado a contar o que acontecia na embaixada americana. Meses depois, respirou aliviado quando foi transferido para Viena, na Áustria. Mas Sasha começou a visitá-lo também lá e passou a oferecer-lhe dinheiro. Em 14 de dezembro de 1986, Clayton confessou. Foi despachado para os EUA e respondeu a um processo militar.
GPS em pó
Certo dia, uma funcionária da CIA em Leningrado encontrou suas luvas cobertas por um pó amarelo. Só depois de um ano apareceu outra amostra da substância, entregue por Sergev Vorontsov, contato infiltrado na KGB. Ele disse que a KGB usava o produto para localizar pessoas. Testes revelaram que o pó era nitrofenilpentadienal, capaz de alterar a estrutura celular se absorvido pela pele. Agentes passaram a recusar trabalho em Moscou. Em 1985, os EUA protestaram formalmente contra o uso do pó.
Tecla que eu te escuto
Em 1984, funcionários da embaixada americana em Moscou foram obrigados a trocar máquinas de escrever por lápis. A KGB estava interceptando as batidas de 13 máquinas IBM instaladas em áreas de segurança da embaixada. As máquinas haviam sido modificadas. Um posto de escuta eletrônica do lado de fora do prédio recebia todas as palavras datilografadas.
Chantagens sexuais
Uma agente da CIA em Berlim, em 1986, preferiu revelar o caso homossexual que tinha com outra agente a colaborar com a KGB. Os soviéticos tentaram chantageá-la com um vídeo recheado de cenas picantes entre ela e a amante.
Sem faxina
Quando os russos prenderam, em Moscou, o jornalista Nicholas Daniloff, em 1985, os americanos ativaram a linha Gravilov, um canal direto entre CIA e KGB para resolver pendências. Ele foi solto, mas EUA e URSS expulsaram diplomatas em protesto. Os russos retiraram 260 funcionários que trabalhavam na limpeza da embaixada dos EUA em Moscou. Os americanos tiveram de se virar para limpar e cozinhar.
Um comentário:
Excelente! Parabéns!
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